A Eneida de Virgílio, mais do que a Ilíada ou a Odisséia de Homero, encarna o ethos do homem ocidental. Apesar da inegável influência helênica sobre os romanos, essa influência foi mais intelectual e estética do que moral. No âmbito moral, o romano é a antítese do homem grego, já decadente na época da conquista romana. No entanto, mesmo antes, em confronto com os grandes pensadores gregos da antiguidade, entre os quais o próprio Homero, o romano demonstrava total aversão à moral helênica. O filósofo grego pré-socrático, Xenófanes, crítico da moralidade da época, diz: "Homero e Hesíodo atribuíram aos seus deuses todas as coisas que são uma desgraça para os mortais: roubo, adultério, enganar uns aos outros." Enquanto Odisseu, na obra de Homero, é ardiloso, vingativo e sem nenhum escrúpulo moral, Enéias, personagem central da Eneida de Virgílio, encarna o romano ideal, detentor de três das mais estimadas virtudes romanas:
virtus: conjunto de qualidades morais, como a bravura, a retidão e a coragem, forjada no crisol da honra;
fides: a fidelidade, o respeito e a lealdade que tecem os laços entre homens e as instituições; e a
pietas: a mais nobre das três, que abraça regras de comportamento, reverência e obediência. É a devoção à gens (linhagem), à Pátria e aos laços naturais com pais, filhos e parentes.
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primeiros versos da Eneida em vernáculo nacional, português, por três diferentes autores em diferentes épocas. Poucas línguas no mundo permitem traduções tão fidedignas e líricas como o original, e claro, concomitante ao talento dos autores. |
A pietas, dentre as três, é mais estimada, por sintetizar as demais. Os membros da comunidade familiar, unidos sob a proteção da patria potestas e projetada pelo culto aos antepassados. Daí provém o sentido cristão de piedade, como prática de veneração ao divino e compaixão para com a divindade.
Júpiter todo poderoso, se tu não odeias ainda os troianos até o último, se a tua antiga piedade lança ainda um olhar sobre as misérias humanas, concede à nossa frota escapar agora às chamas, ó pai, e salva da destruição o pobre recurso dos Teucros! (Eneida V)
Enéias revela-se como o portador da pietas, a qualidade essencial que o distingue. Manifesta em seu respeito e obediência aos deuses, permeando todas as suas decisões. Tamanha é sua obediência que, mesmo apaixonado pela rainha Dido, a abandona para cumprir sua sina, guiado pelo fatum, a crença no destino, a que até os próprios deuses estão submetidos, e que impunha, aos romanos, as agruras, vicissitudes, guerras e ódios a suportar, para, assim, alcançar seu glorioso destino revelado naquele momento pelo próprio Deus Júpiter.
Enquanto Enéias foge de Tróia (Livro 2), Virgílio o descreve carregando seu pai idoso (Anquises) nas costas enquanto conduz seu filho (Ascânio) pela mão. E dá instruções à sua família sobre como escapar de Tróia:
Venha então, querido pai, segure meu pescoço: vou
Carrega-lo em meus ombros: essa tarefa não me é um peso.
Aconteça o que acontecer, será para nós dois, o mesmo risco compartilhado,
e a mesma salvação. Deixe o pequeno Lulus vir comigo,
e deixa minha esposa seguir nossos passos à distância.
Vocês, servos, prestem atenção ao que estou dizendo.
Na entrada da cidade há um monte, um antigo templo
de Ceres abandonado, e um venerável cipreste próximo,
protegido ao longo dos anos pela reverência de nossos ancestrais:
vamos para aquele lugar por diversos caminhos.
Você, pai, pegue os objetos sagrados e os Deuses de nosso País,
em suas mãos: até que eu tenha lavado as minhas em água corrente,
seria um pecado para mim, vindo de tal luta
e matança recente, tocá-los.
Enéias, detém dois componentes importantes da pietas,
a devoção à família e aos deuses. A preocupação com o bem-estar de sua gens
também é prova de sua pietas. Ao aportar no norte da África, após uma
tempestade (Livro I), busca um terreno elevado para avistar sobreviventes dos outros
navios de sua frota. Em seguida, dedica-se à caça, assegurando de abater
carne suficiente para todos os que o acompanham. Consciente do abatimento de
seus seguidores, Enéias esforça-se para confortá-los, ocultando suas próprias
ansiedades. Em muitos aspectos, Enéias encarna o líder romano ideal: capaz de
assumir o comando, mas preocupado com o bem maior do grupo, e não com seus
próprios interesses pessoais.
Apesar das pietas inerentes de Enéias, ele muitas vezes é vítima de suas próprias emoções e sucumbe ao furor. Durante o saque de Tróia, apesar das repetidas mensagens dos deuses, ele é freqüentemente dominado pela luxúria da batalha e pelo desejo de se vingar dos gregos, e só quando sua mãe deusa intervém que ele aceita seu destino de salvar os sobreviventes de sua pessoas e encontrar um novo lar. Da mesma forma, no norte da África, ele se apaixona apaixonadamente pela rainha cartaginesa Dido, é a "loucura" do amor que faz Enéias esquecer temporariamente sua viagem e ficar em Cartago. O caso de amor de Enéias e Dido é descrito em termos que evocam furor, com imagens de fogo e tempestades. Mas o maior conflito no poema entre furor e pietas vem bem no final.
Quando Enéias chega à Itália, ele inicialmente recebe uma recepção calorosa da população local (os latinos), cujo rei, Latinus, predestina Enéias a se casar com sua filha Lavínia. No entanto, outro príncipe italiano, Turnus, também deseja casar com Lavínia, fica furioso com a chegada dos troianos e, instigado pela deusa Juno, provoca uma guerra entre os itálicos e os troianos. A segunda parte da Eneida narra os acontecimentos desta guerra e, quando chegamos ao último livro do poema (Livro 12), encontramos muitos jovens personagens solidários que perderam a vida. Neste ponto do poema, Turnus matou o jovem amigo de Enéias, Pallas, e Enéias foi dominado pela fúria e pela tristeza. No Livro 11, houve uma breve trégua entre os dois lados, para permitir-lhes reunir os cadáveres e pranteá-los, e Enéias propôs que ele e Turnus se encontrassem em um combate individual para resolver o conflito, mas a trégua foi quebrada. antes que uma decisão pudesse ser tomada.
No início do Livro 12, Turnus decide enfrentar Enéias em um combate individual, e um tratado solene é redigido segundo o qual ambos os lados respeitarão o resultado do duelo. No entanto, os seguidores de Turnus estão descontentes com este acordo, e são instados pela irmã de Turnus, a deusa Juturna, a quebrar o tratado e atacar os troianos enquanto eles estão desprevenidos. Enéias tenta impedir que seus homens participem da luta, mas é ferido por uma flecha perdida, enquanto Turnus se junta à batalha com entusiasmo. Mas quando Enéias é curado magicamente por sua mãe, a deusa Vênus, e retorna à luta, Turnus percebe que deve poupar seu povo de mais sofrimento e então concorda em um duelo novamente. O rei e a rainha dos deuses, Júpiter e Juno, que têm observado os acontecimentos desde os céus, concordam entre si que a guerra deve terminar agora, e Juno concorda em desistir de seu apoio a Turnus e de seu ódio pelos troianos, que irão casar com os italianos e tornarem-se romanos.
Resumo da Eneida
Canto I
A Eneida principia com uma tempestade furiosa, ordenada pela Deusa Juno, quando Eneias parecia próximo de alcançar o fim de sua jornada, a Itália. O ódio de Juno permeia toda a Eneida. Virgílio aponta as duas razões para tal: ela havia apoiado os gregos contra os troianos, dos quais Eneias fez parte durante a Guerra de Troia. E, acima de tudo, Eneias estava destinado a fundar Roma, que destruiria Cartago, cidade amada por Juno. Esta cena de tempestade pode ser comparada à do Canto V da Odisseia, onde Netuno levanta uma tempestade enquanto Odisseu está à vista de Corcyra. Aqui, porém, os papéis se invertem: como Eneias não é grego, mas troiano, Netuno não se apresenta como adversário, mas sim como um aliado, e é ele quem força Éolo a acalmar a tempestade.
Desembarque na Líbia e a intercessão de Vênus:
Os troianos então pisaram na Líbia e partiram para caçar. Após a refeição, Eneias se mostra preocupado com o destino dos demais navios de sua frota (apenas sete barcos haviam conseguido atracar na Líbia). Vênus então intercede junto a Júpiter, a fim de garantir o futuro dos troianos resgatados. Este último a tranquiliza sobre o futuro de Eneias. Ele previu as guerras que Eneias teria que travar no Lácio, a fundação de Alba, a história de Rômulo e Remo, e a ascensão ao trono do imperador Augusto.
Viagem a Cartago e encontro com Dido:
Posteriormente, Eneias e seus companheiros viajaram para Cartago, que não estava distante de onde seus navios haviam atracado. Eneias e seus companheiros decidem então conhecer Dido, a rainha da cidade. Esta era originária de Tiro, onde se casou com Siqueu, um rico comerciante fenício. No entanto, este último foi assassinado pelo rei Pigmaleão, irmão de Dido, que tinha ciúmes de suas riquezas. Dido, então, decidiu fugir, junto com seus companheiros e o dinheiro de seu marido. Ela então foi para a costa da Tunísia, onde fundou Cartago.
Chegada ao palácio e banquete:
Chegando ao palácio, Eneias então encontra alguns de seus companheiros, que haviam sobrevivido ao naufrágio. Os troianos são bem recebidos por Dido, que os convida para um grande banquete à noite.
Depois das libações rituais, a rainha, apaixonada por Enéias, pede que lhe conte sobre suas aventuras.
Canto II: A Narrativa de Enéias: A Queda de Tróia
Enéias narra a queda de Tróia e suas provações:
Os Cantos II e III da Eneida apresentam uma narrativa embutida: Enéias, a pedido da rainha Dido, narra o saque de Tróia (Canto II) e as provações que enfrentou desde então (Canto III).
A artimanha do cavalo de Tróia:
A história da captura de Tróia inicia com o episódio do cavalo de madeira: Odisseu e outros guerreiros gregos se escondem dentro de um cavalo colossal, "tão alto quanto uma montanha" (instar montis equum), enquanto o restante do exército grego se oculta na ilha de Tenedos, à vista de Tróia. Simulando sua retirada, os gregos induzem os troianos a levar o cavalo para dentro da cidade, acreditando ser uma oferenda aos deuses.
A queda de Tróia e a fuga de Enéias:
Ao cair da noite, Odisseu e seus homens saem do cavalo, abrem os portões da cidade por dentro e incendeiam Tróia. Em meio ao ataque, Enéias, em sono profundo, é visitado por Heitor em um sonho. O espectro anuncia a queda de Tróia e ordena que ele salve os penates e fuja. Despertado pelo clamor da batalha, Enéias ignora os avisos de Heitor e, ao presenciar sua cidade em chamas e entregue aos gregos, decide lutar até a morte ao lado de seus companheiros. No entanto, sua mãe Vênus o visita e o persuade a fugir com alguns homens, levando consigo Anquises, seu pai, que carrega nas costas, sua esposa Creusa e seu filho Ascânio (Iule). Apesar de seus esforços, Enéias é incapaz de salvar Creusa, que é morta por um grego após se separar do grupo.
Canto III: Conto de Enéias: A Viagem
A Jornada de Enéias: Destino Revelado
Após a fuga de Tróia, Eneias empreende uma árdua jornada. Em seu périplo, busca um novo lar para o povo troiano, guiado por oráculos e visões divinas.
Em Delos, Eneias consulta o oráculo do deus Apolo, buscando saber onde fundar a nova Tróia. O oráculo profetiza que será na terra ancestral dos troianos.
Interpretação errônea e viagem a Creta:
Inicialmente, Eneias interpreta mal a profecia, segue para Creta, acreditando ser a terra natal de Teucro, o progenitor dos troianos, mas logo percebe que não é o destino final.
Os Penates intervêm e lhe revelam a verdade:
Os Penates, deuses protetores da família troiana, intervêm e revelam a Eneias o verdadeiro significado da profecia. A terra profetizada é o Lácio, na península itálica, terra natal de Dardano, genro de Teucro e fundador de Tróia.
Canto IV: Amor de Eneias e Dido
Dido e Eneias: Amor e Destino
Dido, persuadida por sua irmã Ana, entrega-se ao amor por Eneias, olvidando o voto de fidelidade ao esposo morto pelo irmão Pigmaleão.
Rumores do romance espalham-se por Cartago. Iarbas, pretendente de Dido, indignado, implora a Júpiter que intervenha. Júpiter envia Mercúrio a Eneias, lembrando-lhe do destino traçado: a Itália.
Dido, ao perceber a partida iminente de Eneias, tenta retê-lo em vão. Surdo às súplicas, Eneias parte à noite com seus companheiros rumo ao Lácio.
Dido, ao despertar e notar a ausência de Eneias, decide suicidar-se. Amaldiçoando Eneias, Dido põe fim à sua vida. Juno, compadecida, acalma sua dor.
No reino dos mortos, Eneias reencontra Dido, mas ela, fiel ao esposo, o ignora.
Canto V: Escala na Sicília e jogos fúnebres
Eneias na Sicília: Tempestades, Jogos e Destino
Uma tempestade implacável obriga Eneias e seus companheiros a desembarcarem na Sicília. Aceste, troiano de origem, reina na ilha, onde jaz enterrado Anquises, pai de Eneias, morto há um ano.
Eneias celebra rituais fúnebres e organiza jogos em sua memória. Regatas, corridas, lutas e arco e flecha preenchem a canção.
Juno, inimiga de Eneias, incita Íris a explorar o cansaço das mulheres. Disfarçada como mortal, Íris incita as mulheres a incendiar os navios de modo a forçar os homens a se estabelecerem permanentemente na ilha. Júpiter intervém com chuva, salvando a frota.
Um companheiro, inspirado por Palas, sugere deixar os fracos na Sicília e partir para o Lácio. Anquises aparece em sonho a Eneias, apoiando o conselho e recomendando a visita à Sibila de Cumae. A Sibila guiará Eneias ao Submundo para um encontro com o pai. Eneias parte para Cumae sob a proteção de Netuno, mas o piloto Palinuro morre para salvar a todos.
Canto VI: A Descida de Eneias ao Submundo
A descida ao submundo, a catábase, é uma das passagens mais famosas do épico. Uma viagem iniciática, onde Enéias, guiado pela Sibila, adentra no mundo dos mortos, tomando contato com seus ancestrais, mas, também com seus, futuros, descendentes. A sua Grei.
Chegando em Cumae, Enéias vai para a Sibila. Ela confirma a ele que ele alcançará seus objetivos após provações e guerras. Ele pede que ela o ajude a entrar no submundo para encontrar seu pai Anchises. Sibila o aconselha a levar um ramo de ouro para ofertar a alguém venerável, Caronte. O barqueiro é assim distinguido não só pela idade avançada como pelo labor que desempenha a favor dos deuses junto às almas. O ramo, seria uma paga/recompensa para Caronte e um instrumento, ou meio, de crença para Enéias alcançar o que deseja ver seu pai.
Ele perpassa as diferentes regiões do submundo, até os Campos Elíseos, aonde se encontra com seu pai: Anquises, que mostra a Eneias seus futuros descendentes: os reis de Alba, Rômulo (fundador de Roma), seus sucessores, Bruto, o Velho, Pompeu, Júlio César e, finalmente, Augusto, chamado a fundar um poderoso Império. Eneias então torna à superfície, e parte em direção ao Lácio.
Canto VII: A Chegada ao Lácio
O Livro VII abre uma segunda parte da epopeia: a história das viagens de Eneias é substituída pela das guerras no Lácio.
Os troianos chegam ao Lácio. Em uma observação de Ascânio, Eneias entende que as profecias do oráculo se cumpriram, que chegaram à terra profetizada (cano). Oráculos deixam claro para o rei local, Latinus, que ele deve casar sua filha Lavínia com Enéias, e não com Turno, o belo e jovem rei dos Rutuli.
Juno, para atrasar o destino, envia a fúria Alecto, que desperta ódio contra os troianos entre a esposa de Latinus, Amata, e entre os camponeses latinos. Almon, um jovem escudeiro de Latinus, é fatalmente atingido por uma flecha durante a luta com os troianos. A porta de Jano se abre contra a vontade do rei, e a guerra irrompe.
Canto VIII - Turno, Eneias e a Busca por Aliados
Turno, resoluto a guerrear contra os troianos, convoca reforços das cidades vizinhas.
Em sonho, Eneias recebe a visita do deus Tiberino, que o tranquiliza sobre seu futuro e o aconselha a se aliar a Evandro, líder dos Arcadianos no Monte Aventino.
Despertando, Eneias encontra em Evandro um lar para os troianos e o apresenta a seu filho Pallas.
Evandro e Eneias buscam aliados. Evandro propõe a Eneias liderar os etruscos de Agylla, libertos do tirano Mezêncio, refugiado com Turnus.
Os etruscos, em pé de guerra, exigem o rei e sua tortura, aguardando apenas um líder estrangeiro para atacar, segundo um oráculo.
Evandro fornece a Eneias um contingente de cavaleiros Arcadianos liderados por Pallas, enquanto Eneias escolhe os mais valentes de seus companheiros.
Os aliados se dirigem ao líder etrusco Tarchon, para cujo filho Vênus traz armadura. Ela pede a Vulcano que forje um escudo para Eneias, adornado com cenas da história de Roma, desde Rômulo até a Batalha de Actium.
O motivo do escudo, como o da tempestade e do catalisador, remete aos épicos homéricos (cf. escudo de Aquiles na Ilíada).
Canto IX
Juno aconselha Turno a atacar os troianos entrincheirados em seu acampamento, enquanto Enéias, com Evandro, está fora para encontrar alianças. A luta parece se voltar para a vantagem dos latinos, apesar do heroísmo de Euríale e Niso, que deixam o acampamento à noite para procurar Enéias: eles são mortos antes de completar sua missão. Ascânio participou da guerra pela primeira vez, e mostrou seu valor matando Numanus, cunhado de Turno. Durante a batalha, os troianos abriram as muralhas da fortaleza, mas as fecharam em Turnus, que conseguiu escapar pulando no Tibre do topo das muralhas.
Canto X
Os deuses, vendo o que está acontecendo no Lácio, decidem se encontrar no Olimpo. Vênus pede a Júpiter que poupe os troianos, enquanto Juno acusa Vênus de desencadear toda essa violência. Júpiter não toma partido.
Por sua vez, Eneias navega para o acampamento de Tróia, acompanhado por seus aliados etruscos e latinos contrários a Mezêncio.
A batalha foi sangrenta e os massacres se sucederam. Quando Turnus consegue matar Pallas, Eneias entra em fúria negra. Para salvar Turnus em perigo, Juno cria um fantasma na imagem de Enéias, que ela dirige para a frota dos Rutuli, e faz com que Turnus o siga. Uma vez que Turnus está a bordo de um navio, ela faz o fantasma desaparecer e o barco zarpa.
Mézence, então, assumiu o comando. Atacando Enéias, ele joga seu dardo nele, que salta do escudo de seu alvo. Eneias então revida, e fere Mezêncio. Lauso, filho de Mezêncio, então decide cobrir a retirada de seu pai, e desafia Enéias, que o mata. Quando Mézentius, que se refugiou mais longe, fica sabendo da morte de seu filho, ele decide, embora ferido, voltar atrás e confrontar Eneias para vingar seu filho. Eneias também o mata com uma espada na garganta.
Canto XI
Os latinos foram divididos em dois campos: de um lado, os partidários de Drances, hostis à guerra, e do outro, os da rainha Amata, favoráveis a Turno. Eneias recebeu Drancès e anunciou sua intenção de fazer uma trégua para honrar os combatentes que haviam perecido durante a batalha. Também insiste em seu desejo de fazer a paz, acusando Turnus de iniciar a guerra.
Turnus, ao saber que os troianos estavam se aproximando da cidade, lançou um novo ataque. As duas cavalarias se enfrentaram e, depois de amargas lutas, os latinos finalmente tiveram que se retirar para sua cidade; Aqueles que não puderam se refugiar antes das portas se fecharem foram impiedosamente massacrados. Turnus consegue voltar a coberto da noite.
Canto XII
Eneias e Turno decidem resolver o conflito em combate único. No entanto, pressionados por Juturno, os italianos interviram na luta, contra as regras, o que provocou uma nova batalha: uma flecha atingiu Enéias. Curado por uma intervenção discreta de Vênus, Eneias consegue fazer com que Turnus retome o combate individual. Ele sai vitorioso. Turnus implora sua misericórdia. Enéias, a princípio tentado a concedê-lo, vê o arreio roubado do jovem Pallas morto por Turno: indignado, Eneias dá o golpe de misericórdia ao chefe de Rutula. O épico termina com uma cena de violência no final da qual Eneias mata um inimigo indefeso. No entanto, acredita-se que a obra esteja inacabada.
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