"Não posso deixar de cumprir as promessas e deveres
contrahidos com meus avós, isso é, de vós guardar assim
como todos os da nossa raça". - Antº Filipe Camarão (Poty)
Antônio Felipe Camarão (Poty) |
Felipe Camarão (Poti), "Glorioso e puro “brasil”, foi o mais terrível, na estratégia de guerrilhas: devastou o que já era feitoria e uso do holandês; incendiou-lhe açúcares e pau-brasil, saqueou-lhe os estabelecimentos, raptou-lhe embarcações; castigou as tribos suas aliadas, executou quantos trânsfugas veio a pegar; venceu o inimigo todas as vezes que pôde alcançar, sem se deixar bater nunca, em refregas várias, e verdadeiras batalhas; Artichojsky, sobretudo, com todo o seu valor militar, foi vítima da astúcia e bravura do índio; e quando já nenhum brasileiro podia estar em Pemambuco sem ser do holandês, Camarão abriu o caminho para as Alagoas, Sergipe, até as margens do Rio Real, levando consigo os restos de população emigrante. E lá ficou, ameaça permanente, para ser o primeiro a vir bater definitivamente o holandês; voltou, com a lnsurreíção, numa investida só, até o Rio Grande, libertando a terra contra as forças de Rhineberg, que dispunha, só de europeus, de 1.000 soldados, e mais um corpo de índios: Poti bateu-o, matando-lhe 150 brancos, tomando-lhe todo o trem de guerra.".
Dele, nos dar testemunho o Frei Rafael Jesus:
"Nasceu índio, porém entre os índios o mais nobre. O nascimento lhe deu o nome de Poty: [que na lingua do gentio é o mesmo, que Camarão.], O Batismo lhe deu o de Antônio. No tempo de Mathias de Albuquerque, era já respeitado entre os seus por maioral de muitos; e com muitos auxiliares o veio socorrer, e servir á nação, quando o nosso poder se alojava no Arraial velho, chamado de Pernan-morim. Ilustre prova de fidelidade e amor, com que servia á nação, e ao Príncipe, oferecer-lhe a espada, quando os perseguia a fortuna. A mesma adversidade, de que o mais Gentio fez causa para a rebeldia, fez Camarão motivo para a aliança. Em servir á Igreja, e á Coroa ganhou luzido crédito de soldado, e de Religioso; e tão observante de suas obrigações, que nunca o viu distraído, que sempre o venerou soldado. Todos os dias ouvia Missa, e rezava o ofício de Nossa Senhora, modesto, e devoto.
Gastava muitas horas na oração, a que se aplicava, ainda que entre os maiores estrondos da guerra: e para entrar nas batalhas, primeiro se fortalecia com os Sacramentos, que com as armas: Nas ocasiões mais arriscadas recorria ao favor divino, pedindo auxilio a duas Imagens do Senhor, e de Nossa Senhora, que entre as roupas trazia sobre o peito. Enquanto soldado, não ouve Capitão mais amado, nem mais obedecido, porque não ouve Capitão, que acha-se mais império na afabilidade, que no domínio, do que este valeroso Capitão.
As empresas o esperavam sempre com as vitórias; e ganhou tantas vitórias, quantas foram as ocasiões em que pelejou. Para seu genio, era o ócio martírio, e o trabalho descanso: Avaliava a penalidade por deleite, e as ocasiões por dita. Seu nome, como memorial de suas proesas, se ouvia entre os nobres com respeito, e entre os inimigos com espanto; e dilatou-o de forte a fama, que chegou aos ouvidos de seu Rei tão distante, quanto o apartavam os dilatados mares, que dividem a America da Europa: Sem petição o despachou seu merecimento, Deu-lhe el Rey Phelipe o Quarto hábito de Christo, o título de Dom, e o posto de Governador, e Capitão Geral de todos os índios da América.
Zelou o decoro, que se devia ao posto, que ocupava, com toda circunspecção, que lhe ensinava seu claro juízo. Com as pessoas grandes, estranhas, e de respeito falava sempre por interprete (ainda que sabia a língua Portuguesa, porque entendia ser a impropriedade, e inculto das vozes, fiscal do Ânimo, e discredito da pessoa: Na arte da milícia, foi insigne, na do governo, claro. Com os seus, era fácil no trato; com os superiores, grave na conversação, com os estranhos, afável no agasalho; mas tão medido com todos, que obrigava a amor, e reverência. Em todo o tempo, e lugar o achou o serviço de Deus pronto, e o culto dos Santos. Viveu discreto, porque soube viver para Deus, e para os homens: Morreu como Cristão porque se soube aproveitar de todos os remédios, que ajudam a salvação: Na vida, adquiriu glorioso nome; na morte, mostrou, que passara á eterna vida."
Artigos Correlatos:
O Marquês de Barbacena - O Estadista do I Reinado
Delmiro Gouveia, O Homem que Não Vendeu o Brasil
Breve Biografia de André Vidal de Negreiros - Fator Máximo na Expulsão dos Holandeses do Brasil.
Rafael Pinto Bandeira - O Centauro dos Pampas
Vida e Obra de um Mito - Leonel Brizola
Alexandre Gusmão - A Fixação das Fronteiras Brasileiras ao Sul.
A Imigração Holandesa para o Brasil Colonial
O Despontar da Nacionalidade! O Valor Militar dos Insurgentes.
Sangue e Tradição - As Características do Nacionalismo Brasileiro
Artigos Correlatos:
O Marquês de Barbacena - O Estadista do I Reinado
Delmiro Gouveia, O Homem que Não Vendeu o Brasil
Breve Biografia de André Vidal de Negreiros - Fator Máximo na Expulsão dos Holandeses do Brasil.
Rafael Pinto Bandeira - O Centauro dos Pampas
Vida e Obra de um Mito - Leonel Brizola
Alexandre Gusmão - A Fixação das Fronteiras Brasileiras ao Sul.
A Imigração Holandesa para o Brasil Colonial
O Despontar da Nacionalidade! O Valor Militar dos Insurgentes.
Sangue e Tradição - As Características do Nacionalismo Brasileiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário