quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CLT é a Negação da Carta de Del Lavoro.

A Consolidação de leis aprovadas ao longo de anos por uma revolução vitoriosa, a CLT, em seus 911 artigos, consagra direitos e reconhece legalmente a organização independente dos trabalhadores. O contrário da “Carta del Lavoro” que era voltado exatamente a impedir a organização própria dos trabalhadores, submetendo-os a fantasiosas “corporações” encabeçadas pelos empresários.


A CLT tem esse nome - Consolidação das Leis do Trabalho - porque ela é a reunião, ou seja, a “consolidação” numa única lei, de todas as leis que desde 1930 consagraram os direitos conquistados pelos trabalhadores. Sua essência é diametralmente oposta à do papelucho mussolinista. Getúlio colocou em lei os instrumentos de luta e os direitos dos trabalhadores. Já os fascistas, colocaram trabalhadores e empresários na mesma estrutura, e não há dúvida sobre quem estava submetido a quem. Nunca se pensou em copiar a Carta del Lavoro. A Revolução de 30 tinha centenas de leis de lavra própria para reunir na CLT.


Como ensina o juiz Luís Alberto de Vargas, membro do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) do Rio Grande do Sul:

“Assim, verá que a CLT não é uma cópia da Carta del Lavoro, que nem é tão ruim, tanto que jamais foi aceita por Mussolini, que a considerava excessivamente democrática. A de sua preferência era a Carta di Verona”.

Outro que ratifica essa idéia é o jurista Amador Paes de Almeida que falou em um artigo recente sobre as razões hitóricas que atribuem origem da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) na Carta Del Lavoro, da Itália de Mussolini. diz:

"É mais uma mentira que, por força da reiteração e farta divulgação, passará à história como verdadeira. Todavia, veementemente contestada por um dos seus coordenadores –, para nossa alegria, gozando de saúde física e intelectual, que é o douto Ministro Arnaldo Süssekind, que, discursando no Congresso Comemorativo do Cinqüentenário da CLT, realizado em Brasília, nos dias 28 e 29 de outubro de 1993, no auditório do “Memorial JK, fez sobre o tema as seguintes observações:

“Quais as fontes e procedimentos que a Comissão adotou para compor o sistema orgânico, corrente, que é a CLT? Em primeiro lugar, procuramos sistematizar, com algumas adaptações, as normas de proteção individual do trabalho que correspondiam a três fases distintas: a dos decretos legislativos do Governo Provisório da Revolução de 1930; a das leis do Congresso Nacional na vigência da Constituição de 1934; a dos decretos-leis do chamado Estado Novo, configurado na Carta Constitucional de 1937. Essas normas de proteção individual de trabalho – sublinho bem esse aspecto – haviam sido inspiradas, basicamente, nas Convenções da Organização Internacional do Trabalho e na encíclica Rerum Novarum”. E, enfaticamente, observa:



“Muita gente critica, até hoje, a existência do Poder Normativo da Justiça do Trabalho sob diferentes fundamentos. Há, entretanto, um fundamento que eu gostaria de rebater, qual seja, o de que se trata de invenção fascista. Que a Carta del Lavoro consagrou o poder normativo não há a menor dúvida. Mas ele nasceu muito antes da Carta del Lavoro e precede de muitos anos o fascismo na Itália. É falsa, portanto, a alegada paternidade fascista". - Arnaldo Süssekind.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Influência Positivista no Nacional-Trabalhismo.

O positivismo, muito mais do que na Europa, disseminou-se pelo novo mundo, especialmente no Brasil, o projeto constituinte de Teixeira Lemos (que seria a constituição positivista) foi rejeitado, a constituição de 1891 pouco terá dos ideais positivistas. O Progresso é a expressão máxima buscado pelo positivismo dentro de um processo evolucionista que compreende estágios tecnológicos por qual todas as sociedades devem passar e por isso a educação é um alicerce básico para essa consecução, bandeira até hoje empunhada pelo Nacional-Trabalhismo. Mas esse Progresso só pode ser alcançado em um ambiente de paz, portanto de Ordem, por isso ser contrário a luta de classes.

Essas idéias, rejeitadas na constituinte nacional, plantará raízes sólidas no Rio Grande do Sul. Aqui a filosofia encontrou implementadores da estatura de Júlio de Castilhos, estadista notável e messiânico defensor do sistema republicano de matiz positivista. Seus discípulos formaram a vanguarda dos homens públicos que assumiram o Estado brasileiro após a revolução de 1930, sob os auspícios dos quais foram implementadas as reformas de estado e principalmente a legislação trabalhista consolidada.

O governo castilhista e seus sucessores adotaram os preceitos positivistas com relação às questões sociais. Defendendo um Estado regulador e intervencionista do ponto de vista da promoção do desenvolvimento. Incrementou a industrialização e os setores produtivos médios, urbanos e rurais contra o latifúndio pastoril. Incentivou-se a integração dos trabalhadores à sociedade, com apoio às reivindicações laborais, sob a tutela do Estado.

Os movimentos anarquistas e comunistas são rejeitados, com suas propostas de ruptura violenta da ordem estabelecida. A luta de classes não era acatado como mola propulsora da evolução da sociedade. A ordem, sim, dentro do lema positivista-castilhista do “conservar melhorando”. Esta era certamente a teoria que constaria do ideário dos idealizadores políticos da carta de direitos trabalhistas do período getuliano.

A luta de classes é repudiado como mola propulsora da história pelo positivismo, que acatava como tal o processo evolutivo. Tal, inclusive é confessado pelo próprio jornal A Federação, órgão oficial do Partido Republicano Rio-grandense, braço político do positivismo gaúcho, citado por Silvia Regina Petersen:
"Nenhum regime político, nenhum Estado do Brasil facilita melhor do que as leis do Rio Grande republicano a incorporação definitiva do proletariado à sociedade. Não se tem limitado as instituições rio-grandenses a uma série regular de disposições salutares em favor da classe operária. Toda vez que se tem tornado mister a interferência dos dirigentes em conflitos de interesses entre operários grevistas e seus patrões e as empresas respectivas, o governo do Estado não só tem respeitado o direito de greve, de reunião, toda a estratégia de defesa dos operários modernos, atendendo os elementos políticos dessa grande questão social com a maior justiça e prudência, como facilitado a reivindicação de seus direitos de ordem material e moral." (PETERSEN, 2001, p. 327).
Oque também explica o caráter estatutário da regulação do trabalho. O Estado intervencionista apoiado por segmentos teóricos do positivismo, traria para si, o papel de regulador da inserção do operariado na compreensão cientificista da sociedade em evolução.
Essa também a opinião de José Augusto Ribeiro:
“...os republicanos do Rio Grande, liderados por Júlio de Castilhos, tinham lutado, em primeiro lugar, pela abolição da escravatura, e, em seguida, pela República. Proclamada esta, lutaram pelo princípio positivista, formulado por Augusto Comte, da incorporação do proletariado à sociedade moderna. Nada conseguindo dessa luta no Congresso Constituinte Federal de 1890-1891, levaram suas idéias para a primeira Constituição republicana do Rio Grande”.
Getúlio teria pensado com Lindolfo Collor a legislação trabalhista, entregando a um professor de direito do trabalho, socialista revolucionário, Joaquim Pimenta, a tarefa de elaborar a lei sindical. Sintetizando sua influência positivista em uma frase: "tomo do positivismo tudo que me interessa".




quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Brizola, Origens e Legado.

Resenha do artigo "O Farroupilha Leonel Brizola" de Júlio Ambrozio, encontrado em:


O grande objetivo de Leonel Brizola foi conduzir o país à união nacional originada em 1930: povo, exército e indústria - a aliança da classe média com o povo. Essa luta pela formação da Civilização Brasileira, visando a união nacional, mantêm-se urgente e atual.

Tanto isso é verdade que a grande mídia só agora quis saber de Leonel de Moura Brizola, quando desce às catacumbas; com ele, descem também a compreensão e o sentimento fronteiriços de nacionalidade, originados nos conflitos entre espanhóis e o mundo luso-brasileiro, em constituição no antigo continente de São Pedro do Rio Grande no período colonial.

Quem se debruçar sobre a literatura guasca, sem dúvida, irá encontrar em Brizola, com a Cadeia da Legalidade e com a tentativa de resistência ao golpe imperialista de 1964, a descendência de Mestres-de-Campo, tais como Francisco Pinto Bandeira e Rafael Pinto Bandeira, ou mesmo a herança de José Borges do Canto e Manoel dos Santos - responsáveis estes dois pelo embate que pacificou as fronteiras de tensão do Rio Grande do Sul em 1802: a definitiva conquista da região das Missões.

O leitor que procurar a Farroupilha e o Positivismo irá encontrar as origens republicanas de Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola: o fortalecimento do Estado como veículo do Federalismo meridional; o guarnecimento do Estado, já agora com Getúlio Vargas, como garantia da nacionalidade. O Positivismo gaúcho possibilitou transferir o respeito, a disciplina e a solidariedade dos clãs de fronteira para o Estado. O campo gauchesco-brasileiro, pois, expandindo-se para o Brasil com a Revolução de 1930, resultou na luta pela democracia social, acoplada à descolonização do país, ao fortalecer o Estado brasileiro.

Eis o brasileiro Estado de bem estar social: a Era Vargas, saída dos campos raianos do Rio Grande do Sul, em 1930, envolveu o país com um projeto de Brasil em defesa dos brasileiros, incorporando a projeção da Civilização Brasileira encontrada em autores como  Euclides da Cunha, Alberto Torres, Oliveira Viana e outros que deram as bases, bem antes de sua fundação, do Partido Trabalhista Brasileiro criado em 1945. Se o cosmo deste período - 1930-1964 - existia em transe, isso somente significa que o povo brasileiro exercia a sua pulsão energética, criativa e de resistência, desse modo, afirmando que a sua Civilização não se construiria à imagem da antiga URSS e à dos EUA, mas como brasilidade popular e soberana.

Contudo, 1964 foi um duro golpe. Quando, 15 anos depois, a anistia traz Brizola de volta, retorna como legítimo e único herdeiro do Trabalhismo. As dificuldades deste período podem ser ilustradas através da perda da legenda PTB para Ivete Vargas-Golbery do Couto e Silva e das sistemáticas traições de personagens saídos do PDT. Trânsfugas municipais, estaduais e federais. Além de outras traições. É verdade que tais deslealdades foram antes ao Trabalhismo do que propriamente a Brizola, pois 1964 configurou-se como fratura dorsal desse movimento, dando asas para personagens que, na antiga circunstância pré-64, não teriam interesse ou coragem de praticá-las.

Em contrapelo, sem consciência, aquilo que falaram alguns políticos - elogiando a coerência e pertinácia de Leonel Brizola - , na verdade, foi o seu admirável senso de responsabilidade pública com a sua terra, o seu mundo, a sua tradição e história.

Leonel de Moura Brizola - talvez mais do que Jango - está ao lado de Getúlio Vargas.

Em tempo.... Brizola, quase ia dizendo, o Trabalhismo campeiro, vagou por esses anos pós-exílio em busca de herdeiro(s).

É chegado a hora de tomarmos posse!


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O Combate de Getúlio Vargas aos Regionalismos e as Doutrinas Estrangeiras

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

INTERVENÇÃO ESTADUNIDENSE NO PROCESSO POLÍTICO BRASILEIRO




























GOLPE MILITAR OU REVOLUÇÃO REDENTORA?

O Golpe de 64, propalado pelas viúvas de 64 como "revolução cívico-militar", foi fundamentalmente o resultado de um governo estrangeiro (EUA), contra o Brasil, contra o Trabalhismo Brasileiro, contra o Nacionalismo Brasileiro! Sem o qual, tal processo subversivo não teria se efetivado.

Carlos Fico, em seu livro: "O Grande Irmão",  expõe uma coletânea de documentos secretos, desarquivados, que fundamentam de forma, ultracientífica,  o  processo de Deposição do Presidente João Goulart, e a relação deste processo com a intervenção estadunidense com uma cúpula militar atuante no seio das forças armadas.


CONSPIRAÇÃO VS CAMPANHA DE DESESTABILIZAÇÃO

Fico distingue o processo de conspiração do da campanha de desestabilização. O primeiro era anterior, já existente desde a queda de Vargas em 45, e que resultou em seu martírio em 54, junto com a tentativa de golpe em 55 contra a posse de Jucelino Kubitschek. Todos já de  influência externa, ainda que indireta, no ânimo dos conspiradores. E que resultarão na Campanha de desestabilização iniciada em 62 com a posse de Goulart e que resultará, por fim, no Golpe de 64. Segundo Fico: 
“{...} foi bem desarticulada até bem perto do dia 31 de março {..} a movimentação militar que levou ao golpe iniciou-se sem o conhecimento dos principais lideres da conspiração e seus resultados foram bastantes fortuitos {..}
Durante a campanha de desestabilização do governo Goulart, montou-se um amplo aparato pelo qual se conduziu um processo de planejamento desde o início da assunção de Goulart, comandado por organizações brasileiras e estadunidenses, capitaneadas internamente por Golbery de Couto e Silva.

A CAMPANHA DE DESESTABILIZAÇÃO, ANTECEDENTES

Desde o início da Guerra Fria o EUA buscou manter sua influência sobre a América Latina. Em meados dos anos 50, era comum os planos de ajuda militar, planos esses restritos, que embora se desse por meio do fornecimento de armas e treinamento militar, não tinha um caráter de cooperação, visando à militarização dos países latino americanos. Nas palavras de Fico: 
“ {...} objetivava manter a dependência da região aos EUA {..} a idéia principal era excluir os antigos fornecedores europeus ( inclusive a Alemanha e Itália).
Foi com a Revolução Cubana que o EUA passou a se preocupar mais com a Região e a investir seus esforços para conter a expansão do comunismo. Para o Presidente Kennedy, conforme coloca o historiador: “a América Latina é região mais perigosa do mundo”. A partir de então, começou-se a montar um aparato ideológico que mantivesse tais países sob sua esfera de influência. Uma das estratégias foi investir no desenvolvimento da região, pois sabiam que a pobreza poderia constituir-se num verdadeiro catalisador de golpes comunistas. Surge, então, a “Aliança para o Progresso” que chegara aqui no Brasil no primeiro semestre de 1961, chefiada pela USAID, Agência de Desenvolvimento Internacional. Nas palavras de Fico, em alusão à doutrina da Aliança Para o Progresso:
{..} essa doutrina global que articulava segurança interna da região à necessidade de combater a pobreza, identificada como motivadora de regimes de esquerda, Levaria Lindon Johnson a buscar o envolvimento de lideres civis norte-americanos, especialmente empresários, na causa anticomunista {..}
Dentro desse período, passou-se a operar também no Brasil a organização “Peace Corps”, que consistia na infiltração jovens voluntários, demandados pelos governadores de Estados em determinadas áreas (escolar, agrícola, de saúde e outras). Segundo Fico, “o EUA não propagandeavam sua presença no Brasil para evitar críticas de intervencionismo ou algo do gênero”.

ELEIÇÕES PARLAMENTARES DE 1962

O finaciamento de candidatos brasileiros simpaticos aos EUA e avessos ao governo Goular, revelou-se como uma das ações estratégicas para que o império pudesse se infiltrar no poder legislativo e garantir, sobretudo, que algum parlamentar, no caso o presidente da câmara, assumisse o poder quando o processo de deposição de Jango fosse deflagrado. Segundo Fico:
Foi no contexto das eleições parlamentares de 1962 que a intervenção norte-americana no processo político brasileiro intensificou-se, ultrapassando os limites da propaganda ideológica que os EUA faziam em qualquer país, enaltecendo os costumes norte-americanos e defendendo o capitalismo contra o comunismo.”

MISSÃO DRAPER

Um dia depois da Eleição de outubro de 1962 chegou ao Brasil uma missão enviada pelo presidente John Kennedy cujo comando coube ao investidor republicano Willim H. Draper com auxílio do Departamento de Defesa e outras agências governamentais e objetivava avaliar o resultado das eleições, que, apesar de todo esse apoio externo, não teve um resultado positivo para as forças anti-gulart.

“ILHAS DE SANIDADE”

O Republicano Draper também sugeriu que o Brasil passasse a ser englobado num plano econômico de ajuda financeira que consistiu em repasses aos governos estaduais que eram contra Jango. Segundo o Embaixador Gordan, esse plano foi sugerido pela Cia. Tal plano visava favorecer a imagem dos EUA nos Brasil e minar o governo de João Goulart.

O embaixador Gordan denominava os Estados que recebiam os repasses financeiros de “Ilhas de Sanidade”, já que eram meticulosamente avaliados os lugares que receberiam tal empreendimento, pois se tomava o cuidado de não ajudar os governadores pró-jango.

PROPAGANDA DOUTRINÁRIA

Dentro da indústria de propaganda alienígena podemos destacar:
1- Distribuição de publicações a parlamentares e outras autoridades: exemplares de U.S New s Letter, espécie de boletim informativo eram entregues aos parlamentares diariamente, enquanto que aos Governadores, Prefeitos e Juízes eram entregues Wireless File, sem contar outras publicações, como livros, estatísticas e análises. De 1963 a 1964 os gastos com tradução de livros para militares saltaram de US$6 mil US$15 mil.

2- Exibição de Filmes nos quartéis: o USIS (Serviços de informações) adquiriu unidades moveis de projeção de filmes, chegando em 1963 segundo o relatório a completar mais de 1.706 exibições nos quartéis do Rio de Janeiro, abrangendo cerca de 180 mil militares.

3- Concessões Financeiras para entidade de ensino de Língua Inglesa

4- Programas de intercâmbio: considerada a iniciativa mais eficaz, pois consistia na oferta direta de dinheiro a braileiros influentes p’ra que viajassem aos EUA e tomassem contato com a civilização anglo-americana, trazendo pra cá seus paradigmas culturais. Havia diversas categorias. A categoria Líderes, dos 36 beneficiados em 1963, 15 foram para Deputados e 10 para governadores, dentre os quais, José Sarney UDN e Mário Covas PST. Havia um núcleo do USIS (Serviços de informações) voltado apenas para assuntos estudantis, chegou se a selecionar 5 mil lideranças estudantis em 22 universidades. As Mulheres representantes da Camde ( Campanha das Mulheres pela Democracia) também foram abarcadas pelo programa. Entre 1967 a 1968, foram abrangidos pelo programa cerca de 1.131 brasileiros.
INVESTIMENTOS MACIÇOS

Dias antes do Golpe, foi elaborado pelo USIS (Serviços de informações) um relatório que explicitava a necessidade de reforçar a confiança das Relaçoes entre Brasil e EUA, sugerindo criação de “centros democráticos progressista” que eram centros de propaganda norte-americana anti-comunista, para os quais destinou-se US$ 891 mil dólares, contenplando Unidade móveis de exibições de filmes , rádio, imprensa e propaganda . Rassalte-se que essa monta não incluía outras despesas como custeio de pessoal, nem outras atividade que Washington apoiava tais como os fundos adicionais do programa de publicação de livros US$ 490 mil, concessões financeras para o ensino de língua US$ 400 mil, recursos do programa de intercâmvio US$ 1 milhão. Os gastos do USIS entre 1965 e 1970 ficaram sempre acima de US$ 5 milhões anuais.
Lincol Gordam confessou que foram gastos na ordem de US$ 5.000.00 com o financiamento de campanha de parlamentares pró-EUA.


EFICÁCIA DAS ATIVIDADES DE DOUTRINAÇÃO E PROPAGANDA DO USIS (SERVIÇO DE INFORMAÇÕES)

As avaliações eram feitas por órgãos externos ao USIS (Serviços de informações), como as Embaixadas de Brasília e Rio de Janeiro.

PLANO DE CONTINGÊNCIAS

Segundo Fico,

“{...} A campanha de desestabilização evoluiu para o planejamento de um possível golpe. O plano de contingências consistiu num documento no qual se vislumbrou certas conjecturas traçando para cada cenário uma possível linha de ação. {..}"

Ao contrário do que o Embaixador Gordan disse, que plano foi elaborado às pressas, o historiador nos mostra por meio de um documento em anexo que o plano foi concebido em 11 de dezembro de 1963. Igualmente, a operação Brother San, contida no plano, também não fora traçada às pressas, o autor cita um fragmento do plano em cuja operação brother Sun estaria inserida:
“deve-se usar de precaução contra passos preparatórios suscetíveis de serem descobertos prematuramente identificados como preparativos para os EUA intervirem aberta ou secretamente no Brasil.”
Partindo-se de algumas pressuposições, estabeleceram-se quatro cenários com quatro ações correspondentes. O primeiro cenário previa uma hipótese de tentativa de golpe contra o governo de Goulart, partindo de movimentos de extrema esquerda, com apoio reduzido das Forças Armadas; o segundo, supunha a possibilidade de uma resistência organizada, aberta, das Forças Democráticas de bom tamanho com considerável apoio militar, contra uma tentativa de Goulart obter poder autoritário, tentativa essa que seria identificada por meio de qualquer gesto anticonstitucional de Goulart, nesse cenário, vislumbrava-se também a possibilidade de Goulart instaurar uma ditadura do tipo peronista e depois acabar sendo dominado pelos comunistas; a terceira, vislumbrava um golpe militar que implantasse uma liderança nacional “mais efetiva”, golpe esse motivado por um descontentando acumulado com o caos econômico e político, não por uma episódio específico, como no segundo cenário; e o quarto, previa a possibilidade de uma tomada de poder por setores ultranacionalistas de esquerda, com ou sem a participação de Goulart, acompanhada por uma neutralização ou fracionamento das Forças Armadas. Segundo Fico: “{..} era a defesa de um ponto de vista desejado, uma opção escolhida pelo autor {..}”.

Era o caso do primeiro e quarto cenário, improbabilissíssimos, que seus autores mesmo admitiam-nos como os menos prováveis e sobre a atitude a ser tomada pelos EUA no primeiro cenário, remetiam suas considerações as atitudes que deveriam ser tomadas no segundo plano, enquanto que as que deveriam ser tomadas no quarto, apenas diziam que deveriam ser impedidas, sem definirem qualquer linha de ação.

As linhas efetivas referiam-se aos segundo e terceiros cenários e traduziam o que de fato ocorreu:

1- controle militar temporário;
2- posse do presidente da câmara dos deputados;
3- e posterior eleição de um novo presidente.


No caso de um conflito com as forças legalistas, afirmava-se a desejabilidade de formação de um governo provisório, composto pelos militares, pra que se pudesse reconhecê-lo e tão-logo descartar Goulart. Porém era necessário que o governo alternativo estivesse controlando uma região significativa para que se pudesse clamar por legitimidade internacional para finalmente ser reconhecido. Segundo Fico, isso era praticamente uma sugestão aos conspiradores não-estadunidenses, pois seria ilógico constar tal previsão de desejabilidade de um governo provisório, num plano que tratava de uma intervenção duma potência estrangeira, a não ser que ele tivesse de ser observado por outras pessoas.

OPERAÇÃO BROTHER SAN

Ainda no caso de um conflito com as forças legalistas de Goulart, o plano previa que os EUA deveriam prover os conspiradores com suprimento, derivados de petróleo, alimento, munição, enfim, com todo apóio logístico, aberta ou secretamente.

O plano previa ainda a hipótese de uma intervenção direta dos EUA, se caso houvesse alguma evidência de intervenção soviética ou cubana, diretriz que estabeleceu a Força tarefa naval que futuramente se chamaria Brotehr San. Fico esclarece:
“A operação contou na pratica com um porta-aviões, um porta helicópteros, um posto de comando aerotransportado, seis contratorpedeiros (dois equipados com mísseis teleguiados), carregados com 100 toneladas de armas (inclusive um gás lacrimogêneo para controle de multidões, chamado CS agent) e quatro navios-petroleiros que traziam combustível para eventual boicote das forças legalistas”
“Os EUA poderia intervir militarmente na hipótese, por exemplo, de um segundo estágio, caracterizado por um eventual confronto entre os golpistas e as forças legalistas {..}
"A operação Brother San poderia se desdobrar nesse sentido, mas originalmente ela não previa o desembarque de um punhado de fuzileiros navais e, portanto, se um confronto se instaurasse no Brasil e a casa branca decidisse intervir militarmente, Washington teria de agir às claras, consultando o congresso dos EUA e , possivelmente, a Organização dos Estados Americanos (OEA) - cenário realmente chocante e quase inimaginável.”
O historiador chama atenção para um dado novo, até então despercebido, quanto à participação de Brasileiros na Brohter San, diz Fico:
“ao contrário das negativas de envolvimento de brasileiros na operação brother san, havia um contato brasileiro cuidando da entrega de armas, munições e combustível, o General de Brigada José Pinheiro de Ulhoa Cintra, um dos grandes revolucionários do Exército {...} descrito por Costa e Silva como “ um homem violento e querendo fazer bobagem”. O General Cintra deveria fazer uma avaliação da necessidade suplementar de armas e avisar Vernon Walters, adido militar estadunidense, conhecido de Castelo Branco desde a II Guerra". 

PLANO DE DEFESA INTERNA PARA O BRASIL

Mais um documento inédito revelado pelo Historiador. Tratava-se de um plano de avaliação para se precisar as condições de segurança do Brasil em face de ameaças internas que pudessem pôr em risco os interesses estadunidenses, elaborado dias antes do General Cintra fazer a tal solicitação dos artefatos ao adido Vernon Walters. Com efeito, o embaixador Gordan já sabia em detalhes das necessidades de equipamentos e recursos humanos dos militares e policiais brasileiros, graças a tal plano que antecedia a transação. Tal plano decorreu, segundo Gordan, do acordo de segurança interna entre os governos brasileiro e estadunidense, que por sua vez decorreu graças a renovação do acordo militar do Brasil com os EUA, efetivado pelo Ministro Interino João Augusto de Araujo Castro, sem permissão de Goulart, em janeiro de 64, o que lançou fortes suspeições sobre ele, segundo o historiador.

O historiador cita ainda que “segundo o Embaixador Gordan, os equipamentos dos militares e da policia eram obsoletos e as Forças Policiais do País seriam incapazes de arcar com distúrbios internos sérios sem a ajuda do Exército."

E continua:
“Por causa dessas insuficiências e da iminência do Golpe, o Embaixador Gorgan sureriria ao governo norte-americano, dias depois, em outro documento, que se fizesse ma entrega clandestina de armas de origem não-americana (para impedir identificação e evitar acusações de intervencionismo) a serem repassada aos cúmplices de Castelo Branco em São Paulo, nada muito diferente do que já vinha sendo previsto desde de o plano de contingências do final de 63.”

MONITORAMENTO DO CONGRESSO NACIONAL

Na semana do golpe, o Congresso Nacional exerceu a função de “sistema nervoso” segundo Robert Dean, citado por Fico. Dean era conselheiro do escritório de representação da embaixada ianque em Brasília, especializado no monitoramento das atividades do Congresso. Ele emitia boletins semanais - The Week in Congress- ao Embaixador Loncol Gordan e ao Departamento de Estado estadunidense.

O monitoramento se dava tanto na capital da república como no Departamento de Estado de Washington e foi fundamental para o reconhecimento quase que imediato da posse do Presidente da Câmara, Rinieri Mazilli. De acordo com Fico, assim que o Departamento de estado foi avisado da posse de Mazzilli na madrugada do dia 2, enviaram o seguinte telegrama:

Eu enviei um telegrama ou emiti uma declaração que teve o efeito, com efeito, de reconhecer o novo governo. Goulart não estava totalmente fora do País e eu estava me arriscando. Mas funcionou belamente e foi muito efetivo. Foi o tipo de coisa que marcou o fim para o Sr. Goulart.
George. W. Ball

Contudo, tal telegrama não foi encontrado e o reconhecimento se deu com o envio de outra mensagem ainda na noite do mesmo dia.

Esse acervo documental que compõe a obra é uma robusta prova de violação da nossa soberania. Revela o trabalho de alienação promovido por uma potencia estrangeira contra nosso País, com graves repercuções não só em nossa soberania como em nosso desenvolvimento nacional e degradação social cada vez mais graves no Brasil. 


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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Livro Revela Ligações de FHC com a CIA

A obra da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editada no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro), ao mesmo tempo em que pergunta, responde: quem "pagava a conta" era a CIA, a mesma fonte que financiou os US$ 145 mil iniciais para a tentativa de dominação cultural e ideológica do Brasil, assim como os milhões de dólares que os procederam, todos entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do país no período de 1994 a 2002.

O comentário sobre o livro consta na coluna do jornalista Sebastião Nery, na edição deste sábado do diário carioca Tribuna da Imprensa. "Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas: "Consistente e fascinante" (The Washington Post). "Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA" (Spectator). "Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente" (The Times).

Dinheiro da CIA para FHC

"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap". Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de 69. (este é outro livro que deve ser lido!)

Fundação Ford

Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.

Agente da CIA

Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.

Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade internacional" e passou a dar "aulas" e fazer "conferências" em universidades norte-americanas e européias. Era "um homem da Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.

Milhões de dólares

1 - "A Fundação Farfield era uma fundação da CIA... As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas" (pág. 153).

2 - "O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, aintromissão no campo das fundações foi maciça..." (pág. 152). "A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria" (pág. 443).

3 - "A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág. 147).

FHC facinho

4 - "Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante" (pág. 123).

5 - "Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil" (pág. 119).

6 - "A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.



quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Olga um Embuste da Globo contra Getúlio.


É sempre bom lembrar que o único momento da história desse país em que fomos ameaçados pelo Comunismo foi durante o Governo Vargas, durante a Intentona Comunista, em 1935 - levante organizado pela Internacional Socialista.

Graças a Vargas, não nos tornamos um quintal russo, entretanto perdemos muitos brasileiros nessa luta:


• 1. Abdiel Ribeiro dos Santos - 3º Sargento
• 2. Alberto Bernardino de Aragão - 2º Cabo
• 3. Armando de Souza Mello - Major
• 4. Benedicto Lopes Bragança - Capitão
• 5. Clodoaldo Ursulano - 2º Cabo
• 6. Coriolano Ferreira Santiago - 3º Sargento
• 7. Danilo Paladini - Capitão
• 8. Fidelis Batista de Aguiar - 2º Cabo
• 9. Francisco Alves da Rocha - 2º Cabo
• 10. Geraldo de Oliveira - Capitão
• 11. Jaime Pantaleão de Moraes - 2º Sgt
• 12. João de Deus Araújo - Soldado
• 13. João Ribeiro Pinheiro - Major
• 14. José Bernardo Rosa - 2º Sargento
• 15. José Hermito de Sá - 2º Cabo
• 16. José Mário Cavalcanti - Soldado
• 17. José Menezes Filho - Soldado
• 18. José Sampaio Xavier - 1º Tenente
• 19. Lino Vitor dos Santos - Soldado
• 20. Luiz Augusto Pereira - 1º Cabo
• 21. Luiz Gonzaga - Soldado
• 22. Manoel Biré de Agrella - 2º Cabo
• 23. Misael Mendonça -T.Coronel
• 24. Orlando Henrique - Soldado
• 25. Pedro Maria Netto - 2º Cabo
• 26. Péricles Leal Bezerra - Soldado
• 27. Walter de Souza e Silva - Soldado
• 28. Wilson França - Soldado
• 29. Jeferson Almeida Xavier - Soldado
• 30. Bolívar Bueno - Soldado

Não fora uma luta inglória, mas fora sim uma luta que nos deixou feridas, feridas essas que foram ainda mais escancaradas com as mentiras que contam por aí sobre esse episódio da história brasileira.

O filme Olga é o simbolo da descontrução da nossa hitória. Segundo esse filme, Vargas teria mandado Olga pra os campos de concentração, como se a tivesse entregue a Hitler, como se compartilhasse do anti-semitismo, já ela era uma comunista judia.

Pela época ela poderia ter sido fuzilada, como seus "companheiros" fizeram com os nosso oficiais, pois cometera um crime contra a Segurança Nacional.

Contudo, Olga foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal por um dos maiores juristas brasileiros Edmundo Lins, que segundo o próprio tribunal:

"Edmundo Lins, de notável saber e grande cultura, honrou a Magistratura e, nos cargos que exerceu, legou às futuras gerações os exemplos mais dignificantes de civismo, patriotismo e grandeza moral."

Ela não foi banida daqui, como o filme dá a entender, teve direito a um julgamento justo com contraditório e ampla defesa, tendo inclusive impetrado um Habeas Corpos pleiteando a seu indulto, sem contar que ela ficou sob os cuidados do Estado brasileiro, mas isso o Fernando Meirelles não mostra, prefere fazer novela a contar a história direito. Mostraram ela sendo mandada direto para o campo concentração e o fizeram associando-se a imagem do Presidente Vargas.

À época, nem sequer tinha-se idéia de campos de conscentração: ela foi presa em 1935, sendo expulsa em 1936, após ser processada e julgada.

Os campos só foram descobertos ao final da II Guerra, antes não se tinha idéia do que eram esses campos, basta vermos de quando datam os primeiros filmes sobre o Holocausto.

Outrossim, Olga tinha nacionalidade Alemã, pra onde então deveria ter sido mandada? Pra Rússia? Stalin poderia ter tentado negociar sua extradição, mas não o fez. E ressalte-se, se alguém naquela época poderia saber se havia ou não campos de conscentração, esse alguém era Stalin e seus "camaradas", haja vista os diversos acordos celebrados entre a Rússia e a Alemanha.



Contudo, a mídia não perde uma oportunidade de dendegrir a história desse país, não podemos ter heróis, nem sentirmos orgulho, a não não ser da nossa seleção, carnaval e Ronaldos!

Isso não é uma mera postura ideológica da globo e seus asseclas, é uma estratégia de manter nosso povo submisso a essa realidade que nos assola.

Martirizaram uma Comunista responsavel pelo assassinato de vários brasileiros patriotas, e o fizeram em detrimento da imagem do maior Presidente desse país.

Getúlio vargas.

"Coitadinha da comunista judia?? O Ditador a mandou para os campos de concentração! Demônio!!!!!!!!"

É mais ou menos essas idéias que ficam no imaginário popular após se assistir "Olga Benário".

Esquecem-se que o seu marido, o apátrida Luiz Carlos Prestes, que em tese teria motivo para odiar Vargas, participou da campanha queremista em prol de getúlio, 10 anos depois do levante comunista, 1945.

Interessante também é que até o governo Itamar, eram realizadas comemorações públicas pelo Exército brasileiro, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, em homenagem aos oficiais assassinados durante a intentona, mas com assunção do vendilhão Fernando Henrique, isso foi abolido.

CONCLUSÃO

1- Talvez a mais fundamental de todas, pois precedeu até mesmo Carta Testamento, em cuja Vargas descreveu nosso principal inimigo, o imperialismo-ianque.

O Comunismo é uma doença, assim como o Liberalismo. Dois extremos que já nos ultrajaram. Foi na visão de Vargas, a primeira ameaça concreta ao projeto nacional e isso ficou claro nos seus discursos que sucederam o Lanvante Comunista de 1935 e precederam a implantação do Estado Novo. Por conseguinte, impossível associar a política de Vargas a "teses comunistas", já que o mesmo impediu a cruzada marxista-lenista.

2- O Estado Novo não foi um Regime Totalitário e Injusto, pois se tivesse sido, Vargas não teria recebido apoio de um inimigo. Vargas também não destruiu os sindicatos, como o historiador Boris fausto, comunista, aponta. Apenas criou mecanismo para proteger os trabalhadores dos seus patrões e da estratégia comunista.

sábado, 5 de setembro de 2009

As Lições de Edson Moura.

O empresário, brasileiro, Edson Moura Mororó, dono das Baterias Moura, faleceu em 15 de janeiro de 2009, vítima de câncer. Edson Moura após ter sofrido uma tentativa de "dumping" contra sua empresa, passou a tomar uma atitude nacionalista em defesa das teses ditas de "esquerda", com as quais o Nacional-trabalhismo de Vargas, Goulart e Brizola sempre buscou amparar e proteger nosso empresariado, como nos conta Paulo Rubem:

"Quando fui deputado estadual, entre 1999 e 2002, certa vez promovi na Assembléia Legislativa um Seminário sobre o Desenvolvimento de Pernambuco. Dr. Edson foi convidado e lá compareceu para expor suas opiniões. Em dado momento registrou que em sua vida tinha laços familiares com políticos militantes que abraçaram as causas dos partidos que tinham dado sustentação ao regime militar desde 1964, como a ARENA e o PDS e que mantinha certo afastamento dos temas polêmicos em relação a isso mas que por ter sofrido na pele um processo de tentativa de "dumping" por parte de uma grande multinacional automobilística, a GM, através das baterias DELCO, passara a perceber melhor as teses consideradas "comunistas", de defesa do nacionalismo e da indústria nacional contra as multinacionais. A partir dali Dr. Edson passaria a ver assuntos dessa natureza de outra maneira.

Em outra ocasião, em artigo publicado, parece-me que no Jornal do Commercio, Dr. Edson admitiu defender que o País deveria suspender por um período o pagamento da dívida externa( chegou a citar as decisões de Lenin, após 1917, na ex-União Soviética) e a partir daí investir uns US$ 40 bilhões nas atividades industriais.

Mais do que um empresário que veio de baixo, Dr. Edson foi um homem ousado, provou que o conhecimento técnico aliado à uma perspectiva criadora e corajosa poderiam contribuir para a construção de um polo de desenvolvimento que fez o caminho inverso, saindo do agreste de pernambuco para o sudeste, para o sul e para outros países do mundo com seus produtos.

Num momento em que vivemos as consequências de uma forte crise especulativa internacional, onde ganhar dinheiro virou sinônimo de aposta na especulação e, no caso brasileiro, na dívida do tesouro nacional e do estado, Dr. Edson foi até o fim da vida batalhando. Não se desfez de seus negócios, como muitos, para aplicar o possível apurado nos elevados juros praticados por um Banco Central que de um lado busca proteger a moeda da inflação mas que do outro acaba com a poupança nacional e o investimento impondo uma transferência de R$ 1,267 trilhão de juros do tesouro nacional para os juros da dívida pública interna e externa entre 2000 e 2007. Com esses recursos, quantas fábricas não teriam sido financiadas, como as Baterias Moura, pelo país a fora ?

Por duas vezes Dr. Edson contribuiu com campanhas eleitorais das quais participei, sempre disposto a ajudar parlamentares e candidaturas que tivessem uma visão de defesa da economia e da soberania nacionais.

Um nó crucial para a Moura, no entanto, dificilmente será desatado enquanto Edson der as cartas na empresa: a necessidade de encontrar parceiros capitalistas que permitam à companhia fazer lances mais audaciosos no mercado global. A hipótese já foi levantada em reuniões internas por Paulo Sales e até por Edinho. Em vão.

Nacionalista e crítico do capitalismo global, o velho Edson rebate com o jargão esquerdista de que a globalização é o novo nome do imperialismo americano e põe em dúvida o resultado das associações. "As multinacionais têm dinheiro, mas não têm eficiência", afirma. "Concorremos com três e vamos muito bem". A Moura tem mesmo gás para seguir sozinha? Só o tempo dirá."


*Texto publicado na edição de 20 de outubro de 1999 da revista Exame-Fonte www.planetajota.jr.br, Site de Jomar Morais, de Belo Jardim.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Um Brado, Chumbo e Póvora! Assim se fez a Independência do Brasil.



Que os feitos passados nos sirvam de exemplo para o futuro e que sejamos capazes de manter nossa independência tal como a recebemos para que entreguemos assim aos nossos filhos e assim a conservem gerações pós gerações.

domingo, 30 de agosto de 2009

Uma Grécia nas Ribeiras do Atlântico Sul - As Tradições Republicanas do Brasil.

O Brasil de todos os países americanos é aquele que carrega consigo as mais longínguas e fortes tradições republicanas, anterior mesmo, a formação das 13 Colônias Americanas que formou os Estados Unidos da América.

Diogo Lopes de Santiago, cronista que viveu em Pernambuco e presenciou in loco as Batalhas dos Guararapes publicou entre 1661 e 1675 sua obra: História da Guerra de Pernambuco, registrando que: “[....] Passado o primeiro momento de entusiasmo, os reinóis quiseram reassumir a sua atitude de superioridade e proteção. Data daí a irreparável e irreprimível separação entre pernambucanos e portugueses.[....].”

Na interpretação de Evaldo Cabral de Mello, passou a ser doutrina entre os pernambucanos, ao longo dos séculos que se sucederam, o entendimento de que "a gente da terra deveria à Coroa não a vassalagem natural a que estariam obrigados os habitantes do Reino e os demais povoadores da América Portuguesa, mas uma vassalagem de cunho contratual, de vez que restaurada a capitania, haviam-na espontaneamente restituído a soberania portuguesa".

Este ideário se fez presente no movimento de 1710, quando pela primeira vez a "nobreza da terra" veio propor um contrato social entre os habitantes de Pernambuco e a Coroa Portuguesa; Segundo o discurso da chamada "nobreza de Olinda", nos anos que vieram anteceder a chamada Guerra dos Mascates (1710), a restauração fora conquistada "à custa do nosso sangue, vida e fazendas" sendo Pernambuco, juntamente com as demais capitanias ocupadas pelo Domínio Holandês, entregue ao Rei de Portugal debaixo de certas condições. Onde esta devia ao soberano não a vassalagem natural, como a deviam os demais moradores do Brasil, mas uma vassalagem política. Sendo assim os capítulos apresentados ao Bispo [1710] exprimiam essas idéias e reivindicavam para Pernambuco o direito de estabelecer condições para o seu governo.
Olinda, 1640

Fato visto pelo Conselheiro Antônio Rodrigues da Costa, do Conselho Ultramarino órgão de consulta em questões de administração dos domínios do ultramar como "um caso de sublevação formal e abominável, de que não há exemplo na Nação Portuguesa, sempre fiel e obediente aos seus legítimos Príncipes". Quando Bernardo Vieira de Melo, na histórica reunião no Senado da Câmara de Olinda, pela primeira vez desde a iniciatura do Mundo Novo, conclama a se libertarem do jugo português e declara, solenemente, a independência do Brasil, manifestando-se pela instituição de um governo organizado em colegiado nos moldes aristocráticos dos Estados republicanos da Holanda e Veneza, - "pois, só assim ficariam livres dos riscos por que acabavam de passar". Independência e República no mesmo discurso, nada mais nada menos é o que se estabelece nessa memorável assembléia.

Ao sul nos campos de São Paulo de Piratininga em 1695 François Froger, um engenheiro francês publicou uma pequena narrativa de viagem intitulada “Relation d’un Voyage Fait en 1695,1696 &1697 aux Côtes d’Afrique, Détroit de Magellan, Brésil, Cayenne et Isles Antilles”, em que registra:

“A cidade de São Paulo, localizada a dez léguas do litoral, foi formada a partir da união de salteadores de todas as nações, os quais, pouco a pouco, formaram uma espécie de república onde, por lei, não se reconhece um governador. Nessa república, circundada por altas montanhas, não se pode nem entrar nem sair senão por um pequeno desfiladeiro. [...] Segundo dizem os habitantes locais, eles não são súditos do Rei, mas sim tributários; situação que lhes permite livrarem-se desse jugo quando a ocasião for propícia.”


Pouco tempo depois de Froger, um espanhol de nome Francisco Coreal (Correal) publicou um livro em Amsterdã intitulado “Voyages de Jean François Coreal aux Indes Occidentales” (1722) em que registra suas impressões a mais extensa e detalhada descrição de São Paulo de que se tem conhecimento. Enfatizando como seu antecessor esse modus republicanus dos paulistas:
“A cidade de São Paulo, situada no interior da capitania de São Vicente, é governada de uma maneira tão singular, que não posso deixar de referir. A urbe, distante mais de 12 léguas do mar e situada no meio de montanhas de difícil acesso - cobertas pela extensa e cerrada floresta de Paranapiacaba, é uma espécie de república originariamente composta por toda casta de gente sem fé nem lei, obrigada pela necessidade de conservação a adotar uma certa forma de governo. [....] os habitantes se dizem agora livres e não sujeitos à autoridade portuguesa. Eles limitam-se a pagar, anualmente, à coroa, como tributo, o quinto do ouro que extraem de suas terras -esse tributo atinge a cifra de 800 marcos. Foi a tirania dos governadores que deu origem a esta pequena república, uma república tão ciosa de sua independência que não permite a entrada de nenhum forasteiro em seus domínios, e sua gente, ao pagar o referido tributo, tem o cuidado de frisar que não o faz nem por submissão ao rei de Portugal, nem por medo e nem tampouco por obrigação”.

E por isso, Bomfim, sentencia:

“[....] verifica-se que, justamente um século antes das luta que se converteu em reivindicação nacional, justamente nos dois centros de formação brasileira, se desencadearam, ao mesmo tempo, lutas explicitamente nacionalistas: por parte dos paulistas que, brasilicamente, designavam os portugueses como forasteiros; por parte dos pernambucanos que, desdenhosamente, nomeavam os reinós de mercantis – mascates, e chegaram a falar em independência.... Admita-se no entanto, que tais lutas ainda não sejam esforços para independência: é inegável que nos fins do Séc XVIII, com os companheiros de Tiradentes, há uma explícita reivindicação de emancipação nacional. Notemos ainda, que em todos esses movimentos, a forma esboçada política é a da República. E assim se forma a nossa tradição de autonomia nacional.”

Antes Felipe dos Santos na Revolta de Vila Rica já houvera sido preso em plena pregação republicana e por isso morto. Segue-se um histórico de revoluções e insurreições como de 1817, a Confederação do Equador, Revolução Farroupilha, a Cabanagem, a Balaiada, a Conjuração Bahiana e a Sabinada, Revolução Praieira.... todas de caráter republicano.

Como atesta Manoel Bomfim sobre o ideário que movia os brasileiros:

“Em política, são, em grande parte, republicanos, rebeldes ao Rei, quase sempre de nojo pelo que o reino lhes envia. Liberais, em vez de reacionários, ei-los, nos – Calvalcanti, Suassuna, Maranhão, Melo, Albuquerque.... perseguidos, presos, ou justiçados, pelo crime de serem republicanos brasileiros.”

Como explicar não termos tido, desde logo, forma republicana-democrata, quando a tiveram os castelhanos, mais monárquicos do que nós?

Explica Manoel Bomfim:

“Abatido o poder de Napoleão, ficou a Grã-bretanha inteiramente livre para ação ultramarina. Os Estados Unidos ainda não tinham o prestígio para ser um a oposição apreciável às suas manobras. Pois bem, a política inglesa se exerceu em sentido absolutamente oposto para com o Brasil e para as antigas colônias espanholas; e isto influiu no desenvolvimento da nossa independência, não só para retardá-la, como, principalmente, para a forma que lhe foi dada(Monarquia). Aliada tutora de Portugal, interessada em conservar para ele o máximo de proventos, e de apóia-lo cuidadosamente(pois conservava para si mesma, e apoiava seus próprios interesses), a Grã-Bretanha nunca deixou que o Brasil tivesse ilusões a esse respeito: Portugal, seu tutelado, podia sempre contar com ela para manter o domínio sobre o Brasil, mesmo porque, dada a sua velha rivalidade com a Espanha, era o Brasil a colônia que se oferecia para toda a sua atividade.
Ao Brasil dizia o inglês: - Não deixarás de ser português... e aos outros neo-ibéricos: Serão todos independentes, para que a Espanha não tenha mais colônias nesse continente."

Esta explicado, pois, por que, apesar das tradições patentes, não tivemos, desde logo forma republicana-democrata de início. O México chegou a fundar dinastia própria, a fim de satisfazer seu intuito. Pelo resto das outras: San Martin era sabidamente pela monarquia, de acordo com os do Chile, a quem ele tanto ajudara. O tão citado Garcia Calderon enumera os muitos chefes revolucionários monarquistas: “partidários das monarquia foram também Flores, Monteagudo, Sucre, Garcia del Rio, Riva-Aguero, o diretor argentino Posadas, o decano Funes, os colombianos Marino, Mosquera, Brinceno Mendez.... Bolívar queria para a América Espanhola monarquias constitucionais, com príncipes estrangeiros”. Finalmente, prevaleceu por toda aquela América a República. [...] A Inglaterra, ostensivamente, impôs que as colônias da Espanha não tivessem monarquias.

Garcia Calderon garante que Miranda obteve de Pitt “proteção para dirigir expedições contra as autoridades das Venezuela”. Adiante ele é mais concreto: “A independência das América se fez graças ao dinheiro inglês. Canning encorajou os revolucionários, e os banqueiros anglo-saxônicos davam-lhes o seu apoio sob a forma de adiantamentos aos novos governos”.”

Quando foi chegado o momento da Proclamação da República, os positivistas foram escamoteados do poder, o projeto constituinte de Miguel Lemos e Teixeira Mendes fora rejeitado na Assembléia Constituinte, somente alguns pontos foram incorporados ao texto constitucional. Contudo, se no plano nacional o projeto liberal-latifundiário representado pelos cafeicultores consegue se impor no Rio Grande do Sul, no entanto, Júlio de Castilhos conseguirá implantar em sua plenitude os ideais positivistas, arrebatando o controle político dos liberais-latifundiários para uma nova e florescente base social industrial na qual Castilhos se sustentará para implementar a modernização do Rio Grande, tornado-o a segunda maior economia do país e o Estado mais alfabetizado do Brasil. (Vê resenha “A Obra e Legado de Castilhos Sobre Ataque Neoliberal”)

É mister retomarmos nossas tradições republicanas renovadas em institutos mais democráticos. Refundar nossas instiuições políticas na solidez de um governo verdadeiramente do povo e para o povo porque só ele lhe empresta legitimidade e vitalidade suficientes para enfrentar os percalços do caminho, mais que conduzem inexoravelmente a uma pátria justa e próspera que deveremos legar aos nossos filhos.