A Guerra da Secessão (1861-1865) revela em
toda sua crueza o antagonismo político entre o norte protecionista e o sul
livre-cambista, embora alguns reduzam o motivador dessa guerra na questão da
escravatura, nada é mais enganoso. A escravidão foi mero pretexto usado pelos
Estados do sul ante seu enfraquecimento político de fazer valer seus interesses
de livre mercado contra os do norte que se tornavam cada vez mais populosos com
a atração de contingentes proporcionados pela industrialização e que, por sua vez,
impunham sua visão protecionista no Congresso Federal.
"Embora fosse
incontestavelmente antiescravista, nunca advogou a abolição com firmeza;
considerava os negros uma raça inferior e se opunha a que se lhes outorgasse o
direito de voto. Diante disso, com a sua eleição, o Sul tinha mais a temer no
tocante à frente das tarifas do que no referente à questão da escravidão.
Aliás, no início da Guerra de Secessão, Lincoln sinalizou claramente a sua
disposição a tolerar o trabalho servil nos Estados do sul em nome da unidade
nacional. No outono de 1862, decretou a abolição da escravatura mais como uma
estratégia para ganhar a guerra do que por convicção moral (CHANG apud GARRATY
& CARNES, 2000, p.391-2, 414-5; FONER, 1998, p.92).
No período de guerra, as tarifas foram
elevadas “ao seu nível mais alto em trinta anos” (CHANG apud COCHRAN &
MILLER, 1942, p.106). Em 1864, novo aumento, ainda no curso da guerra, com o
fim de cobrir as despesas de guerra, estendendo-se nesse nível, mesmo depois do
conflito. Segundo Chang (2004, p.56):
"A vitória do Norte, na Guerra de Secessão, permitiu aos
Estados Unidos continuarem sendo os mais obstinados adeptos da proteção à
indústria nascente até a Primeira Guerra Mundial – e mesmo até a Segunda – com
a notável exceção da Rússia no início do século XX."
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