Esse sim um "Policarpo Quaresma" |
Por duas décadas
os estudos tupinológicos reinaram soberanos nas universidades na década de 40. Tal foi a voga
que, durante o segundo governo de Getúlio Vargas, de 1950 a 1954, tramitava no
Congresso Nacional um projeto de lei que tornava obrigatória a criação da
cadeira de língua tupi em todas as faculdades de Letras do Brasil. A repentina
e trágica morte do Presidente, em 24 de agosto de 1954, não frustrou os
entusiastas de tal projeto: em 3 de setembro daquele ano, poucos dias após o
suicídio de Vargas, o presidente Café Filho, seu substituto naquele doloroso
transe, assinava a lei n. 2.311, publicada no Diário Oficial da União em 9 de
setembro daquele mesmo ano tornando obrigatório o ensino do Tupi nas faculdades de letras de todo o País.
Tal iniciativa
de Café Filho tinha um sentido nacionalista evidente. Articulava-se, na
verdade, com a forte tendência estatizante que o segundo governo de Vargas
apresentava, um dos últimos ecos dos pactos nacionalistas que o capital
internacional faria soçobrar em todo o Terceiro Mundo, representado, no Brasil,
pelo golpe militar de 1964, pela queda de Perón na Argentina e pela de Ahmed
Sukarno na Indonésia.
Coincidentemente,
o Estruturalismo deita raízes na universidade e na intelligentsia brasileiras
nesse momento de desnacionalização econômica e alinhamento político do Brasil
com os Estados Unidos, mais forte e mais evidente durante o regime militar, que
somente findou em 1985, mas já perceptível imediatamente após o término da
Segunda Guerra Mundial.
Desde então, não só o ensino do tupi foi tirado de cena da vida acadêmica brasileira, bem como o latim e mesmo o francês, línguas que formaram nossa base cultural, foram substituídas pelo inglês.
Texto baseado no do Profº. Eduardo Navarro.