No séc. XVIII, o Brasil atingiu um momento decisivo da sua história. É a época da criação da consciência histórica no brasileiro. A descoberta e posse da terra, as façanhas bandeirantes, a defesa contra o invasor, deram lugar a uma consciência comum, a um sentimento da figura do ‘brasileiro’.
A
descoberta das minas, transferiu o eixo econômico, no Brasil, a província de
Minas Gerais, onde se desenvolveu uma sociedade dada ao fausto e à cultura,
máxime em Vila Rica, capital da província. Os recursos econômicos e as riquezas
aumentaram, a população cresceu, a vida das cidades melhorou, a cultura se difundiu.
Aí a fermentação econômica e cultural deu lugar a que se reunisse um grupo de
intelectuais e artístas, a Arcádia Ultramarina. De assinalar que a obra "De Gestis" (A Saga) do Padre José de Anchieta, de 1563, é uma obra precursora de características clássicas, anterior ao "Os Lusíadas" de Camões, sendo o primeiro poema épico das Américas! Seguindo o espírito Renascentista da época.
Antes,
o Arcadismo surge em Portugal em 1746 inspirado pelas ideias racionalistas de Luís António Verney,
que publica as cartas que compõem o "Verdadeiro
Método de Estudar", obra que critica o ensino tradicional e
propõe reformas visando colocar a cultura portuguesa a par com a do resto da
Europa. Feito que será implementado por Marquês de Pombal (1750-1777).
O
Arcadismo é difundido no Brasil em 1768 com a fundação da “Arcádia Ultramarina”, também chamado
grupo plêiade ou “escola mineira” em Vila Rica, e a publicação de “Obras
Poéticas”, de Cláudio Manuel da
Costa. Dentre outros autores estão Basílio da Gama e
seu O Uruguai, Santa Rita Durão com Caramuru , como também o poema Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa, além de
Tomás Gonzaga, que constituem a primeira escola literária brasileira.
Constituem
eles o início do lirismo brasileiro, ´pela transformação do veio nativista e da
exaltação da natureza, pela adaptação da temática clássica ao ambiente e homens
locais, com sentimentos e emoções peculiares; em suma, fundindo o
individualismo, sempre subordinado ao interesse nacional, ao sentimento da
natureza e o ideal clássico. Até o desabrochar do romantismo, foi justamente
graças ao espírito arcádio que se manteve o ideal nativista, contrabalançando a
tendência passadista do neoclassicismo, cuja marca exterior mais forte foi o
gosto da linguagem arcaizante, quinhentista, dita ‘clássica’. E isso se deve
também ao fato de, pela primeira vez, se reunirem grupo de artistas conscientes
de seu oficio e superiormente dotados de valor.
De
todas as formas neoclássicas, a corrente arcádica foi a que maior influência
assumiu no Brasil. O espírito nacionalista desabrochava por toda parte. O espírito neoclássico
que se infiltrou nas mentes luso-brasileiras, procurou combater o barroquismo
em nome dos ideais de precisão, lógica e medida e da restauração das normas
clássicas em oposição ao tradicionalismo medieval e religioso. Esse ideal neoclássico dominou o final do séc. XVIII e princípios do
séc. XIX, aparecendo em alguns escritores tingidos de elementos pré-romanticos,
como o sentimentalismo e o nacionalismo.
A
reação clássica com o arcadismo significava uma volta à simplicidade e pureza
dos antigos, numa identificação com a natureza, aonde residiria o bem e o belo,
em contraposição aos centros urbanos corrompidos pelo espírito mercantil. Daí,
a valorização da vida pastoril, pura e pacífica. A procura das qualidades clássicas da medida, conveniência, disciplina, simplicidade e delicadeza,.uma sensualidade inocente
libertadora da castidez medieval, aonde a mitologia pagã é a fonte de
inspiração e refúgio desse ideal, a ‘Arcádia’.
A poesia épica do Arcadismo brasileiro trouxe
inovações, que a diferenciou em muitos aspectos do modelo europeu. Enquanto que na Europa o arcadismo se distancia das questões políticas, imergindo em um idílico êxta-se alheio a realidade, às portas da Revolução Francesa. Oque evidencia de forma muito clara, a alienação, a vida a parte que levava sua elite. No Brasil, os árcades se encontravam em plena ebulição política, herdeiros da pregação republicana de Felipe dos Santos com a Revolta de Vila Rica (1720) e eles próprios: inconfidentes mineiros. De ressaltar ainda que os temas da história colonial são valorizados, pondo a
colônia como centro das atenções em meio à descrição da paisagem tropical do
país e a inserção do índio como herói, mesmo que ainda coadjuvante do homem
branco. São as novas perspectivas que começam a delinear uma literatura nacionalista, que terá sua maturidade com o
Romantismo.
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