"A religiosidade
popular é uma atitude típica dos pobres, e os pobres constituem de um modo
preferencial, a um povo. Os pobres condensam e tipificam a religião de um
povo".
Em 1974, sínodo sobre evangelização introduz uma nova reflexão que se traduzirá na Evangelii nuntiandi em 1975, como recepção e posterior preparação da III Conferência de Puebla. Nelas se começa a pensar mais o tema da dependência e se inicia uma contraponto a alguns aspectos da Teologia da Libertação. A ascenção pela teología, da cultura e religiosidade populares latino americanas. Entre os teólogos da pastoral popular se encontra sobretudo Lúcio Gera. Que publicam em 1974 “La Iglesia frente a la situación de dependencia” (1974), na qual dialoga de forma respeitosa e crítica com a Teologia da Libertação e seus pressupostos, mostrando apreciações positivas e pontos de distancia, particularmente em relação com a linguajem sobre “salvação” utilizado por esta visão teológica. Certamente, a diferença da visão argentina se relaciona com a experiencia histórica dos movimentos nacionais e populares latino americano como o peronismo.
A revalorização da cultura religiosa popular apresentada pelo teólogo argentino Lúcio Gera, rechaça as teses secularistas (Teologia da Secularização, proveniente dos EUA) de incompatibilidade radical entre fé e religião.
Gera sugere a superação das alternativas secularidade e sacralidade, e fé e religião, defendendo que o carisma seja aceito pela instituição eclesiástica e sobretudo o respeito da igreja pela autonomia dos povos, criadores de seu próprio destino histórico.
Ainda que a visão secularizadora mereça ser criticada para dar vez a uma profunda valorização da religiosidade popular, dela também pode assumir-se o primado da fé e a importância da palavra e o carisma para a práxis de libertação. A Teologia do Povo, percebe que tanto a visão sacral como a secular oque se desvaloriza é a mediação da cultura.
A diferença da Teologia do Povo da Teologia da Libertação esta na compreensão de "povo". A Teologia da Libertação, compreende o povo como classe, uma classe oprimida, recorrendo aos aportes marxistas. Enquanto a Teologia do Povo, concebe o povo por uma perspectiva histórico-cultural.
A concepção de povo na Teologia do Povo nasce da experiência histórica do peronismo no contexto argentino. Uma compreensão geral do povo permite entende-lo como sujeito coletivo, como uma pluralidade de indivíduos em torno de um fator comum, que leva a pensar nas relações: 1. Povo-nação; 2. Cultura-popular.
1. O povo-nação é uma concepção de caráter político, mas também pode pensar-se que a cultura de um povo concretiza uma decisão política. Por isso o povo-nação é um conceito cultural político, com um ethos cultural ou estilo de vida e uma capacidade de organiza-se.
2. Em relação com a noção de povo-setor – que admite uma grande variedade – o teólogo argetino pensa que “povo” e “popular” qualificam a alguns setores pondo de manifesto que a realidade de ser povo se manifesta preferencialmente neles e que certas características suas, como a sencillez e a pobreza, são aptas para desenvolver uma solidariedade e unidade que os faz povo.
A teologia do povo, compreende o pobre, não só pela sua situação econômica, mas ante uma condição moral de abertura humilde aos outros, a Deus e aos homens. Por não ter capacidade de poder, essa situação leva o pobre a sentir necessidade de outras pessoas, a pedir, a reclamar e exigir aos que tem poder, a justiça e o afeto que se deve. A primeira condição para pertencer a um povo é a consciência de necessitar de outros e esta é, no pobre, uma consciência viva. Por isso, é mais capaz de ser solidário, dando aos outros e esperando reciprocidade. Por isso chamamos “povo” a uma multitude de pobres.
A visão expressa no texto de 1979, em coerência com sua visão já esboçada em seu escrito de 1962, mostra a preocupação de não reduzir a realidade e o conceito de “pobre” a dimensão socioeconômica e de por a ênfase em outro aspecto. Não se pretende negar a dimensão real da pobreza, mas de destacar positivamente o aspecto moral e religioso do pobre, sua qualidade de sujeito crente. Ademais, se considera ao pobre em relação com o povo, a sua capacidade de pertencer a ele, como sujeito político.
Deste modo, a opção pelo povo pobre designa uma opção pela sua libertação, mas sobretudo, uma opção por sua religião, frente a uma "cultura ilustrada", de cunho secularista, que representa uma ameaça para a situação religiosa da América Latina, a Teologia do Povo se destaca por sua insistência na "cultura popular latino americana" e sua religiosidade.
E esta religiosidade popular há de ser discernida a luz da fé revelada, sem se opor a ambas, corresponde a pastoral eclesial a tarefa de orientar, fortalecer e purificar a religião do povo.
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Essa teologia parece aderir a alguns dos erros condenados por São Pio X na famosa Pascendi Dominici Gregis
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