segunda-feira, 24 de junho de 2019

A Imigração Basca para o Brasil nos Primeiros Séculos de Colonização.


Esse é um artigo parcial, que tende a ser acrescido no futuro, como parte complementar sobre a Imigração Espanhola para o Brasil. Abordando a presença de famílias bascas nos primeiros séculos de colonização. Não abordaremos a presença de bascos que vieram no bojo da imigração em massa, ocorrido entre fins do Séc. XIX e começo de XX, somente os dois primeiros séculos, quando da formação do Brasil.Trata-se de um tema pouco abordado e mesmo de difícil levantamento, seja na questão da influência espanhola durante a União Ibérica, seja ainda mais, relativo aos bascos. Contudo, nos propomos a esboçar alguns apontamentos esparsos, que aproveitamos para nesse espaço condensá-los e somar para uma melhor visão sobre o influxo da presença basca, e por conseguinte, espanhola no Brasil.  

Pesquisas genéticas recentes, nos países hispânicos, tem revelado uma maior contribuição basca do que se supunha até então. No Brasil, algo similar parece ter se processado, e o indício disso é uma significativa ocorrencia do fator Rh- negativo, entre os brasileiros, 18%. Nos países europeus, essa média raramente ultrapassa 9%, incluso Portugal, o pico de ocorrencia de fator Rh negativo ocorre na Euskádia (país Basco) com 36%, outros países com Rh negativo significativos, são: Escócia, Irlanda, EUA e Austrália em torno de 15%. (O Sangue dos Deuses entre os Brasileiros)
Mendonça

Saraiva
Uma das hipóteses que levantamos para esse alto índice entre os brasileiros é a ocorrencia de uma propagação de forma endogâmica em meio a uma população ainda rarefeita.  Analisando algumas famílias de origem biscainha, verificamos justamente oque avessamos.  É o caso ilustrativo da Família Mendonça Saraiva em Pernambuco, que "desceram de Viszcaya, das montanhas...", e que foram das primeiras famílias a aportarem em Pernambuco, nos idos de 1540. Um casal de irmãos, casaram com outro casal de irmãos. Mantendo os dois sobrenomes, ambos de origem basca: Mendonça e Saraiva.  

Uchoa
Urrea
Ainda em Pernambuco, temos os Noballas y Urrea, que se entrelaçam com os Mello(s). Consta ainda em Pernambuco os Uchoa (Otxoa), também de origem basca. Os Oroscos que se entrelaçam com os Veigas.

Kaspar van Mere, holandês, em Pernambuco, casado com Isabel Peradas/Peredas, de origem basca, e com ramificação na Bahia.

O capitão holandês Albert Gerritsz Wedda se casa com Isabel de Acha (Atxa), pernambucana de procedência basca, com descendência. 

Garro
Com a união ibérica várias famílias de origem espanhola, dentre os quais, bascos, são desginados para ocupar no Brasil cargos de Administração e militar. Por exemplo é o caso do Capitão-Mor da Parahyba Lopo Curado Garro, de origem basca, designado para comandar as tropas da Parahyba contra os holandeses. Disso resultará sua ligação com a família Vidal de Negreiros. 

Na defesa da cidade de Filipéia, quando da invasão holandesa, atual João Pessoa - PB, se registra na resistência, o nome do capitão Domingo Arriaga,  que seria "gente de la ciudad", ou seja morador local, e que viria a ser morto no curso da invasão.

No Rio Grande do Norte temos o Capitão-mór João Lostau Navarro, basco do lado ocupado atualmente pela França, um dos mártires chacinado no Engenho Cunhaú, que era casado com Luzia da Mota, tendo uma de suas filhas casada com o oficial holandês Jore Garstman.
Clã da Família Aguirre

Na Bahia o mesmo ocorrre com o capitão Pedro Aires de Aguirre, designado para defesa do forte Monserrat, tomando parte na expulsão dos holandeses em 1626, e mesmo nos episódios da tentativa de invasão em 1636. Vindo posteriormente a ser Senhor de engenho na Bahia, se unindo aos Meneses. Um irmão de Pedro Aires de Aguirre, Diogo Aires de Aguirre, se estabelece em São Paulo. Na Bahia esse ramo se liga aos Quaresmas, Pereiras e Gonçalves Laço.

Um dos mais antigos registros de bascos no Brasil, e por desiderato, na Bahia, é o de Diogo de Zorrilla que teve uma filha, Antônia Fogaça (n. 1563), que se casa com o célebre sertanista Antonio Dias Adorno.

Em 1676 João Cardoso Pizarro casa com sua prima Maria Luiza Vargas na Bahia, com descendência.  

Em Salvador ainda se registra um casal espanhol Escobar Aguirre, que tem filhos na terra e que se unem aos Teles e Carvalho Pinheiro.

Na Bahia, temos ainda os Peradas/Peredas também de origem basca, que se uniu aos Siqueira Cabral e sua descendência aos Melo de Vasconcelos.

Consta ainda os Uguí que se entronca com os Adornos, depois com os Souza, França, Campos, assim sucessivamente. 

Ainda na Bahia, há os Uzêda Ayala, uma das primeiras famílias a se estabelecer no Brasil, nos primórdios da sua colonização na ilha de Cayru, se unindo aos Góes e Saraivas. 

Na capitania de Ilhéus, parte atual da Bahia, temos os Espina que se entrelaçam com os d'Eças. Os Garcez, com os Barros, e seus descendentes com os d'Eças e Barbosas.

Ortiz
No Espírito Santo, temos o registro da heroina Maria Ortiz, que desencadiou a reação contra a invasão holandesa em Vila Velha-ES. Seus pais eram provenientes diretamente de Vizcaya.

Em São Paulo, tem-se notícia de Diogo Unhates (Oñati), que da Bahia se estabelecera em São Vicente e que posteriormente viria a ser um dos fundadores da cidade de Paranaguá, no Paraná, se ligando aos Nunes.  

É documentado no início de 1600 a vinda de Pedro de Urrecha à Bahia, que introduziu a indústria da pesca das baleias, e que trouxe consigo gente de Viscaia. Talvez, esse episódio, justifique uma maior incidência de nomes bascos provenientes da Bahia.

De São Paulo temos ainda os Camargo, dos mais poderosos clãs da capitania  e mesmo do Brasil no período colonial. Os Camargo são originários do vale de Camargo (Santander, País Basco), de onde se espalharam por Santillana (Santander), Castrojeriz e Roa (Burgos), Agreda (Soria), Pozal de Gallinas (Valladolid), Placencia (Cáceres) e Guadalajara. Registra-se como cabeça de clã: Jusepe Ortiz de Camargo ("José Ortiz de Camargo"),  natural de Burgos, que veio a S. Paulo na última parte do século 16.º, f.º de Francisco de Camargo e de Gabriela Ortiz, n. p. de Luiz Dias de Camargo e de Beatriz de la Peña. Em S. Paulo casou com Leonor Domingues, falecida com testamento em 1630 na mesma vila no estado de viúva de seu marido, f.ª de Domingos Luiz - o Carvoeiro - cavaleiro fidalgo, e de Anna Camacho.

Consta ainda em São Paulo, em 1590, Sebastiana Unhatte casada com Jorge Dias Velho, com descendência em São Paulo e Minas Gerais.

Registra-se em São Paulo, em Itu, Antonio Borges, sendo seus pais: Antonio Bicudo e Angela Costa, naturais de Biscaia, tendo passado a Évora em Portugal e daí para o Brasil. Antonio Borges foi casado com Joana Almeida em Itu-SP, em 1707.

Ainda em São Paulo, os Barojas que se entroncam com os Ribeiros e posteriormente com os Lemes. 

Soma-se os Carracos, que em São Paulo se ligam aos Fernandes e Paes, em Pernambuco também se registra outra estirpe dos "Carrasco".

No Rio de Janeiro temos Salvador Correa de Sá e Benevides que se casa com D. Juana Catalina Ramirez de Ugarte y Velasco. 

Por hora correlacionamos essas 26(vinte e seis) famílias de origem bascas, registradas nos primeiros séculos de colonização. Nosso levantamento é ainda incipiente, a que futuramente aditaremos outras, devendo haver registros paroquiais Brasil afora, que a quem por ventura tiver, e puder fornecer-nos informações, agradecemos de ante-mão a contribuição.


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