
Em 1907, ingressou na Faculdade
de Direito de Fortaleza e fundou o jornal caricato O Garoto, que dirigiu até
dezembro do ano seguinte. Posteriormente, funda O Equador, além de colaborar em O Colibri, e no Figança, jornal interino da faculdade em
que estudava. Sócio-fundador do Grêmio Literário 25 de Março e secretário da
Talma Cearense, sociedade dramática do Centro Calíope, de destacar, sua
participação na sociedade literária Clube
Máximo Gorki, escritor socialista russo, o primeiro clube socialista do Ceará.
Em 1910, Gustavo Barroso
transferiu-se para o Rio de Janeiro e matriculou-se na Faculdade de Direito,
bacharelando-se em 1912. Durante esse período, lecionou no Ginásio de
Petrópolis (RJ) e foi redator do Jornal do Comércio. Ainda em 1912, publicou
seu primeiro livro, intitulado Terra do sol, e ingressou no Partido Republicano
Federal, ao qual permaneceria filiado até 1918.
Nomeado secretário-geral da
Superintendência da Defesa da Borracha em 1913, no ano seguinte voltou para
Fortaleza a fim de ocupar o cargo de secretário do Interior e da Justiça do governo
de Benjamim Barroso.
Filiado desde 1912 ao Partido Republicano Conservador - PRC, tal como padre Cícero e Raimundo Monte Arraes, em 1915, apoiado pelo senador Pinheiro Machado (castilhista e mentor de Vargas), se elege deputado
federal pelo Ceará, cumprindo seu mandato até o fim da legislatura, em 1917, quando não conseguirá se reeleger.
Nesse ínterim, tornou-se diretor da revista Fon-Fon, no Rio, em 1916.
Em 1919, com sete livros
publicados, seguiu como secretário da delegação brasileira à Conferência de Paz
em Versalhes, chefiada pelo futuro presidente da República, Epitácio Pessoa.
Entre esse ano e 1922, foi inspetor escolar no Distrito Federal, posto de onde
saiu para fundar e dirigir o Museu Histórico Nacional.
Em 1923, entrou para a Academia
Brasileira de Letras, na qual exerceria as funções de secretário (1928, 1931 e
1949) e de presidente (1931, 1932 e 1950).
Advogado ativo no Foro do Rio de
Janeiro, em 1927 foi o secretário-geral da Comissão Internacional de
Jurisconsultos.
Em 1933, Gustavo Barroso aderiu à
Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada por Plínio Salgado em outubro do
ano anterior. Ainda em 1933, a organização transformou-se num partido político.
Dedicando-se inteiramente ao
integralismo, em agosto de 1933 Gustavo Barroso encontrou-se em Vitória com os
principais líderes do novo movimento, entre os quais Plínio Salgado e Olbiano
de Melo, com o objetivo de participar da formação naquela cidade de um núcleo
da AIB. Dois meses depois, seguiu para São Paulo, onde, a pretexto de
recepcioná-lo, mais de oitocentos integralistas desfilaram pelas ruas da
cidade.
Prosseguindo suas atividades de
divulgação doutrinária do integralismo, Gustavo Barroso seguiu no mês de
dezembro para Belo Horizonte, onde, ao lado de Plínio Salgado, Miguel Reale e
Olbiano de Melo, proferiu inúmeras conferências. Segundo este último, o grupo
encontrou-se nessa ocasião com Gustavo Capanema, que acabava de deixar a
interventoria interina em Minas Gerais e confessou-se interessado nas idéias
integralistas. Em julho de 1934 Capanema assumisse o Ministério da Educação,
onde permaneceria até o fim do governo Vargas (29/10/1945).
De Belo Horizonte, a cúpula
integralista partiu para o norte e o nordeste do país, percorrendo todas as
capitais e aí expondo sua doutrina.
Em fevereiro de 1934, Barroso
participou do I Congresso Integralista, realizado em Vitória, no qual foram
aprovadas a estrutura interna e os estatutos da AIB. Nesse encontro, entre
outras medidas, ficou decidido que o movimento teria uma direção única e
centralizada nas mãos de Plínio Salgado. Além disso, foram nomeados os chefes
provinciais e os secretários nacionais da organização, cabendo a Barroso o
cargo de comandante-geral das milícias, o que significava participar do
conselho superior da AIB.
Enquanto a maioria dos teóricos
do integralismo se inspirava no fascismo italiano e português, Gustavo Barroso
tinha posições bem mais próximas da doutrina alemã. Em seu livro de memórias: O Liceu do Ceará criticava o
sionismo internacional. Barroso expôs suas posições principalmente em Brasil, colônia de banqueiros, obra lançada em
1934 e bem recebida pelo semanário alemão Der Stürmer, dirigido por Julius
Streicher, foi considerado pelo jornal nacional socialista Deutsche La Plata Zeitung, de
Buenos Aires, como o führer do integralismo brasileiro. Por isso mesmo, foi o
único elemento do movimento integralista que disputou a liderança com Plínio
Salgado.
Discordando publicamente das
teses de Barroso em artigo publicado na revista Fon-Fon de 24 de abril de 1934,
Plínio Salgado boicotou Barroso durante seis meses no principal jornal
integralista, A Offensiva.
Por outro lado, mantendo-se
ligado a organizações fascistas internacionais, em carta de 25 de maio de 1934
dirigida à Aliança Racista Européia, Barroso informou que o integralismo
crescia cada vez mais no Brasil, enquanto a Ação Social Brasileira, também
chamada Partido Nacional Fascista, fundada por J. Fabrino em julho de 1933,
estava em declínio.
Segundo Robert Levine, ainda em
1934 Barroso teria declarado que gostaria de transformar a Academia Brasileira
de Letras num centro do integralismo. Barroso comparecia na época às suas
reuniões vestido com o uniforme de miliciano da AIB.
Presente ao II Congresso da AIB,
realizado em março de 1935 em Petrópolis — época em que foi promulgada a Lei de
Segurança Nacional —, Barroso foi escolhido para ocupar a secretaria nacional
de educação moral e educação física da organização, órgão que substituiu a
milícia integralista, então dissolvida por Plínio Salgado.
Por ocasião do levante comunista
de novembro de 1935, o jornal O Imparcial do dia 24 de novembro denunciou uma
conspiração golpista na qual Barroso estaria envolvido ao lado do general
Pantaleão Pessoa. Durante todo esse mês e o seguinte, Barroso atacou na
primeira página de A Offensiva o
economista e empresário Roberto Simonsen.
Ainda em 1935, Gustavo Barroso
lançou O quarto império, aprofundando
suas teses. No ano seguinte, editou O
integralismo e o Mundo, em que o movimento era definido como o único no
Brasil capaz de derrotar os sionistas e restaurar a cristandade. Para Barroso,
embora fosse uma ideologia universal, em cada país o fascismo deveria ter
características particulares, adequadas à formação social de cada povo.
Em janeiro de 1936, Barroso
compareceu ao congresso da seção paulista da AIB, em que foram representados os
259 núcleos da agremiação no estado. Na ocasião, a AIB definiu-se enfaticamente
como um movimento legalista, lançando um manifesto-programa que inaugurou uma
nova fase do integralismo.
Barroso participou também do
Congresso das Cortes do Sigma, órgãos de cúpula integralistas, realizado no Rio
de Janeiro em 17 de outubro de 1936, ocasião em que a AIB fundou o jornal A Ação. No dia seguinte, tomou parte no
desfile realizado no bairro carioca do Méier e esteve presente à reunião
promovida no teatro João Caetano.
Apesar do notório desenvolvimento
do integralismo nesse período, segundo Edgar Carone, era exagerada a avaliação
dos líderes da AIB ao afirmarem que a organização chegou a ter um milhão de
membros em 1936.
Em 27 de março de 1937,
transpirou pela imprensa, através do jornal Diário da Noite, uma tentativa
fracassada de Barroso de afastar Plínio Salgado da AIB sob a acusação de que
esta além de “não cumprir as suas promessas”, era muito condescendente com os
judeus. Segundo Robert Levine, Plínio Salgado era amigo pessoal de alguns
judeus, como o industrial Horácio Lafer.
É nesse período que Gustavo Barroso lança sua obra "A Sinagoga Paulista", com fito de constranger Plínio Salgado em suas relações com liberais-maçons e judeus. Além, de mais uma vez, condenar a participação de Plínio Salgado na contra-revolução de 32:
É nesse período que Gustavo Barroso lança sua obra "A Sinagoga Paulista", com fito de constranger Plínio Salgado em suas relações com liberais-maçons e judeus. Além, de mais uma vez, condenar a participação de Plínio Salgado na contra-revolução de 32:
"Os insaciáveis judeus da Sinagoga
Paulista contrariados momentaneamente em todas as suas pretensões pela
revolução de 1930, aliaram-se a políticos despeitados e ambiciosos e
envenenaram o povo paulista contra o governo central e o resto do Brasil,
conduzindo-o à guerra civil de 1932. Fizeram crer à mocidade que o Sr. Getúlio
Vargas era inimigo de São Paulo, aplicando o processo judaico a que alude Ford:
“incitar o ódio contra as pessoas a quem se quer aniquilar”. Entretanto, nós
integralistas, técnicos por dever de ofício, sabemos que os únicos inimigos de
São Paulo são os judeus que o sugam, pronunciando frases amáveis e belas ou
fazendo afirmações acacianas e ocas."
No plebiscito interno da AIB
realizado em maio de 1937 para a escolha do candidato integralista à
presidência da República nas eleições previstas para janeiro de 1938, Plínio
Salgado obteve 846.554 votos contra 13.397 dados a Barroso e 164 a Miguel
Reale.
No dia 14 de junho de 1937,
Barroso estava entre os 35 representantes da Corte do Sigma que foram a Getúlio
Vargas levar oficialmente o nome de Plínio Salgado como candidato dos
integralistas à presidência da República.
Com a implantação do Estado Novo em 10 de
novembro de 1937, as eleições foram suspensas. Em 3 de dezembro os partidos
políticos foram extintos por decreto, e a AIB transformou-se na Associação
Brasileira de Cultura.
O Estado Novo lançou os integralistas em um
indescritível entusiasmo, oportunidade em que Gustavo Barroso dirigiu carta a Getúlio felicitando-o por seu discurso de libertar o Brasil de sua dependência dos
agentes financeiros internacionais.
Segundo Olbiano de Melo, depois
de tentar obter o apoio da AIB para a instauração do Estado Novo em 1937, Getúlio prosseguiu em suas
negociações com os integralistas mesmo após a extinção dos partidos,
oferecendo-lhes o Ministério da Educação. A liderança do movimento chegou a
escolher o nome de Gustavo Barroso para a pasta, mas a indicação, transmitida
por Alcebíades Delamare a Francisco Campos para que este a levasse até Vargas,
jamais chegou a seu destino.
Com o fechamento da AIB, Plínio
não se conformou, mas Gustavo Barroso sim e manteve-se influente nos
círculos sociais e culturais do Estado Novo. Mais realista do que Plínio, Gustavo
sabia que o Estado Novo não poderia aceitar a existência de um partido político em funcionamento ante o fechamento de todos os demais, porque isso colidia com a idéia de um Estado forte, do qual ele
também era adepto. Tal aspiração fora consumado pelo governo com a Revolução de
30, cujas linhas programáticas, segundo uma brochura oficial de 1940,
propugnavam íntima aliança entre a Nação e o exército, o culto do passado, uma
cultura e arte oficiais, reconstrução do Estado, renovação da administração e
outros objetivos de caráter nacionalista (leis sociais, defesa das fronteiras,
reforma agrária – dar terra aos brasileiros -, renovação do processo histórico
- Brasil dos nossos dias, 1940). Tudo com o qual Gustavo Barroso estava de
acordo, pois dava resposta eficaz a sua aspiração nacionalista.
Entretanto, a mudança de posição
dos partidários de Plínio Salgado em relação ao novo regime foi rápida. No
início de 1938, um grupo de oficiais da Marinha chefiado pelo comandante Vítor
Pujol reuniu-se com Miguel Reale e Gustavo Barroso para propor um levante
armado, que seria levado a cabo com ou sem o apoio de civis e teria como alvo
principal o palácio Guanabara. Segundo Olbiano de Melo, Gustavo Barroso rejeitou,
declarando que os integralistas não deveriam entrar na história como
assassinos, e se opois resolutamente a qualquer ardil nesse sentido.
Alheio a Barroso, o projeto
prosseguiu. A primeira tentativa de golpe ocorreu em 11 de março de 1938. O
movimento foi rapidamente desbaratado e centenas de prisões foram efetuadas.
Uma grande quantidade de armas foi apreendida na casa de Plínio Salgado, onde,
segundo Hélio Silva, foram encontrados três mil punhais marcados com a cruz
gamada. Tendo Plínio Salgado e Belmiro Valverde — chefe militar do levante —
conseguido escapar.
A conspiração prosseguiu e, na
véspera da deflagração do segundo levante, ocorrido em 11 de maio de 1938. O
movimento foi novamente dominado após algumas horas de cerco dos integralistas
ao palácio Guanabara e um levante no Ministério da Marinha. No dia 12, Barroso
e Raimundo Padilha, que também havia sido membro do conselho superior da AIB,
foram presos numa fazenda situada na Zona da Mata de Minas Gerais. Ficou claro
que a tentativa de assassinato a Getúlio não partira tão somente dos
integralistas, mas também de liberais e setores de dentro das forças armadas.
Denunciando mais uma vez a relação do Plínio Salgado com os liberais.
Com a prisão e o exílio de Plínio
Salgado, o movimento integralista entrou em declínio. Gustavo Barroso, como
Plínio Salgado, foram excluídos do processo por falta de provas. O envolvimento
e a participação de Plínio Salgado, naquele momento era mais do que evidente, tendo
sido comprovado posteriormente e mesmo confessado pelo próprio.
Retirando-se da política, Barroso
reassumiu a direção do Museu Histórico Nacional e intensificou sua atuação na
Academia Brasileira de Letras. Nessa época, graças às relações reservadas que
mantinha com elementos do governo, conseguiu a reintegração de alguns de seus
correligionários em seus cargos e impediu que outros — entre os quais Raimundo
Padilha — continuassem a ser incomodados pela polícia.
Após o discurso de Vargas a bordo
do encouraçado Minas Gerais em junho de 1940, considerado simpático ao Eixo,
Gustavo Barroso voltou a felicitar Getúlio. Daí em diante, passou também a
funcionar como intermediário entre Plínio Salgado, que se encontrava exilado em
Portugal, e o governo. Ainda em 1940, participou da missão brasileira às
comemorações do tricentenário da Restauração de Portugal, em Lisboa, e
representou o Brasil no Congresso Ibero-Americano realizado em Madri.
Entretanto, com a entrada do
Brasil na Segunda Guerra Mundial em 1942 ao lado das forças aliadas, Barroso foi levado a se limitar às suas ocupações
literárias, iniciando em 1943 a publicação dos Anais do Museu Histórico
Nacional.
Sempre prestigiado nos governos
que se seguiram à queda de Vargas, ocorrida em 29 de outubro de 1945, em 1950
Barroso seguiu para Portugal a convite da Universidade de Coimbra para uma
série de conferências. Em 1951, representou o Brasil como embaixador especial
na posse do presidente uruguaio, e em 1954 desempenhou a mesma função na posse
do presidente peruano. Em 1957, na qualidade de embaixador em missão especial
no Uruguai, acompanhou a comitiva do ministro das Relações Exteriores José
Carlos de Macedo Soares em sua visita ao Chile.
Caricaturista, romancista, poeta,
teatrólogo, tradutor e ensaísta, Gustavo Barroso colaborou em inúmeros jornais
e revistas, como O Malho, Tico-Tico, O País, Gazeta de Notícias, Jornal do
Brasil, Jornal do Ceará, A República, O Demolidor, Leitura para Todos, Rua,
Careta, A Manhã, Seleta, Ilustração Brasileira e outros. Em muitas ocasiões,
utilizou os pseudônimos de João do Norte, Náutilus, Cláudio França e Jotaene.
Faleceu no Rio de Janeiro em 3 de
dezembro de 1959, ano em que recebera o título de doutor honoris causa pela
Universidade do Ceará. Em plena atividade de cronista e escritor, escrevia na
época para a revista O Cruzeiro uma
série de crônicas sob o título geral de “Revelações da História do Brasil”,
além de dois livros publicados postumamente, Mississipi, romance, editado em
1961, e A margem da história do Ceará, lançado em 1962.