Desde o primeiro momento, os esforços da Corte no Rio de Janeiro se concentraram em receber o reconhecimento e apoio pelo Império Austríaco, por considerar que a Inglaterra, de longa data, aliada de Portugal, se posicionaria a seu favor. E assim era, até 12 de agosto de 1822, quando Castlereagh, secretário das Relações Exteriores do Reino Unido (Foreign Officer), cometeu suicídio. Castlereagh era partidário dos regimes absolutistas na Europa, tendo sido peça chave na formação da Santa Aliança entre Inglaterra, Áustria, Prússia e Rússia, contra Napoleão. Com sua morte, assumiu George Canning, espírito liberal e aderente ás correntes independentistas, bem como pouco simpático á Áustria, aos ideais da Santa Aliança. De modo, que, a Corte no Rio ignorava tudo isso.
Pensou-se em enviar um emissário diplomático, o conde de Palma; teria sido um erro, pois sua presença em Viena, posto as boas relações entre Portugal e a Áustria (D. João VI ainda era vivo e partidário dos regimes absolutistas), seria um ato inamistoso no qual Francisco I não podia colaborar; a tempo se refletiu nisso, no Rio, e deliberou-se despachar um antigo oficial alemão, o major Jorge Antonio Schaeffer, possuidor da absoluta confiança do casal imperial, principalmente da Imperatriz D. Leopoldina; seu aspecto e seus modos pouco o recomendavam, tanto que Metternich, ministro austríaco, se recusou a recebe-lo; ordenou-lhe sair de Vienna, indo ele então para Hamburgo, a engajar colonos, ou, antes, soldados. Foi, finalmente, firmado o propósito de contornar as dificuldades, expedindo para junto aos Habsburgos, em missão de família, um distinto membro da melhor aristocracia histórica de Portugal, Antonio Telles da Silva Caminha, aliado á nobreza mais alta da Áustria, lhe dava direito de achar perante si abertas todas as portas. Aproveitou-se a viagem para responder ás missivas do marechal Brant, que, insistentemente, pedia permissão para voltar ao Rio e expor a situação real do problema do Reconhecimento da Independência, tão erroneamente apreciada na corte brasileira.
Caminha chegando a Londres, rumo a Viena, e tomando par, por Brant, da posição favorável de Canning, ainda que velado, pela independência dos países americanos. Escreveu para a Corte no Rio, de sua inutilidade de ida a Viena, indo por mero protocolo já antes ajustado, mas dando conta da ida de Caldeira Brant para a Corte no Rio, oportunidade em que explanaria pessoalmente a exata conjuntura. Em julho partiu Brant para a Bahia, que o havia escolhido seu representante para a Constituinte; pouco se demorou aí e, já em 11 de out. de 1823, apresentava á Assembleia recém-reunida seu diploma de deputado.
Em 3 de novembro de 1823, o ministro do Reino e Estrangeiros, José Joaquim Carneiro de Campos, indicou Felisberto Caldeira Brant para tratar de assuntos importantes para o Império na Corte de Londres, em vista de sua experiência diplomática e da confiança que nele depositava o governo brasileiro. No dia seguinte, o parecer de uma comissão de Constituição aprovou a liberação de Caldeira Brant para exercer novamente a função de embaixador em Londres. Naqueles dias vivia-se o auge dos conflitos entre "brasileiros" e portugueses em torno do governo de Pedro I, embates que culminaram na "Noite da Agonia" (12 de novembro de 1823), quando o imperador dissolveu a Assembléia Constituinte.
Retornando às negociações diplomáticas, foram constantes os reclames de Barbacena para que obtivesse credenciais e plenos poderes necessários para negociar junto à Inglaterra e demais potências europeias o reconhecimento da independência do Brasil. Entretanto, a medida só foi efetuada em janeiro de 1824. Então, as negociações pelo reconhecimento da emancipação política do país ficaram um ano e três meses com missivas sem qualquer valor legal, já que Caldeira Brant não tinha os papéis necessários para acordar qualquer tipo de negociação. Naquele mês, foram emitidas carta de poder geral nomeando Barbacena como ministro plenipotenciário para estipular, concluir, firmar e ratificar tratados ou convenções, particularmente com a Grã-Bretanha e com Portugal, tendentes ao reconhecimento da independência do Brasil e com qualquer potência europeia; carta de poder geral e especial para estipular e firmar qualquer tratado para a abolição do tráfico da escravatura; e, por fim, carta imperial para negociarem e ajustarem para o Brasil um empréstimo de três milhões de libras esterlinas na Europa.
A nova missão de Caldeira Brant em Londres consistia em continuar a negociar com a Inglaterra o reconhecimento da Independência, mas previa também a obtenção de empréstimos junto à casa bancária dos Rotschild para saldar despesas do Brasil recém-emancipado. O governo imperial vinha empregando grandes somas na pacificação das províncias recalcitrantes, especialmente do Norte, e precisava de insumos para desenvolver a sua economia.
Antes de retornar à Europa para tratar das negociações de reconhecimento da independência política do Império do Brasil, Barbacena, preocupado com a má repercussão do fechamento da Constituinte, articulou encontros em Salvador para reunir as principais autoridades baianas, bem como pediu ao imperador que adotasse e jurasse o projeto constitucional – que estava sendo elaborado por um Conselho de Estado criado pelo próprio monarca – como Constituição do Império do Brasil. Para assim, desvincular de d. Pedro I qualquer imagem que o associasse a um monarca absolutista, oque poderia ser mal visto por Canning. Em fevereiro de 1824, ele enviou carta ao almirante Thomas Cochrane, encaminhando ata de uma assembleia realizada no dia 10 de fevereiro, que continha o pedido para que o imperador adotasse o projeto constitucional como Constituição do Império do Brasil.
Restava ainda tratar do reconhecimento de Portugal à Independência, mediante a intervenção da Inglaterra. O encarregado de Londres, Charles Stuart, tinha total apoio de Mr. Canning para a empreitada, pois este já se mostrava publicamente a favor do reconhecimento puro e absoluto da categoria política do Império, conforme relatou caldeira Brant a D. Pedro, em 9 de fevereiro de 1825. Contudo, exatamente uma semana depois, em carta a D. Miguel Antônio de Melo, o embaixador do Brasil comunicou a interrupção das gestões entre a Inglaterra e Portugal. A situação não tardou a se reverter, pois seis meses depois, em 29 de agosto, Portugal e Brasil assinassem o tratado que selou a paz e oficializou o reconhecimento da Independência por parte da antiga metrópole. Não sem que D. João VI recebesse, segundo o acordo, vultosa soma - obtida junto à Corte de Londres - a título de indenização.
Nas preliminares do tratado de 25 de agosto de 1823, que reconheceu a Independência do Brasil, onde a tal respeito foi apresentado na conferência de 9 de agosto o seguinte Artigo Secreto: "Como por causa da aceitação da renúncia pessoal do imperador do Brasil, Pedro, à Coroa de Portugal, as Cortes de Portugal devem determinar qual dos filhos do imperador será chamado à sucessão daquela coroa por morte do presente rei: entende-se que as ditas cortes podem chamar à sucessão o filho mais velho do dito imperador do Brasil, ou a filha mais velha, na falta de descendência masculina".
Brant chegou a pedir ao imperador d. Pedro I autorização para arrecadar fundos, a fim de organizar uma expedição militar para enfrentar Portugal e fazê-lo capitular e, assim, concordar com a separação política brasileira. No fim, a interferência inglesa foi determinante para a assinatura do tratado de 29 de agosto de 1825 entre Portugal e Brasil, com a instalação da “Missão de Charles Stuart”, no começo daquele ano, um acordo que feriu a “dignidade brasileira” e que não contou com a plena concordância de Caldeira Brant, como ele mesmo revelaria anos mais tarde em carta a d. Pedro I durante a crise de sucessão do trono português.
Nas negociações para o reconhecimento da Independência pela Inglaterra, Mr. Canning condicionou o reconhecimento inglês a abolição da escravidão no Brasil. Oportunidade, que estando em Londres, Caldeira Brant enviou seu filho ao Rio de Janeiro com a proposta inglesa. A proposta foi sumariamente recusada por d. Pedro I e José Bonifácio. Bonifácio, apesar de se dizer abolicionista, respondeu que estando o congresso a reunir-se não tomava essa responsabilidade.... e tudo se concluiu pagando o Brasil dois milhões libras esterlinas; quando aceitando a proposta inglesa o país não pagaria essa soma e se teria livrado desse elemento bárbaro.
O empréstimo foi feito a firma Rothschild, em condições melhores do que propunha anteriormente o então ex-ministro João Maciel da Costa, que veio a ser demitido. Nesse, Brant conseguiu um valor de três milhões com juros anuais de 7%, contra a proposta anterior, em que o empréstimo seria em um valor menor, de: duzentos e cinqüenta mil, com juros maiores, de: 10% anuais, pela firma, também inglesa, Samuel Phillips & Cia.
O tratado estabeleceu o reconhecimento por parte do Império brasileiro de uma dívida de três milhões de libras com a monarquia britânica. O acordo legitimava, ainda, a separação dos dois reinos por uma transferência voluntária de direitos, a qual d. João VI, “Imperador do Brasil e Rei de Portugal e Algarves”, cedia e transferia de imediato a d. Pedro, seu filho e sucessor, a soberania do Império do Brasil, sendo ele denominado “Imperador do Brasil e Príncipe Real de Portugal”.
As cláusulas pecuniárias se deram, não porque “comprou-se a independência” como se passou para posteridade, mas como ajuste de dívidas contraídas junto a Inglaterra quando do Reino Unido de Brasil-Portugal, em condições vantajosas para o Brasil, com sua quota nos encargos comuns com Portugal, quando una a monarquia. Esse é o parecer do barão do Rio-Branco, posteriormente, relatando sobre o caso.
Concordando plenamente ou não com todas as cláusulas no acordo de reconhecimento de independência com os portugueses, o fato é que as negociações renderam a Caldeira Brant o título de visconde com honras de grandeza de Barbacena em 3 de novembro de 1825.
Retornando ao Brasil, o agora visconde de Barbacena assumiu o cargo de senador do Império depois de ser eleito por três províncias: Minas Gerais, Alagoas e Bahia. D. Pedro I escolheu que ele exercesse seu cargo por Alagoas.
Todavia, pouco tempo ficaria no exercício de seu mandato vitalício. Seria convocado por d. Pedro I para assumir as tropas brasileiras no conflito na Cisplatina. Para isso, recebeu o título de marquês de Barbacena em 4 de novembro de 1826. Lá, encontrou um exército desorganizado, indisciplinado, faminto, com soldos atrasados, sem vestimentas necessárias e com um número de forças militares insuficiente para o embate. Barbacena associava as más condições das tropas ao resultado de ações ineptas do conde de Lages, ministro da Guerra na época do conflito. Barbacena conseguiu transformar um “bando” em um exército organizado e combativo e que fez frente ao numeroso exército portenho comandado pelo general Alvear.
Quando se defrontou o exército imperial, comandado por Barbacena, contra o exército platense, comandado por Alvear. Barbacena se encontrava desfalcado de 1.500 cavaleiros de Bento Manoel, aonde até hoje pairam dúvidas, de sua fidelidade, e por assim, da razão do seu desencontro com a tropa imperial. Em uma batalha de campo aberto, a cavalaria é por excelência uma carga de ataque. A tropa de Barbacena resistiu bem aos ataques da cavalaria platina, nenhum quadrado (formações de defesa da infantaria) brasileiro foi desfeito. Contudo, faltou uma cavalaria para desferir contra-ataques que teriam resultado no aniquilamento completo das forças de Alvear. Muito provavelmente, já com pouca munição e revezes, Alvear ateia fogo no campo, e a tropa brasileira se retira sem ser perseguida, e de igual modo faz Alvear. Terminava assim a Batalha do Passo do Rosário (ou Ituzaingó) em 20 de fevereiro de 1827.
As opiniões públicas veiculadas, quase todas, por jornais de oposição a d. Pedro I, propagaram a narrativa como uma derrota. Não há uma só linha, a quem tiver curiosidade de ler as publicações da época, sobre o desenvolvimento tático da batalha. Apenas falam da inexperiência de Barbacena como general, e o raciocínio binário de que não tendo aniquilado o exército platense, "por certo" fora uma "derrota". O caso, é que depois desse episódio, as Províncias Unidas do Prata (que virá a ser a grosso modo a Argentina) não fez mais nenhuma incursão em território brasileiro, antes, o exército platense foi desfeito, e Alvear ao chegar em Buenos Aires repreendido e preso. Ao passo, que Caldeira Brant foi condecorado por D. Pedro I, após a batalha, com a Grã-Cruz do Cruzeiro.