sexta-feira, 8 de julho de 2016

Não Existe Capital Sem Nacionalidade. Capital Tem Pátria!

A visão liberal é de que a nacionalidade do capital não importaria, que o "capital é internacional". E não deveria importar porque as empresas tenderiam a maximizar o lucro a fim de sobreviver e portanto, esse patriotismo seria um luxo ao qual elas não podem se permitir. Curiosamente, muitos marxistas concordam com isso: "capital não tem pátria".

Ha Joon Chang, economista sul-coreano, profº da Universidade de Cambridge  é da opinião de que não existe “capital sem nacionalidade”:

"Apesar da crescente “internacionalização” do capital, quase todas as multinacionais continuam a ser empresas nacionais com operações internacionais, em vez de companhias genuinamente desprovidas de nacionalidade. Elas realizam no seu país de origem a maior parte das suas atividades básicas, como pesquisas avançadas e a definição de estratégias. Quase todos os seus principais tomadores de decisões também são cidadãos do país de origem da empresa. Quando precisam fechar fábricas ou reduzir empregos, geralmente o último lugar onde fazem isso também é no país de origem, por vários motivos políticos e, acima de tudo, econômicos. Isso significa que o país de origem se apropria da maior parte dos benefícios de uma corporação transnacional." - (CHANG, pg. 72)

O Estado, principalmente em países desenvolvidos, tornam-se extensões das grandes corporações dominantes, fomentando, amparando e intervindo nos interesses de suas empresas, seja de forma econômica ou abrindo mercados a bala de canhão.

Quando os EUA intervém em páises produtores de petroleo, o faz para proteger não só sua economia, dependente dessa matriz energética, e seu sistema financeiro baseado no petro-dólares, mas como no direto interesse de suas empresas petrolíferas.

Há Joon Chang chama atenção ainda para a vinculação direta do financiamento dessas empresas em seu estágio de desenvolvimento e mesmo após com o capital nacional:

“As empresas, em especial (embora não exclusivamente) nos seus primeiros estágios de desenvolvimento), com frequência são respaldadas por dinheiro público, direta e indiretamente. Muitas delas recebem subsídios diretos para tipos específicos de atividades, como o investimento em equipamento ou o treinamento de trabalhadores. Elas às vezes até mesmo são salvas pelo dinheiro público, como a Toyota foi em 1949, a Volkswagen em 1974 e a GM em 2009. Ou então elas podem receber subsídios indiretos na forma de proteção tarifária ou direitos de monopólio regulamentares.” (CHANG, p. 74)

Isso é ainda mais importante no setor de Pesquisa e Tecnologia, que demanda investimentos de longo prazo, que sem aporte de capital nacional, não seria possivel:

“Essa predisposição patriótica também é muito forte na área de pesquisa e desenvolvimento, que situa-se no âmago do vigor competitivo das empresas nas indústrias mais avançadas. A maior parte das atividades de P&D das corporações permanece no país de origem. Quando são transferidas para o exterior, em geral o são para outros países desenvolvidos, e mesmo assim com uma tendenciosidade “regional” (com regiões aqui querendo se referir à América do Norte, à Europa e ao Japão), que nesse sentido é em si uma região). Recentemente, um crescente número de centros de P&D foi instalado em países em desenvolvimento, como a China e a Índia, mas a P&D que eles conduzem tendem a se situar nos níveis mais baixos de sofisticação.” (CHANG, p. 72)

O mito liberal de industrialização dos países em desenvolvimento via transferencia do setor produtivo para países periféricos se revela uma mentira deslavrada. Apenas atividades menores, que não exijam qualificação, são transferidas, e aqui nem consideraremos a evasão de divisas. Eis oque diz Chang sobre o tema:

“Mesmo quanto a Produção, [....] a maioria das corporações transnacionais ainda está firmemente estabelecida no seu país natal. Existem exemplos ocasionais de empresas, por exemplo a Nestlé, que fabrica no exterior a maior parte da sua produção, mas elas são em grande medida a exceção. Entre as corporações transnacionais estabelecidas nos Estados Unidos, menos de um terço da produção das empresas industriais é produzido no exterior. No caso das empresas japonesas, o percentual está bem abaixo de 10%. Na Europa, o percentual subiu rápido recentemente, mas a maior parte da produção de empresas europeias situase dentro da União Europeia, de modo que isso deve ser interpretado mais como um processo de criação de empresas nacionais para uma nova nação chamada Europa do que um processo de empresas europeias se tornando verdadeiramente transnacionais.” (p. 72)

“Em resumo, poucas corporações são de fato transnacionais. A vasta maioria delas ainda fabrica o grosso da sua produção no país de origem. Especialmente no que diz respeito a atividades de qualidade superior como a tomada de decisões estratégicas e a P&D de produtos avançados, elas permanecem firmemente centradas no país natal. A conversa a respeito de um mundo sem fronteiras é extremamente exagerada.” (p. 72)

Desse modo como podeis ver o chavão marxista de que o “capital não tem pátria” ,  que o “capital é internacional”, não passa de uma ilação sem qualquer esteio na realidade, fruto de mentes metafísicas, que fantasiam e não se atem a realidade. Com graves repercussão no desenvolvimento nacional além da distorção interpretativa.

Só o desenvolvimento baseado no capital nacional é capaz de gerar um desenvolvimento sustentável, sem sobressaltos, de forma efetiva, ao fomentar a produção e seu desenvolvimento tecnológico. Elevando assim o estágio civilizacional de um país, e possibilitando garantir-lhe soberania e prosperidade para seus nacionais. Como assim nos ensina Barbosa Lima Sobrinho:

"o desenvolvimento econômico, sendo acumulação de capital, só se realizará com poupanças e capitais nacionais. Não há lei que possa desviar o capital estrangeiro de seu roteiro natural, orientado para o rumo que mais convier aos seus donos, aos homens que na verdade o comandam. Ao passo que o capital autóctone terá sua tarefa e o seu destino incorporados ao processo de desenvolvimento nacional" ( SOBRINHO, p. 285)



Artigos correlatos:




7 comentários:

  1. Entre em contato conosco pelo caixa de mensagem da página Getúlio Vargas: https://www.facebook.com/getuliovargas30/

    ResponderExcluir
  2. Salve Getúlio! Melhor presidente da história do Brasil. Saudações monarquistas!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não tem sentido ser monarquista, que era liberal, com Getúlio que era nacionalista. que era esse a razão dos republicanos (nacionalistas) se oporem a monarquia (liberal).

      Excluir
  3. Os republicanos eram tão nacionalistas que adotaram uma bandeira semelhante a dos EUA. Os republicanos eram tão nacionalistas que Quintino Boicauva queria entregar o oeste de SC para Argentina... Não sei o que é esse nacionalismo...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não os Republicanos Históricos, positivistas, completamente antagônicos aos republicanos liberais (compostos por ex-monarquistas) e responsáveis por terem nos imposto essa republiqueta liberal. Episódio célebre quando floriano ao deixar o governo, ao fim do seu mandato, ter deixado a então sede da República, o Itamaraty, completamente vazio ao Senhor que lhe sucedia, justamente por ser um pilantra liberal.

      Excluir
  4. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir