sábado, 22 de dezembro de 2018

Do Keltico ao Galaico-Português, A Língua dos Brasileiros.

"Conservando nossa língua, ecoamos as vozes de nossos ancestrais."


A língua portuguesa merecia melhor tratamento e maior glória do que lhe é conferida na atualidade.  Diferente do castelhano e do "alemão", que são línguas artificiais, inventadas, o português é uma língua histórica, de constituição orgânica que carrega em sua formação marcas "genéticas" de sua origem. Ao mesmo tempo que se trata de uma das línguas mais antigas faladas em todo o mundo. A guisa de comparação, o islandês, tido como a mais conservadora dentre todas as línguas escandinavas e mesmo da família germânica, não vai além de 1540. O português tal como o conhecemos retrocede a 1175 (havendo referencias ainda mais antigas de 1108)!

O francês antigo, bem como o provençal antigo, comparados com o francês, e o provençal falado hoje, são outras línguas. Isso não ocorre com o português arcaico. Este representa uma fase envelhecida do idioma, sem contudo ser outro.

Velho nalgumas formas, arcaico no emprego de muitas palavras, obsoleto na preferência de certas expressões (e diverso na pronúncia, provavelmente), o português dos primeiros tempos é sempre inteligível, porque a gramática é a mesma.  

A língua portuguesa, que melhor seria chamar de: Galaico-portuguesa, nasce no noroeste peninsular. Foi essa a língua falada durante a Guerra de Reconquista contra os infiéis muçulmanos, e fator de distinção entre galaicos e sarracenos, que somado aos seus respectivos credos, os vinculavam a sua nação. Os galaicos, de fé cristã e língua galaica dos infiéis sarracenos, hereges e de língua árabe.

Inscrição Lusitana de Cabeço das Fráguas. Talhada quando da
transição da antiga língua celta para o latim:
OILAM TREBOPALA/INDO PORCOM LAEBO/COMAIA
ICCONA LOIMINNA/ OILAM USSEAM / TREBARUNE INDI
TAVROM/ IFADEM REVE
Em 61 A.C. o latim já era língua corrente no sul da península. Estrabão, historiador e geografo grego, radicado em Roma, observou que os turdetanos, na Bética (atual oeste da Andaluzia), haviam esquecido a sua língua materna (céltica), e se expressavam em latim. Nesse interregno até o séc. V, ocorre o processo de transição da antiga língua céltica para o latim a medida que a romanização avança para o norte. No séc. X, na cordilheira Cantábrica, ainda se registra vestígios da antiga língua.
 
O latim se espraiou por toda península com a invasão romana, e no Séc. V, com as invasões bárbaras (suevos, visigodos, alanos, vândalos), se intensificou a corrupção da linguagem. Com a invasão árabe, no Séc. VIII, a decadência do latim se acentuou, o latim reduziu-se a uns falares vernáculos, e quase despareceu das Espanhas, como havia de suceder no norte da África. 'Aljamia' chegou a chamar-se o linguajar latino, e era como se dissesse 'o bárbaro', o estrangeiro, em oposição à 'aravia', a língua árabe.

Mas no fim do séc. XI (1097) criou-se o condado portucalense, logo depois elevado a reino por Afonso Henriques. Os sucessos estimularam às oposições religiosas, e os portugueses não quiseram mais falar em árabe. Não podendo volver ao esquecido latim aceitaram a fala barbarizada da gente mais humilde.

No que pese, indubitavelmente, ser uma língua "latina", com forte contribuição do romance, que a torna aparentada as demais línguas neolatinas. O galaico-português manteve substratos de sua origem céltica. De modo que alguns filólogos a classificam como uma língua celto-latina.

Dentre esses substratos, estaria o uso do verbo ser ao invés de ter, em frases possessivas, ex: "a chave é minha". A marcante presença de ditongos decrescentes. São exemplos, e não só, dentre outros, de características presentes nas línguas célticas.

O galaico-português desde então, se conservará, quase que por um milagre, sem maiores transformações.

É esse o idioma que se traslada para o Brasil. No que pese haver à época, oque se designou como: português quinhentista, um português mais padronizado e gramaticado. O português que aqui se estabelece, nos primeiros séculos de colonização, é o português nortenho, falado por aldeões e aristocratas rurais, em geral gente iletrada. Somente a camada letrada da sociedade, que basicamente se restringia, aos burocratas do Estado e padres, tinham acesso ao português gramaticado (quinhentista). Embora, com o perpassar do tempo, é ele que se estabelece nos dias atuais. Na população humilde o português arcaico resiste.

O emprego do infinito variável, ainda hoje usado com freqüência na língua popular, atesta sua proximidade com o português arcaico. Se não tivesse empregado o infinito variável , Camões teria escrito uma frase ambígua naquele célebre passo: "Ó Netuno, lhe disse, não te espantes de Baco no teus reinos receberes" (Lusíadas, VI, 15).

Repare como o segundo infinito variável, torna a frase mais leve, e o pensamento mais evidente na seguinte passagem de Alencar: "Nem por isso os outros deixam de continuar o seu giro, e as estações de seguirem o seu curso regular".

O uso do infinito variável, foi muito mais extenso no português antigo, e é mesmo mais notável na língua popular do que no português literário moderno. É um maravilhoso recurso de clareza, ou de ênfase, a que é lícito recorrer mesmo quando a gramática postula o contrário.

Em 1980, o filólogo Ataliba Castillo conta que quando se passou a debruçar sobre as diferenças entre o português falado no Brasil do de Portugal, ao contrário, do que inicialmente se pensava.... que o português no Brasil se distanciava do de Portugal. A verdade, era que o português de Portugal é que se afastara do português do séc. XV, e que se manteve no Brasil. 

Existem depoimentos de gramáticos do Séc. XVI, dentre os quais: Fernão de Oliveira, que ao tentar descrever o modo de falar dos portugueses, dizia que: "os portugueses falam como pessoas de muito ciso, falam lentamente".  Oque destoa do modo atual dos portugueses falarem, que se notabilizam pela contração de palavras, "engolindo" sílabas. 

Esse distanciamento do português de Portugal, teria se processado no séc. XVIII, por influência francesa. Daí não só a tendencia de engolir sílabas no meio das palavras, como o de omitir sílabas finais. Bem como, o abandono, pelos portugueses atuais, do gerúndio, tão empregado no português-arcaico e ainda usual no português do Brasil.

A língua que se fala no Brasil, ainda que transpareçam diferenças da de Portugal, é, em essência, a mesma, pois que se compendia na mesma gramática. Essas diferenças são classificadas como "linguajar" que se alteram mesmo entre estrados sociais de uma mesma localidade, e que de modo algum, distingue como outra língua.

O português dos colonos da alta camada social manteve-se, por isso, com um caráter muito conservador: em 1618, o autor dos diálogos das grandezas dizia que o Brasil era Academia onde se sabia falar bem e que os jovens de Lisboa e doutras partes do reino aí vinham para aprender as boas falas [....] O número de brasileiros que iam formar-se na Universidade de Coimbra aumentava de século: 13 no século XVII e 1752 no século XVIII.

De modo, que, se pode afirmar, que o português do Brasil é mais arcaico e melhor conservado do que o falado em Portugal. E que urge uma melhor preservação do nosso idioma, a exemplo do islandês, que vige uma política linguística formulada desde o século XVIII que proíbe a entrada de palavras estrangeiras, e que no lugar de adotar estrangeirismos, cria neologismos a partir de palavras próprias; além disso, reativa palavras antigas e cria outras baseadas em raízes bem conservadas na tradição linguística nacional.





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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

A Infiltração Religiosa, A Fórmula Imperialista para Desfragmentar e Dominar Nações.

“Creio que a assimilação dos países latino-americanos aos EUA será longo e difícil enquanto esses países continuarem sendo católicos.” – Theodore Roosevelt.


Em 19 de outubro de 1596, o navio espanhol San Felipe foi destruído em Urado na ilha japonesa de Shikoku em rota de Manila para Acapulco. O daimiô (equivalente a senhor feudal) local Chōsokabe Motochika apreendeu a carga do galeão espanhol, e o incidente chegou até os ouvidos de Toyotomi Hideyoshi, o Taikō do Japão.

Segundo os japoneses quando o governador enviado por Hideyoshi (imperador japonês) a tussa interrogou alguns membros da tripulação da nau São Felipe, um dos testemunhos foi o do piloto do navio, um tal de Francisco da Finlândia, este supostamente quis impressionar a Masuda mostrando-lhe em um mapa, a grande quantidade de territórios sobre os quais governava seu Rei Felipe II. Ao perguntar-lhe, Masuda, como havia feito Castela para poder conquistar tantos e tão extensos territórios, o piloto lhe disse que primeiro se mandava para essa nova terra os padres e frades, que se encarregavam de converter uma parte da população e suas elites, afim de dividi-los e mais facilmente conquistá-los, quando pouco depois chegassem os exércitos castelhanos, e que desta forma tinham feito no Peru.

Essa conversa foi reportada a Hideyoshi, que reagiu com fúria, pois, confirmou suas suspeitas sobre o real intento da presença de cristãos no Japão. Ordenou então, que todos os missionários no Japão fossem reunidos. Ishida Mitsunari, primeiro entre os Go-Bugyō, esclareceu que a ordem de Hideyoshi era direcionada aos franciscanos que violavam abertamente seu decreto de 1587 - os jesuítas, que eram discretos em sua pregação, foram excluídos. No final, 26 missionários foram crucificados.

Essa foi a primeira perseguição letal de cristãos no Japão. O episódio ficou conhecido como os 26 Mártires do Japão.

A consciência do imperador japonês, de enxergar na infiltração de uma religião estrangeira, um ardil imperialista, livrou o Japão de virar uma colônia, como vieram a ser, quase todos os países asiáticos, incluso a antiguíssima China, e dessa forma, sobreveio um saudável auto-isolamento do Japão.  Por mais de dois séculos e meio, a única presença europeia no Japão, foi um pequeno entreposto em uma ilhota da ilha de Nagasaki, concedido aos holandeses, só permitido despachar um único navio por ano!

Dejima, ilhota, na ilha de Nagasaki. Único posto de contato por
séculos do Japão com o ocidente. 
Essa tem sido a fórmula de fracionar e dominar nações desde tempos idos, não é fenômeno recente. A própria reforma protestante foi financiada por seitas ocultas, para fracionar e dividir países, lhes afastando da influência católica. Tal como sucedeu com a antiga Liga Hanseática, atual norte da Alemanha, em que surge a Reforma Protestante. Mesmo na época, esses reformadores, eram minoritários, ainda hoje, todo sul e oeste da Alemanha era e ainda são católicos.  E por via de subornos, vantagens comerciais e o financiamento de exércitos mercenários, conseguiram se estabelecer nos principados do norte. Igual ardil foi usado em Flandres, originando a Holanda, ainda na época, de minoria protestante. E mais tarde a Inglaterra, igualmente por uma minoria protestante subvencionada por seitas ocultistas. Igual intento tentaram na França, alí, fracassaram, e a França conservou sua unidade.

Passados séculos, a tática não mudou e continua eficiente. Para extinguir as possessões coloniais portuguesas, na África, a CIA introduziu califados mulçumanos na África Austral. E mais recentemente, um dos objetivos da imigração de árabes para Europa é o fortalecimento de comunidades mulçumanas no seio de países Europeus, vivendo uma vida apartada do corpo nacional.

Na Ibero-América esse processo já advém desde a II Guerra, quando os Rockfellers financiaram missionários e o estabelecimento de igrejas Batistas por todo Brasil, concomitante a Lojas Maçônicas,  esse processo ganha força com o neopetencostalismo, e o resultado vemos hoje.

Os elementos advindos dessas seitas, como regra, se desbrasileirizam, se dissociam do Brasil, da identidade brasileira. Embora se digam brasileiros, por uma questão formal, não se identificam com o corpo nacional. E daí passam a se identificar com os EUA, que no seu imaginário, incorpora os valores e o modo de vida que contemplam como ideal. Passam a ser corpos estranhos que infeccionam a alma nacional e que se não forem detidos, levarão a morte do Brasil.

Nossa unidade religiosa foi fator determinante na expulsão dos franceses, que se dividiram, na época, entre huguenotes e católicos, e que embora melhor estabelecidos se enfraqueceram em guerras internas, para melhor proveito dos portugueses firmemente unidos. De igual modo, foi a fé católica que deu a unidade necessária aos brasileiros contra os hereges holandeses. Cumpre a todo nacionalista sincero, se apegar a religião ancestral de sua nação, e rejeitar com veemência toda religião estrangeira como se lhe oferecessem veneno. Pois tomar, significa, além de trair e quebrar o elo com seus ancestrais, cometer o suicídio da nacionalidade.


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