“Vi um homem rasgar o papel em que
estavam escritas as três letras que ele tanto amava. Como já vi amantes
rasgarem retratos de suas amadas na impossibilidade de rasgarem as próprias
amadas.”
Carlos Drumond de Andrade
“ – Precisamos trazer o Brizola de volta para o Brasil,
porque ele está se tornando um mito muito forte fora do país. É melhor que ele
volte e dispute eleição, porque assim perderá prestígio político.”
Foi oque teria dito Golbery Couto e Silva, general e grande
articulador do golpe de 64 a Ivete Vargas, uma sobrinha distante de Getúlio,
casada com Paulo Martins que trabalhava com Golbery no gabinete Civil.
Em 1979, em Lisboa, antes da anistia, Brizola já trabalhava para refundar o PTB, ao se reunir com outras lideranças políticas lançando a “Carta de Lisboa”.
No exílio, Brizola virara um mito
do PTB, como reconheceria Golbery, razão pela qual ponderou trazê-lo de volta.
O ex-deputado Sinval Boaventura, em entrevista ao Jornal “Opção”, questionado se era “verdadeira a história da reunião na casa do então deputado Simões da Cunha, na qual a então deputada Ivete Vargas (PTB) teria contado que saíra de um encontro com o general Golbery e este revelou que ia projetar o sindicalista Lula para ser o anti-Brizola?”, respondeu:
“A Ivete Vargas disse que tinha estado com o
ministro Golbery, na chácara dele, e que ele dissera que precisava trazer o
Brizola para o Brasil porque ele estava se tornando um mito muito forte fora do
país. Que era melhor ele voltar e disputar eleição, porque assim perderia o
prestígio político. Fui ao Golbery e ele confirmou a conversa com Ivete.
Explicou que sua estratégia era estimular a imprensa para projetar o Luiz
Inácio da Silva, o Lula, um grande líder metalúrgico de São Paulo como uma
liderança inteligente e expressiva, para ser preparado como o anti-Brizola. Sou
testemunha dessa tese do general Golbery”. – Sinval Boaventura.
O jornalista Carlos Castelo Branco, do “Jornal do Brasil”, na época da fundação do atual PTB pós-64, no artigo intitulado: “O PTB de hoje não é o PTB de ontem”, disse, no último parágrafo:
“Três adesões foram decisivas para
gerar o novo PTB, o PTB não getulista: ¹Jânio Quadros, em São Paulo, que no
passado teve o apoio de quase todos os partidos menos do PTB; ²Sandra
Cavalcanti, herdeira do lacerdismo; e ³Paulo Pimentel, egresso do sistema de
Ney Braga, fundador e secretário geral do PDC. Com isso o PTB ganhou
viabilidade eleitoral mas perdeu seu vínculo com o passado. A legenda tem outra
destinação e outro futuro que não são os de restabelecer a pálida reminiscência
do prestigio de Getúlio Vargas e João Goulart."
Ivete Vargas, era uma sobrinha
distante de Getúlio, fora amante de Afonso Arinos, da UDN, inimigo de Vargas. Dentre
outros casos, que ilustram o caráter dessa "senhora" (ou a ausência
de um) conta-se, que dias antes de seu martírio, em plena campanha difamatória
da imprensa e da UDN, Ivete, então deputada, foi ao Catete aflita, questionando
oque seria de sua carreira política, ao que teria respondido Getúlio com
amargura: - não se preocupe, cuidarei do seu futuro político.
Leo de Almeida Neves, deputado
estadual pelo PDT, membro da acadêmia paranaense de letras, reporta que:
“Houve tolerância para as
reivindicações operárias do ABC paulista, conduzidas por Luiz Inácio Lula da
Silva, e ao robustecimento de um sindicalismo sem compromissos com o
Trabalhismo, e desvinculado de Brizola. Depois,
serviram-se da ex-deputada Ivete Vargas, cujo marido trabalhava para
Golbery, a fim de aprovar um simulacro de partido de apoio ao sistema vigente,
já nos seus estertores. Manobrando com a frágil Justiça Eleitoral da ocasião, conseguiram
registrar um artificial PTB, solidário ao governo inclusive nas votações no
Congresso”. – Leo de Almeida Neves.
O PTB que surge pós 79, não nega
a fraude que era, figura apagada no cenário nacional contando com quadros
oportunistas como Fleury Filho, se destacará tendo como íncone Roberto
Jefferson, que dará início ao caos político que vive o Brasil, com a fantasiosa
denúncia do “Mensalão”, que posteriormente, confessa ter mentido. E
definitivamente faz cair sua máscara, quando sua bancada vota pela precarização
da CLT, e o seu conseqüente fim. Expressão máxima, que deveria ser objeto de
defesa de qualquer partido que se diga “trabalhista”.
Brizola e o Trabalhismo Australiano
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