Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho |
Esse livro se originou de seis artigos publicados no Jornal do Brasil em 1964 e 1965, afim de contestar uma publicação da agência oficial de relações públicas internacionais dos Estados Unidos, a USIS, na qual veiculava que o desenvolvimento dos EUA foi realizado com ajuda importante de capitais estrangeiros. Isto não foi verdade para os EUA, nem para os países europeus industrializados e muito menos para o Japão.
Utilizando-se de uma frase de Ragnar Nurkse, economista suéco, pioneiro na teoria do desenvolvimento industrial, segundo a qual o "Capital se faz em casa", Barbosa Lima Sobrinho aplica-a ao caso japonês como espelho para o Brasil e aos demais países subdesenvolvidos, vítimas do imperialismo.
A tese central do livro é que: "o desenvolvimento econômico, sendo acumulação de capital, só se realizará com poupanças e capitais nacionais. Não há lei que possa desviar o capital estrangeiro de seu roteiro natural, orientado para o rumo que mais convier aos seus donos, aos homens que na verdade o comandam. Ao passo que o capital autóctone terá sua tarefa e o seu destino incorporados ao processo de desenvolvimento nacional"(p. 285).
A ÉRA TOGUKAWA
O Japão quando entra em contato com o ocidente, por intermédio dos portugueses, era um país feudal e em pouco tempo ocorre uma considerável conversão ao catolicismo. Os japoneses começam a perceber que a presença de estrangeiros representa uma ameáça. Em 1614, o Japão se fecha para o ocidente. Os missionários são deportados ou supliciados. Os convertidos tiveram que renunciar à nova religião. O comércio com estrangeiros é proibido.
Inicia-se uma fase de isolamenteo absoluto e sistemático do Japão. O comércio, mesmo com a China e as Filipinas, quando não era proibido era rigorosamente limitado. A triste experiência da China sujeita ao imperialismo britânico, serve de exemplo ao Japão, foi uma lição que os chefes japoneses aprenderam muito bem.
Não obstante, as pressões dos ocidentais para abertura comercial do Japão foram grandes. E durante muito tempo o Japão resistiu firmemente. Coube afinal aos EUA, apoiados pela força de nove navios de guerra, a tarefa de abrir o Japão ao ocidente.
A ÉRA MEIJI
Em 1868, assume o Imperador Meiji no bojo de uma revolução. A partir de então, tem início um extraordinário processo de desenvolvimento econômico nacional. O desafio representado pelos navios de guerra ocidentais é aceito. Um país então ainda essencialmente agrícola, com apenas 15% de suas terras aráveis, pobre em materias primas, começa um processo intenso de industrialização. A seu favor possuia uma unidade nacional sólida e poderosa, um aliderança política esclarecida e modernizante e a "ausência de grupos de pressão fundados em empresas controladas pelo capital estrangeiro".(p. 41)
O desenvovlimento econômico japonês se confunde com a decisão política do imperador e da classe dominante que ele representa. "O desenvolvimento econômico do Japão é um desenvolvimento comandado e dirigido pelo Estado".(p. 58).
O ESTADO INTERVENTOR E REGULADOR DA ECONOMIA.
Cabe ao Estado o controle total da economia e da sociedade japonesa, a interferência do Estado foi tão grande que o Japão pode ser considerado um caso de desenvolvimento planejado anterior ao da União Soviética.
O Estado seráo grande empresário da revolução industrial japonesa. A indústria textil, química, as fábricas de cerâmica e cimento, as usinas de açucar, as fábricas de cerveja, de munição e de armamentos, os estaleiros, as empresas de mineração - tudo é iniciado empresarialmente pelo próprio Estado. No final do século XIX, o Japão já possuia uma indústria poderosa e diversificada, toda ela construída pelo Estado.
Para promover o desenvolvimento tecnológico, o Estado japonês usou de todos os recursos possíveis. Deu sempre grande ênfase a educação. Comprou patentes, estimulou a imitação, exigiu sempre que a importação de máquinas fosse acompanhada de assistência técnica, enviou japoneses ao exterior, trouxe técnicos estrangeiros para trabalhar no Japão, criou instituições para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico. Em suma, promoveu a importação maciça de técnicas estrangeiras.
O que comprova, que não é necessário o capital estrangeiro para que a modernização tecnológica ocorra.
CAPITALISMO E MILITARISMO
A antiga aristocracia, que a restauração Meiji expropriara mas indenizara amplamente, será a nova classe capitalista do novo Japão industrial que se formava. Sua consolidação definitiva ocorrera no fim do século quando o Estado lhe vende a grande maioria de suas indústrias a preços fortemente subsidiados.
Apesar da transferência, para o setor privado, das empresas estatais, a economia não se desnacionalizou. Também não se liberalizou, ainda que o objetivo da venda das empresas fosse este. O governo conservou firmemente para si o controle e a coordenação dos grandes monopólios japoneses que então se formavam.
A CONSOLIDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
Em 1908-12, as exportações de produtos manufaturados representam mais de 70% do comércio exterior japonês. Os tecidos e os produtos metalúrgicos dominavam a pauta de exportações predominavam cada vez mais as matérias primas. Assim, o Japão não passou pelo modelo primário-exportador de subdesenvolvimento;não foi vítima, portanto, da divisão internacional do trabalho imposta pelos países imperialistas aos países periféricos.
Para promover o desenvolvimento tecnológico, o Estado japonês usou de todos os recursos possíveis. Deu sempre grande ênfase a educação. Comprou patentes, estimulou a imitação, exigiu sempre que a importação de máquinas fosse acompanhada de assistência técnica, enviou japoneses ao exterior, trouxe técnicos estrangeiros para trabalhar no Japão, criou instituições para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico. Em suma, promoveu a importação maciça de técnicas estrangeiras.
O que comprova, que não é necessário o capital estrangeiro para que a modernização tecnológica ocorra.
CAPITALISMO E MILITARISMO
A antiga aristocracia, que a restauração Meiji expropriara mas indenizara amplamente, será a nova classe capitalista do novo Japão industrial que se formava. Sua consolidação definitiva ocorrera no fim do século quando o Estado lhe vende a grande maioria de suas indústrias a preços fortemente subsidiados.
Apesar da transferência, para o setor privado, das empresas estatais, a economia não se desnacionalizou. Também não se liberalizou, ainda que o objetivo da venda das empresas fosse este. O governo conservou firmemente para si o controle e a coordenação dos grandes monopólios japoneses que então se formavam.
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