sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A Oração Ensinada por Cristo: "O Pai Nosso", Traduzida do Original em Grego para o Português

“Os protestantes assalariados pela Sociedade Bíblica de Londres andam-nos metendo à cara Bíblias em que se dizem quantos disparates há contra a religião que nossos Paes nos ensinaram, e que nós sabemos que é a única verdadeira, fóra da qual não há salvação. Elles querem-nos impor quase à força Bíblias falsificadas, viciadas, que falam contra o Papa, contra a Egreja, contra a confissão, contra a eucharistia, contra Jesus Christo, contra Maria Santíssima, contra os santos, contra tudo quanto há de bom. Às Bíblias de tal jaez opõe o tradutor o Novo Testamento cathólico, etc....” – Padre Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré.


Nos primeiros séculos da cristandade, a língua grega, foi amplamente a língua dominante das primeiras comunidades cristãs. Foi nessa língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos nos séculos seguintes.

E no que pese, nossa estima pelo latim como língua universal da igreja, assim deve ser e continuar, recorrer aos originais é sempre salutar ante o cenário de balburdia que se tem instaurado desde a reforma protestante com suas heresias e mesmo no seio da igreja com os falsos-católicos que se dizem "conservadores".

Assim, revisitamos a oração ao Pai Nosso, que é a mais importante da cristandade, porque ensinada diretamente pelo próprio Cristo nosso Senhor. E que é registrada em duas passagens no Novo Testamento: Mateus 6:9-12; e Lucas 11:2-4, escritos, originalmente, em grego koiné, a língua mais antiga no qual se registra o Novo Testamento. Assim, realizamos uma tradução fidedigna aos originais, que se segue:

MATEUS 6

9 Πάτερ ἡμῶν ὁ ἐν τοῖς οὐρανοῖς
Pai nosso que estás nos céus,
Ἁγιασθήτω τὸ ὄνομά σου
santificado seja o teu nome,

10 Ἐλθέτω* ἡ βασιλεία σου Γενηθήτω
venha o teu reino,
τὸ θέλημά σου
seja feita a tua vontade,
Ὡς ἐν οὐρανῷ καὶ ἐπὶ γῆς
assim na terra como no céu.

11 Τὸν ἄρτον ἡμῶν τὸν ἐπιούσιον δὸς ἡμῖν σήμερον
O pão nosso quotidiano dá-nos hoje.

12 Καὶ ἄφες ἡμῖν τὰ ὀφειλήματα ἡμῶν
Perdoa-nos as nossas dívidas,
Ὡς καὶ ἡμεῖς ἀφήκαμεν
como nós também perdoamos
τοῖς ὀφειλέταις ἡμῶν
os nossos devedores.

13 Καὶ μὴ εἰσενέγκῃς ἡμᾶς εἰς πειρασμόν
E não nos exponhas à tentação,
Ἀλλὰ ῥῦσαι ἡμᾶς ἀπὸ τοῦ πονηροῦ
mas livra-nos do Maligno.
“Ὅτι σοῦ ἐστιν ἡ βασιλεία καὶ ἡ δύναμις
Porque teu é o reino,o poder
καὶ ἡ δόξα εἰς τοὺς αἰῶνας Ἀμήν”
e a glória para sempre. Assim é.
LUCAS 11

2 Πάτερ ἡμῶν ὁ ἐν τοῖς οὐρανοῖς
Pai nosso que estás nos céus
ἁγιασθήτω τὸ ὄνομά σου
santificado seja o teu nome
Ἐλθέτω* ἡ βασιλεία σου
Venha o teu reino
Γενηθήτω τὸ θέλημά σου
Seja feita a tua vontade
ὡς ἐν οὐρανῷ καὶ ἐπὶ τῆς γῆς
Assim na terra como no céu

3 Τὸν ἄρτον ἡμῶν τὸν ἐπιούσιον δίδου
O pão nosso quotidiano dá-nos
ἡμῖν τὸ καθ’ ἡμέραν
hoje

4 Καὶ ἄφες ἡμῖν τὰς ἁμαρτίας ἡμῶν
E perdoa-nos os nossos pecados
Καὶ γὰρ αὐτοὶ ἀφίομεν παντὶ ὀφείλοντι ἡμῖν
Porquanto nós perdoamos a todo aquele que nos deve
Καὶ μὴ εἰσενέγκῃς ἡμᾶς εἰς πειρασμόν
E não nos induzas à tentação
ἀλλὰ ῥῦσαι ἡμᾶς ἀπὸ τοῦ πονηροῦ
Mas livra-nos do Maligno

A igreja adotou a versão de Mateus, e na atualidade, na passagem: "perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos tem ofendido", traduz ofilima |ὀφειλήματα|, dívidas, por "ofensas", sob argumento de que o sentido seria "pecados", oque não é em absoluto, basta observar o mesmo vocábulo, que se repete, mais a frente "devedores" |ὀφειλέταις|. Em grego, o vocábulo ofilima não é "ofensa", é débito, dívida. A tradução de "pecado" em grego é |ἁμαρτίας|. 

Tanto no grego, como no latim, e mesmo até algumas poucas décadas atrás, nossos pais e nossos avós recitavam: "perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos nossos devedores". A adulteração ocorreu no Vaticano II, sedimentada pelo Papa João Paulo II. 


A Tradução do Grego para o Latim - A Bíblia Vulgata:

Em fins do século IV e início do século V, o Papa Dâmaso I, pediu a São Jerônimo que fizesse a tradução da Bíblia para o latim, e que veio a ser a usada pela Igreja desde então. Chamada vulgata lectio (leitura de divulgação), embora a Vulgata tenha se utilizado de um latim "popular" e não o clássico, foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Usada pela Igreja Católica Romana durante séculos, e ainda hoje é fonte para diversas traduções. 

Foi definitivamente consagrada pelo Concílio de Trento, em 1546. O Concílio estabeleceu um texto único para a Vulgata a partir de vários manuscritos existentes, o qual foi ratificada mais uma vez como a Bíblia oficial da Igreja, confirmando assim os outros concílios desde o século II, e a essa versão ficou conhecido como Vulgata Clementina.

Após o Concílio Vaticano II, por determinação de Paulo VI, foi realizada uma revisão da Vulgata, sobretudo para uso litúrgico. Esta revisão, terminada em 1975, e promulgada pelo Papa João Paulo II, em 25 de abril de 1979, é denominada Nova Vulgata e ficou estabelecida como a nova Bíblia oficial da Igreja Católica.

A oração em latim foi amplamente a língua no qual rezaram nossos ancestrais no Brasil ao longo de todo século de colonização e constituição do País, razão pela qual, ao menos para nós brasileiros o latim em nossos atos liturgicos guarda especial significado. 


Tradução do Grego para o Latim por São Jerônimo:

MATTHEUM VI
9 Pater noster, qui es in cælis, sanctificetur nomen tuum.

10 Adveniat regnum tuum ; fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.

11 Panem nostrum supersubstantialem da nobis hodie,

12 et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostris.

13 Et ne nos inducas in tentationem, sed libera nos a malo. Amen.

LUCAM XI
2 Pater, sanctificetur nomen tuum. Adveniat regnum tuum.

3 Panem nostrum quotidianum da nobis cotidie.

4 Et dimitte nobis peccata nostra, siquidem et ipsi dimittimus omni debenti nobis. Et ne nos inducas in tentationem.

Tradução do Latim para o Português:

MATEUS 6
9 Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome.

10 Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade como no céu e na terra.

11 O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.

12 E perdoa-nos nossas dívidas, assim como nos perdoamos aos nossos devedores.

13 E não nos induza em tentação, mas livra-nos do mal. Assim é.
LUCAS 11
2 Pai, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino:

3 O pão nosso quotidiano dá-nos diariamente.

4 E perdoa nossos pecados, pois também nós perdoamos a todos que nos devem. E não nos induza em tentação, mas livra-nos do mal.


O Uso dos Vernáculos Nacionais nas Liturgias:


Foi no Concílio do Vaticano II, que foi admitido o uso dos respectivos idiomas nacionais nos ritos litúrgicos da igreja. Oque foi visto, ou melhor, usado como pretexto por alguns grupos infiltrados dentro da Igreja para criar cisões em seu seio. Curiosamente, esses mesmos opositores, que se auto-designam "conservadores", nunca se opuseram as "revisões"(?) que se operaram na Bíblia oficial da igreja, a Vulgata. Como já dissemos, a Vulgata, foi reformada em 79, sob as mãos de João Paulo II, numa tradução, considerada como a pior de todas, pelos filologos contemporâneos..... reforma(?) estranhamente operada por um papa dito "conservador"(?).

Oque é algo que causa perplexidade, ante os inúmeros filólogos e teólogos de altíssima qualidade existente no corpo eclesiástico da igreja católica. Contudo, a explicação é simples, como já mais de uma vez denunciamos. Esses grupos "conservadores" criam querelas apenas para imobilizar a igreja, fazê-la perder fiés para as seitas protestantes, ao mesmo tempo que não se opõe a mudanças doutrinárias que enfraquecem-na e mesmo mudam o curso de seu verdadeiro evangelho.

O uso de Vernáculo Nacionais é um exemplo. Seu uso, teve oposição ferrenha desses mesmos "conservadores"(?), mas no que toca as mudanças de significado, essas sim que causam deturpações interpretativas e doutrinárias, reina o mais absoluto silêncio tumbular, antes, endossam!

O uso de idiomas nacionais, não é nenhum problema, antes é um instrumento de se fazer chegar o evangelho, tornando acessível sua difusão. Agora, desde que preservado seu correto significado. Razão pela qual, somos de acordo que somente Bíblias revisadas e autorizadas pela Igreja nos respectivos idiomas locais poderiam ser usadas nos ritos litúrgicos.  

Cremos ainda, que devamos orar tal como nossos pais e avós oravam, e portanto ministramos que a fórmula tradicional deve ser mantida. Porque só a transmissão orgânica, tradicional, é legítima. 

Embora devamos nos fiar, na tradução dos originais gregos, como não descendemos deles, não nos é válido orar em seu idioma, mas sim nos dos nosso sangue, em nossa língua ancestral. Cremos portanto ser ainda mais legítimo a um brasileiro, a guisa de comparação, orar em seu antigo idioma pré-romano (Keltaiko) do que mesmo em grego. Pois quando oramos em nossa língua ancestral, ecoamos as vozes de nossos ancestrais.


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