sexta-feira, 23 de março de 2012

Excelente Artigo de Roberto Moreno Sobre a Vanguarda da Língua Portuguesa no Mundo Latino.

“Nasci na cidade de São Paulo (Brasil) neto de espanhol e italiano, nunca tive dificuldade em compreender estas duas línguas. Cresci sonhando, falando e escrevendo em português do Brasil. Já adulto, percebi que o privilégio de entender o espanhol, também é dos mais de 220 milhões de pessoas que se comunicam em português, situados nas terras mais ricas e estrategicamente localizadas no planeta, e, isto é um facto! Além de, ser o português uma língua de cultura aberta e que dá acesso a outras literaturas e civilizações originais e variadas, nos quatro cantos do mundo.”

> Essa é aliás a grande singularidade da língua portuguesa e a razão essencial pela qual acreditamos na providencialidade de Portugal e da Lusofonia: servir de ponte entre as várias línguas latinas, elas próprias as mais diretas descendentes do Latim, a língua matricial do Ocidente e, ainda mais remotamente das línguas indoeuropeias. Por limitações resultantes do escasso leque fonético disponível no castelhano, e não somente por falta de vontade ou arrogância, a verdade é que um falante do castelhano dificilmente consegue compreender o português, este, contudo, porque tem uma língua mais rica do ponto de visa do uso das vogais, consegue entender facilmente o castelhano. Assim se entende porque um falante do português entende o castelhano e o inverso nem sempre é verdade. Isto quer também dizer que os portugueses conseguirão servir de ponte, cumprir a sua vocação de Quinhentos (Gilberto Gil) e ligar os povos da Lusofonia aos da Latinidade. Esse é o “império da Língua” sonhado por Fernando Pessoa e transposto para o plano político e social por Agostinho da Silva que advogava uma união lusófona, apenas como primeiro passo para uma união mais global que passaria sempre, primeiro, pela reunião de todos os povos de língua latina numa “união latina”, antecâmara primeira para uma união pacífica e total de todos os povos do planeta num único corpo político.

“Foi em 1214 que surgiu o primeiro documento oficial na língua portuguesa, o testamento de D. Afonso II, que até então era o galaico-português, uma solidariedade natural entre duas línguas irmãs. No século XVI, a língua portuguesa começou a se espalhar e enriquecer-se, tomando dos outros povos não só expressões linguísticas novas como também formas de estar e pensar, dando inicio ao multiculturalismo Era o início da Globalização, via Comunicação, e não como é hoje, somente pela via política-económica.”

> A língua portuguesa descende diretamente das formas popular do latim, é assim uma legítima herdeira dos padrões culturais que formataram a mentalidade daquela que foi – nas palavras de Nietzche – a mais perfeita forma de governo jamais concebida pelo Homem… Obviamente, o filósofo alemão referia-se à República romana e aos governos de alguns imperadores, como Augusto, Adriano, Marco Aurélio, Antonino Pio, mas ainda mais ao falso milagre de o império ter sobrevivido a tantos e a tão maus imperadores, permanecendo durante quase mil anos. Uma estrutura política capaz de resistir a uma tremenda extensão geográfica numa época em que o transporte mais rápido era o cavalo e tão resiliente que poderia sobreviver aos ditames absurdos e aleatórios de Nero ou Calígula teria que ser extraordinária, e era-o, efetivamente… Ora sendo a cultura tão interligada e interdependente das matrizes oriundas da língua, o facto puro de falarmos ainda hoje – essencialmente – latim implica que esses romanos de antigamente vivem ainda dentro de nós, falantes do português…

> Portugal nunca deu à Galiza a atenção merecida, apesar de uma tremenda e comovente similitude linguística, cultural e de temperamentos, Portugal partilha com a Galiza o próprio vocábulo original. Partindo da povoação romana, situada na foz do Douro de nome Portus Cale, nasceu quer o termo Cale – Gale + iza, assim como o quase literal Portu(s) + Gal(e), mas também o menos conhecido Cale – Gaia.

Apesar de todos os pontos de semelhança, as vicissitudes da História e da “Real Politik” obrigaram Portugal a sacrificar os seus irmãos galegos a uma relação mais ou menos pacifica com o poder hegemónico que Castela e Madrid exercem ainda hoje sobre a Espanha.

Hoje, é pela proximidade linguística entre Portugal e Espanha que mais depressa se hão de reaproximar essas duas metades da mesma nação, separadas pela Historia, pelos jogos maquiavélicos das estratégias políticas portuguesas e castelhanas e pelo “império padronizador e anti-espiritualista” da União Europeia. A fagulha linguística que une Portugal e a Galiza há de reacender a alma que ambos possuem em comum e potenciar a união daquilo que as circunstâncias separarem. Para tal é preciso manter viva a língua galega, deixá-la resistir às incursões cada vez mais poderosas de Madrid e, sobretudo e porque a grafia de uma língua é a forma material imediata que assumem as almas nacionais, impedir que Madrid (a “Castela” de hoje) prossiga a sua estratégia de impor a grafia do castelhano à língua galega, a fase em que atualmente corre o plano anexador contra a liberdade linguística e cultural galega.

“Como se sabe, entre as línguas românicas, o português e o espanhol são as que mantém maior afinidade entre si. Tidas como irmãs da mesma família linguística, possuem um tronco comum, o latim, e uma história evolutiva paralela, a da popularização diaspórica do idioma latino na península ibérica e de lá para a América, África e Ásia. Entretanto, é bom salientar que é mais fácil para um “lusófono” comunicar-se em “Portunhol” do que para um hispânico comunicar-se em “Hispanês”.”
- um fenómeno por demais evidente a quem quer que viaje em férias até Espanha e que se traduz numa quase total facilidade do português em compreender o castelhano e uma aparente incapacidade do falante da língua de Cervantes em compreender o português, ou, pelo menos, partes daquilo que dizemos e numa percentagem bem superior à correspondência oposta. Geralmente, associamos este desfasamento a um sentimento exacerbado de nacionalismo que impele os castelhanófonos a recusarem-se (intencionalmente) a entenderem aquilo que dizemos. Mas foi Carolina de Michaelis, a insigne filóloga portuguesa do século passado que deitou o dedo na ferida pela primeira vez, expondo o fenómeno que Roberto Moreno aqui enuncia: a incompreensão não advém de um desejo expresso ou consciente, mas de uma maior pobreza fonética do castelhano:

“A razão para este facto é que há algo muito especial na língua portuguesa, o elemento descodificador do espanhol, do italiano e do francês. A nossa língua possui um sistema fonético vocálico de 12 entidades, composto de sete fonemas orais e cinco nasais. O espanhol tem apenas cinco fonemas orais o AEIOU. Eis o porquê de entre as cinco línguas latinas, o português ser o “Ferrari” deste comboio linguístico.

É importante divulgar o quanto se pode ganhar com a aprendizagem da língua portuguesa.

Por exemplo: – Grande promoção da Língua Portuguesa, pague uma, leve duas e meia! – Dado que ganhamos 90% do espanhol e 50% do italiano, e até, uns 20% do francês. É um valor acrescentado que a nossa língua possui e que nunca foi publicitado. Daí a importância de uma aliança entre os países Iberófonos, que tire partido do facto de conseguirem se entender nas suas línguas maternas. Lembrando que, o Brasil equivale a metade da população e território da América Latina, sendo que, neste século, o centro de gravidade do desenvolvimento económico mundial será transferido para a China, Rússia, Índia e Brasil, ao invés da América do Norte e Europa.

Visto que, os países de língua portuguesa e espanhola somam 700 milhões de pessoas em metade do mundo, geograficamente falando, e que não possuem problemas de comunicação entre si, deve-se com urgência, elaborar um plano de marketing estratégico para a língua portuguesa! Diante dos FACTOS já descritos, propõe-se promover a auto-estima pela língua e a cultura nos 30 países que compõem a Comunidade Iberófona através de variadas acções concertadas, por exemplo, nas áreas da Educação, Saúde e Segurança, além de fomentar o português como 2ª língua nos países hispânicos e também nos seguintes países, geo-estratégicos, por acréscimo:


França, onde há cerca de um milhão de “lusófonos”, sendo o português a segunda língua mais falada, alem de que, poderá ser usada como arremesso ao bilinguismo; Itália, pelo facto de entendermos 50% do italiano e por ser o Brasil a maior colónia de italianos do mundo, sendo, após o espanhol, a língua italiana a mais próxima da nossa; EUA, onde há cerca de 50 milhões de Iberófonos e por factores geo-politico, económico e estratégico. A ALCA (Aliança de Livre Comércio das Américas), por exemplo, é inviável sem o Brasil e caso os EUA adoptem o português como 2ª língua, o poder de comunicação de um cidadão Anglo-Iberófono alargar-se-á para 1 bilhão de pessoas. (… é a “Super ALCA”, trabalhando pela via do diálogo na língua do cliente). China, pelo facto de o Mandarim estar restrito ao próprio país e, se cada chinês tiver o português como 2ª língua, serão 2.300.000 milhões de Sino-Anglo-Iberófonos, e ainda pela sua aproximação ao Brasil, que em conjunto com a Rússia e a Índia, representam, no aspecto comercial, científico e geopolítico, a nova «Ordem Mundial»;

Índia, onde há 23 línguas correntes e 1.000 dialectos, a maior industria de audiovisual e informática do mundo. Os Hindi-Sino-Anglo-Iberófonos serão 3.400.000 milhões; Indonésia, por razões semelhantes às referidas para a China e para a Índia, pelo facto de fazer fronteira com Timor-Leste, e pela promoção de uma verdadeira, saudável e frutífera democracia de cultos e religiões, através do DIALOGO que assim se estabeleceria entre o maior país muçulmano do mundo e o mundo católico. Sendo os Sino-Hindi-Anglo-Iberófonos, bilingues, (mantendo a sua língua materna, mais o português como 2ª língua) a comunicação entre os mesmos exclui o monolíngüismo.

Visto que, o “lusófono” é naturalmente bilingue (característica única no mundo) e sendo o português a 2ª língua para os hispânicos, a comunicação entre os mesmos exclui o monolíngüismo. Portanto deveremos promover este “Segredo” guardado desde o ano 1214 em Portugal. É o “Quinto Império”, da espiritualidade e comunicação. É o GEO-Código! (… antes de Da Vinci, ter existido) Outro facto é: no âmbito da política linguistica do Mercosul, os países hispânicos já estão assumindo o português como 2ª língua, visto que o Brasil já oficializou o espanhol como segunda língua, praticando a reciprocidade e fortalecendo a Iberofonia.”

Eis o prenúncio da profecia anunciada por Darcy Ribeiro:
 
Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma tardia e tropical. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso auto-sustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à conveniência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.”

3 comentários:

  1. E, para complementar acrescento o seguinte: - O Quinto Império é uma crença concebida pelo padre António Vieira no século XVII onde, os quatro primeiros impérios eram, pela ordem: os Assírios, os Persas, os Gregos e os Romanos. O quinto seria o Império Português. - Posteriormente a “utopia” do Quinto Império permeará Fernando Pessoa na obra "Mensagem", onde os quatro primeiros impérios são: o Grego, o Romano, o Cristianismo e o quarto a Europa. -

    E, para Roberto Moreno, os quatro primeiros impérios são: o Grego, o Romano, o Religioso e a Língua Inglesa.

    Entretanto - Roberto Moreno, aqui, anuncia o "Quinto Império" - O Império da ascensão espiritual e do dialogo, via uma língua comum escolhida democraticamente!
    - E, neste sentido elege-se o Galego, mais conhecido pelo nome de "língua portuguesa", ou seja: - o português é o galego que transcendeu, pois vem sendo lapidado desde 1214, via uma "nova embalagem" criada, premonitória e sabiamente, por D. Afonso II e D. Dinis, 3º e 6º reis de Portugal, respectivamente. - Os quatro primeiros impérios anteriores, são: o Grego, o Romano, o Religioso e, o quarto, a língua inglesa. - (imposta via critérios puramente políticos e económicos, pelos governos, pouco cultos, da Inglaterra, Estados Unidos, Portugal e Brasil, entre outros, ao impor o inglês, como língua "universal" e, ignorar, por completo, o poder espiritual, sociocultural, geopolítico e económico do Galego-português, futura GEOLÍNGUA – a língua do Quinto Império.

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  2. Antes,
    grato por prestigiar esse simplório blog.

    Sobre o acordo ortográfico, embora importante para padronização gramatical dos países lusófonos e consequentemente aumentar a escala de produção das obras literárias. A questão que se coloca é: não deveria ter ido mais longe? Buscando uma maior racionalização gramatical, dentro de um espírito do arcadismo, por assim dizer, "eliminando os excessos"? Procurando eliminar exceções(gramaticais).... bem como procurar implementar uma gramática fonológica ao invés da etimológica.... ?

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  3. Caro - "Um brasileiro" - portanto, Geo cidadão. - Parabéns pela sua observação, concordo plenamente com o que descreve. - Vou mais além, proponho uma união com o Galego, origem da Língua Portuguesa em 27 de Junho de 1214, via o Testamento de D. Afonso II. - Minha posição foi esplanada na Assembléia da República de Portugal, quando fui lá chamado para opinar sobre o Acordo Ortográfico. - Sugiro escrever, no google o seguinte - Projeto Geolíngua+Assembleia da República - e terá acesso ao que foi proferido. - Geo abraço e parabéns pelo seu patriótico e elucidativo, Blog, que, de simplório não tem nada, muito pelo contrário, é uma mais valia para enriquecer a cultura democrática e participativa do Geo cidadão.

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