Mostrando postagens com marcador ethos brasiliensis. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ethos brasiliensis. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 7 de abril de 2020

As Terras Altas do Brasil & Sua População Montanhesa

“Só em Minas Gerais o viajante encontra uma "terra tão grande, um sólo tão fértil e um clima tão salubre quanto o da Inglaterra, uma atmosfera de "aestas et non aestus", onde se desconhece a "tirania dos ventos gélidos e das geadas matutinas", finalmente, o "habitat" conveniente - senão a antiga pátria - do mais nobre homem tropical em elaboração, que surgirá quando as chamadas regiões temperadas tiverem terminado a sua missão. A minha opinião, é que somente sob o equador, que a raça perfeita do futuro atingirá a plenitude do gozo da bela herança do homem - a terra".” 

Por Terras Altas, compreende-se os planaltos e maciços (serras) que atinjam certa altitude que configurem um clima distinto da latitude em que estão inseridos. Assim, no Brasil, as Terras Altas são aquelas situadas acima de 800m de altitude, quando acima da latitude 24º S, e de 500m de altitude quando abaixo dessa latitude. 6,75% do território brasileiro se situa acima dos 800 metros de altitude (576.949,9 Km²), e 0,54% (44.446,5 Km²) acima de 1.200 metros, totalizando 623.105,8 Km². 

De modo que o clima montanhoso no Brasil, segundo a classificação de Köppen, seria Subtropical húmido de verão temperado, com 2 (duas) subdivisões: Cfb - sem estação seca; e Cwc - com invernos secos. O Cfb ocorre nas altitudes acima de 500m na Serra Geral abaixo da latitude 24º S, e acima dessa latitude a partir de 800m, ao longo da Serra de Paranapiacaba, Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira. O clima Cwc, de invernos secos, ocorrem nos sertões, além da Serra da Mantiqueira. Na Serra da Canastra, ao longo da Serra do Espinhaço (MG) que se prolonga até a Chapada da Diamantina na Bahia, e no Planalto Central.

Os biomas montanhosos, mesmo enquadrados em uma dessas subdivisões climáticas, podem variar conforme a altitude, precipitações e tipo de solo. Assim, em um clima Cfb, poderemos ver tanto matas de araucárias, como floresta atlântica e em seus pontos culminantes, campos de altitude. Do mesmo modo ocorre no tipo Cwc, que pode variar da Mata Atlântica, ao cerrado.


As Matas de Araucárias (Floresta Ombrófila Mista)

Nas latitudes 24º e 30ºS, entre uma altitude de 600 a 1200 m das regiões leste e central do planalto meridional nos estados do Rio Grande do Sul (25%) , Santa Catarina (40%) e Paraná (31%); e, outra que se apresenta como pequenas manchas próximas a latitude 22ºS, em altitudes relativamente altas entre 1200 a 1800m, na Serra da Mantiqueira, nos estados de São Paulo (3%), sudeste de Minas Gerais (1%) e sul do Rio de Janeiro (1%), verifica-se a ocorrência da Mata de Araucária (Floresta Ombrófila Mista, dita floresta pluvial ou floresta úmida) que é um complexo vegetal integrante do Bioma de mata atlântica, que porém, se notabiliza pela presença do pinheiro do Brasil, ou pinheiro do paraná, em regiões de precipitação anual uniforme entre 1.250 e 2.200 mm, e de temperaturas médias anuais de 10 a 18 °C (tolerando bem temperaturas de até -5 °C). Prefere solos profundos, férteis e bem drenados. Também encontrado em bosques isolados em áreas de campo.

Segundo a classificação climática de Köppen, a araucária encontra-se numa área de clima mesotermal do tipo C. Relata-se a ocorrência dos tipos Cfa, Cfb (preferencialmente), sujeito, eventualmente, a precipitações de neve em áreas superiores a 800m de altitude, sendo que estes dois ocorrem na região sul do país e, também, o tipo Cwb, que ocorre na Serra da Mantiqueira.

No Brasil, até o século XIX sua área original, cobria cerca de 253.793 km², e o seu ecossistema original ocupava mais de 20 milhões de hectares. É uma área maior do que países como a Suíça (41.285 km²), Áustria (83.879 km²), Romênia (238.391 km²) ou mesmo toda a Grã-Bretanha (209.331 km²) oque inclui Inglaterra, País de Gales, Escócia, e a ilha da Irlanda.




Os Campos de Altitude e os Campos Rupestres:


Os campos de altitude e os campos rupestres ocorrem nos pontos culminantes da Cadeia do Espinhaço até a Chapada da Diamantina, Planalto Central, Serra da Mantiqueira, do Mar, até a Serra Geral ao sul.

Embora os campos rupestres e os campos de altitude apresentem certas semelhanças. Os campos rupestres são um bioma diverso dos campos de altitude. Os campos rupestres ocorrem no clima Cwc, de inverno seco, nos sertões para além da Serra da Mantiqueira. Os campos de altitude no clima Cfb sem estação seca. Os campos rupestres da Cadeia do Espinhaço estão situados em áreas de transição entre o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica, enquanto os campos de altitude das Serras do Mar e da Mantiqueira encontram-se totalmente inseridos na região de Mata Atlântica.

Em geral, os campos rupestres ocorrem principalmente acima de 900 m de altitude. Esses campos encontram-se distribuídos principalmente ao longo da Cadeia do Espinhaço, em áreas de transição entre o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica. embora áreas isoladas desse tipo de vegetação também sejam encontradas nas serras do Brasil Central (Chapada dos Veadeiros e Serra dos Pirineus, ambas em Goiás, e Serra da Canastra, no Sudoeste de Minas Gerais) ou em montanhas da região de São João Del Rei (Serra do Lenheiro), Tiradentes (Serra de São José) e Itutinga, em Minas Gerais, estas três últimas consideradas como pertencentes à Serra da Mantiqueira, mas com geologia e afinidades florísticas mais relacionadas aos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço.



















Já os campos de altitude ocorrem nos pontos culminantes situados acima de 1.500 m de altitude da Serra da Mantiqueira (Serra do Itatiaia, que abriga o Pico das Agulhas Negras), Serra do Caparaó (Pico da Bandeira), Serra do Mar (Serra dos Órgãos, com a Pedra do Sino), como também em Campos do Jordão e ao longo da Serra Geral ao sul.
Campo Rupestre - Pico das Almas,
Chapada da Diamantina - Bahia.


A flora dos campos de altitude das Serras do Mar e da Mantiqueira mostra uma notável afinidade com as das serras do sul do Brasil.


Os campos de altitude são típicos dos pontos mais elevados. Ocorrem principalmente nos sistemas serranos do sudeste brasileiro: Serra da Mantiqueira (Serra do Itatiaia, que abriga o Pico das Agulhas Negras), Serra do Caparaó (que abriga o Pico da Bandeira), Serra do Mar (Serra dos Órgãos, que abriga a Pedra do Sino), mas também em Campos do Jordão e em uma variedade de picos isolados em Santa Catarina e Paraná. Estão geralmente situados acima de 1.500 m de altitude e associados a rochas ígneas e rochas metamórficas, como granito, gnaisse e, no caso particular de Itatiaia, nefelino-sienito.





A População Montanhesa

São Paulo 1827, por Debret
Foi no planalto de Piratininga, situado no interior da capitania de São Vicente, distante mais de 12 léguas do mar, circundada por altas montanhas cobertas por uma extensa e cerrada floresta, aonde "não se pode nem entrar nem sair senão por um pequeno desfiladeiro", em que se fundou a vila de São Paulo, por antigas e nobres famílias vicentinas que subiram a serra, junto a gentios, sem fé nem lei, e mamelucos, e que assim viria a ser o centro irradiador da civilização brasileira no centro-sul do Brasil a dilatar suas fronteiras.
Relevo com a localização da Vila de São Paulo de Piratininga

Os primeiros que se fazem senhores de terras nas regiões recém-descobertas são, por direito de conquista, os representantes da velha nobreza vicentina. São eles os descobridores do sertão, os seus desbravadores, os seus povoadores, os primeiros ocupantes.

Cada um desses sertanistas se torna assim um núcleo germinal. Nas minas, na carta régia, que franqueia a posse das descobertas, manda-se que se distribuam datas a eles e “aos seus sócios”. Esse processo permite que a nobreza paulista se difunda rapidamente nas novas terras descobertas e prolongue aí as tradições do seu meio originário.

Os nobres da mais pura gema, aqui aportados, não desdenham de ligar-se às estirpes das antigas famílias paulistas; vão buscar, de preferência, por esposas, as filhas de senhores de engenho. Estes, como podem dar em dote às filhas muita terra, índios e pretos – diz um cronista sobre as mulheres da nobreza paulista – “na escolha dos maridos mais atendem ao nascimento do que ao cabedal. Por isso, só se casam com gente de “nobreza reconhecida”.
"A denominação de ‘Paulista’ é considerado por todas as mulheres muito honrável, sendo os paulistas reconhecidos em todo o Brasil por serem atrativos e pelo seu aprazível caráter".  – Von Martius.
E assim, como regra, os casamentos se faziam, na nobreza local, entre os próprios parentes, de preferência. Há a contar também o fato da restrição do círculo da vicinagem sob a ação dos grandes domínios. E também que as novas famílias, emergentes da família-tronco, costumam localizar-se em domínios circundantes ao domínio ancestral, o que tudo concorre para que os entrelaçamentos entre parentes sejam inevitáveis. Formando autênticos e poderosos clãs no período vicentino.

Ainda na carta régia de 1794, esses descobridores ficam com direito aos foros de fidalgo e ao hábito de qualquer das ordens honoríficas – o que prova quão persistentes são entre eles os modos aristocráticos. Esse ambiente aristocrático exerce, aliás, sobre a integridade moral desses caudilhos, bem como sobre a sua pureza étnica, um papel principal e eficientíssimo de tutela e resguardo – o que vai ter sobre a nossa evolução nacional uma influência inestimável.

A conquista e ocupação dos Campos de Guarapuava, no atual Paraná, se liga a essa tradição, de que nos fala a ata da Câmara de São Paulo, de 2 de outubro de 1627, quando inclui o aviso enviado à metrópole — acerca dos “espanhóis de Vila Rica que vinham dentro das terras da coroa de Portugal...”. Sua população é toda oriunda de paulistas, segundo Saint-Hilaire, que a visitou em princípios do séc. XVIII, em que diz ser quase toda branca: são raros os mestiços.

Fixados ali, prolongam os paulistas nessas novas zonas de dispersão a sua civilização original. Como nos centros de formação, guardam nelas os mesmos desdéns pela mestiçagem, a mesma cultura aristocrática de sentimentos, as mesmas vaidades de fidalguia, o mesmo orgulho sombrio: “Não querem mesclar-se com os mais – diz um contemporâneo – e andam sempre no mato no seu descobrir e minerar.".
“Seria erro, diz ele, pensar que a maioria dos habitantes dos campos gerais são mestiços. É muito mais considerável nesta região o número dos brancos realmente brancos do que nos distritos de Itapeva e Itapetininga (São Paulo); e, na época da minha viagem, raro era o artesão da cidade de Castro que não pertencesse à nossa raça por todos os costados. Bem diversamente dos pobres mestiços que povoam os campos perto de Itapeva, os moradores dos campos gerais são geralmente altos e bem-feitos, de cabelos castanhos e tez corada e trazem na fisionomia o cunho da bondade e da inteligência. São as mulheres, na sua maior parte, sumamente bonitas; têm as faces cor de rosa e nos traços delicadezas tal como nunca notei em brasileira alguma.” 
"Parecerá extraordinário que os habitantes do distrito de Curitiba e os dos Campos Gerais, provindos, na maioria, de europeus, sem nenhuma mistura de sangue indígena, apliquem aos portugueses europeus uma alcunha injuriosa, a de "embuavas": mas é preciso não esquecer que os filhos não são do País de seus pais, mas daquele em que nasceram e se educaram. Os nascidos no Brasil, de português e portuguesa, são brasileiros; amam tão pouco os europeus quanto os demais compatriotas e têm contra eles os mesmos preconceitos". – Saint-Hillare.
Enquanto os paulistas conservam, persistentes, os antigos pundonores aristocráticos, de que fazem tamanho timbre os seus antepassados do período colonial. É de vê-los, em pleno II Império, absorvidos pela preocupação dos seus costados aristocráticos, da pureza do seu sangue fidalgo, de puritate sanguinis, prontos sempre a subirem, através de longas genealogias, às matrizes heráldicas da Península, até entroncarem-se nesses Lopos,  Mens,  Peros,  Vascos da época da Reconquista ou num desses heróis luminosos, que ajudaram o infante D. Henrique a pesquisar, no fundo dos horizontes de Sagres, os mistérios do Mar Tenebroso.
Habitantes de Minas Gerais - Rugendas

Com a descoberta das minas, e o afluxo de imigrantes, nortenhos, notadamente para Minas Gerais. Ao contrário, dos paulistas, a nobreza local se mostra desprendida dessas prerrogativas. Os elementos que formam ali a base histórica da população não são fidalgos de raça, mas sadios e fortes camponeses do Douro, do Minho e das Beiras, sérios, sóbrios, honrados, de feitura patriarcal e índole plácida, e tão pobres que, no dizer de um cronista, “traziam às costas tudo o que possuíam”. Eles é que, caldeando-se com o primitivo paulista, constituem o cerne étnico do povo mineiro, tal como nos aparece no Séc. XVIII.

Daí não se radicarem entre esses montanheses orgulhos de raça, preconceitos de sangue, glórias de tradições heráldicas: ao contrário, timbram pela simplicidade das maneiras e atitudes. Pela pureza dos seus costumes, pela sua modéstia, pela sua hospitalidade, pela sua imaculada honradez, são os genuínos patriarcas da nossa civilização. Gente democrática por temperamento, núcleo de ricos proprietários, modestos, íntegros, lhanos, inteiramente sem arrogância, mas cheios de hombridade e independência.

Homens de ordem e de paz, moderados, tímidos, rotineiros, são entre nós, os que melhor refletem, mais propriamente, o caráter lusitano, ante o restantes dos brasileiros, mais sanguíneos, refletindo sua maior dose de sangue espanhol.

Criadores de caminhos, obra essen­cialmente civilizadora, esses bandeirantes conduzem o Brasil para uma autonomia indestrutível, que é a de quem, por si mes­mo, por si só, adquiriu a terra em que se estabeleceu. É por tudo isso que o nome deles se tomou distinto, como os dos pernam­bucanos, e de valor internacional. Todos que conhecem e tratam de coisas sul-americanas, mencionam o povo valente, esses antigos  paulistas que, ainda nas cortes portuguesas de 1820, são nominalmente referidos como efeito de irritante pavor para aqueles que, então, pensavam reduzir-nos à simples condição de colônia.

Artigos correlatos:

1139 - O Surgimento do Estado Nacional!
Marcha Para o Oeste e O Homem Novo.
Goiania A Cidade Símbolo da Marcha Para o Oeste.
GEOLÍNGUA - O Português como Idioma Unificador das Línguas Latinas.
Por uma Base Aero-naval em Trindade.
Gripen - O Futuro Caça Supersônico Caboclo

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

A Imigração Italiana para o Brasil


Américo Vespucci, foi o primeiro italiano a ter estado no Brasil, quando a serviço da coroa portuguesa, se dar conta se tratar de um novo-continente, que levará seu nome. Foi na sua expedição que se fundou o primeiro forte no Brasil com 24 marinheiros (dos quais 12 italianos) em Cabo Frio-RJ. 

Posteriormente, com a fundação da Nova Lusitânia (Pernambuco), Duarte Coelho trouxe consigo, a convite, o nobre florentino Felipe Cavalcanti, que da sua união com uma filha de Jorge de Albuquerque com a índia Maria do Arco-Verde dará surgimento a família Cavalcanti d'Albuquerque. Segue no empreendimento, os Accioly que se entrelaçarão com os Cavalcantis, constituindo um Clã Italiano no Brasil nos primórdios de sua colonização.

Com a União Ibérica, quando o Reino de Nápoles e o Ducado de Milão, passam a serem integrantes do Império Luso-Espanhol, além da República de Gênova, essa na qualidade de Estado Associado, vários comerciantes desse reino afluem para o Brasil, especialmente marinheiros e comerciantes da República de Gênova, caso dos: BerardiCampoliAdornoManele/Spinelle etc.

Thomé de Souza encontrou quando de sua chegada na Bahia, o genovês Paulo Adorno, tronco da família Adorno,  e que veio a ser seu homem de confiança no seu governo. Os Dorias também de origem genovesa, na Bahia, com descendência em Clemencia Doria, chegada no Brasil em começos de 1555.

Alguns linguístas e acadêmicos (como Matteo Sanfilippo) afirmam que o sotaque brasileiro é idêntico ao sotaque genovês, como conseqüência desses primeiros contatos.

Nesse período, Fernando I de Médici intentou criar uma colônia italiana no Brasil. Para esse fim, o Grão-Duque organizou em 1608 uma expedição ao norte do Brasil, sob o comando do capitão inglês Thornton.
"O primeiro ano de Seicento Ferdinando I na Toscana valoriza a possibilidade de uma colônia brasileira (nos primeiros anos do século XVII, Fernando I de Médici considerou a possibilidade de fazer uma colônia no Brasil.)"
Giovanni Vincenzo San Felice
Conde di Bagnuoli
No entanto, Thornton, ao retornar da viagem preparatória em 1609 (quando foi para a Amazônia), encontrou Fernando I morto e todos os projetos foram cancelados pelo sucessor Cosimo II.

Em 1631, diante da invasão holandesa no Brasil, chega de Nápoles, o Conde de Bagnuolo, já veterano na defesa de Salvador em 1624, sob o comando de um terço de 400 napolitanos (Terço de Nápoles) para combater as tropas holandesas. Muitos desses italianos acabam se estabelecendo em definitivo no Brasil. O próprio Conde de Bagnuolo senta praça em São Salvador, aonde vive até o fim de seus dias (1640).

O conselheiro holandês Van Goch, reporta ainda em 1649, a participação de italianos na II Batalha dos Guararapes:

"[....] as tropas do inimigo são ligeiras e ágeis de natureza para correrem para diante ou se afastarem, e por causa de sua crueldade inata são também temíveis. Compõem-se de brasilianos (tupis), tapuias, negros, mulatos, mamelucos, nações todas do país, e também de portugueses e italianos que têm muita analogia com os naturais da terra quanto à sua constituição,  de modo que atravessam e cruzam os matos e brejos, sobem morros tão numerosos aqui e descem tudo isso com uma rapidez e agilidade verdadeiramente notáveis. Nós, pelo contrário, combatemos em batalhões formados como se usa na mãe-pátria e nossos homens são indolentes e fracos, nada afeitos à constituição do país. [.....] "


A Imigração Italiana em Massa no Séc. XX

Em fins do século XIX, começou a "imigração em massa" de italianos para o Brasil independente.

Quando essas primeiras levas começaram a aportar no Brasil na década de 1870, a Itália havia tardiamente se constituído como País em 1861. Razão pela qual, muitos imigrados não nutriam um sentimento de pertencimento nacional.  
"O que você entende por uma nação, senhor ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e colecionamos trigo, mas nunca provamos pão branco. Cultivamos videira, mas nunca bebemos vinho. Criamos animais, mas não comemos carne Apesar de tudo, você nos aconselha a não abandonar nossa pátria? Mas é a pátria a terra onde você não pode viver do seu próprio trabalho? "
Frase anônima de um imigrante italiano no final do século XIX para o Ministro de Estado italiano que pediu para não deixar sua terra natal.
Apenas com a ascensão fascista na década de 20, e o ainda sob um forte influxo imigratório da Itália nesse período para o Brasil, se forjou uma identidade "italiana" entre os imigrados. 

O início da imigração italiana esta diretamente vinculada a abolição da escravidão, como substitutos de mão de obra nos cafezais e a expansão das plantações de café. Embora, no mesmo período, os portugueses continuassem a chegar em massa, esses preferiam os centros urbanos onde se tornavam pequenos comerciantes. 

Encorajados pelo governo brasileiro, panfletos e faixas foram espalhados por toda a Itália, tentando, assim, atrair imigrantes. Rapidamente, milhares de italianos começaram a comprar passagens para o Brasil, em busca de dinheiro e melhores condições de vida.

No início, o governo brasileiro direcionou esses imigrantes para as áreas rurais do sul do Brasil, onde os italianos se tornaram pequenos agricultores e proprietários de terras. Foi o caso dos italianos que imigraram para o estado do Rio Grande do Sul. Mais tarde, as fazendas de café no sudeste se tornaram o destino da maioria.

A preferencia pela mão-de-obra proveniente da Itália, se deu não só pelo seu caráter agrícola, de camponeses, como também pela rápida assimilação que ocorria entre os imigrados e os brasileiros. Os italianos eram católicos, falavam diversos dialetos neolatinos afins com o português e tinham costumes semelhantes com as raízes luso-brasileiras. E assim, não houve problemas até o fascismo italiano fomentar a "italianidade" dos imigrados no Brasil.

A imigração italiana na Idade Contemporânea no Brasil foi intensa, tendo seu pico entre os anos de 1870 e 1920 . A maior parte estava concentrada na região do atual estado de São Paulo .
Imigração italiana para o Brasil por períodos
Período1884-18931894-19031904-19131914-19231924-19331934-19441945-19491950-19541955-1959Total
Quantidade510.533537.784196.52186.32070.177N/D15.31259.78531.263
1.507.695

A Imigração Italiana ao sul do Brasil

Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil em 1875, como no caso da colônia italiana em Santa Teresa (no Espírito Santo ).

Os italianos primeiro tenderam a se estabelecer na região sul, onde colônias de imigrantes alemães foram instaladas. Essas colônias foram fundadas em áreas rurais do país, seguindo o mesmo projeto das colonias alemãs. As primeiras colonias italianas foram instaladas nas encostas da serra Geral, pois as terras baixas já eram colonizadas por imigrantes alemães. nas atuais cidades de Garibaldi (Dona Isabel) e Bento Gonçalves (Conde d´Eu). Após 5 anos, o grande número de imigrantes obrigou o governo a criar uma nova colônia italiana em Caxias do Sul.

Nessas terras, os italianos começaram a cultivar uvas e a produzir vinho. Atualmente, essas áreas de colonização italiana produzem os melhores vinhos do Brasil. Também em 1875, as primeiras colônias italianas foram fundadas em Santa Catarina, como Criciúma e Urussanga, além de outras no Paraná.


A Imigração Italiana como força de trabalho nos cafezais:

Embora a região sul tenha sido pioneira na imigração italiana, foi a região sudeste que recebeu o maior número de imigrantes. Isso se deve ao processo de expansão do trabalho cafeeiro em São Paulo. Com o fim do comércio de escravos e os eventos da colonização italiana no sul, o governo paulista também começou a incentivar a imigração italiana para as plantações de café. A imigração subsidiada de italianos começou na década de 1880. Os próprios proprietários de fazendas de café tentaram atrair imigrantes italianos para suas propriedades. O governo brasileiro pagou a viagem e o imigrante teve que sair para trabalhar nas fazendas para devolver o valor da passagem.

Os imigrantes italianos, em sua maioria, emigraram para o Brasil em famílias, chamados colonos . Os proprietários de terras, acostumados a trabalhar com escravos africanos, começaram a lidar com trabalhadores europeus livres e assalariados. Até muitos italianos nas fazendas de café foram submetidos a dias úteis semelhantes aos dos escravos. Essa situação gerou vários conflitos entre imigrantes italianos e proprietários brasileiros, causando rebeliões. As notícias do trabalho semi-escravo chegaram à Itália e o governo italiano começou a impedir a imigração para o Brasil.

O sucesso inicial da imigração subsidiada levou o Brasil a quase 1 milhão de italianos até o final do século XIX, e outros 500.000 durante o século XX. O Brasil se tornou o destino preferido da imigração italiana.

Após a abolição da escravidão em 1888, a imigração italiana tornou-se uma grande fonte de trabalho no Brasil. Os italianos começaram a se expandir por Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A maioria absoluta teve como destino inicial o trabalho de campo e agrícola. Muitos imigrantes italianos, depois de alguns anos trabalhando na coleta de café, conseguiram dinheiro suficiente para comprar suas próprias terras e se tornar proprietários de terras. Outros partiram para os grandes centros urbanos brasileiros, como São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte.


Regiões de Origem:

A imigração italiana no Brasil foi marcada principalmente pelo norte da Itália, que na antiguidade era uma zona celta, principalmente de Veneto, seguido pelas regiões Centro-Sul. A preferência do governo brasileiro pelos italianos do norte é explicada pelo fato de os imigrantes italianos trazerem ao Brasil técnicas avançadas de industrialização e novas idéias para a modernização do Brasil. Costuma-se dizer que, em algumas áreas do norte da Itália, praticamente toda a população tinha um parente ou conhecido que imigrou para o Brasil.



As Variantes Linguísticas dos Imigrantes Itálicos 

Mesmo os imigrantes provindos do norte sendo majoritários, isso não implicou em nenhuma uniformidade linguística entre esses imigrados. Apenas na região norte, se registra 3 troncos linguísticos diferentes: neolatina, germânica e eslava. Do tronco neolatino, temos 9 línguas distintas, que por sua vez se subdividem em diversos dialetos . Do trônco germânico, tem-se o tedesco, com 5 variantes dialetais. E do tronco eslavo, fala-se o esloveno no extremo nordeste da Itália.

Do tronco neolatino, o vêneto, teve especial difusão nas colonias procedentes da região de Veneto, sendo a língua mais difundida no Brasil entre os imigrados. O vêneto ou talian, não é um dialeto do italiano, mas sim uma língua distinta, que se subdivide em dois dialetos: o vêneto oriental (veneziano) e o vêneto norte-ocidental (trentino).


O atual idioma padrão da Itália é o dialeto toscano, que foi disseminado na década de 20 pelo fascismo italiano, quando o instituiu obrigatoriamente nas escolas de toda a Itália. É curioso que alguns apátridas, que se dizem descendentes de italianos, bradem contra Getúlio por ter instituido a obrigatoriedade do português nas escolas brasileiras, estando nós em nossa própria pátria! Ao mesmo tempo, que morrem de amores por Mussolini.

Descendentes de italianos por estados brasileiros

Dos cerca de 1,5 milhão de italianos que imigraram para o Brasil entre os anos de 1875 e 1935, 1,2 milhão deles foram para São Paulo, 100 mil para o Rio Grande do Sul, 60 mil para Minas Gerais, 25 mil para o Espírito Santo, 25 mil para Santa Catarina e 20 mil para o Paraná.

A maioria dos descendentes de italianos está concentrada nos estados do Espírito Santo (onde são 23% da população), Santa Catarina (29%), São Paulo (23%), Paraná (29%) e Rio Grande do Sul (29%). A região metropolitana de São Paulo, com 19 milhões, possui cerca de 22% (4 milhões) de sua população composta por descendentes de italianos, tornando-a a região metropolitana fora da Itália com o maior número de descendentes de italianos à frente da área metropolitana de Buenos Aires. Aires, que tem 3,5 milhões de descendentes de italianos e à frente de Nova York, onde soma 1,8 milhão

Os ítalo-brasileiros são cerca de 24% da população branca do Brasil. Até a única cidade com 100% de brancos no Brasil, Montauri, no estado do Rio Grande do Sul, foi fundada por emigrantes italianos em 1904 e ainda tem uma maioria que fala talian.
Espírito Santo

Foi em 1875, que começou oficialmente a imigração italiana no Brasil, com a vinda de 150 famílias das regiões de Trento, Veneto e Lombardia para Santa Leopoldina-ES. Dessas, sessenta foram encaminhadas para Timbuí, aonde foi fundada a primeira colônia italiana no Brasil: Santa Teresa. Depois, cerca de oito mil italianos imigraram para o Espírito Santo entre os anos de 1875 e 1900 para ocupar terrenos cedidos pelo Governo nas áreas dos rios Itapemirim e Benevente.

Porém a situação de penúria vivida por muitos colonos fez com que, em 1895, o governo italiano proibisse a imigração de seus cidadãos para o Espírito Santo.

Após 1900, a imigração proveniente da península itálica praticamente cessa, adentrando após esse período somente 121 indivíduos.

Cerca de 93% dos imigrantes italianos provinham de regiões do Norte da Itália. Cerca de 40% eram da região do Vêneto, 20% da Lombardia, 14% do Trentino-Alto Ádige, 10% da Emília-Romanha, 5% do Piemonte, 4% do Friul-Veneza Júlia, 2% das Marcas e 2% de Abruzos, 1% da Toscana e 1% de Campânia e outro porcento de outras regiões.

Algumas fontes falam em 60% de descendentes de italianos entre a população do Espírito Santo. Oque em tese, seria a maior dentre todos os Estados. No entanto, a historiadora Maria Cristina Dadalto contesta, segundo ela, é um "mito". Não existe nenhuma pesquisa que comprove esses dados.


São Paulo

São Paulo recebeu até 1920, cerca de 70% dos imigrantes italianos que vieram para o Brasil, representando 9% da sua população total.  Tendo até 1920, adentrado no estado 1.078.437 italianos.

São Paulo recebeu imigrantes de diversas regiões da Itália. Nos registros paroquiais de São Carlos, cidade produtora de café no interior de São Paulo, para o período compreendido entre 1880 e 1914, foi-se registrado que, dentre os italianos que ali se casaram, 29% dos homens e 31% das mulheres eram oriundos do Norte da Itália, sendo o Vêneto a região mais bem representada, com 20% dos homens e 22% das mulheres, seguido da Lombardia com 5% dos homens e 6% das mulheres. Os italianos do Sul também eram bastante numerosos, correspondendo a 20% dos homens e 15% das mulheres de nacionalidade italiana. Calábria, com 7% dos homens e 5% das mulheres e Campânia, com 6% dos homens e 5% das mulheres eram as regiões sulistas que mais mandaram imigrantes para São Carlos.

Em São Paulo, assim como no resto do Brasil, havia a tendência dos imigrantes do Norte da Itália rumarem para a zona rural, enquanto os do Sul preferiam se dedicar às ocupações urbanas. Oque explica, na cidade de São Paulo, os meridionais terem dominado bairros inteiros, como foi o caso do Bixiga, do Brás e da Mooca, habitados especialmente por imigrantes oriundos da Calábria e de Campânia.


Santa Catarina

95% dos italianos que chegaram ao estado de Santa Catarina eram do norte da Itália, os atuais estados do Vêneto, Lombardia, Friul-Veneza Júlia e Trentino-Alto Ádige. Porém, anteriormente, houve uma incipiente imigração de sardenhos, em 1836, oriundos da Sardenha, que fundaram a colônia de Nova Itália (atual São João Batista). Esses pioneiros eram poucos, sem maior impacto demográfico. Foi mais tarde, a partir de 1875, que passou a se assentar no estado um número maior de imigrantes italianos. Foram criadas, assim, as primeiras colônias italianas do estado: Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna, todas estas no entorno da colônia alemã de Blumenau, servindo assim, os italianos, como a ponta de lança deste núcleo germânico. Neste mesmo ano, imigrantes do Trento fundaram Nova Trento, e em 1876 foi fundado Porto Franco (hoje Botuverá). Os italianos instalados nestas primeiras colônias provinham majoritariamente da Lombardia e do Trentino, o qual pertencia na época ao Império Austro-Húngaro.

Diversas outras colônias foram criadas nos anos seguintes, sendo o sul de Santa Catarina o principal foco de colonização italiana do estado. Nesta região foram fundadas Azambuja em 1877, Urussanga em 1878, Criciúma em 1880, a colônia mista de Grão-Pará em 1882, o núcleo Presidente Rocha (hoje Treze de Maio) em 1887, os núcleos de Nova Veneza, Nova Belluno (hoje Siderópolis) e Nova Treviso (hoje Treviso) em 1891, e Acioli de Vasconcelos (hoje Cocal do Sul) em 1892. No sul do estado os imigrantes provinham principalmente do Vêneto, e, em menor número, da Lombardia e de Friul-Veneza Júlia. Os imigrantes se dedicaram principalmente ao desenvolvimento da agricultura e à mineração do carvão, sendo eles imprescindíveis na formação desta região.

A chegada de italianos ao estado terminou em 1895, quando um número já reduzido de colonos chegaram para colonizar a comunidade de Rio Jordão, no sul do estado. Principalmente pela guerra civil que estourou no país com a Revolução Federalista e pelo contrato da república que deixava a imigração subsidiada a cargo dos estados, os italianos pararam de adentrar aos portos catarinenses.

A partir de 1910, milhares de gaúchos migraram para Santa Catarina, entre eles, milhares de descendentes de italianos. Esses colonos ítalo-brasileiros colonizaram grande parte do Oeste catarinense. Muito da cultura ainda é preservada nos antigos focos de colonização, principalmente na culinária, e na linguagem.


Rio Grande do Sul

A primeira leva de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, se deu em 1875, com o fim de substituírem os colonos alemães que, a cada ano, chegavam em menor quantidade. Os colonos italianos foram atraídos para a região para trabalharem como pequenos agricultores e lhes foram reservadas terras agrestes, na encosta da Serra Geral.

Na região foram criadas as primeiras três colônias italianas: Conde D’Eu, Dona Isabel e Campo dos Bugres, atualmente as cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, respectivamente. Com o tempo, os italianos passaram a subir as serras e a colonizá-las. Com o esgotamento de terras na região, esses colonos passaram a migrar para várias regiões do Rio Grande. A base da economia na região italiana do Rio Grande foi, e continua a ser, a vinicultura.

No centro do estado foi criada a Quarta Colônia de Imigração Italiana, o primeiro reduto de italianos fora da Serra Gaúcha e que originou municípios como Silveira Martins, Ivorá, Nova Palma, Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine. Nesse último, está a localidade de Vale Vêneto, nome dado para fazer homenagem a tal região italiana.

Outras colônias italianas foram criadas e deram origens a cidades como Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves, Garibaldi, Flores da Cunha, Antônio Prado, Veranópolis, Nova Prata, Encantado, Nova Bréscia, Coqueiro Baixo, Guaporé, Lagoa Vermelha, Soledade, Sananduva, Cruz Alta, Jaguari, Santiago, São Sepé, Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul. Essas são as principais colônias italianas do estado.

Estima-se que imigraram para o Rio Grande 100 mil italianos, entre 1875 e 1910. Em 1900, já viviam no estado 300 mil italianos e descendentes.

Quanto a procedência desses contingentes, o percentual aproximado seria de: 54% de vênetos; 33% lombardos; 7% trentinos; 4,5% friulanos. Os demais - piemonteses, toscanos, emiliano-romanheses e lígures - representam 1,5% do total.

Zonas de colonização italiana e italo-germânicas.

Paraná

Os primeiros italianos a imigrar para o Paraná foram os vênetos, a partir de 1875, alocados em colônias próximas à Paranaguá, nas regiões de Morretes e Antonina. A Colônia Alexandra e posteriormente a Colônia Nova Itália tiveram vários problemas, sendo que seus moradores foram posteriormente remanejados para regiões mais próximas da capital.

Em 1900, viviam no estado do Paraná mais de trinta mil italianos, espalhados por catorze colônias etnicamente italianas e outras vinte mistas. No início, a maior parte dos imigrantes trabalhou como colonos autônomos porém, com o desenvolvimento do café, passaram a compor a mão de obra da região. As maiores colônias prosperaram na Região Metropolitana de Curitiba, sendo o município de Colombo (localizado na Grande Curitiba) a maior colônia italiana do Paraná. A Colônia Alfredo Chaves (que posteriormente se tornaria a cidade de Colombo) foi uma das quatro onde se concentraram os primeiros italianos que chegaram ao estado. As outras são a Senador Dantas (que deu origem ao bairro curitibano Água Verde), a Santa Felicidade (atual pólo gastronômico da capital paranaense) e a Colônia de Santa Maria do Tirol, localizada no município de Piraquara (na Grande Curitiba). A influência italiana se faz presente em todas as regiões do estado (como no norte do estado, com o vocábulo terra roxa, oriundo da confusão da língua italiana para a cor vermelha - "terra rossa").

Em Curitiba chegaram a partir de 1872, estabelecendo-se como agricultores em vários núcleos coloniais da região, que posteriormente deram origem aos atuais bairros de Pilarzinho, Água Verde, Umbará e Santa Felicidade (tradicional bairro de cultura e gastronomia italiana da capital paranaense), por exemplo. Com o passar do tempo adotaram outras atividades, incluindo industriais e comerciais.

Outras cidades receberam imigrantes italianos: além de municípios da Microrregião de Paranaguá (na Serra do Mar e litoral) e a capital, cidades da Grande Curitiba (como São José dos Pinhais, Araucária, Campo Largo, Piraquara, Cerro Azul e Colombo), assim como do interior receberam significativo número de imigrantes.


Minas Gerais

Em números absolutos Minas Gerais recebeu o terceiro maior contingente de imigrantes italianos, atrás somente de São Paulo e Rio Grande do Sul, cerca de 60 mil.

De forma bem semelhante ao Estado de São Paulo, os italianos também foram atraídos para Minas Gerais com o objetivo de aumentar a força de trabalho nas lavouras de café. Mas os resultados da política de imigração em Minas foram bem menos significativos, uma vez que o estado obrigava os imigrantes e os próprios fazendeiros a pagarem parte da passagem de navio, enquanto o Estado de São Paulo cobria todos os gastos. Por fim, em 1898, uma grave crise financeira atingiu o Estado, que suspendeu a imigração subsidiada.

Minas passou a incentivar a vinda de italianos sobretudo a partir do ano de 1887. Todavia, foi só a partir de 1894 que o Estado fez contratos que aumentaram o fluxo de imigrantes.

Os imigrantes em Minas, provinham de várias regiões da Itália, embora se destaque um número significativo, em relação a outros Estados, de imigrantes da Sardenha, também com algum relevo advieram imigrantes da região de Emília-Romanha. Na zona da mata mineira, em Leopoldina, a guisa de exemplo, constatou-se 14 regiões de procedencia da Itália entre os imigrantes: Lombardia, Friul-Veneza Júlia, Vêneto, Piemonte, Emília-Romanha, Toscana, Úmbria, Marcas, Abruzos, Campânia, Basilicata, Calábria, Sicília e Sardenha.

Registros em São João del Rey em 1888, mostram que praticamente todos eram do Norte da Itália, especialmente: Bolonha, Ferrara e Verona. Após essa data (1888), passa-se a registrar ainda em São João del Rey, um expressivo número de imigrantes de Emília-Romanha, 65% (415) de um total de 639 imigrados. O resto provinha sobretudo da região do Vêneto e alguns poucos da Lombardia e da Calábria. Devido a prenseça majoritária de emilianos, mais tarde o núcleo colonial passou a ser conhecido como "colônia Bolonha - Ferrara".

A imigração italiana em Minas Gerais se concentrou, essencialmente, na zona da mata mineira, sul do Estado e Belo Horizonte.
Entrada de italianos em Minas Gerais 
18941895189618971898189919001901
4 4106 42218 99917 3032 1116502141

Proposta de bandeira aos Italo-brasileiros:


bandeira do Círculo Castilhista Comando SE







Artigos correlatos:

O Nacionalismo como Tomada de Consciência e Defesa da Cultura Brasileira
Os Brasilaicos, A Raíz Identitária do Brasil.
Keltoi - Pela Restauração da Nobreza Brasilaica.
Do Kéltico ao Galaico-Português - A Língua dos Brasileiros.
Sangue e Tradição - O Nacionalismo Brasileiro e seus Elementos Caracterizadores.
Marcha de Titãs, Breviário Histórico do Nacionalismo Brasileiro
Os mais antigos da Europa!
Os Colonos Formadores.
Identidade e Formação da Nacionalidade Brasileira.
Nacionalidade e Nacionalismo.
O Arcadismo como Embrião do Nacionalismo Literário Brasileiro.
O Nascionalismo como Tomada de Consciencia e Defesa da Cultura Brasileira.
A Cepa - Os Lusitanos.
O Falseamento da Presença Judaica na Formação de Portugal e do Brasil.
A Composição Genética do Brasileiro, Menos Miscigenado, Mais Europeu do que se Cria.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

A Composição Genética dos Brasileiros - Menos Miscigenados, mais Europeus do Que se Cria.

A idílica imagem, do Brasileiro miscigenado está longe da realidade, e a genética a desmente. 

Antes, levantamentos demográficos já indicavam uma forte tendência dos brasileiros se casarem dentro de seus respectivos grupos étnicos e socioeconômicos ao longo de sua formação. Um recente mapeamento genético, o mais amplo sobre a ancestralidade brasileira já realizada, reforça esta visão, e revela um nível de miscigenação bem menor do que se cria.

Eduardo Tarazona Santos, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, através da EPIGEN-Brasil (projeto de investigação de predisposição da população brasileira em desenvolver doenças complexas tendo em vista do seu nível relativamente alto de miscigenação, o maior do tipo na América Latina), identificaram o quanto do genoma de 6.497 brasileiros, seriam de origem europeia, africana ou ameríndia.


Africana
Européia
Ameríndia
Salvador - BA
50,8%
42,9%
6,4%
Bambuí - MG
14,7%
78,5%
6,7%
Pelotas - RS
15,9%
76,1%
8%

Os resultados corroboram os estudos demográficos e históricos sobre a população brasileira. A estrutura social brasileira em seus dois primeiros séculos de formação se estruturou em torno de clãs consanguíneos (Ver: Clãs Brasilaicos), se processando os casamentos no seio do próprio clã parental, a miscigenação ocorreu de forma abundante, porém, essa se processou de forma extra-conjungal, gerando inúmeros bastardos, de modo que esses mestiços sempre ocuparam a camada baixa da população. Casos emblemático de entrelaçamentos interraciais se registra ao longo da história, mas são exceções e não regra. O percentual de genes europeus entre a população parda do Brasil revela bem essa faceta. 

Um recente trabalho do geneticista Sérgio Danilo Pena, da UFMG, mostra que a população que se auto-declara parda apresenta forte contribuição européia em seu DNA. Foram analisados o DNA de 934 brasileiros em quatro Estados: Pará, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Apresentando um percentual de genes europeus entre a população parda de 44% à 68,6%.


A contribuição genetica africana, é surpreendentemente menor do que a europeia mesmo entre os que se declaram negros, variando entre 27,5% à 45,9%; entre pardos 10,6% à 44,4%; e entre brancos: 7,7% à 24,4%. 

É de se observar que com exceção do Rio Grande do Sul, os outros três Estados, são especialmente bastante miscigenados, oque não ocorre no restante do país, oque se deduz que essa contribuição europeia seja ainda maior, como se comprova pelo estudo conduzido por Eduardo Tarazona, posterior a esse do Sérgio Pena. 

Esses levantamentos, são recentes. Décadas passadas, esse status quo deveria ser ainda mais definido, posto que, nos último anos, conforme dados do IBGE, tanto a população negra e parda tem aumentado em detrimento da branca, como tem-se registrado também o aumento de casamentos interraciais. 





Artigos correlatos:

A Imigração Germânica no Brasil
O Nacionalismo como Tomada de Consciência e Defesa da Cultura Brasileira
Os Brasilaicos, A Raíz Identitária do Brasil.
Keltoi, Pela Restauração da Nobreza Brasilaica 
Do Kéltico ao Galaico-Português - A Língua dos Brasileiros.
Sangue e Tradição - O Nacionalismo Brasileiro e seus Elementos Caracterizadores.
Marcha de Titãs, Breviário Histórico do Nacionalismo Brasileiro
Os mais antigos da Europa!
Os Colonos Formadores.
Identidade e Formação da Nacionalidade Brasileira.
Nacionalidade e Nacionalismo.
O Arcadismo como Embrião do Nacionalismo Literário Brasileiro.
O Nascionalismo como Tomada de Consciencia e Defesa da Cultura Brasileira.
A Cepa - Os Lusitanos.
O Falseamento da Presença Judaica na Formação de Portugal e do Brasil.
O Despontar da Nacionalidade! O Valor Militar dos Insurgentes.