domingo, 7 de novembro de 2010

LINHA DO TEMPO



Plano COHEN

Como já foi dito desde o início da Revolução de 30, o exército se dividia em diversas facções: comunistas, nazifascistas, liberais-conservadores e “getulistas” (alicerçados nas tropas gaúchas, somado a alguns positivistas espalhados pelo Brasil). Com a contra-revolução de 32, Getúlio perdeu sua principal base de apoio ao romper com Flores da Cunha, então governador do Rio Grande do Sul. A partir de então Getúlio fica a mercê do exército. E é do exército, especialmente da ála nazi-fascista, das forças armadas, que partirão as violações a prisioneiros políticos, torturas, prisões arbitrárias, etc.... capitaniadas pela besta-humana do Filinto Müller(anti-varguista histórico).

Daí dizer Hélio Silva, reputado o maior historiador do período Republicano:

".... A revolta vermelha de 1935 vai mostrar o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, que foi feito pelos militares, embora Vargas apareça como seu principal personagem e beneficiário, porque são os militares que assumem, de fato, a função de árbitro e estabilizador, que farão sentir sempre que julgarem ameaçado o sistema existente."

O Plano COHEN segundo Góes Monteiro(um dos articulares na deposição de Vargas em 45) fora entregue pelo capitão Olímpio Mourão Filho, então chefe do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB). Mourão Filho, admitiu que elaborara o documento, afirmando porém tratar-se de uma simulação de insurreição comunista para ser utilizada estritamente no âmbito interno da AIB. Ainda segundo Mourão, Góes Monteiro, que havia tido acesso ao documento através do general Álvaro Mariante, havia-se dele apropriado indevidamente. Mourão justificou seu silêncio diante da fraude em virtude da disciplina militar a que estava obrigado. Já o líder maior da AIB, Plínio Salgado, que participara ativamente dos preparativos do golpe de 1937 e afirmaria mais tarde que não denunciou a fraude pelo receio de desmoralizar as Forças Armadas.


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Compreendendo a Éra Vargas

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Getúlio Não Tomou Parte na Deportação da Olga.

Getúlio não tomou parte em nenhum momento da deportação da Olga. O Supremo Tribunal foi quem julgou e assinou a deportação dela, por intermédio de 3 ministros do Supremo dentre os quais: Clóvis Bevilácqua( reputado o maior civilista do Brasil em todos os tempos); Edmundo Lins, e nada mais nada menos, que Guimarães Rosa, autor de Grande Sertões Veredas.

Seriam fascistas? Guimarães Rosa é Fascista? A exemplo do que imputam a Vargas? E Getúlio que não teve nenhuma participação é fascista porque deveria ter intercedido em favor de quem lhe veio depor? Quando mesmo Stalin que teve oportunidade de trocá-la por prisioneiros alemães não o fez? A troca até houve, mas Stalin deixou a Olga de fora da lista... mas não, o Stalin não é fascista, fascista é o Getúlio(que não tem nada haver com o caso)!

Ainda sim, a Olga só conseguiu ter a sua filha Anita Leocádia Prestes, graças ao excelente serviço diplomático brasileiro que garantiu a Olga Benario Prestes total assistência ao longo da gravidez, amamentação até o terceiro mês após o parto, e trazer para ser entregue a avó paterna sua filha, e só a entregou mediante garantia disso tudo. Esse aspecto sim, subordinado a competência do Executivo.

A conjuntura política não permitia que Getúlio intervi-se em favor da Olga. Como intervir em favor de quem lhe veio depor? Qualquer ação nesse sentido, enfraqueceria Getúlio ante as facções hostis do exército. Tanto é que quando Getúlio demitiu Filinto Müller, em fins de 45, logo em seguida o depuseram.

Outra deturpação grosseira; os campos de concentração só foram descobertos ao fim da guerra, a Olga foi deportada em 1936, ou seja a Europa não se encontrava em guerra. E como os campos de concentração só foram descobertos após o conflito, não se pode afirmar que sua deportação implicava relegá-la a morte. Quem afirma o contrário, mente!

Por fim nada mais elucidador do que as palavras de Paulo Timm, ex-militante do Partido Comunista Brasileiro:


"saindo da prisão, Prestes irá ao encontro de Vargas defendendo-o na permanência no poder, voltando a fazer em 1950 quando Vargas se candidata à presidência da República. Relata a crônica que não raro os dois foram vistos, tanto no final de1945 como na campanha de 1950 rindo e conversando amigavelmente, o que dificilmente ocorreria se o velho camarada, no alto da sua sempre e indiscutível dignidade pessoal, tivesse, realmente, ressentimentos contra Vargas."

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A Conjuntura Política A Que Estava Submetido Getúlio. - Compreendendo a Éra Vargas.


Desde o início da Revolução de 30, o exército se dividia em diversas facções: comunistas, nazifascistas, liberais-conservadores e “getulistas” (alicerçados nas tropas gaúchas, somado a alguns positivistas espalhados pelo Brasil). Com a contra-revolução de 32, Getúlio perdeu sua principal base de apoio ao romper com Flores da Cunha, então governador do Rio Grande do Sul. A partir de então Getúlio fica a mercê do exército. E é do exército, especialmente da ála nazi-fascista, das forças armadas, que partirão as violações a prisioneiros políticos, torturas, prisões arbitrárias, etc.... capitaniadas pela besta-humana do Filinto Müller(anti-varguista histórico).

Daí dizer Hélio Silva, reputado o maior historiador do período Republicano:

".... A revolta vermelha de 1935 vai mostrar o golpe de Estado de 10 de novembro de 1937, que foi feito pelos militares, embora Vargas apareça como seu principal personagem e beneficiário, porque são os militares que assumem, de fato, a função de árbitro e estabilizador, que farão sentir sempre que julgarem ameaçado o sistema existente."

É a fantasiosa tendência de se atribuir tudo do período a Getúlio, como se ele fosse um "monárca Absolutista". Oque em absoluto, não era! Se assim fosse, a UDN e seus algozes em 45 não teriam tido meios para depô-lo. A triste verdade é que no interregno de 32 à 37 Getúlio foi pouco a pouco perdendo as rédeas do poder, É quando expressamente registra em seu diário:

“Estou à mercê do Exército, sem força que o controle, e sem autoridade pessoal e efetiva sobre ele. Estou só e calado para não demonstrar apreensão.” - Getúlio Vargas, 29 de maio de 1939.

Outra passagem em 1942, registrada em seu Diário, demonstra essa impotência contra os militares. É quando o filho do Oswaldo Aranha pede a Vargas que solta-se um amigo que havia sido preso, Getúlio ordena sua soltura, e o Filinto Müller não acata a ordem:

“14 de março – Procurou-me o filho do Oswaldo, dizendo que sua família vivia espionada pela polícia, e pediu-me a soltura de um estudante amigo, que mandei atender. O chefe de Polícia negou, sob palavra, que controlasse o Oswaldo, afirmando que, ao contrário, o Oswaldo é que controlava seus telefones, por intermédio da Light.”

É mediante esse cenário que o historiador Hélio Silva sentencia:

"A intervenção dos militares, primeiro contra Vargas, impondo a sua renúncia, deveria, na opinião desses "revolucionários", ter-se completado na tomada do poder. Porque o movimento de 1964 teria eclodido em agosto de 1954, se Vargas houvesse simplesmente renunciado. O impacto do seu suicídio nas massas populares e na consciência da Nação tornou impossível o prosseguimento violento do processo subversivo desencadeado. Basta lembrar que o mais ardoroso dos propagandistas da reforma - Carlos Lacerda - logo após o suicídio de Vargas teve que se refugiar no Galeão, temeroso da reação popular. "


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O Estado Castilhista;

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quando os Chacais Brigam - Castelo Branco assassinado.

No dia 18 de julho de 1967 o bimotor que levava o ex-presidente militar Castello Branco(havia deixado o poder a 4 meses)de Quixadá para Fortaleza colidiu em pleno vô-o com um TF-33 da FAB, vitimando juntamente com Castello outras 4 pessoas que viajavam com ele, tendo sobrevivido apenas uma única pessoa: Emílio Celso Chagas, co-piloto.

O caso foi tratado oficialmente pelo Comando da Aeronáutica como um acidente. Desde então, nenhum documento ou relatório oficial sobre as causas do acidente foi revelado. O pesquisador, cearense, Pedro Paulo Menezes contesta a versão da Aeronáutica, acreditando ter se tratado de um "ato premeditado, pela disputa de poder": "Levei muito tempo para obter os documentos que me permitem acusar que a versão oficial da morte do Marechal não é verdadeira".

De posse da carta de tráfego dos aeródromos Pinto Martins e Alto da Balança e contactado pessoas que participaram do episódio, inclusive o co-piloto sobrevivente, Pedro Paulo Menezes lançou em 2003 o livro "J´Accuse - O clamor de uma verdade".

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - CENIPA, afirma na certidão em 2004 que "o acidente decorreu de uma colisão no ar, nas proximidades do tráfego de aeronáves de caça para o aeródromo de Fortaleza. Não houve trasngressão das regras de tráfego aéreo vigentes por parte de nehuma das aeronáves". Esse foi o único documento oficial emitido em todos esses anos, graças à interferência do Procurador da República, Alessander Sales, no caso.

Meneses contesta a versão do CENIPA, dizendo que os jatos descumpriram a carta de tráfego aéreo provocando o acidente. Se os jatos tivessem seguido a carta de tráfego deveriam estar em um raio máximo de 4 km da pista de pouso, e não a 10 km dessa área. Ainda, segundo a carta de tráfego deveriam ter seguido para Barra do Ceará(litoral oeste de Fortaleza) e não para seguido para o sul da cidade.

A torre de comando sabia o tempo todo da posição do bimotor e do jato. "quando eles estavam a dez minutos do aeroporto, comunicaram-se com a torre avisando sua posição e solicitando permissão para procedimento de pouso. A autorização foi concedida, mas quando eles estavam se aproximando da área do aeródromo, houve a colisão". O pesquisador indaga, "se a torre sabia o tempo todo a posição dos aviões, por que não avisou?".

Na colisão o bimotor(PP-ETT) perdeu o leme de direção e o conjunto de estabilizador vertical, entrando em parafuso chato para esquerda - horizontal - até atingir o solo. O jato colidiu na peça mais frágil do bimotor. "O toque foi na ponta da calda, que era a parte mais frágil do avião, o que garantiria que ele fosse abatido. Isso tudo sem oferecer risco para o piloto militar(do jato).

Após a colisão e queda do bimotor, sobreviveram apenas 2 pessoas, o piloto e o co-piloto, ambos levados ainda vivos ao hospital da base aérea, segundo a versão oficial, tendo o piloto falecido logo em seguida.

No socorro, não foi utilizado a equipe médica da Base Aérea, o local da queda não foi preservado. "A Base Aérea permitiu que o avião fosse saqueado e determinou que fosse retalhado a machadadas. A área do acidente foi destruída. Por que não seguiram os procedimentos corretos? Porque tinham que destruir todas as provas?".

Essas revelações jogam mais uma luz sobre as guerras de facções dentro regime militar. Castello Branco pertencia a uma facção mais liberal que pretendia entregar o governo aos civis garantindo uma eventual eleição de Carlos Lacerda. Coincidentemente também morto.

Havia um 2ª facção dita Linha Dura que embora também liberal tinha planos de se manter no poder e não concordava em entregar o poder.

Havia ainda um terceira facção do baixo oficialato encabeçada pelo General Albuquerque Lima, ainda que conservador extremamente nacionalista e anti-americana e com forte cunho social.

A Operação Condor já de ampla repercussão aponta a Linha Dura como mentora dos assassinatos de lideranças civis, é bastante provável ter sido a responsável também pela eliminação do ex-presidente Castelo Branco. Resta saber se essa terceira facção teve também participação.

E pode-se concluir que essa guerra interna tenha sido um dos motores determinantes para o processo de redemocratização pondo um termo dentro das forças armadas que ameaçavam se degladiar.


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