domingo, 24 de abril de 2011

Raymundo de Monte Arraes, Teórico do Castilhismo.

Raymundo Monte Arraes
MONTE ARRAES, Raymundo de.(1888-1965), cearense de Assaré, foi advogado, jornalista, escritor, deputado estadual e federal. Positivista, desde sua juventude se inveredou nas obras Augusto Comte e se destacou na defesa do regime Castilhista em 1925, quando esse se encontrava sob ferrenho ataque de opositores, publicando sua principal obra: "O Rio Grande do Sul e as suas Instituições Governamentais" no qual faz a defesa cerrada da Constituição Riograndense e do regime castilhista, recebendo elogio público de Vargas, quando então deputado federal, em pronuciamento na Câmara em 08 de dezembro de 1925.

Em 1926 foi diretor do Jornal do Comércio, jornal do Partido Republicano Conservador - PRC, partido fundado e dirigido pelo insígne general Pinheiro Machado, sendo o porta voz da política castilhista no Ceará. Nesse mesmo período ingressa nos quadros do PRC, e pela mão de Pinheiro Machado é eleito deputado estadual no Ceará.

É nesse período que passa a confabular com Padre Cícero, também membro do PRC, na tentativa de mudar a orientação personalista pela qual este estaria sendo conduzido.

Em 1927, ainda prestigiado pela repercução de sua obra, viaja ao Rio Grande do Sul a convite de Borges de Medeiros, Presidente do Rio Grande do Sul. Recebido em Porto Alegre com grandes festas. Durante dias, Monte Arraes se dedicou a visitar os diversos órgãos e serviços do Governo riograndense, constatando como funcionava na prática aquele modelo de organização política que tanto defendera, em teoria.

Na ocasião foi homenageado no Centro Republicano Júlio de Castilhos, numa sessão solene, na qual foi saudado por Otelo Rosa, fato registrado no jornal A Federação numa página inteira. Otelo ressaltou sobretudo a motivação desinteressada com que Monte Arraes escrevera "O Rio Grande do Sul e as suas Instituições Governamentais", e sua isenção para fazê-lo, sendo um político do norte, sem nehum interesse pessoal na política riograndense.

As conversas diárias com Borges de Medeiros serviram não só para discretear sobre a história política do Rio Grande mas também para:
"...com base em dados seguros, projetar luz, de futuro, sobre muitos pontos interessantes da política ancional".
O fato mais singular nessa visita, é que, sendo Borges de Medeiros um homem habitualmente tão reservado e avesso a confidências políticas, achasse por bem, durante todo tempo em que Monte Arraes esteve em Porto Alegre, recebelo em audiência diariamente, para conversarem reservadamente sobre política ancional e riograndense.

Numa dessas conversas, Borges de Medeiros disse a Monte Arraes que pretendia indicar para sucedê-lo no governo do Estado o deputado Getúlio Vargas, e perguntou-lhe qual sua opinião a respeito. Monte Arraes naturalmente louvou a escolha e, pelo resto da vida, se sentiria co-responsável pela projeção e o papel que Vargas viria a assumir no Brasil.

Até 1928, Monte Arraes continuou exercendo seu mandato de deputado estadual e servindo ao PRC na direção política do Jornal do Comércio. Quando se desliga para fixar residência na capital da República(RJ).

No Rio passa um tempo como consultor jurídico do Rio Grande do Sul. Quando então retorna a Fortaleza para fundar o jornal A Razão(1929), destinado a combater o governador Matos Peixoto e fazer campanha da Aliança Liberal.

Veio a Revolução de 30, na qual se engajou, vitoriosa a Revolução, esperava ser designado interventor federal no Ceará, sendo preterido por Fernandes Távora, que assumiu o lugar, autodesignando-se interventor. Decepcionado, muda-se novamente para o RJ, onde é nomeado para as funções de Chefe do Departamento de Censura e Diversões Públicas.

Em 1933, escreve "Do Poder do Estado e dos Órgãos Governativos", que tinha por ambição influir na elaboração da carta constitucional de 1934, mas apenas publicado em abril 1935 por problemas de impressão, quando a Constituição há muito havia sido promulgada.

Em 1935, se elege deputado federal. Em 37, por ocasião da dissolução da assembléia, perde seu mandato, retomando suas funções no Departamento.

Monte Arraes se entrega a defesa do Estado Novo, no qual se despontará como um de seus principais teóricos. É quando escreve "O Estado Novo e suas Diretrizes", publicado em julho de 1938, com o objetivo de "expor ao povo brasileiro overdadeiro sentido das novas instituições [o Estado Novo], dando-lhe, assim, a oportunidade para melhor comprendê-las e conscientemente aplaudí-las". Juntamente com Francisco Campos e Azevedo de Amaral, foi um dos três teóricos do Estado Novo.

Logo na introdução de "O Estado Novo e as suas Diretrizes", diz que, apesar de pessoalmente ter sido atingido pelo golpe de Estado que extinguiu seu mandato de deputado federal e fechou o Congresso Nacional:
"não temos dúvida em reconhecer, se não a impraticabilidade absoluta, por sem dúvida, a falta de dutilidade do regime ab-rogado, apara dar solução a crise política e social, em que então se debatia a nação".
Em o "O Estado Novo e as suas Diretrizes" Monte Arraes se estende em mais de 200 páginas para provar a oportunidade da carta de 1937 e a sua superioridade sobre as constituições de 1934 e de 1891.

Em 1943, Monte Arraes ainda é um getulista convicto. É nesse ano que publica "O Brasil e os Regimes Ocidentais", no qual se mantém inalterada sua posição face ao Estado Novo. Um mês antes da queda de Getúlio(setembro/45), ainda defende as teses básicas do castilhismo e do getulismo.


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