quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Getúlio Vargas e a Independência.


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.Aproxima-se o 60º aniversário do golpe de Estado com o  qual a oligarquia angloamericana derrubou o presidente Vargas, em 24 de agosto de 1954. 
 
2. Esse acontecimento teve efeitos tão desastrosos como importantes. Trata-se, nada menos, que da cassação da independência do Brasil

3. A soberania do País nunca foi plenamente exercida, mas, se houve governante que tomou iniciativas para alcançá-la, esse foi Getúlio Vargas. 

4. Exatamente por isso, a oligarquia imperial angloamericana sempre conspirou contra ele, com a ajuda de pseudo-elites e de agentes locais da política e da mídia, em geral recrutados por meio de corrupção. 

5. Em 1932, a oligarquia paulista promovera o fracassado movimento de 9 de julho, movida pelos interesses britânicos. Intitularam-no constitucionalista, conquanto Getúlio organizara as eleições para a Constituinte que votou a Constituição de 1934, a qual instituiu significativos avanços econômicos e sociais. 

6. Tão profunda como a estima dos verdadeiros industriais e a veneração dos trabalhadores brasileiros a Getúlio, foi a ojeriza da minoria desorientada pelos preconceitos da “democracia” liberal e dos contrários à industrialização, alimentada pela hostilidade da mídia,  caluniosa e falsificadora dos fatos. 

7. Vargas fora forçado, durante a Segunda Guerra Mundial,  a ceder bases militares no Nordeste aos EUA, e cometeu o erro de insistir em enviar a Força Expedicionária Brasileira à Itália. A FEB foi equipada e armada pelos EUA e combateu sob comando norte-americano. 

8. Daí se criaram laços entre os comandantes e oficiais de ligação estadunidenses e os oficiais brasileiros que conspiraram nos quatro golpes pró-EUA (1945, 1954, 1961 e 1964. 

9. Em outubro de 1945, o pretexto foi derrubar um ditador, o que não tinha sentido, pois o presidente viabilizara eleições, já marcadas para o início de dezembro,  e não era candidato. Após o golpe, recomendou votar no marechal Dutra, pois o brigadeiro Eduardo Gomes representava os que sempre se haviam oposto a Vargas. 

10. Quando Vargas,  eleito em 1950, voltou à presidência, nos braços do povo, já estava em marcha a desestabilização de seu governo, a qual culminou com o crime da rua Toneleros, já em agosto de 1954. 

11. O crime foi dirigido  pelo chefe da delegacia de ordem política e social (DOPS), famosa por seus métodos desumanos de repressão aos comunistas, desde a época do Estado Novo, instituído por golpe militar, em 1937. 

12. Esse golpe proveio de oficiais do exército, que colocaram Felinto Muller na chefia da polícia.  Vargas, presidente constitucional desde 1934,  permaneceu à frente do governo, mas não teve poder e/ou vontade suficiente para  limitar significativamente as violências. 

13. Ele sempre foi contemporizador, negociava com pessoas de diferentes tendências e, por vezes,  as colocava ou mantinha no governo. Ao voltar Vargas, em 1951, continuou na DOPS o filonazista Cecil Borer,  que vinha da administração do marechal Dutra. Como tantos pró-nazistas, mundo afora, movido pelo anticomunismo, Dutra subordinou-se aos interesses dos EUA. 

14. Apesar de seus erros, Vargas merece lugar de honra na história do Brasil, por ter dado o indispensável apoio do Estado ao desenvolvimento industrial, que despontava desde o início do século XX e ganhou força, de 1914 a 1945, graças também à redução dos vínculos comerciais e financeiros com os centros mundiais, propiciada pelas duas guerras e a longa depressão dos anos 30.
15. Antes do fim da Segunda  Guerra Mundial, o império já planejava fazer abortar esse processo. Mais tarde, diria o notório Henry Kissinger: “para os EUA seria intolerável o surgimento de uma nova potência industrial no hemisfério sul.” 

16. Os serviços secretos dos EUA e do Reino Unido vinham, de há muito, operando na desestabilização do presidente. Em 1954, Borer envolveu informantes da polícia e pistoleiros no crime da Toneleros, que matou o major Vaz, da aeronáutica, simulando que o alvo seria o  virulento adversário de Vargas, Carlos Lacerda.  

17. Na armação policial-jornalistica-militar, Vaz, casado e pai de filhos pequenos, substituiu, na ocasião, o solteiro major Gustavo Borges. Lacerda engessou o pé dizendo ter tomado um tiro de revólver,  mas, se isso fosse verdade, o pé teria sido destroçado.  Nunca se encontrou um prontuário de atendimento em hospital. 

18. A conspiração enredou a guarda pessoal do presidente e o fiel guarda-costas Gregório Fortunato, que foi torturado e ameaçado para confessar o que não fez. Condenado a 15 anos de detenção, foi assassinado na prisão, em operação de queima de arquivo. 

19. O golpe de 1954 é o maior marco negativo da história do Brasil,  pois o governo udenista-militar, dele egresso, criou vantagens incríveis para as empresas transnacionais dominarem por completo a produção industrial do País. Fez os brasileiros pagar caríssimo para serem explorados. 

20. Foi, assim,  inviabilizado o desenvolvimento de tecnologias nacionais, a não ser por grandes empresas estatais ou apenas em nichos menores, no caso de indústrias privadas  nacionais, ainda assim, fadadas a ser desnacionalizadas. 

21. Tanto o golpe de 1964, que instituiu os governos militares, como a falsa democratização, a partir de 1985, intensificaram as políticas pró-capital estrangeiro em detrimento do País.  

22. Os governos de 1954-1955 e 1956-1960 (JK) foram motores da desnacionalização da economia. Os de Collor e FHC os mais monoliticamente entreguistas. Nenhum operou reversões nessa marcha infeliz. 

23. A herança hoje é a desindustrialização e a colossal dívida pública, tendo a União já  gastado nela, desde 1988, quase 20 trilhões de reais. Além disso, recorrentes crises devidas aos déficits de comércio exterior. 

24. As  realizações do presidente Vargas fazem dele o principal heroi nacional e exemplo para futuros líderes. Mas não sem reservas, porque  lhe faltou combatividade e espírito revolucionário. 

25. Não me parece verdade que o nobre sacrifício de sua vida tenha frustrado os objetivos dos imperialistas. Preservaram-se as estatais, mas a própria Petrobrás – que já nascera sem o monopólio na distribuição, o segmento mais lucrativo – acabou, em parte, arrancada da propriedade estatal. Além disso, nos anos 90, ocorreram as doações-privatizações de dezenas de fabulosas estatais, algumas  criadas durante governos militares. 

26.  A grande derrota estratégica deu-se com a entrega dos mercados e da produção industrial privada às transnacionais. Sem isso, a dívida externa não teria explodido em 1982, nem sido torradas as estatais, a pretexto de liquidar  dívidas públicas, as quais, depois disso, ao contrário, se avolumaram como nunca. 

27. O momento para evitar esse lastimável destino, era com Vargas,  amado pelo povo, que foi às ruas, em massa nunca vista, pronto a tudo, quando de sua morte. Aí não havia liderança, nem plano.
28. Getúlio precisava ter cortado, no nascedouro, os lances que minaram suas bases de poder.  Entre estes, o acordo militar Brasil-Estados Unidos, de 1952, negociado por Neves da Fontoura, ministro das Relações Exteriores, e por  Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior das FFAA,  sem o conhecimento do ministro do Exército, Estillac Leal. 

28. Este se demitiu, pois Vargas assinou o acordo, e, com isso, cedeu aos que, mais uma vez, o traíam, e perdeu seu ministro nacionalista. 

29. Fraquejou novamente em 1953, quando, embora mantendo o correto reajuste do salário mínimo, demitiu João Goulart do ministério do Trabalho, medida exigida em memorial assinado por 82 
coroneis do Exército. Nesse episódio, caiu o ministro do Exército, Cyro do Espírito Santo Cardoso. 

30. Não era tarefa simples sustentar-se sob constante e intensa pressão contrária da alta finança angloamericana, a qual não economiza recursos nem hesita em recorrer à corrupção e a práticas celeradas. Entretanto, a pior maneira de reagir a essa pressão é fazer concessões, em vez de cortar a crista dos golpistas. 

31. Deixando de coibir aquelas práticas,  Vargas facilitou o caminho dos inimigos. Sobraram-lhe escrúpulos, ao exagerar em sua tolerância, para não ser acoimado de ditador. Faltaram bons serviços de inteligência e  a compreensão de que seria derrotado, se não mobilizasse o povo e  a oficialidade nacionalista. 

* – Adriano Benayon ex-diplomata, doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Uniformes Históricos Nacionalistas Brasileiros

Trata-se de uma coletânea de uniformes históricos de movimentos com caráter nacionalista e não um apanhado histórico de todos os uniformes militares.

Sertanista
A indumentária bandeirante ou sertanista como lhe era mais próprio chamar à época, não se trata de um uniforme propriamente, mas de um modo de vestir dos que se internavam nos sertões. Embora difamados, a heróica ação dos bandeirantes tinham intuitos patrióticos. O padre Francisco das Chagas Lima, referindo-se ao descobrimento dos Campos de Guarapuava, que ficam na região do Paraná, registrou-a nos termos de defesa nacional.

Todas essas expedições se ligam a essa tradição, de que já nos fala a ata da Câmara de São Paulo, de 2 de outubro de 1627, quando inclui o aviso enviado à metrópole — acerca dos “espanhóis de Vila Rica que vinham dentro das terras da coroa de Portugal...”. E Paulo Prado destaca os motivos irrecusáveis, que motivaram as ações bandeirantes contra os espanhol, o ardor guerreiro e o velho ódio ao espanhol.

É a tradição a que se repetia na boca de Lopo de Saldanha. Homem de Estado, feito no segredo da realidade, ele bem conhecia a verdade da ação política dos paulistas, a de defesa daquelas terras, que os paulistas con­sideravam toda aquela região, até o Paraguai, pertencente a Portugal.

Patriota
Insurreito
 Nas Guerras Holandesas, pela primeira vez na História do Brasil, os brasileiros fizeram valer seus interesses sobre os interesses imediatos da Metrópole. Contrariando as ordens da Coroa para deporem armas, os brasileiros fizeram a guerra sem quartel ao invasor holandês. é célebre a reposta de André vidal de Negreiros ao emissário de Lisboa: " - antes, expulsaremos os invasores de nossa terra, depois irei a Portugal, receber o castigo pela desobediência.".






Dragão do
Rio Grande
Em 1777 com a invasão da Espanha sobre Olivença em Portugal, surgiu o pretexto para os brasileiros recobrarem o território do oeste do Rio Grande de São Pedro que lhes havia sido tomado pelo Tratado de Santo Ildefonso. Sozinhos, sem qualquer auxílio da metrópole, fizeram guerra aos castelhanos, fincando as fronteiras do sul do Brasil. Corpos de voluntários dos atuais Estados de Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e especialmente paulistas marcharam para o sul e tendo a frente Rafael Pinto Bandeira, O Centauro dos Pampas, realizou feitos que se tornaram lendas e até hoje são lembrados como um tempo heróico gravado no tempo.




O Batalhão dos Voluntários do Príncipe, criado pelo avô de Castro Alves, José Joaquim de Lima e Silva, desdenhosamente alcunhados de "Batalhão dos Periquitos" pelos portugueses, devido aos detalhes verdes e amarelos dos punhos e golas. Foi criado no curso da Guerra de Independência. Portugal, tencionava manter todo o norte, incluso a Bahia, sob controle da Metrópole. Os brasileiros então formaram uma Junta Militar constituída por voluntários que acudiam de toda parte e deram inicio as ações militares contra os portugueses. Maria Quitéria que virá ser um das heroínas, incorporou-se no Batalhão dos Voluntários.
A proclamação da República, ocasionou em movimentos reacionários por parte dos liberais monarquistas. Foi em defesa da República e de uma ideologia pela primeira vez conscientemente nacionalista (no sentido de um programa político) que se levantaram corpos de voluntários em torno de Floriano Peixoto. Ao sul, Júlio de Castilhos enfrenta uma guerra ainda mais cruenta contra os liberais. É nesse período que surgem o uso dos lenços como indicadores das facções no Rio Grande do Sul: encarnado pelos liberais chamados "maragatos", e o uso de lenços brancos pelos "Castilhistas", embora não tão disseminado pelas tropas castilhistas posto usarem uniformes.

Com a Revolução de 30, volta a esfera nacional a ideologia nacionalista. As tropas riograndense tomam a frente, juntamente com as da Paraiba e Minas Gerais e a medida que avançam recebem apoio de todos os recantos do País e mesmo do seio das forças armadas. Os revolucionários riograndenses faziam uso dos uniformes usados pela Brigada Militar, instituída por Júlio de Castilhos, chamada popularmente de "papo roxo" pela cor da gola ser dessa cor inicialmente quando de sua criação em 1892. No curso da Revolução de 30, o uniforme tinha um tom caqui, com muitos revolucionários usando lenços vermelhos e outros brancos. Getúlio havia conseguido por fim as divergências políticas entre maragatos e Castilhistas e os uniu para lograr a Revolução de 30, e como símbolo dessa união, ele, Getúlio, um castilhista, fez uso de um lenço encarnado.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Brasilia Australis

http://ressurreicaonacionalista.blogspot.com.br/2012/03/brasilie-regio-brasilia-inferior.htmlBRASILIE REGIO, BRASILIA INFERIOR, BRASILIA AVSTRALIS – Os Nomes do Continente Antártico nos Mapas Antigos.  

Um primeiro mapa de 1515, de autoria de Johannes Schöner, astrônomo e geográfo de Nuremberg, registra pela primeira vez a grafia do atual continente “Antártico” como “BRASILIE REGIO”.

 

 

http://ressurreicaonacionalista.blogspot.com.br/2012/02/antartica-descoberta-portuguesa.html

 A Descoberta da Antártica Pela Coroa Portuguesa. 

Anotações que aparecem nos mapas do século XVI, mostram que navegadores portugueses teriam sidos os primeiros a chegar na Antártica.

 

 

 

O Brasil é o sétimo país mais próximo da Antártica, um continente que se revela altamente estratégico, com um território riquíssimo em jazidas minerais, uma localização que dar acesso a 3 oceanos com rotas obrigatórias de passagem, sendo ainda uma base privilegiada para o lançamento de mísseis nucleares com alcance a 4 continentes. É imperioso que o Brasil volte atenção aos seus legítimos Direitos sobre sua porção Antártica.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O Mito de Iurupari



Conta um antigo mito Tupi que quando a terra se encontrava sob o caos, governada pelas mulheres. Guaracy, o Deus Sol, enviou seu filho Iurupari, o legislador, para restabelecer a ordem das coisas. Concebido por uma virgem fecundada pelo sumo da Cucura (uma fruta reservada somente aos homens), Iurupari desapareceu ao nascer e tornou 15 anos depois. Forte e de aparência bela, Iurupari se fez chefe e transferiu o poder para os homens. Para que aprendessem a serem independentes delas, instituiu grandes festas em que só eles podiam tomar parte, e segredos que só por eles deviam ser conhecidos. As mulheres que fraudassem tais regras deviam morrer. E, em obediência desta lei, morreu Ceuci, a própria mãe do legislador. Os homens somente são iniciados nos seus segredos depois de sofrerem, desde a puberdade, um rigoroso treinamento e atingirem a idade em que se sentem plenamente seguros e fortes para resistir a qualquer sedução que lhes queira arrebatar os segredos. Iurupari instituiu 8(oito) mandamentos: 

1º A mulher deverá conservar-se virgem até a puberdade;
2º Nunca deverá prostituir-se e há de ser sempre fiel ao seu marido;
3º Após o parto da mulher, deverá o marido abster-se de todo trabalho e de toda comida, pelo espaço de uma lua, a fim de que a força dessa lua passe para a criança;
4º O chefe fraco será substituído pelo mais valente da tribo;
5º O tuxaua poderá ter tantas mulheres quantas puder sustentar;
6º A mulher estéril do tuxaua será abandonada e desprezada;
7º O homem deverá sustentar-se com o trabalho de suas mãos;
8º Nunca a mulher poderá ver Jurupari a fim de castigá-la de algum dos três defeitos nela dominantes: incontinência, curiosidade e facilidade em revelar segredos.

É sobre o oitavo mandamento, que se apresenta como desfecho a aventura humana de Iurupari, a missão que lhe fora atribuída pelo Sol: o de procurar a mulher perfeita, que não tivesse nenhum daqueles defeitos.

A ação de Iurupari se passa num tempo mítico, anterior ao que possa ser admitido como História, mas sem que esta possa negá-lo de todo. Uma peste dizima os homens da tribo, deixando apenas alguns velhos, entre eles um pajé, que, para Naruna, a matriarca, era apenas “uma raiz, uma planta antiga”. Desoladas, as mulheres vão banhar-se no lago Muypá, que lhes era proibido, por ser o lago sagrado onde Ceucy, a estrela, banhava-se todos os dias, “lavando o suor de seus amantes”. Para surpresa das mulheres, o velho pajé lhes aparece no corpo de um jovem belo e forte, anunciando um castigo por haverem ignorado a interdição: “pelo crime cometido, a geração que nascerá amanhã excluirá a mulher para sempre de tudo o que for sério e grave”. Ele mergulha no lago e desaparece entre as mulheres. Depois de passadas dez luas, “todas as mulheres pariram ao mesmo tempo”. Naruna deu à luz uma menina, a quem chamou Ceucy da Terra.

Adolescente, Ceucy, ainda virgem, come uma fruta proibida e o sumo dessa fruta escorre-lhe pelo ventre, fecundando-a. Dez luas passadas, nasce Iurupari. O recém-nascido desaparece como por encanto e seu choro é ouvido próximo à árvore do fruto proibido. Ceucy deixa-se ficar junto à árvore e, durante algum tempo, sempre que adormece, sente o filho sugar-lhe o seio. Vinte anos decorrem até que ele reapareça para assumir o lugar que lhe fora reservado. Aos poucos, sua liderança vai sendo imposta aos homens, a quem fala sobre a música, a agricultura do milho, da mandioca da banana, e sobre o novo tempo em que eles assumirão os destinos da tribo. Essas informações devem pertencer somente aos homens: são os segredos de Iurupari. Numa das reuniões proibidas às mulheres, Ceucy, que ouvia escondida, é descoberta e recebe o castigo de morte do próprio filho. Naruna foge com as outras mulheres para o “lago de águas verdes”, recebendo os homens uma vez por ano.

Mas Naruna não desiste de conhecer os segredos de Iurupari, que só os iniciados dominam. Este, por sua vez, aplaca a tensão dos homens prometendo que dentro em breve as mulheres voltarão. A jovem Diádue, a serviço de Naruna, consegue seduzir o maduro e experiente Uálri, que é condenado a morrer pela traição. O “segredo” revelado às mulheres é o conhecimento erótico de Uálri: “ele agiu com uma sabedoria nova e não resumiu o amor em poucos gestos”. As mulheres, então, retornam, deixando Naruna e algumas poucas que lhe permaneceram fiéis. Jurupari ensina aos homens acerca das flautas sagradas:
Minhas flautas farão os desejos ondularem como ramagens saudando o tempo, na alta copa da mata, esvaindo todo o travo das frustrações na torrente distante espumando na descida. E os homens crescerão sem medo, como o trêmulo pássaro parado na margem antes do ocaso.

O terceiro ato começa mostrado um outro legado de Iurupari: os adornos. Os homens vão ao encontro anual com as últimas defensoras do matriarcado. Jurupari, pela primeira vez, vai junto. No encontro com Naruna dá-se o inevitável: ele a mata. Quando retornam, ainda sob os reflexos do incêndio que consome a maloca de Naruna, Jurupari e Diádue fazem amor, mas ele a adverte:
Esta será a nossa primeira e última noite. Quando os séculos se consumarem eu voltarei a te encontrar e viveremos juntos. Eu mergulharei em ti e repousarei das minhas fadigas e sustos.

Pela manhã, Diádue transforma-se num lago. Antes, entretanto, Iurupari revelara-lhe um último segredo: o Trovão Avô do Mundo, Tupã, queria casar-se e incumbira-o de encontrar a mulher perfeita. Ele precisava continuar sua busca por uma mulher paciente, que soubesse guardar segredo e não fosse curiosa.


Não foi possível ao embaixador do grande astro encontrar semelhante criatura. Não a encontrou, nem a encontrará jamais. Entretanto, talvez porque lhe não desagrade semelhante missão, continua a busca, sem que se saiba o caminho por onde se tem arriscado nessa esforçada e inútil tentativa. Só regressará ao céu no dia em que a tiver encontrado e puder corresponder à confiança nele depositada. Enquanto isso não acontece, desenvolve sua atividade noutro sentido, o permanente treinamento de suas condutas.

sábado, 26 de julho de 2014

As Difamações Contra a Petrobrás - Caso da Refinaria Pasadena.


A Petrobrás comprou em 2006, 50% da refinaria Pasadena Refining System Inc., da Transcor Astra Group SA (um grupo Belga), no Texas-EUA por US$ 415,8 milhões, avaliada segundo o preço do barril processado na época em US$ 7.200 o barril. Em 2012, após divergências jurídicas iniciadas desde 2008 pelo não cumprimento de cláusulas pela Astra, a Petrobras acordou pagar à Astra US$ 820,5 milhões pelos outros 50% da refinaria, tendo ao final custado essa refinaria US$ 1.239 bilhões (415,8 + 820,5), oque teria sido um preço final bem acima do de mercado.

A compra da refinaria Pasadena na época foi um bom negócio, ocorre que o cenário do preço do petróleo se alteraram e principalmente 2 cláusulas contratuais cláusula Marlin e “put option” oneraram a Petrobrás. E no que pese essas cláusulas, hoje já volta a ser um bom negócio.


O Cenário do Mercado na Época da Compra da Refinaria Pasadena.

De 1998 a 2005 o mercado interno brasileiro de combustíveis permaneceu estagnado.

A produção interna de petróleo crescia pouco e era preciso incrementar o refino de petróleo pesado na produção total. (Atualmente, ainda, o Brasil não tem refinarias suficientes para o refino do petróleo demandado). E a compra de uma refinaria nos EUA que desde 1995 que vinham aumentando a importação de petróleo pesado e aonde os preços do petróleo cresciam menos do que o dos combustíveis, ofereciam uma margem de lucros na ordem de 14%, algo altíssimo para época e ainda hoje, bem como uma plataforma de expansão da Petrobrás a nível mundial.

Foi com esse cenário que em 2006, que a Petrobras adquiriu a refinaria Pasadena por US$ 7.200 o barril processado.

Houveram quatro refinarias adquiridas naquele ano nos Estados Unidos por outros grupos, respectivamente por US$ 6.470, US$ 13.801, US$ 13.913 e US$ 15.515 o barril.

Nesse sentido, a compra da Pasadena, por US$ 7.200, foi um preço bastante competitivo para aquele ano fatídico de 2006.

Um ponto a mencionar e que virá a gerar os atritos futuros entre a Petrobrás e a Astra. É que a refinaria de Pasadena processava essencialmente óleo leve. A Petrobrás comprou sabedora disso, e pretendia e acordou antes de efetivar a compra, um plano de negócios conjunto de investimentos para dobrar o processamento de óleo pesado.

Contudo a partir de 2007, os preços sofreram variações. No Brasil, houve as descobertas das enormes jazidas do pré-sal, a maioria constituída de óleo leve. O consumo de petróleo nos Estados Unidos caiu de um pico de 20,8 milhões de barris dia em 2005 para 18,6 milhões em 2012. O preço do petróleo passou a aumentar mais do que o de derivados. No golfo do México, as margens de lucro do refino despencaram de 4,3% em 2005, 3,9% em 2006 e 4,1% em 2007 para taxas negativas entre 2008 e 2010.


As Divergências Contratuais.

Em 2008 começaram as divergências entre a Petrobras e a Astra em relação aos investimentos previstos.

A Petrobras cobrou da Astra sua participação na modernização da planta da refinaria. A Astra se recusou alegando prejuízo, e ao mesmo tempo pois a venda seus 50% restantes de ações se apoiando na cláusula “put option”.

É aí que entra a cláusula “Marlin” e a “put option”.

Pela cláusula Márlin, a Petrobras teria que garantir à Astra, um retorno mínimo de 6,9%, mesmo que o negócio não registrasse resultado positivo.

Já a cláusula “put option” obriga um dos sócios a adquirir a parte do outro em caso de discordâncias na condução do negócio.

E com base nisso a Astra recorreu ao judiciário, alegando que a Petrobrás lhe devia um montante em cima dos 6,9% do faturamento da empresa, independente de lucro(cláusula Marlin) e o direito de vender a Petrobrás o restante de suas ações (cláusula “put option”).

A Petrobrás em contrapartida recorreu a arbitragem alegando, com razão, que a cláusula Marlin só se aplicaria aos investimentos que deveriam ser feitos na refinaria. Como não houve, a cláusula não deveria ser aplicada.

Em 2012, a Petrobrás e a Astra fizeram um acordo extra-judicial, acordando pagar pelos 50% das ações remanescentes da Astra US$ 492 milhões, ou US$ 4.920 o barril(Valor mais baixo do que os pagos pelos 50% iniciais: US$ 7.200), mais os 6,9% que alegava a Astra, concomitante ao pagamento das custas judiciais. Ou seja US$ 328,5 milhões, que ao final resultou nos US$ 820,5 milhões


As Cláusulas Marlin e “put option”.
Oque onerou o negócio da Petrobrás foram a combinação dessas duas cláusulas e os custos judiciais que teve que desembolsar por conta delas e claro a oscilação de preços do mercado.
A cláusula Marlin surgiu na época do governo FHC, é uma cláusula atípica, e ao que parece permaneceu veladamente nos contratos padrões da Petrobrás.
As Atas oriundas do conselho que decidiu pela compra da refinaria Pasadena comprovam que tanto a cláusula "Marlim" quanto a "Put Option" não constavam do sumário executivo submetido ao conselho de administração da Petrobras, em 2006, que sugeria a aprovação da compra de 50% da refinaria no Texas.
Ao passo que a cláusula “put option” é uma cláusula padrão nesse tipo de compra, contudo sua combinação com a cláusula Marlin, remanescente da tenebrosa época FHC levou a essas onerações contratuais.
Ainda que tenha havido custos a refinaria Pasadena pode ainda vir a ser um bom negócio tão logo melhore o cenário econômico como tem se mostrado esse ano de 2014, quando no primeiro semestre apresentou lucro de US$ 68 milhões.


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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Da Éra do Aço à Éra Atômica - Os Esforços de Atração de Mão-de-Obra Especializada e o Ingresso do Brasil na Éra Atômica.

O nível de desenvolvimento de uma civilização se mede segundo seu domínio sobre determinada tecnologia. Assim temos a éra do fogo, do bronze, do ferro, etc... . O Brasil se encontrava atrasado em mais de um século, era urgente adentrar na éra do aço, que Getúlio finalmente conseguiu com a CSN. Mas era preciso mais, o fim da segunda guerra, já deslumbrava um novo paradigma.... a Éra Atômica. E para isso, Getúlio, tentou trazer centrífugas de enriquecimento de urânio da Alemanha em 1954.

Ao fim da II Guerra, Vargas tentou atrair engenheiros, técnicos e operários especializados da Alemanha para o projeto de desenvolvimento nacional. Foi nesse esforço, que se deu a vinda de Heinrich Focke, engenheiro aeronauta alemão. (Ver: Heliconair HC-II Convertiplano - O Avião-Helicoptero de Vargas).

Não só o Brasil empreendeu esses esforços de atração de mão de obra especializada, EUA e URSS, foram os principais cooptadores, integrando ao seus quadros inclusive agentes nazistas. A exemplo de Wernher Von Braun que coordenou a criação, do que viria a ser no futuro, a NASA. Foi Wernher Von Braun que projetou os primeiros foguetes aeroespaciais para os EUA.

Também a CIA, criada em 1947 e que na época ainda se chamava OSS, recrutou seus agentes entre os integrantes do serviço secreto alemão, da Gestapo, inclusive o chefe do serviço secreto dos EUA na Alemanha, logo depois da guerra, era um ex-agente do tempo do nazismo. Todos os agentes secretos da CIA na Alemanha foram recrutados nessa base porque, quando previu que a luta ia ser contra a União Soviética, a CIA tratou de recrutar os nazistas. E muitos foram para os Estados Unidos. Também a URSS, através da Alemanha Oriental, aproveitou muitos militares do tempo do Nazismo. 

No caso do Brasil, não há nenhuma ligação entre a busca de mão-de-obra qualificada da Alemanha e a entrada de fugitivos nazistas ou agentes secretos.

Foi nesse esforço de atração de mão-de-obra especializada, que Vargas negociou com cientistas alemães a transferência da tecnologia de enriquecimento de urânio, por meio das últimas centrífugas de enriquecimento de urânio fabricadas clandestinamente na Alemanha. A CIA descobriu esse fato, e o Alto Comissariado Aliado impediu o embarque das ultracentrífugas para o Brasil, no porto de Hamburgo em 1954.

Foram esses esforços de desenvolvimento levados a efeito por Vargas, que o fizeram virar alvo dos EUA.  E que deu início das atividades da CIA dentro do Brasil, aliciando oficiais do exército e do meio político, inserindo "black propaganda" no meio castrense. E mais uma vez, lembremos Henry Kissinger, secretário de Estado dos EUA, tornaria público anos depois seus intuitos se referindo ao Brasil: "Não permitiremos um novo Japão ao sul do equador.", se referia ao Japão nacionalista da Éra Meiji, anterior a II guerra, nacionalista, que tornou o Japão uma potência.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Vargas e a Língua Brasílica como Fator de Identidade Nacional e Sua Perda.



Esse sim um "Policarpo Quaresma"

Por duas décadas os estudos tupinológicos reinaram soberanos nas universidades na década de 40. Tal foi a voga que, durante o segundo governo de Getúlio Vargas, de 1950 a 1954, tramitava no Congresso Nacional um projeto de lei que tornava obrigatória a criação da cadeira de língua tupi em todas as faculdades de Letras do Brasil. A repentina e trágica morte do Presidente, em 24 de agosto de 1954, não frustrou os entusiastas de tal projeto: em 3 de setembro daquele ano, poucos dias após o suicídio de Vargas, o presidente Café Filho, seu substituto naquele doloroso transe, assinava a lei n. 2.311, publicada no Diário Oficial da União em 9 de setembro daquele mesmo ano tornando obrigatório o ensino do Tupi nas faculdades de letras de todo o País.

Tal iniciativa de Café Filho tinha um sentido nacionalista evidente. Articulava-se, na verdade, com a forte tendência estatizante que o segundo governo de Vargas apresentava, um dos últimos ecos dos pactos nacionalistas que o capital internacional faria soçobrar em todo o Terceiro Mundo, representado, no Brasil, pelo golpe militar de 1964, pela queda de Perón na Argentina e pela de Ahmed Sukarno na Indonésia.

Coincidentemente, o Estruturalismo deita raízes na universidade e na intelligentsia brasileiras nesse momento de desnacionalização econômica e alinhamento político do Brasil com os Estados Unidos, mais forte e mais evidente durante o regime militar, que somente findou em 1985, mas já perceptível imediatamente após o término da Segunda Guerra Mundial.

Desde então, não só o ensino do tupi foi tirado de cena da vida acadêmica brasileira, bem como o latim e mesmo o francês, línguas que formaram nossa base cultural, foram substituídas pelo inglês. 


Texto baseado no do Profº. Eduardo Navarro.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Vargas e a FEB

Desde a deposição de Vargas, os golpistas usaram a FEB como arma de propaganda contra Getúlio. Criaram uma serie de mentiras a respeito da situação do exército, dos intuitos da FEB e do tratamento dado aos pracinhas quando de seu regresso.

Sobre a situação do exército na Éra Vargas.

Os estoques de armas do exército brasileiro, se encontravam abarrotados. O Brasil possuia estocado nos quartéis cerca de 400 mil fuzis provenientes das importações de 1894, 1908, 1922 e 1935 para reservistas em caso de mobilização. Sendo os Mausers M1935 de fabricação alemã e nacionalizados, fabricados pela Itajubá, o de uso padrão do exército. 

Hotchkiss 1914 de uso do exército brasileiro
Também como principal armamento do arsenal da infantaria, contava-se com a Hotchkiss M1914 de fabricação francesa, de emprego em trincheiras e alvos anti-aéreos. 

A cavalaria usava a Hotchkiss M1922, uma metralhadora leve. 

De modo que o exército ao menos até o início da II Guerra, se encontrava de posse de armas atualizadas e muito bem armado. 

Com o frenético desenvolvimento e melhorias de novas armas no curso da II Guerra sim poderíamos dizer terem ficado obsoletas. Contudo, na frente de combate na Itália, os brasileiros receberam e lutaram com armas defasadas, como a ultrapassada Springfield(da I Guerra). Somente já quase ao final de sua participação recebeu armas melhores, ainda sim inferiores as utilizadas pelos alemães.
Vargas prestigiando exercício militar
A guisa de comparação nenhuma fazia frente a metralhadora MG42 alemã (apelidada de "Lurdinha" pelos brasileiros), mesmo a M1919A6 estadunidense, entregue somente em fins de 1944 para 45 era de desempenho inferior e bem mais pesada, por isso só usada em trincheiras, imprestáveis para a guerra de movimento. Ou seja, se se acusa os brasileiros de terem armamentos defasados, esse quadro não se alterou muito na frente italiana e ainda sim foram capazes arrancar vitórias de uma experiente tropa alemã melhor armada.

Das Razões do Envio de Um corpo Expedicionário para a Itália.

A FEB  não foi para Itália lutar contra o nazismo, pela liberdade e a "democracia", como comumente fazem crer..... a maioria esmagadora dos pracinhas ignoravam por completo as razões políticas, e mesmo a cúpula das Forças Armadas, eram simpatizantes do nazi-fascismo. O envio de um corpo expedicionário, teve como objetivo principal a atualização da doutrina militar brasileira.
Poucos soldados, porém, faziam ideia dos motivos que os haviam levado a combater alemães, o que preocupava os comandos pela ausência de motivação adequada de luta” - César Ferraz.
A II Guerra inaugurou um novo tipo de guerra, dita Guerra de Movimento em contráste a defasada Guerra de Posições ou de Trincheira da doutrina militar francesa. 

Essa inovação alemã, de guerra de movimento, para qual nem franceses, nem ingleses e muito menos os ianques estavam preparados no início do conflito, os fez serem levados de roldão pelos alemães com derrotas militares aviltantes. Apenas depois de sofrerem enormes reveses conseguiram se adaptar a nova realidade. 

Inicialmente a unidade expedicionária a ser criada se destinava a ocupação da Guiana Holandesa, cogitou-se também a francesa, por estarem seus respectivos países (Holanda e França) sob ocupação nazista e o receio que se utilizassem, das até então colônias, como base de apoio para ulterior ataques a países americanos, notadamente EUA e Brasil. 

Vargas recusou a proposta, para que não houve-se dispersão da tropa. Com tropas estadunidenses atuando em território brasileiro seria temerário retirar efetivos para atuar em outro cenário bélico. Ademais, a grande preocupação de Vargas era com a Argentina e as colônias alemãs, italianas e japonesas no Brasil. Vargas sabia que o serviço secreto nazista estava infiltrado nas colônias de imigrantes, inclusive na Ação Integralista, oque motivou sua dissolução, com o próposito de sub-elevar a porção sul do Brasil com eventual apoio militar da Argentina que tinha interesses nos portos brasileiros do sul (Tubarão, Rio Grande) posto carecer de portos de alto-calado. Tudo isso já foi confirmado por documentos "secretos" vindos à tona.  

Não foi por acaso que Getúlio condicionou sua entrada na guerra, além da consecução da CSN a uma forte reestruturação militar, adquirindo 350 tanques de guerra M3 Stuart, logo deslocados para as fronteiras no sul do Brasil.

Tanque M3 Stuart. Não foi usado na Itália
 Assim, o envio de uma força expedicionária para Itália teve como condão a atualização da doutrina militar em um emprego prático. Sem se descuidar da defesa do País, o efetivo da FEB foi relativamente pequeno, adequado a uma unidade de treinamento, com recrutas que não desfalcassem o exército. seguiram desarmados para Itália por 3 razões:

  1. não desguarnecer as tropas locais; 
  2. porque em tese receberiam armamentos mais modernos(oque não ocorreu durante grande parte da campanha) e; 
  3. Por uma questão logística. Levar armas significaria um gasto e uma operação logistica muito maior.

Assim, sem se descuidar da defesa nacional, atualizando e equipando as forças Armadas com oque de havia de mais atual foi que se deveu o envio da FEB para a frente italiana. 

"Farda da FEB seria igual a dos nazistas" 

Farda, cinza, usada pela FEB.
Outra mentira propagada pelos liberais e marxistas. Sobre a farda da Força Expedicionária, apenas a cor, cinza, se assemelhava, e ainda sim não chegou a ser substituída, os soldados passaram a usar a Jaqueta M1, de cor Cáque, do exército dos EUA para diferenciar a longa distância e também por causa do inverno. Lembrando que o Brasil levou casacos de frio também, ao contrário do que se diz que o Brasil não teria levado roupas de inverno, apenas por serem os casacos também cinza não se usou na frente de batalha. Eis o uniforme usado pela FEB:

De mencionar ainda a completa desorganização logística das forças do EUA, que não proviram logisticamente a FEB, que era sua função. Atrasando remessas, quando entregues, fora de tempo, com materiais insuficientes e muitas vezes já usados..... quando não ultrapassados.


Combinação mais comum usado pelos pracinhas

A Desmobilização da FEB e a Queda de Vargas.

Com o retorno da Força Expedicionária ao Brasil, a cúpula militar que fora para Itália bem como a que havia ficado no Brasil foram aliciados pelos EUA com ordens de depor Getúlio Vargas. documentos da CIA revelam que com a morte de Roosevelt, ficou aberto o caminho para deposição de Vargas.

Getúlio era muito popular entre os pracinhas, e concomitante ao desembarque das tropas no Brasil e sua recepção pelo próprio Vargas em pessoa, ocorria a Campanha Queremista, que foi prontamente aderida pelos pracinhas.  Tendo inclusive muitos participado de comícios pró-Getúlio.

recepção aos pracinhas ainda com Vargas
Isso era um problema para a cúpula militar que já tinha em mente depor Vargas, temiam também que ocorrendo uma cisão, essa nova unidade "emergente", a FEB, tomasse seus postos já que se encontravam em franca conspiração golpista.
“Durante muito tempo acreditou-se que Vargas temia a volta dos soldados, que poderiam apressar o fim do seu regime. Mas as maiores desconfianças partiram das principais autoridades militares brasileiras, os generais Dutra e Góes Monteiro, e de setores políticos que teriam a perder com a livre expressão política dos febianos” - César Ferraz.
Outro que desmascara a farsa propagada pelos liberais é Dennison de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que trabalha o tema, entre outros, na pesquisa atual Reintegração social do ex-combatente no Brasil: o caso da Legião Paranaense do Expedicionário (1945-1980):
“A FEB não era bem-vinda por boa parte dos membros do Exército, os militares de carreira que conseguiram, de alguma forma, escapar da ida à guerra. O envio de expedicionários, os cidadãos-soldados, era motivo de piada nos quartéis. Quando eles voltaram com prestígio popular, muitos sentiram que poderiam ‘ficar para trás’ em suas carreiras e se iniciou uma conspiração surda da maioria que temia ser ultrapassada em suas promoções e cargos” - Dennison de Oliveira
“Havia temores políticos: a ameaça que representava para o ‘Exército de Caxias’ esse novo tipo de força militar, mais profissional, liberal e democrático; o medo de que os oficiais febianos pudessem se tornar o fiel da balança político-eleitoral e fossem cooptados pelos comunistas; acima de tudo, temia-se que os expedicionários, entre os quais Vargas tinha grande popularidade, pudessem apoiá-lo e empolgar a população para soluções diferentes daquelas do pacto conservador das elites políticas para a sucessão de Vargas” - César Ferraz.
Um exemplo desse medo foi o veto à distribuição de medalhas para todos os soldados pelos americanos. Afinal, poderia ser “fonte de vexação” para os militares de carreira que haviam ficado no Brasil e teriam que medir forças políticas e profissionais com militares moldados em combate.
“Havia uma flagrante má vontade para com a FEB por autoridade do governo e muitos militares temiam ser preteridos nas futuras promoções da carreira pelos oficiais e praças expedicionários que podiam exibir experiência de guerra” - César Ferraz.
Diante dessas suspeitas a FEB foi rapidamente desmobilizada, negado promoções, completamente postos na reserva relegados ao ostracismo, perdendo uma imensa oportunidade com soldados com experiência de guerra para modernização do exército objeto para qual Getúlio destinou a FEB. Pondere que deposto Getúlio nada foi feito pelos veteranos da FEB, mesmo após o Golpe de 64, somente com a constituição Federal de 88 foram reconhecidos direitos expressos aos veteranos da Campanha.

Em situação ainda pior e mais desesperadora, foram legados aos "soldados da borracha" que ficaram completamente abandonados no imenso vale amazônico em um ambiente mais mortífero do que as frentes de batalha no norte da Itália. Algo que deveria ter se desdobrado em uma magnífica ocupação racional das terras oestes do Amazônas, operando-se uma reforma agrária tal como feita na colônia agrícola de Ceres em Goiás, um dos mais exultosos modelos de ocupação do espaço territorial brasileiro.

Mais essa é outra história....


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