terça-feira, 16 de julho de 2019

A Imigração Germânica no Brasil


Oque se toma como 'imigração alemã', trata-se na verdade, de populações de língua germânica, com seus inúmeros dialetos, muitas vezes incompreensíveis entre si, que imigraram para o Brasil.  A atual Alemanha se constituiu como Estado nacional somente em 1871 com o Império Prussiano, quando se instituiu o atual alemão padrão, que é uma língua artificial, empregado apenas como língua literária no Séc. XIX com a tradução da bíblia por Martinho Lutero.

Antes, oque se conhece por "alemães" eram imigrantes oriundos da Confederação dos Estados Alemães (1815-66), da Liga Setentrional Alemã (1866-71), dos Estados Meridionais Alemães (1866-71), do Império Austro-Húngaro (1867-1918), do Império Prussiano (1871-1918) e imigrantes de outros países de língua germânica, notadamente Suíça e Holanda.
"A composição da Confederação dos Estados Alemães também chamada de Liga Alemã era, politicamente, muito diversificado: 35 estados independentes e 4 cidades livres. Consistia numa união pouco coesa de estados soberanos. Além da Áustria (até 1866), dela participaram os reinos da Prússia, Baviera, Württemberg, Hannover (sob o domínio do rei da Inglaterra) e Saxônia; os Grão-Ducados Mecklemburg-Schwering-Strelitz, Oldenburg, Hesse-Darmstadt, Saxe-Weimar e Baden; o eleitorado de Hesse-Kassel; os ducados de Brunswick, Nassau, Anhalt-DessauBernburg-Göthen, Saxe-Koburg-Gotha, Saxen-Meiningen-Altenburg-Hildburghausen e Holstein (sob o domínio do rei da Dinamarca); parte da Holanda (sob a jurisdição do Gran-Duque de Luxemburgo); as quatro cidades-livres de Frankfurt/Meno, Bremen, Hamburgo e Lübeck, somados ainda de um grande número de pequenos principados independentes."
Império Áustro-Húngaro era constituído pela Áustria (Boêmia e Morávia - e pelos poloneses - Galitzia). Ambos os países encontravam-se unidos pela instituição monárquica, representada por Francisco José I, ao mesmo tempo imperador da Áustria e rei da Hungria. Cada país responsabilizava-se pela respectiva administração interna; a fusão, entretanto, configurava-se em questões relativas a política externa, à economia e à guerra que eram regidas por ministérios comuns.


Antecedentes:

A presença germânica no Brasil é registrada desde a época do seu Descobrimento, em que se encontravam entre a tripulação da esquadra de Pedro Álvares Cabral, o astrônomo Meister Johann e o cozinheiro, nascidos no que hoje é a Alemanha. Também digna de registro é a presença de Hans Staden que caiu prisioneiros dos Tupis, e escreveu:  "Duas Viagens ao Brasil", em 1557. Sua obra, é um dos registros mais importantes, ainda hoje, no campo antropológico, sociológico, linguístico e cultural sobre a vida, os costumes e as crenças dos tupis.

Essas presenças esparsas, não importou em estabelecimento à terra, oque só ocorrerá com as Invasões holandesas no Brasil, inicialmente em 1624 na Bahia e posteriormente em 1630 em Pernambuco (Nieuw Holland), que perdurará até 1654. Período em que se destaca a figura de Johan Maurits van Nassau-Siegen, que governou Pernambuco e as possessões holandesas no Brasil de 1637 à 1644,  e que pelo brilhantismo de sua administração ficou conhecido como: "Período Naussaviano".

Desse estabelecimento holandês (1630-54) reporta-se ter havido uma numerosa descendência deixada no Brasil, ainda hoje registrada geneticamente na população setentrional no nordeste brasileiro. De mencionar que a composição das tropas holandesas eram bastante heterogêneas, compostas não só por holandeses, como por mercenários de regiões circunvizinhas. Segundo estimativas, as tropas "holandesas" eram compostas por cerca de 30% oriundos do que é atualmente a Alemanha, especialmente das regiões da Vestfalia, Baixo-Saxônia, e Schieswig-Holstein, 3% da Dinamarca, 10% da Inglaterra/Escócia, 7% franceses, da região da Normandia, 10% do que é atualmente a Bélgica, e o restante, 40% de holandeses propriamente, etc... (ver: A Imigração Holandesa no Brasil Colonial)
Estados de origem de
alemães da WIC.


De famílias de origem germânicas, anteriores as invasões holandesas, registra-se a presença da Família Lins/Linz, Lemes (Lems), Holanda, Betim (Bettinck), Peres(Peters), Brum, Dutra (Urtrech), bem como dos irmãos Beckmans, no Maranhão, que protagonizaram o primeiro levante nativista do Brasil: "A Revolta de Beckman", em 1670.

Deve-se mencionar a presença normanda no Brasil, e que foi uma das bases da formação nacional brasileira, ao longo de todo primeiro século de colonização, com as ditas "invasões francesas", no que pese, já serem contingentes "afrancesados", de lingua latina (francesa). (Ver: A Presença Normando-Bretã (francesa) na Formação do Brasil)



O Início da Imigração Germânica no Brasil

O processo de colonização sistemática, e em massa de povos germânicos para o Brasil, só vem a ocorrer no início do séc. XIX, por ocasião do casamento entre o então príncipe D. Pedro de Alcântara com a arquiduquesa austríaca Dª Maria Leopoldina em 1817. O casamento entre ambos era resultado de uma aliança estratégica entre as monarquias de Portugal e da Áustria, com o intuito de fortalecimento dos laços entre os reinos, de ideais absolutistas, como forma de se contrapor à excessiva influência da Inglaterra. Já a Áustria via o novo império luso-brasileiro um importante aliado transatlântico que se inseria perfeitamente nos ideais da Santa Aliança.

Após as guerras napoleônicas, um grande número de veteranos de guerra, de descendência germânica, recebeu asilo político do Brasil, e outros vieram trabalhar nas fazendas como mão-de-obra assalariada.

Esses imigrantes foram trazidos por Georg Anton von Schäffer, alemão radicado no Brasil e major do exército brasileiro, sob ordens da Imperatriz Dª Leopoldina, de ir à Áustria, trazer soldados para formarem o Batalhão de Estrangeiros, afim de reforçar a defesa dos territórios do sul; porém o major não conseguiu recrutar soldados na Áustria, uma vez que o recrutamento de soldados estava proibida na Europa pós-napoleônica. Assim, ele rumou para Baviera, Hesse, Hanôver e Hamburgo, onde angariou apoio de grão-duques e de condes, desejosos de exportar marginais e criminosos para fora da Alemanha, seguindo uma prática de higiene social. Os governantes exigiram um acordo legal que os imigrantes não poderiam voltar à Alemanha para reivindicar proteção social. Para isso, Schäffer forjou documentos que garantiam a naturalização dos imigrantes.

Centenas de presidiários alemães foram recrutados em cadeias e casas de correção de Mecklenburg para serem mandados para São Leopoldo. Contudo, milhares de alemães indigentes, ao saberem que o Brasil estava oferecendo terras, foram para Bremen e Hamburgo em busca de uma passagem, mas se recusaram a assinar contrato de serviço militar. Schäffer recebeu autorização do Rio de Janeiro para permitir a vinda deles mesmo assim.

Por fim Schäffer partiu de Hamburgo em junho de 1824, no navio Germania, com 277 soldados a serem incorporados ao Corpo de Estrangeiros e 124 colonos para serem enviados para a colônia de São Leopoldo, que recebeu esse nome em homenagem à Imperatriz Leopoldina.

A colônia de São Leopoldo, foi o primeiro estabelecimento germânico no Rio Grande do Sul, com 39 imigrantes assentados na margem sul do rio dos Sinos, em julho de 1824.

Antes, a primeira colônia alemã no Brasil foi fundada em 1818 no sul da Bahia, pelo naturalista José Guilherme Freyreiss que criou a colônia Leopoldina, onde foram distribuídas sesmarias para colonos alemães, porém a colonia não vingou. Os colonos se dispersaram e a mão de obra imigrante foi substituída pela escrava.


A Imigração Suíça:

Os primeiros imigrantes suíços chegaram ao Brasil entre 1819-20, oriundos do cantão de Friburgo. Dom João VI batizou o lugar de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Eram ao todo 261 famílias, totalizando 1.682 imigrantes. O segundo movimento seria dos imigrantes alemães, cerca de 400, que também se estabeleceriam em Nova Friburgo no ano de 1824, vindo substituir muitos dos suíços que abandonaram seus lotes e se dispersaram por toda a região serrana e centro norte de estado do Rio de Janeiro em busca de terras férteis e mais acessíveis.


A Imigração Tirolesa (Tirol do Norte):

A colonia D. Pedro II (Juiz de Fora - MG) recebeu os primeiros imigrantes tiroleses (de Tirol do Norte, Áustria) em 1852, cerca de 270.

Embora a presença de imigrantes austríacos de língua alemã seja registrada desde 1824, a primeira colônia austríaca do Brasil é a pequena Colônia Tirol (Dorf Tirol), fundada em 1859 por tiroleses de língua alemã no território da antiga colônia imperial de Santa Leopoldina - ES. Aos austríacos, juntaram-se imigrantes alemães, suíços, luxemburgueses e holandeses.

O jesuíta Teodoro Amstad registrou a comunidade de Novo Tirol no vale do Rio Caí, atualmente no município gaúcho de Nova Petrópolis. Fundada, provavelmente, entre 1873-74 por tiroleses de língua alemã (ou bilíngues) vindos do Tirol Meridional, a comunidade se inseriu na realidade da maioria dos imigrantes alemães.

Os tiroleses e trentinos eram quase todos católicos, no Tirol não se permitia liberdade de culto aos protestantes, tanto é que, ainda em 1837, 400 habitantes do zillertal emigraram para a Silésia, para lá terem direito a exercer livremente a sua fé. A partir da revolução de 1848, foram feitas algumas concessões ao protestantismo austríaco. mas só no ano de 1861, foi decretada a liberdade religiosa total, o que significava cidadania plena e liberdade para as comunidades elegerem seus religiosos.


A Imigração Bohemia:

A identidade austríaca dos imigrantes boêmios se faz notar no Rio Grande do Sul nos nomes da Colônia Nova Áustria (Neu Österreich), fundada em 1873 na região de Paverama, ou na Linha Áustria, no município de Santa Cruz do Sul.

Em 1893, cerca de 50 famílias de imigrantes austríacos de língua alemã se instalaram na Linha 6 Leste, em Ijuí, no Rio Grande do Sul. Boa parte desses imigrantes era originária da Boêmia.

Imigrantes da Boêmia também se estabeleceram na cidade gaúcha de Venâncio Aires (Linha Cecília, Linha Isabel e Alto Sampaio), bem como nas antigas localidades coloniais de Conde D’Eu e Campos dos Bugres, atualmente nos municípios de Bento Gonçalves e Caxias do Sul. O governo imperial brasileiro havia tentado povoar a Serra Gaúcha inicialmente com boêmios e alemães do Volga (Rússia), introduzindo ali cerca de cinquenta famílias da Boêmia saídas de Venâncio Alves; os alemães não aceitaram o local e se transferiram para a Argentina, ao passo que muitas famílias de boêmios se dispersaram por conta das difíceis condições (Umann, 1997; Amstad, 1999; Frosi, 2000). Na cidade de Farroupilha existe a Linha Boêmia, pertencente ao distrito de Nova Milano e na divisa com o município de Feliz, de colonização alemã.

Demais imigrantes boêmios também se instalaram na cidade catarinense de São Bento do Sul e ali fundaram, entre 1895 e 1898, a Sociedade Auxiliadora Austro-Húngara. O principal motivo da criação de uma sociedade austríaca naquela cidade era o clima de disputa com os colonos alemães, uma vez que estes haviam fundado, em 1895, uma sociedade de atiradores com membros das guerras de 1864-66, na qual os prussianos combateram contra os austríacos.


A Imigração Bucovina:

Bucovinos de língua alemã imigraram para o Brasil entre 1877 e 1878 e se estabeleceram principalmente nas cidades de Rio Negro e Lapa (Colônias Johannesdorf/São João e Marienthal), no Paraná, Mafra (Colônia Imbuial) e Itaiópolis (Colônia Lucena), em Santa Catarina. Um pequeno grupo de bucovinos saiu de Rio Negro e se estabeleceu na região catarinense de Canoinhas.

No Brasil, os imigrantes bucovinos que se estabeleceram em Rio Negro receberam assistência do cônsul austríaco Dr. Okeki.

Em SC foi fundada a colonia de Treze Tílias, que foi a mais recente colonia Austríaca no Brasil, fundada em 1933 por Andreas Thaler, ex-ministro da agricultura da Áustria.

Em 1921, um pequeno grupo de imigrantes da região de Vorarlberg se estabeleceu na cidade paulista de Itararé, onde fundaram a Colônia Áustria, na área conhecida como Bairro da Seda.


A Imigração Danúbio-Suábia (Donauschwaben):

Após a Primeira Guerra Mundial (1914–18), com o fim do Império Austro-Húngaro, um número considerável de austríacos imigrou para o Brasil, estabelecendo-se (às vezes, juntamente com imigrantes prussianos) nas regiões Sudeste e Sul. Também suábios do Danúbio (Donauschwaben), que habitavam a região do Banato, pertencente ao Reino da Hungria, formaram uma próspera comunidade em Entre Rios, no Paraná.


Entre 1895 e 1897, entraram no Brasil aproximadamente 20 mil austríacos de língua ucraniana, todos originários da região austríaca da Galitzia. Estima-se que, até 1918, cerca de 45 mil imigrantes ucranianos de nacionalidade austríaca e russa entraram no Brasil.

A partir de 1870 começaram a chegar as primeiras famílias polonesas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Originárias da Silésia, da arredores de Opole. Os imigrantes oriundos da Silésia, foram o segundo maior grupo germânico, depois dos pomeranos, no Espírito Santo.


A Imigração Silesiana

Baixa Silésia (róseo), Alta Silésia (lilás), e Silésia austríaca.
A Silésia antes sob domínio Austríaco, foi conquistada pelo rei Frederico II da Prússia em 1740, ficando uma pequena parte, no extremo sudeste, da Silésia, sob domínio do Império Austro-Húngaro.  A Silésia prussiana ainda pode ser subdividida em alta Silésia (ao sul) de maioria católica, e a baixa Silésia (ao norte) de maioria luterana. Foi da Alta-Silésia, do distrito de Opole, de maioria católica e dialeto Wasserpolnisch de onde advieram os imigrantes silesianos para o Brasil. A atual região da Silésia, após a Segunda Guerra, foi anexada a Polônia, sendo sua população de origem alemã, expulsa ou morta, e sua parte Austríaca, anexada a atual República Tcheca.

Houve o estabelecimento de colônias silesianas no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, sendo o segundo grupo germânico mais numeroso, depois dos pomeranos, no Espírito Santo.



Imigrantes Pomeranos

Os imigrantes alemães no Brasil eram provenientes de diversas partes da Alemanha, porém, no caso particular do estado do Espírito Santo, 63% dos imigrantes germânicos eram provenientes da Pomerânia, uma região no nordeste da atual Alemanha, junto ao mar do norte, que acabou anexado a Polônia.

Todavia, em algumas localidades brasileiras, outros falares germânicos predominaram. Nos municípios de Pomerode (Santa Catarina) e Santa Maria de Jetibá (Espírito Santo), predominou o pomerano.

Ao final da segunda guerra, a população pomerana foi expulsa para a Alemanha Oriental, oque resultou na extinção de sua cultura e idioma. E embora de dialeto germânico, os pomeranos eram racialmente bálticos e em sua maior parte de confissão luterana.



A Imigração Westfália

Nos municípios de: Westfália (RS) e de Rio Fortuna (SC), houve o estabelecimento de imigrantes da região de Westfália, de maioria católica, no noroeste da atual Alemanha. De modo que nessas localidades, o dialeto westfaliano acabou predominando.


Os Alemães do Volga

É importante destacar a corrente migratória de alemães do Volga (minoria étnica alemã da Rússia) para a província entre 1877 e 1879. Contudo, no Paraná, os alemães não encontraram terras abertas e a concorrência com italianos e poloneses, mais numerosos que eles, os forçou a rumar para os centros urbanos ou se dispersar pelas colônias rurais.

Na região dos Campos Gerais, foram criados três núcleos de colônias de russos-alemães do Volga. Em Ponta Grossa, Otavia; em Palmeira Sinimbú; na Lapa, as colônias de Marienthal, Johannesdorf e Virmond. A maioria dessas colônias não prosperou em razão do insucesso no cultivo do trigo, principal plantação dos imigrantes. Assim, muitos colonos acabaram por se transferir para as cidades.

Áreas de colonização germânica em Santa Catarina
Renânia

Da Renânia advém a maioria dos imigrantes germânicos para o Brasil, de confissão católica e de língua franco-renânio o hunsrückish.

É no estado da renânia Palatinado que se encontra a região do hunsrück, de onde vieram os primeiros imigrantes para a colônia de Santa Isabel, em 1846. A renânia Palatinado, como se conhece hoje, foi formada em 1946, quando foram unidos territórios da Baviera, de hessen e da Prússia, originalmente, uma região pobre.

Com a chegada de imigrantes alemães ao Brasil, que ocorre principalmente a partir do século XIX, os dialetos alemães também se estabeleceram nas áreas de colonização. Assim, enquanto na Alemanha o alemão padrão passou a servir como língua comum para os falantes dos diversos dialetos, no Brasil, devido à incipiente consolidação do alemão padrão quando do início da imigração, esse papel foi desempenhado por um dialeto, o Hunsrückisch, por a maioria dos imigrantes terem vindo do Hunsrück, portanto seu dialeto predominou.

Zonas de colonização germânica no Rio Grande do Sul.
As áreas assinaladas não significam um contingente de
maioria alemã, apenas que nessas zonas houve colônias.
E em todas essas zonas, os colonos alemães foram
contingentes minoritários ante uma já população local. 

Nacionalização e Assimilação:

O modelo de colonização, de assentamentos em pequenas propriedades, articuladas entre si e separadas dos outros grupos étnicos, e aí não só os de língua germânica, como de outros quistos étnicos: italianos, poloneses, etc... constituindo uma maioria católica, favoreceu o papel dos padres, via de regra, as únicas pessoas esclarecidas do lugar e que podiam se comunicar com os imigrantes na sua própria língua, como agentes nacionalizadores. A Igreja católica chegou a criar uma congregação religiosa (os carlistas) para cuidar especialmente dos imigrantes. E que desempenhou importante papel na integração dos colonos a vida brasileira.

Isso se materializou numa rápida integração dos colonos germânicos, ressalvados algumas localidades mais isoladas, aos nacionais. Os dados do censo do Rio Grande do Sul de 1918, reverberam esse fato, revelando que 74% de homens alemães se casaram com brasileiras, ao passo que 26% com alemãs:
" [....] no Rio Grande, os dados que possuímos revelam quanto intensa e rapida é a fusão dos colonos europeus com a nossa população nacional. Realmente, os dados estatísticos dos casamentos, no territorio ·riograndense, durante os annos de 1918 e 1920". (Relatórios da Repartição do Rio Grande do Sul de 1919 e 1920)
A suposição de alguns deslumbrados na atualidade de verem descendentes germânicos como um grupo étnico a parte da população brasileira é um completo anacronismo histórico. Os contingentes de língua germânica, falavam dialetos diversos, e exceto em suas respectivas comunidades, não interagiam com outras colônias germânicas de origem diversa. Estando por assim dizer ilhadas.

A instituição do ensino do português por Getúlio Vargas, mais do que ocasionar um problema, como acusam seus detratores,  ajudou na integração e na melhoria de vida dessas populações, as integrando não só a outras colônias germânicas como de outras origens nacionais: italianas, polonesas, austríacas, etc.... o mesmo fez Hitler e Mussolini em seus respectivos países ao abolir dialetos locais em favor do alemão e do italiano padrão.

Thomas Mann
A considerar ainda que até antes de 1871, os contingentes germânicos não constituíam uma nacionalidade. Os próprios alemães, não viam imigrantes que se entrelaçaram com brasileiros, como com outras nacionalidades, como "alemães". Caso bastante ilustrativo é o de Thomas Mann, um dos maiores se não o maior escritor romântico da literatura alemã, com Nobel de Literatura de 1929. Filho de Johann Heinrich Mann, parte de uma tradicional família alemã, e de Júlia da Silva Bruhns, brasileira, filha de pai alemão e de mãe cabocla, e após três gerações, tendo 3/4 de sangue alemão, nascido na Alemanha, e já renomado como um dos maiores escritores da literatura alemã, sempre foi visto, pelos seus "nacionais" como um estrangeiro.

Gustavo Barroso é um outro exemplo, seu avô era imigrante alemão, e nem por isso se cria "alemão" antes afirmou mais do que qualquer outro sua brasilidade.


A origem dos imigrantes alemães de 1824 a 1893:

1818 - Ilhéus, BA: 165 famílias alemãs, em Ilhéus, Bahia, para cultivar fumo, cacau e cereais.
1818 - Nova Friburgo, RJ: colonos suíços do cantão Friburgo, da Suíça, no reinado de D. João VI.
1819 - São Jorge, BA, cerca de 200 famílias alemãs, instaladas no norte da Capitania da Bahia.

1824 – São Leopoldo, RS: Hunsrück, Saxônia, Württemberg, Saxônia, Coburg (Baviera)
1824 - Três Forquilhas, RS: terceira expedição de colonos enviados pelo major Schaeffer, que fundaram a colônia de Três Forquilhas, também no Rio Grande do Sul.

1825 - Torres, RS: provavelmente a última leva que o major Schaeffer trouxe para o Brasil.
1829 - Santo Amaro, SP: alojados no meio da selva, por exigência dos fazendeiros escravocratas, que não os queriam próximo dos escravos.
1829: Colonos Itapecerica, alojados onde hoje se situa a cidade do mesmo nome, pelos mesmos motivos acima.
1829: Colonos São Pedro de Alcântara. Eram parte de uma expedição destinada ao Rio Grande do Sul, e fundaram a Colônia São Pedro de Alcântara, em Santa Catarina. Mais tarde, em 1846, para ela foram mandados 300 colonos que estavam no Rio de Janeiro, abandonados.
1829 - Itajaí Grande, SC: segunda expedição chegada em Santa Catarina, também parte de uma expedição mandada ao Rio Grande do Sul, que foi alojada na foz do Rio Itajaí, onde foi fundada a cidade com esse nome.
1835 - Itajaí Pequeno, SC: a terceira a desembarcar em Santa Catarina, tendo se alojado na margem do rio Itajaí Pequeno.
1837: Colonos Justini: 283 colonos, que se revoltaram pelas condições de viagem no veleiro francês "Justini", que se destinava a Sydney, Austrália, e desembarcaram no Rio de Janeiro, tendo sido alojados no Caminho das Cabras, na serra da Estrela, em Petrópolis.
1839: Companhia de Operários, ou seja, 196 artífices e suas famílias, destinados ao Recife, para remodelar a cidade.
1839: Batalhão de Polícia do Pará, ou seja, 800 soldados mercenários contratados para enfrentar os revoltosos da Cabanada; vitoriosos, transformaram-se no 1º Batalhão de Polícia do Pará.
1845: Colonos Petrópolis, ou seja, 1.818 colonos alemães que se estabeleceram na fazenda Córrego Seco, de propriedade de D. Pedro II.
1847 – Santa Isabel, ES: Hunsrück, Pomerânia, Renânia, Prússia, Saxônia
1847: 80 famílias contratadas pelo Senador Vergueiro, em São Paulo, para trabalhar em sua fazenda, em regime de meação.
1848: Colonos Macaé (os sobreviventes de 600 famílias importadas pelo governo da província do Rio de Janeiro, abandonadas em Niterói, que foram alojados em Macaé).
1848: Colonos Valão dos Veados - outra parte desses mesmos sobreviventes de 22, que foram alojados na localidade de Valão dos Veados.
1848: Colonos Leopoldina: mais colonos que chegaram no interior de Santa Catarina, onde fundaram a Colônia Leopoldina.
1849 – Santa Cruz, RS: Renânia, Pomerânia, Silésia: contratados pelo governo imperial, fundaram a colônia Santa Cruz, no interior do então São Pedro do Rio Grande do Sul
1850 – Blumenau, SC: Pomerânia, Holstein, Hanôver, Braunschweig, Saxônia: Colônia São Paulo de Blumenau, fundada por Hermann Bruno Otto Blumenau.
1851 – Joinville, SC: Prússia, Oldenburgo, Renânia, Pomerânia, Schleswig-Holstein, Hanôver, Suíça: Colonos Dona Francisca (em terras pertencentes à irmã do imperador, Dona Francisca, esta contratou a Sociedade Colonizadora Hamburguesa para colonizar a área, na divisa do Paraná com Santa Catarina. Das diversas cidades que resultaram desse empreendimento, a mais importante foi Joinville).
1851: Tropa Mercenária (tropa de 1.800 homens, com 80 oficiais, que se compunha de um batalhão de infantaria com seis companhias, um grupo de artilharia com quatro baterias e duas companhias de sapadores, contratada do norte da Alemanha pelo governo imperial para combater Manoel Rosas, sob o comando do então Conde de Caxias, que se fixaram no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, após terminada a missão).
1852 – D. Pedro II (Juiz de Fora - MG): Tirol do Norte, Áustria: 1852: Colonos de fazendas (na Fazenda Santa Rosa, do Barão de Baependi, 132 colonos; para a Fazenda Independência, de Nicolau A. N. da Gama, vieram 172. A Fazenda Santa Justa, de Brás Carneiro Belens, ficou com 155 colonos. Destinaram 143 para a Fazenda Coroas, de M.N. Valença. Para a fazenda Martim de Sá, de João Cardoso de Meneses, 67). Em 1861, na inauguração da estrada de rodagem União Indústria, todos foram para Juiz de Fora.
1855: Colonos Rio Novo - quando chegaram à província do Espírito Santo, foram alojados nas selvas do Rio Novo, onde muitos foram trucidados pelos índios ou pelas feras.
1856: Colonos Santa Leopoldina (compostos por colonos alemães e suíços, no Espírito Santo) - resultaram nas colônias de Jequitibá, Santa Maria, Campinho, Califórnia, Santa Joana, Santa Cruz e 25 de Julho.
1856: Colonos Mucuri - MG (contratados por Teófilo Ottoni, chegaram em Nova Filadélfia, no Vale do Mucuri, os primeiros colonos alemães para Minas Gerais). Maria Procópio havia trazido, em 1856, cerca de 250 alemães, especialistas em pontes de ferro, mecânica, carpintaria, ferraria, construção; em 1858, trouxe mais 508 mulheres e 636 homens, incluindo crianças e bebês. Desses últimos, 641 eram católicos e 503, luteranos.
1857 – Santo Ângelo, RS: Renânia, Saxônia, Pomerânia: 1857: chegaram em 01 Novembro 1857 as primeiras famílias, a maioria prussiana, que se estabeleceram na região do hoje município de Agudo, RS.
1857 – São Lourenço, RS: Pomerânia, Renânia
1857 – Santa Leopoldina, ES: Pomerânia, Renânia, Prússia, Saxônia
Colonos de D. Pedro II: diz respeito a Mariano Procópio e à história de Juiz de Fora. O primeiro embarque aconteceu na barca Teel, que saiu da Alemanha em 21 de abril de 1858, com 232 colonos (116 homens e 116 mulheres; do total, 145 protestantes e 87 católicos ) para a Companhia União e Indústria, tendo chegado ao Rio em 24 de maio. O segundo aconteceu em 25 de junho de 1858, também no Rio, com a barca Rhein: 182 colonos de ambos os sexos. O terceiro desembarque no Rio ocorreu em 25 de julho de 1858, trazendo 285 colonos na barca Gundela. O quarto, em 29 de julho de 1858, trouxe 249 imigrantes, pela barca Gessner. O quinto e último foi pela barca Osnabrück, que chegou em 3 de agosto de 1858, com 215 colonos.
1858 – Colônia Rio Novo, ES: 60 imigrantes holandeses, sendo; 18 de Oosterland; 14 de Zierikzee; 14 de Nieuwerkerk; 13 de Ouwerkerk; todas cidades da província de Zelandia. 
1858 – Colônia Militar de Urucu, ES: 162 imigrantes holandeses e belgas. 
1859 – Colônia Tirol (Dorf Tirol), ES: colônia imperial de Santa Leopoldina, Aos austríacos, juntaram-se imigrantes alemães, suíços, luxemburgueses e holandeses.  
1859 – Nova Petrópolis RS: Pomerânia, Saxônia, Boêmia
1860 – Busque, SC: Baden, Oldenburgo, Schleswig-Holstein, Hanôver
1868 – Teutônia, RS: Vestfália
1878 – Curitiba, PR: teutos (alemães) do Volga
1893 – Ijuí, RS:  Estíria e, Baixa Áustria
1924-30 –  Witmarsum, SC: imigrantes alemães provenientes do Volga (Rússia) de confissão menonita, e de língua Plautdietsch, que tem sua origem na Frísia, no norte da atual Holanda e Alemanha. Através da Prússia eles imigraram para Rússia no século XVIII, quando em 1929, fugindo do regime comunista vieram para o Brasil. Essa colonia, passará para o Paraná, fundando, em 1951, uma colônia do mesmo nome, Witmarsum, no atual município de Palmeira-Pr, na região dos Campos Gerais.
1933 – Treze Tílias, fundada em 13 de outubro de 1933 pelo ex-ministro da agricultura da Áustria Andreas Thaler, com imigrantes provenientes da região de Tirol, tanto da Áustria como da Itália. 

Imigração alemã no Brasil de 1824 a 1969
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Imigração Alemã
Décadas1824-18471848-18721872-18791880-18891890-18991900-19091910-19191920-19291930-19391940-19491950-19591960-1969
Imigrantes8.17619.52314.32518.90117.08413.84825.90275.80127.4976.80716.643
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Sugestão de Bandeira aos Descendentes Teuto-Brasileiros:
 
O Comando Sul do Círculo Castilhista, tanto em homenagem a Johann Heinrich Böhn (vulgo: Henrique Böhn), quanto pela primazia da colonização alemã no sul do Brasil. Usa como estandarte, uma bandeira de panopla amarelo loura, figurando em seu centro uma águia dos Habsburgos entrelaçada a um Dragão Lusitano. Alude assim, a bandeira vigente, do Império Habsburgo, no que viria a ser futuramente a Alemanha, bem como a bandeira do Reino Suevo-Germânico, panopla amarelo louro com um dragão verde, no que é atualmente Portugal e núcleo de sua fundação. Henrique Böhn, comandou as tropas luso-brasileiras na Guerra Hispano-Portuguesa que fincaram as fronteiras brasileiras no sul, bem como foi quem organizou o Exército Brasileiro. 

Bandeira do Comando Sul do Circulo Castilhista


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