A idílica imagem, do Brasileiro miscigenado está longe da realidade, e a genética a desmente.
Antes, levantamentos demográficos já indicavam uma forte tendência dos brasileiros se casarem dentro de seus respectivos grupos étnicos e socioeconômicos ao longo de sua formação. Um recente mapeamento genético, o mais amplo sobre a ancestralidade brasileira já realizada, reforça esta visão, e revela um nível de miscigenação bem menor do que se cria.
Eduardo Tarazona Santos, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, através da EPIGEN-Brasil (projeto de investigação de predisposição da população brasileira em desenvolver doenças complexas tendo em vista do seu nível relativamente alto de miscigenação, o maior do tipo na América Latina), identificaram o quanto do genoma de 6.497 brasileiros, seriam de origem europeia, africana ou ameríndia.
Africana
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Européia
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Ameríndia
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|
Salvador - BA
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50,8%
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42,9%
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6,4%
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Bambuí - MG
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14,7%
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78,5% |
6,7%
|
Pelotas - RS
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15,9% |
76,1%
|
8%
|
Os resultados corroboram os estudos demográficos e históricos sobre a população brasileira. A estrutura social brasileira em seus dois primeiros séculos de formação se estruturou em torno de clãs consanguíneos (Ver: Clãs Brasilaicos), se processando os casamentos no seio do próprio clã parental, a miscigenação ocorreu de forma abundante, porém, essa se processou de forma extra-conjungal, gerando inúmeros bastardos, de modo que esses mestiços sempre ocuparam a camada baixa da população. Casos emblemático de entrelaçamentos interraciais se registra ao longo da história, mas são exceções e não regra. O percentual de genes europeus entre a população parda do Brasil revela bem essa faceta.
Um recente trabalho do geneticista Sérgio Danilo Pena, da UFMG, mostra que a população que se auto-declara parda apresenta forte contribuição européia em seu DNA. Foram analisados o DNA de 934 brasileiros em quatro Estados: Pará, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Apresentando um percentual de genes europeus entre a população parda de 44% à 68,6%.
A contribuição genetica africana, é surpreendentemente menor do que a europeia mesmo entre os que se declaram negros, variando entre 27,5% à 45,9%; entre pardos 10,6% à 44,4%; e entre brancos: 7,7% à 24,4%.
É de se observar que com exceção do Rio Grande do Sul, os outros três Estados, são especialmente bastante miscigenados, oque não ocorre no restante do país, oque se deduz que essa contribuição europeia seja ainda maior, como se comprova pelo estudo conduzido por Eduardo Tarazona, posterior a esse do Sérgio Pena.
Esses levantamentos, são recentes. Décadas passadas, esse status quo deveria ser ainda mais definido, posto que, nos último anos, conforme dados do IBGE, tanto a população negra e parda tem aumentado em detrimento da branca, como tem-se registrado também o aumento de casamentos interraciais.
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