sábado, 22 de abril de 2023

O Descobrimento do Brasil não foi Acidental, e nem Cabral foi seu Descobridor.

E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pois o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!

E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos... ...Seus corpos são tão formosos que não podem ser mais. enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso, como se fossem mais amigos nossos do que nós seus.

A terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertãn nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos - terra que nos parecia muito extensa.

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho.  Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha.


A "Carta do Descobrimento", de Pero Vaz de Caminha, foi o primeiro registro geográfico, etnográfico e histórico da terra recém descoberta. A certidão de batismo e nascimento do Brasil pelos portugueses, que transpondo o abismo oceânico, houveram vista de um novo mundo que amanhecia depois da noite medieval. Antes somente imaginada nos contos célticos de uma ilha mitológica onde “...não há calor nem frio excessivos, tristeza, fome ou sede...”, a ilha “Brail”, que se tornava invisível ao ser tomada por uma súbita bruma sempre que os marujos se aproximavam dela. (ver: Hy Breasil - A Origem Céltica do Nome da Terra do Brasil.)

Hoje esta em voga dizer que "o Brasil não foi descoberto, e sim invadido".... esse tipo de "lógica", só pode ser aplicado diante dos Astecas e Incas, já organizados em Estados, e que mantinham soberania sob determinadas áreas. Antes da chegada dos portugueses não existia Brasil. E nem havia, na mentalidade indígena, uma ideia de pátria ou de país, eram nômades. Assim é que os brasileiros, e o Brasil, só passam a existir pós chegada dos portugueses. (ver: Oque é a Lenda Negra? O Imperialismo Ataca Nossa Identidade!)

Segundo teorias mais recentes. O Descobrimento do Brasil não teria sido acidental, nem de forma consciente para se tomar posse da terra, na verdade, teria sido uma deliberalidade pessoal de Cabral para constatar se de fato haveria terras ao oeste, afim de repetir o feito de Colombo.

Esfinge do que supõe ser Pedro Alvares Cabral.
Presente no Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa. Lá se encontram
outras três esfinges voltadas para o oriente: Vasco da Gama, 
Nicolau Coelho e Paulo da Gama. A quarta, voltada para o Ocidente,
se presume, mui provavelmente, ser Cabral.

Na tese de descobrimento intencional, fala-se muito na demarcação da linha do Tratado de Tordesilhas (1494) como evidência da ciência de Portugal de haver terras ao oeste. Em verdade a explicação para a transferência da linha de Tordesilhas mais para o oeste, seria impedir que Castelha fizesse a rota de contorno da África e assim afasta-la do comércio das índias, uma vez que essa linha tornava a rota de contorno mais distante da costa africana e ilhas adjacentes, impedindo os espanhóis terem entrepostos comerciais ao longo da rota, inviabilizando a rota de Castelha para as Índias via atlântico sul. Castelha aceitou o Tratado, porque acreditava ter chegado as índias com Colombo (1492), indo pelo oeste (os espanhóis só se deram conta de que, oque haviam descoberto era um continente, que se estendia do hemisfério norte ao extremo sul, em 1501, quando Américo Vespúcio, a serviço de Portugal, dar conta dessas terras ocidentais serem, na verdade, um novo continente, e por assim, levando seu nome: "América"). Os portugueses sabedores que Colombo não tinha chegado as índias coisíssima nenhuma, tratou de garantir, com o Tratado de Tordesilhas, o monopólio de sua rota já consagrada.

A tese atualmente mais aceita seria que Pedro Álvares Cabral se afastou mais do que o recomendado da sua rota original, propositalmente. Por que anteriormente, Vasco Da Gama lhe relatara que em sua volta das Índias havia observado indícios de que havia terra ao oeste. Tomado por essas suspeitas, e afim de repetir o feito de Colombo, Cabral deliberadamente se afastou e foi dar em Porto Seguro.

Outro fato que reforça isso, é que quando se ia tomar posse de alguma terra se levavam Marcos Demarcatórios, e a esquadra Cabral não levava nenhum único marco!

Duarte Pacheco
A pouca importância, à época, que o Rei de Portugal, deu a descoberta, também reforça a tese. Tendo o Brasil ficado abandonado ao curso de 30 anos, o que não é pouca coisa. Tendo el Rey, inclusive, repreendido Cabral, relegando-o ao mais profundo obscurantismo.

Há também outras teses, de que outros navegadores já haveriam estado no Brasil antes de Cabral, como Duarte Pacheco que relata em seu diário, a existência de pau-brasil em terras a oeste, e que assim, se depreende, ter estado em terras brasileiras. Melhor documentado, do que a estada de Duarte Pacheco, foi a do navegador espanhol Vicente Pinzon, que teria aportado na enseada do Mucuripe em Fortaleza, em 26 de janeiro de 1500, pouco menos de três meses antes de Cabral.

O almirante Max Guedes (falecido em 2011), historiador, dono de uma raríssima biblioteca com mais de sete mil publicações sobre assuntos náuticos e históricos dos descobrimentos registrados no final do Séc. XV. Pesquisou durante 50 anos sobre o assunto, até concluir com absoluta convicção que o Cabo se trata da Ponta do Mucuripe.

Trajeto de Vicente Yañez Pinzon, segundo Max Guedes.

Max Guedes refez milimetricamente a rota de Vicente Pinzón, desde a ilha de Santiago, no Cabo Verde até tocar a Ponta do Mucuripe, em uma viagem de 540 léguas, realizada em 13 dias, a uma velocidade de 5,5 nós. Depois como contraprova, fez a superposição do mapa de Juan de La Cosa, de 1501, sobre uma atual carta da costa brasileira. E observou que "o cabo assinalado por Juan de la Cosa como sendo descoberto por Pinzón, praticamente coincidiu com a Ponta do Mucuripe em Fortaleza".

Os documentos históricos parecem muito contundentes e apontam de fato para essa presença de Pinzon antes de Cabral. Mas como antes já dissera Capistrano de Abreu: "Nada devemos aos espanhóis, nada influíram sobre nossa vida primitiva; prendem-se muito menos a nossa história do que os franceses.... ....sociologicamente, os descobridores do Brasil foram os portugueses.". É dizer, a existência do Brasil esta diretamente ligada a Portugal. O Brasil, é uma invenção de Portugal! 

Ponta do Mucuripe, em que teria aportado Pinzon, e
que a chamou de “Santa Maria de la Consolación” 

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