sexta-feira, 18 de março de 2016

Castilhismo, Um Estado Espartano ao Sul do Brasil.

 "... O Estado do Extremo sul, guiado pelo seu grande organizador [....] 
ergueu dentro do sistema da Constituição Federal, um regime institucional
 em que admiravelmente se consorciam a autoridade com a liberdade. 
Melhor compreendendo a natureza do regime presidencial, instituiu um
 poder executivo forte, facultando-lhe, sem receio, consagrar e manter 
as mais amplas franquias liberais". "Lá [no Rio Grande do Sul] o Presidente
 do Estado propõe a lei que toma a forma plebiscitária, com a publicidade ampla,
 a colaboração direta do povo na apresentação de emendas e referendum 
dos Conselhos Municipais....” - Getúlio Vargas.


Em sua obra "O Sobrado", Érico Veríssimo, escritor que melhor retratou a formação castilhista de Getúlio, remete-nos ao mitogema da Fundação do Estado Castilhista em analogia a fundação do Estado Espartano na figura do personagem Licurgo Cambará. Licurgo foi o legislador espartano que fundou as duras leis que consagraram Esparta. Como Licurgo, Júlio de Castilhos redigiu a constituição do Estado do Rio Grande do Sul que vigoraria durante 4 (quatro) décadas e influenciaria a ulterior Constituição de 1937. No dizer de Miguel Lemos: "o mais avançado código do ocidente". Mais do que uma constituição, Júlio de Castilhos, fundou um Regime Político que congregou oque de melhor havia em Esparta e Atenas, o militarismo espartano juntamente a Democracia ateniense. 

Commte absorveu muito de Platão, que por sua vez, se inspirou em Esparta. Não é de se admirar as semelhanças entre o Estado Castilhista e o Espartano. A isso une a tradição militarista do Rio Grande do Sul, uma província de longa data com permanentes postos militares brasileiros como contenção aos castelhanos.  

A figura de Júlio de Castilhos como Caudilho, em sua verdadeira acepção da palavra: a de um chefe militar em defesa do povo, segue a tradição de Rafael Pinto Bandeira, O Centauro dos Pampas, que varreu a presença castelhana do sul do Brasil. A absoluta fidelidade de seus séquitos aos seus chefes, leais até a morte, e sempre prontos para de punho em armas defender suas chefaturas. Que não se confunde com "personalismo" como acusam os liberais. O "personalismo" implica na defesa irrestrita da pessoa política independente do que ela venha a defender. Oque não ocorre no Castilhismo. No Castilhismo seus chefes são servos do povo, e dos ideais instituídos, não se concebe nunca que um chefe castilhista transgrida o credo que aderiu, se assim o fizer, cessa o apoio de seus seguidores, e antes, deve ser objeto de exemplar punição.   

Traços também observados com Floriano Peixoto, na formação dos Batalhões Patrióticos, voluntários que aderem a Floriano, em defesa da República. 

É nesse esteio que o Rio Grande se tornará sob a égide do castilhismo o Estado mais militarizado do Brasil. Júlio de Castilhos funda a Brigada Militar, que ainda hoje conserva o nome, organizou e mordenizou, as táticas e os armamentos do exército. Enquanto as tropas maragatas, formadas por fazendeiros e seus agregados, estavam precariamente armadas, ainda se utilizando das cavalhadas para a locomoção. Os republicanos possuíam tropas militares modernas, formadas em boa parte por soldados, sub-oficiais e oficiais profissionais, que se serviam das ferrovias para locomoverem-se e conheciam divisão e especialização de funções – infantaria, cavalaria, artilharia, intendência, etc.... foi todo esse aparato militar, superior as deprimidas forças federais, que deram a superioridade militar do Rio Grande do Sul na gloriosa Revolução de 30.

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