quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A Sabotagem a Indústria Nacional, O Dramático Caso da IBAP.

Foto: o pórtico da fábrica da Ibap. Seu logotipo era uma engrenagem estilizada com o contorno do mapa do Brasil no centro. Na porta da fábrica havia uma placa com dizeres que terminavam assim: "Juntos estamos dando ao mundo o maior exemplo do que um povo livre e unido pode realizar." O regime militar, favorecendo multinacionais do setor automobilístico (como a alemã Volkswagen) não tolerou o empreendimento.




A Indústria automobilística é uma das mais rentáveis e, talvez, em se tratando de bens de consumo duráveis, a mais importante do século XX. Tradicionalmente, apenas países desenvolvidos (EUA, Japão, França, Itália, Alemanha, Rússia...) possuem indústria automobilística própria, com poucas exceções a esta regra. O Brasil, como veremos na matéria abaixo, esteve perto de pertencer ao seleto grupo de produtores de carros genuinamente nacionais (não nos referimos aos carros produzidos por plantas industriais estrangeiras localizadas no país, como a Wolks, Ford, Chevrolet, Fiat, Renault etc.). Na verdade, com o empresário Amaral Gurgel (de quem iremos tratar em outro texto), criador da Gurgel Motores, temporariamente pertencemos àquele grupo.

 A reportagem abaixo narra uma história anterior à de Gurgel e, em certo sentido, mais dramática. Ao passo que Gurgel chegou a desfrutar da simpatia e mesmo incentivo do regime militar(Governo Geisel) em determinados momentos de sua brilhante trajetória, a Indústria Brasileira de Automóveis Presidente (Ibap) contou, desde o início, com a oposição e quase sabotagem dos militares. A razão disto terá sido o enlace da ojeriza provocada pelo posicionamento contrário à ditadura por parte do fundador da Ibap, Nelson Fernandes (que batizou seu primeiro modelo de “Democrata” e, quase provocativamente, inscreveu em uma placa, no pórtico da fábrica: "estamos dando ao mundo o maior exemplo do que um povo livre e unido pode realizar" – destaque nosso) com os interesses das multinacionais do setor, com seus aportes nos anos JK.

O golpe que depois Goulart, não foi contra o comunismo como tentam justificar ao fazer pouco de sua inteligência, mas, contra o Brasil. Goulart era herdeiro direto de Getúlio, e tinha como objetivo levar avante o projeto político de Vargas. Nessa época já havia um setor industrial do país, florescendo, com empresários nacionalistas que se opunham a entrega do  seu mercado interno a setores extrangeiros. É nesse contexto que se insere o dramático caso da IBAD e porque não do próprio Brasil.

Em um ato de reciprocidade ao apoio administrativo e logístico fornecido pelos EUA ao Golpe de abril de 1964, muitos setores da economia (altamente rentáveis e tecnologicamente avançados) foram reservados às multinacionais. Este parece ter sido o caso da indústria automobilística. E o que nos leva a afirmá-lo é sobretudo este incidente: ao decidirem (por que decidiram?) vender (ou privatizar, como diríamos hoje) a Fábrica Nacional de Motores(FNM), concebida por Getúlio Vargas para produzir veículos nacionais (primeiro motores para aviões, depois, os legendários caminhões FeMeNês), os militares preferiram absurdamente entregá-la ao capital estrangeiro (a venderam para a Alfa Romeu, que depois a vendeu à Fiat que, por fim, a fechou) por um preço inferior ao oferecido pela nacional IBAP que intentou adquirí-la e lhe foi negada.


Confira toda a história na matéria abaixo e, se puder, manifeste sua opinião, comentando o caso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário