Bernard Shaw, em sua peça Santa Joana, em um trecho referente sobre os efeitos nascentes do espírito do nacionalismo na França. Conta que um clérigo e um senhor feudal, ambos ingleses, discutiam as habilidades militares de um senhor francês:
Capelão: - Ele é apenas um francês, meu senhor.Nobre: - Um francês! Onde arranjou você essa expressão? Então esses borgonheses, bretões, picardos e gascões começam a se intitular franceses, tal como nossos companheiros estão começando a se chamar ingleses? Falam da França e Inglaterra como de seus países. Imagine, país deles! Que vai ser de nós, se essas idéias se generalizarem?Capelão: - Por que, senhor? Poderá isso nos prejudicar?Nobre: - O homem não pode servir a dois senhores. Se essa idéia de servir ao país tomar conta do povo, adeus autoridade dos senhores feudais, e adeus autoridade da Igreja.
Desse trecho, chama atenção dois aspectos: a oligarquia que se vê a parte na formação do espírito nacional e as diferentes raças que aderiam em torno de uma nacionalidade que nascia. Esse último aspecto, em especial, é oque nos interessa como tema desse artigo.
Bretões, picardos, gascões.... são raças distintas, e mesmo que nesse caso, se troca-se de nomenclatura e viesse a se falar de "etnia", ante a confusão dos termos, tratar-se-i-a também de distintas etnias.
No que pese não haver correlação entre unidade racial e nacionalidade. É mister esclarecer, ante a desinformação reinante, que ao contrário do que vulgo se pensa, não existe raça "germânica", tão pouco "ariana". A Alemanha se constituiu como país, ironicamente, pelos prussianos, que não são nem racialmente, nem culturalmente germânicos, mas bálticos. Ainda que de alguma sorte, alegue uma matriz germanica, determinante nessa formação. Os ditos "germânicos" não constituem também nenhuma unidade racial. A Baviera, sul da Alemanha é majoritariamente composta pelo tipo alpino. O norte é saxão, os do oeste do Reno, de orígem celtóide... sem mencionar a mescla com romanos, hunos, bálticos, etc....
Esse tipo de fenômeno se repete na Inglaterra, na Itália, Espanha, Portugal, etc.... e não seria diferente nas Américas.
A Nacionalidade na acepção moderna do termo, nasce com a formação do Estado Nacional, que tem em Portugal seu marco. França, Alemanha, Itália só vieram se constituir em nações tardiamente, França e Alemanha somente em meados do Séc. XX.
O Brasil surge de uma precocidade nacional tal, que antes do Séc. XVI, já se afirma como nação, a mais antiga formação nacional das Américas.
Nacionalismo, no conceito de Anísio Teixeira é, fundamentalmente, a tomada de consciência pela nação de sua existência, de sua personalidade e de seus interesses dos seus filhos. Pelo nacionalismo, os indivíduos da nação se fazem verdadeiramente irmãos e tudo o que atinja a cada um passa a atingir a todos. Por isso mesmo, antes de mais nada, o nacionalismo aguça em cada um o sentimento de justiça para com os demais habitantes do país, impondo a participação de todos na vida nacional e fazendo crescer a coesão e a consciência de igualdade entre eles. Passam todos, efetivamente, a se sentirem cidadãos da mesma pátria, com direitos à mútua solidariedade e a certa igualdade fundamental.
Não é assim, o nacionalismo, senão apenas indiretamente, um movimento de defesa do país contra inimigos externos. Muito mais do que isto, é um movimento de consciência da nação contra a divisão, o parcelamento dos seus filhos entre "favorecidos" e "desfavorecidos" e contra a alienação de sua cultura e de seus gostos, voltados antes para a imitação e a admiração do estrangeiro do que para o amor esclarecido de suas próprias coisas. E a favor da integração de todos na pátria comum, com um mínimo de justiça social, a favor de desenvolvimento de sua cultura como cultura própria e autônoma e a favor da solução de suas contradições econômicas e sociais e de correção gradual de seus defeitos maiores, que passam a ser reconhecidos sem desprezo, analisados com denodo e vigorosamente combatidos.
Nacionalismo, no conceito de Anísio Teixeira é, fundamentalmente, a tomada de consciência pela nação de sua existência, de sua personalidade e de seus interesses dos seus filhos. Pelo nacionalismo, os indivíduos da nação se fazem verdadeiramente irmãos e tudo o que atinja a cada um passa a atingir a todos. Por isso mesmo, antes de mais nada, o nacionalismo aguça em cada um o sentimento de justiça para com os demais habitantes do país, impondo a participação de todos na vida nacional e fazendo crescer a coesão e a consciência de igualdade entre eles. Passam todos, efetivamente, a se sentirem cidadãos da mesma pátria, com direitos à mútua solidariedade e a certa igualdade fundamental.
Não é assim, o nacionalismo, senão apenas indiretamente, um movimento de defesa do país contra inimigos externos. Muito mais do que isto, é um movimento de consciência da nação contra a divisão, o parcelamento dos seus filhos entre "favorecidos" e "desfavorecidos" e contra a alienação de sua cultura e de seus gostos, voltados antes para a imitação e a admiração do estrangeiro do que para o amor esclarecido de suas próprias coisas. E a favor da integração de todos na pátria comum, com um mínimo de justiça social, a favor de desenvolvimento de sua cultura como cultura própria e autônoma e a favor da solução de suas contradições econômicas e sociais e de correção gradual de seus defeitos maiores, que passam a ser reconhecidos sem desprezo, analisados com denodo e vigorosamente combatidos.