"Um Estado gigante, um verdadeiro continente,
uma nação-continente!"
Pierre Deffontaines,
proeminente geográfo francês
ao se referir ao Brasil.
Nação como denuncia a própria
terminologia significa “nascidos de...”, oque compreende uma ascendência comum.
Nem precisaríamos recorrer ao termino grego “genos”, que também remete a uma
ancestralidade comum.
Na Gália, Júlio César reporta, que todos os
gauleses afirmavam descender de Dis Pater. Os irlandeses guardaram essa tradição mítica
e referiam à Galiza, como o berço do qual descendiam. Cria-se que Breogan era o
avô-divino da teuta.
Para os celtas, mesmo os filhos adotivos,
não provindos diretamente dos laços matrimoniais, eram tidos como parte da
teuta(nação), por possuírem essa descendência comum.
No atual hino da Galiza, seu autor, Pondal,
alude a Breogan como mítico progenitor de todos os galaicos. A "nação de
Breogan", de todos aqueles com ascendencia em Breogan, e por conseguinte, galaicos, seriam todos os seus
descendentes.
De modo que, o conceito de
"nação", remete a uma descendência comum de algum personagem mítico,
ou sanguíneo (o genitor)". Na antiguidade a transmissão cultural: valores,
crenças, línguas, etc.... estavam intrinsecamente interligados a
descendência, porque assim se operava a transmissão cultural, de forma
orgânica. Mesmo povos eventualmente submetidos, tendiam a se integrarem e assim
eram absorvidos.
De sorte que o deturpamento ideológico
atual, de “nacionalismo” no Séc. XX, é flagrante, em completo desalinho com sua
concepção original. Especialmente na idéia difundida da equiparação do conceito
de “nação” a um padrão racial. Oque são coisas distintas.
Por “raça” se compreende um padrão homogêneo
de caracteres físicos de um agrupamento humano. Quando a antropologia passou a
se debruçar com mais vigor sobre o assunto, vários estudiosos da época, já
apontavam que os grupos raciais humanos, em especial os da Europa, já se
encontravam amplamente misturados.
Então se levarmos em conta a “raça” como
equivalente a um elemento definidor da nacionalidade, para efeito de lógica,
mesmo recuando no tempo e no espaço, no início das formações nacionais da
Europa. NENHUM! Nenhum país atualmente subsistiria como entidade nacional. O caso
da Alemanha é sintomático, a Baviera, de raça alpina(majoritariamente, havendo
outros elementos presentes), contraposta ao norte saxão. Sem levar em conta as
profundas diferenças culturais de credo e língua, completamente antagônicos. De
mencionar ainda o berço da “nacionalidade alemã” com a antiga Prússia, báltica,
sem qualquer ligação com os germanos. Falamos da Alemanha apenas por uma
questão simbólica, de sempre mencionarem-na como exemplo de um corpo nacional.
Itália, França, Inglaterra, Espanha, Rússia, etc.... são casos ainda mais
gritantes.
Reiteramos que a definição da nacionalidade
não se liga a um padrão racial homogêneo, que é um deturpamento ideológico
surgido em fins do Séc. XIX. Mas sim, a uma origem comum, consanguínea. Oque
não necessariamente resulta em um padrão racial.
É bem possível, e natural, que um agrupamento
humano, estabilizado, que não sofra influxos externos, venha constituir com o
tempo, e de forma orgânica, um padrão racial homogêneo. Sendo isso
conseqüência e não fator original de sua unidade.
Contudo, não basta a consanguinidade. O
fator decisivo para configuração de uma nacionalidade reside na sua unidade
política, Assim pois, se explica as diversas tribos celtas, nunca terem
constituído uma nação, pois careceram de unidade política, que lhes
conferissem esse status quo.E no que pese, antes dominarem praticamente
toda Europa continental, todas caíram sob julgo de outros povos, com
exceção de Portugal, que se constituiu como nação, e veio a ser o único país de
orígem celta com soberania. A Irlanda, só recentemente consegue
ascender a soberania e mesmo assim, não conserva seu nome de orígem
"Eire", tomará o nome dado por seus algozes ingleses
"Ireland". Eslavos, germanos, helenos.... são todos povos que dispõe de
uma orígem comum, mas se encontram pulverizados em diversas nações, isso porque
reiteramos, o fator decisivo para a nacionalidade reside na unidade
política.
Alguns autores, falam da necessidade de
haver consciência da nacionalidade. Somos de acordo, apenas ponderamos que essa
"consciência" se materializa mediante uma unidade política.
Finalmente aplicando esses conceitos aos
brasileiros, vemos de forma muito evidente como os brasileiros constituem uma
nacionalidade mais do que de quantas haja na Europa ou no resto do
planeta. A primeira formação nacional das Américas! Anterior a imensa maioria
das atuais formações nacionais europeias.
Todos os brasileiros, praticamente em sua
esmagadora maioria, tem como ancestralidade comum aquela proto-célula luso-tupi
que lhes deu a base da nacionalidade. Um Estado próprio, um território próprio,
uma unidade política incomum para um país de proporção continental, que nem
Rússia, nem EUA, nem tão pouco Canadá detém.
Este Estado do Brasil que desde o Séc. XVI é
visto como unidade política, com armas e brasões próprios. Mesmo a política
mesquinha da Metrópole quando tenta bipartir o Brasil em dois, o
Estado do Maranhão, todo aquele norte, com o Brasil ao sul, não passam de atos
infecundos, porque a unidade do Brasil já estava feita e a vida nacional segue
normalmente.
As levas de imigrantes despejadas no Brasil,
ao contrário do que sucedeu nos EUA, Argentina e Uruguai, nunca suplantaram a
população original, a ponto de se
dizer na Argentina, que os seus descendentes dos heróis de 17, foram substituídos por gente
outra estranha a sua história. No Brasil não, o contingente imigratório sempre
foi ínfimo ao da população original. De se assinalar, que mesmo esse baixo
contingente, logo em sua primeira geração se liga aos nacionais. No caso da
imigração italiana, a segunda mais numerosa, 70% de italianos imigrados, em sua primeira geração, casam-se com brasileiras e 40% das italianas com brasileiros.
A ressaltar que o maior corpo imigratório
para o Brasil, de longe, foi o português, vindo depois italianos e em terceiros
"espanhóis" sendo 80% desses galegos, daí a imigração espanhola ter
passado tão desapercebida entre os brasileiros. Contingentes alemães, japoneses
tão insistentemente repetidos pela boca de alguns, foram agrupamentos
insignificantes. Basta comparar os números dos 3 maiores grupos imigrantes do
Brasil (portugueses, italianos e espanhóis) aos dos EUA, para
mensurar o quão ínfimo foram os corpos imigratórios para o Brasil. Mesmo a
imigração italiana para a Argentina foi muitíssimo maior do que a ocorrida no
Brasil.
Em suma, tudo isso apenas para ficar
evidente que não houve impacto populacional na recente imigração para o
Brasil.
De mencionar ainda que alguém que
analise a distribuição humana no Brasil, notará que determinadas faixas
apresentam um maior ou menor grau de determinado biotipos humanos. A
Faixa litorânea, que se estende de Pernambuco ao Vale do Paraíba em
São Paulo, apresentará um maior número de biotipos mulatos, isso porque era zona canavieira, aonde se empregou mais amplamente o trabalho escravo. Oque não
desnatura serem populações com mesma origem luso-tupi presentes em todo o território
nacional, apenas variando em seu maior ou menor grau com outros
contingentes.
Tudo isso já foi amplamente dito e repetido por
historiadores e antropólogos brasileiros e comprovado geneticamente. Sérgio
Penna, geneticista, e profº da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais,
após realizar amplos estudos genéticos na população brasileira constatou que
os brasileiros de diferentes regiões são geneticamente muito mais homogêneos do que
se esperava. Segundo o geneticista Sérgio Pena:
“Pelos critérios de cor e raça até hoje
usados no censo, tínhamos a visão do Brasil como um mosaico heterogêneo,
como se o Sul e o Norte abrigassem dois povos diferentes. O estudo vem mostrar
que o Brasil é um país muito mais integrado do que pensávamos.”.
Ver também:
01. O Castilhismo como Materialização do Período dos "Cinco Bons Imperadores".
Ver também:
01. O Castilhismo como Materialização do Período dos "Cinco Bons Imperadores".
09. Ethos Brasiliensis:
12. O Brasil Hespérico.
17. Uma Grécia nas Ribeiras do Atlântico Sul.20. Dia de Todos os Santos, o Culto aos Mortos, uma Fé Celto-Católica
21.O Nacionalismo Como Tomada de Consciência em Defesa da Cultura Brasileira Contra o Imperialismo.
21. Sangue e Tradição - Os Elementos Caracterizadores do Nacionalismo Brasileiro.22. As Terras Altas do Brasil e Sua População Montanhesa
21.O Nacionalismo Como Tomada de Consciência em Defesa da Cultura Brasileira Contra o Imperialismo.
21. Sangue e Tradição - Os Elementos Caracterizadores do Nacionalismo Brasileiro.22. As Terras Altas do Brasil e Sua População Montanhesa