terça-feira, 28 de maio de 2019

Em 2002 Brizola queria Lula! E Não Ciro Gomes!

Nas prévias das eleições de 2002, quando Brizola ainda articulava uma "Frente Trabalhista", composta pelo PDT, PTB e PPS, que por hora tinha o nome de Ciro Gomes (PPS) como cabeça de chapa. Brizola ao saber que o PPS, lançaria Antonio Brito como candidato a governador no RS, suspendeu a aliança, sob o obste do Antonio Brito ter privatizado a empresa de Telecomunicações do RS. É de se imaginar oque pensaria Brizola, do guru econômico do Ciro, Mauro Benevides, que, no programa do Ciro, dizia ainda ter 77 estatais para privatizar! E do próprio Ciro que o endossa..... 

Durante 3 meses, as negociações ficaram paralisadas, até que se convencionou, que a aliança seria apenas a nível Nacional. Antonio Brito saiu candidato pelo PPS no RS, enquanto José Fortunati pelo PDT. 

No Ceará, em que o PPS, partido do Ciro, tinha uma aliança informal com o PSDB, o candidato pelo PDT: Pedro Albuquerque, se negou formalmente a apoiar o Ciro Gomes.


A nível nacional, com a perspectiva de vitória no 1º turno de Lula, após 8 anos de devastação neoliberal promovida por F(MI)HC, Brizola anteviu que se deveria apoiar Lula, ainda no 1º turno, afim de sepultar qualquer chances de uma eventual vitória de José Serra (PSDB).

A posição de Brizola desagradou os outros líderes partidários: Roberto Freire (PPS) e Roberto Jefferson (PTB), que criticaram Brizola.

Roberto Jefferson (PTB), disse que a “deserção” de Brizola é a atitude de uma pessoa “desesperada”. “Como ele [Brizola] está quase sem chance de ser eleito senador, está tentando uma última ação desesperadora. Ele quer ver se consegue dessa forma conquistar o voto da onda socialista. Só assim para ser eleito.”

O presidente do diretório regional do PPS no Rio, o ex-deputado federal Sérgio Arouca, disse que faltou lealdade na decisão de Brizola. “A Frente Trabalhista foi formada com seriedade. Não se pode tomar decisões unilaterais sem se comunicar previamente os integrantes da coligação.”

Roberto Freire (PPS), disse que preferia não comentar a decisão “deste Brizola”. “Prefiro ficar com este Brizola do que com o outro, envolvido neste episódio”, disse Freire, referindo-se às declarações pró-Lula de Brizola.

Freire e Jefferson rechaçaram essa possibilidade. “Só se renuncia por uma boa causa. Nunca para beneficiar um outro candidato.”

A posição de Brizola, contrasta com a desses politiqueiros, que sempre colocam seus interesses partidários acima do Brasil, ao contrário de Brizola, que como nós, sempre colocou os interesses do Brasil acima de tudo e todos! Muitas vezes em prejuízo de si próprio, que é o proceder natural de um verdadeiro e legítimo nacionalista!


sábado, 25 de maio de 2019

O Fomento dos Movimentos Negros, do Regionalismo e Identitários como Ardil Imperialista

César Benjamin, ex-secretário da Educação.
" - Temos 15 milhões de dólares e vamos provar que o Brasil é racista."

A frase é de um executivo da Fundação Ford, dita em uma reunião realizada na sede da Fundação na praia do flamengo, relatado por Cesar Benjamin, ex-secretário da Educação do Estado do RJ, quando buscava financiamento para projetos de educação em áreas rurais:
" - Fiquei chocado com o que vi. Os funcionários da fundação disseram abertamente que só financiariam projetos que destacassem a questão racial no Brasil. Exigiram que eles mudassem todo o projeto que levaram."
Cesar Benjamin afirma categoricamente que o processo de promoção de movimentos negros, polemização de temáticas raciais, etc...  são um projeto do Departamento de Estado dos EUA.
"A Fundação Ford, que é um braço do Departamento de Estado, mirou no coração do nosso software, o conceito de povo brasileiro. Acertou em cheio. Se não há povo brasileiro, o Brasil não vale a pena. Isso é parte importante da grande crise civilizatória que se abateu sobre nós e nos paralisa."
Não basta-se a intensão desfragmentadora, anti-nacional, desses organismos internacionais, que não se resume a Fundação Ford, outras ONGs como as do George Soros que atuam livremente no Brasil, promovendo e cooptando inocente úteis para quebrar a unidade nacional dos brasileiros. Mentem e distorcem a História do Brasil fazendo crer, para a atual geração, uma relação escravocrata, no passado, que nunca houve no Brasil!

A escravidão no Brasil foi menos dolorosa do que em qualquer das outras colônias modernas, inclusive a América inglesa. É um testemunho universal, repetido até pelos anglo-saxões. No Brasil a vida geral se fazia com uma relativa aproximação de senhores e escravos, e havia para estes mais humanidade. Por isso, o reflexo do mal teve outros tons. Se é possível apontar algumas relativas cruezas nos quadrados de senzalas dependentes dos cafezais, pelo resto do Brasil era uma inocente escravidão rural ou doméstica. Inocente porque, dadas as condições de cultura dos escravos, as formas de vida tinham piores efeitos para os próprios senhores do que para aqueles, humanamente tratados. Uma coisa é o efeito de massas de cativos, quase isolados, jungidos ao trabalho da mina, ou nos ergástulos dos latifúndios, outra é a ação de escravos misturados ao viver da família: dezenas de negros e mulatos, no recesso das cozinhas, no segredo das alcovas. De tudo isso já se tem tratado muito; e, a mais de um propósito, admite-se que da escravidão derivou mal para a vida moral.


No mesmo leito, viam-se, frequentemente, os filhos do casal, ao lado de quatro ou cinco escravos, distinguindo-se, apenas, na cor. Nesse cativeiro, a alma do negro não se sentia intransigentemente amesquinhada; havia relativa expansão, uma qual liberdade, e sombras de felicidade. E porque assim se fez o cativeiro dos pretos, nunca houve, aqui, daquelas sangrentas reações de escravos, como se encontram na história de outras partes da América. Afora casos individuais, contra um ou outro senhor mais desumano, as revoltas se limitavam aos quilombos de negros fugidos, e que não eram caçados a dente de cães de sangue... O próprio desenvolvimento dos Palmares, e outros grandes quilombos, mostra que os pretos escravos tinham, no Brasil, possibilidades que não existiam noutras colônias. Palmares foi uma organização política, e não um reduto de ódios. 

A nobreza de então, que deu grande parte do heroísmo do primeiro Brasil, forma uma bela aristocracia rural, vivendo do escravo, sim, mas, tão humana, que não tem par em todos os outros países coloniais da época. O cronista inglês Henry Koster, que viveu na região de mais desenvolvido trabalho agrícola do seu tempo no Brasil, mostra-nos uma escravidão com senhores – “que não tiram da terra todo o proveito possível, tal é sua bondade para com os escravos”. Nas grandes famílias, a tradição é de que “Não se vendem as crias da casa”. Em Pernambuco, atesta ele noutra parte, “os escravos são sempre decentemente vestidos”. Singelos, quase ingênuos aristocratas, eles têm, apenas, a fidalguia de ânimo, essência que pela idade se apura. 

E se esse que vos fala lhes parecer de excessivo apresso verifique oque diz Jean Louis Rodolphe Agassiz, um dos maiores promotores e dos principais defensores das teses racialistas do século XIX, quando de sua estadia no Brasil:
"- Era grande a variedade de toaletes; sedas e cetins roçavam-se com lãs e musselinas, e os rostos mostravam todas as tonalidades, do negro ao branco, sem contar as cores acobreadas dos índios e dos mestiços.
Não há aqui, com efeito, o menor preconceito de raça. Uma mulher preta — admitindo-se, já se vê, que seja livre — é tratada com tanta consideração e obtém tanta atenção quanto uma branca.
"
Ainda no Rio de Janeiro, sua esposa, Elizabeth, escrevera à sua família, constatando que:
“não há aqui o sentimento de inferioridade do preto que existe entre nós.”
Essa democracia racial observada pelos Agassiz, em seus juízos, seria prejudicial no sentido de que a mestiçagem produz uma população fraca e depauperada, composta por seres “vagos, sem caráter nem expressão”. Segundo Elizabeth, que lamenta:
o fato, tão honroso para o Brasil, de ter o negro pleno e inteiro acesso a todos os privilégios do cidadão tende a aumentar, antes que a diminuir, sua importância numérica.
Na Africa do Sul, quando do estabelecimento das primeiras colonias holandesas na cidade do Cabo, antes possessão portuguesa. Nos dez anos em que viveu no Cabo, Jan van Riebeck jamais teve contato pessoal com a população negra. Nunca tentou aprender os idiomas locais. Muito pelo contrário, ordenou, em 1660, a implantação de uma cerca para isolar a si e a todos os colonizadores. Os nativos eram chamados por ele de "cães negros, imbecis e fedorentos".

Há quem especule que, se os portugueses tivessem tomado posse do Cabo da Boa Esperança, a história da África do Sul teria seguido rumo bem diferente. O jornalista sul-africano Allister Sparks é um dos que acreditam nisto. Em seu livro The Rise and Fall of Apartheid in South Africa, Sparks escreveu:
"A história girou com o vento. Tivessem os portugueses ficado no Cabo, jamais teria havido o povo dos africânderes (ou bôeres) e sua ideologia do apartheid. Talvez uma República da Boa Esperança, rica em minérios, teria se desenvolvido num segundo Brasil, numa sociedade conhecida por integrar diversas raças e não como símbolo mundial da segregação racial."
O fomento, na atualidade, dos ditos "movimentos identitários", de negarem a nacionalidade, o fomento de regionalismos, de supostos quistos étnicos dissonantes do corpo nacional, que são difundidos, não só no Brasil, como em todo o mundo! São ardis imperialistas para quebrar a unidade nacional com fim de enfraquecer os Estados-Nacionais. O aspecto "novo", e que merece um maior aprofundamento posterior, é que esse imperialismo, não mais se restringe a um país "A" contra um país "B", mas sim de uma casta oligárca contra TODAS as nações do planeta. A tática é muito mais sofisticada e sutil como jamais houve!


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segunda-feira, 6 de maio de 2019

A Imigração Espanhola para o Brasil

A imigração espanhola no que pese sua importância, é pouco citada, em contraste a outras de contingentes pífios como a alemã e a japonesa. Para mensurar, se somarmos o contingente imigrante germânico e japonês, juntos, não alcançam se quer a metade da imigração espanhola. Mesmo a portuguesa, a qual trataremos futuramente, é relegado ao mais profundo obscurantismo. Não é algo por acaso....  há muito de perfídia, em franca negação de contingentes afins a nacionalidade brasileira, pondo em relevo outras mais dispares. Assim, passaremos a tratar de forma mais detalhada dos principais contingentes imigratórios para o Brasil, a começar pela espanhola.
Editorial


A imigração hispânica no Brasil colonial, não é quantitativamente bem apurada, embora seja bem documentado inúmeros entrelaçamentos de espanhóis com famílias brasileiras, muitas das quais que vieram a ser os principais troncos formadores da nação brasileira, como é o caso dos Bueno(s), dos Quevedo(s) em São Paulo,  reduto à época da União Ibérica de intensa presença de hispanos. Na Bahia como em Pernambuco, centros maiores, e redutos da administração luso-espanhola, sua presença também foi marcante. (ver: A Imigração Basca para o Brasil nos primeiros Séculos de Colonização.)

O início da presença espanhola no Brasil começa com o navegante andaluz, Vicente Yáñez Pinzón que teria sido um dos primeiros descobridores do Brasil, aportando na ponta do Mucuripe, em Fortaleza, ao qual ele chamou de "Santa María de la Consolación", em 26 de janeiro de 1500, três meses antes de Cabral, e daí a foz do rio Amazonas que ele chamou de "mar dulce", e de lá passando ao caribe.

Em 1527 o navegador e capitão mór da armada portuguesa enviada para o Brasil, Cristóvão Jaques, em sua terceira expedição (1526-1528) a costa brasileira, dar conta de um náufrago espanhol de nome Rodrigo Acuña, da expedição de Jofre de Loyassa às Molucas (1525), vivendo em Pernambuco. Martin Afonso de Souza, em 1531, nas intermediações de Cananéia se depara com Cosme Fernandes, "O Bacharel de Cananéia", junto a seis náufragos castelhanos.

Em 1582,  o comandante espanhol Castejon com 132 soldados, tomam parte na conquista da Paraiba contra os franceses e muitos se estabelecem lá mesmo na cidade de Filipéia (atual João Pessoa), a terceira mais antiga do Brasil. 

De mencionar a expedição de Bagnuolo, Conde Napolitano, no curso da invasão Holandesa em 1631, quando vieram 500 (quinhentos) espanhóis sob seu comando para lutar contra os holandeses.

Pós independência, quando da imigração espanhola em massa para o Brasil pode se subdividi-la em três momentos:

Uma primeira fase que vai de 1880 à 1900, com preponderância de espanhóis de origem galega.

Uma segunda fase de 1900 à 1922, preponderância de andaluzes, especialmente no oeste paulista.

Uma terceira fase de 1922 à 1960, quando os imigrantes galegos voltam a ser majoritários.

Imigração espanhola para o Brasil, por décadas de 1884-1893, 1924-1933 y 1945-1949
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografía e Estatística - IBGE

Década

1884-1893
1894-1903
1904-1913
1914-1923
1924-1933
1945-1949
1950-1954
1955-1959
Espanhóis
113.116
102.142
224.672
94.779
52.405
4.092
53.357
38.819

Contingentes de outras regiões espanholas também contribuiram em menor grau: bascos, catalões, asturianos, leoneses, cântabros, extremenhos.... nota-se, que com exceção dos andaluzes e extremenhos, os imigrantes espanhóis provem do norte da Espanha, oque compreendia antes as velhas fronteiras do Reino da Gallaecia, no que pese, a Extremadura, mais ao sul, também ter composto o Reino Galaico. 

Os dados da imigração espanhola não são tão precisos, variam conforme as fontes e os períodos, agravado por alguns portos de embarque serem em território português (porto do Lelixão e de Lisboa) oque muitas vezes se tomava um imigrante galego por português.

Segundo os informes consulares, entre 60 e 70% dos espanhóis no Brasil eram galegos. Tais índices se explica pela similaridade linguística do idioma galego com o português, a proximidade dos portos de embarque portugueses e a existência duma corrente migratória previa rumo ao Brasil intermediada por Portugal. (Villares, 1996)
Segundo Klein entre 1880 à 1900 imigraram para o Brasil 199.193 espanhóis.¹  Dos quais, cerca de 159.350 (80%) eram galegos. Até o final do século XIX, houve um grande fluxo de galegos, que se fixaram principalmente em centros urbanos: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém.

Do total, de 1900 até 1970: 750 mil espanhóis imigraram para o Brasil. (KLEIN, 1994, p. 36)

Os espanhóis estavam entre os primeiros e maiores grupos de imigrantes a chegar aos cafezais paulistas, ultrapassando inclusive os italianos.

Elena Pajaro Peres assinala a peculiaridade da imigração galega ao Brasil "polo feito de que o Brasil ser un dos destinos preferidos nos anos 1950, polo carácter rural da maioría destes inmigrantes e, sobre todo, por ser unha inmigración non vinculada necesariamente ao antifranquismo." ( Peres, 2002, p. 37) [...] a maioria dos espanhóis, nesse período, emigrou a Brasil por conta própria, sem gozar de qualquer assistência governamental. Entre estes, um grupo significativo provinha de Galiza [...].

A emigração subsidiada fora proibida. Porém, não teve efeito no trânsito para o Brasil, uma vez que se redirecionaram os portos de saída dos espanhóis. Os provenientes das províncias do sul e do leste passaram a buscar saída pelo Porto de Gilbraltar, enquanto no norte, especialmente Galiza, região densamente povoada e de mini-fundios, a saída se dava pelo Porto de Vigo (CÁNOVAS, 2001; KLEIN, 1994; MARTINEZ, 1999).

Entre 1900 à 1910, a imigração espanhola para o Estado de São Paulo foi majoritariamente de andaluzes, 60% do total, enquanto que 20% eram galegos e estes pouco utilizaram dos subsídios, visto que preferiam se direcionar para áreas urbanas, diferentemente dos andaluzes (MARTINEZ, 1999, P. 250)

A Andaluzia teve grande emigração até a década de 1910. Deste momento em diante, a Galiza, minifundiária e mais densamente povoada, será a região que mais emigrantes produzirá. 

Até 1910, os espanhóis casavam-se dentro de seu próprio grupo étnico em uma proporção maior do que a de italianos e portugueses: 62% dos homens casaram-se com espanholas, enquanto que 69% das mulheres casaram-se com espanhóis. [...] a partir de 1940, quando esta se torna urbana, os registros de casamento de São Paulo apresentam que apenas 12% dos espanhóis casaram-se entre si.

Com dificuldades de estatísticas anteriormente mencionadas, são importantes os dados de Gonzalez Martinez que, a partir de informes de cônsules aos Ministério de Assuntos Exteriores de Madrid em 1931, mostra a origem regional dos imigrantes espanhóis, a saber: 
Pará: 1.500 espanhóis, 90% galegos, 7% de Castilla-Leon, 3% de outras regiões. Esta imigração foi feita sob contrato para o desenvolvimento da agricultura e para a criação de núcleos coloniais na região. A maioria destes imigrantes abandona a região em busca de cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo ou ainda Buenos Aires e outros voltam para a Espanha. 
Recife: 476 espanhóis, 70% galegos, 5% catalães, 5% andaluzes, 5% castelhanos velhos e 10% de outras regiões;  
Salvador: concentrava 96% dos 3.500 residentes em toda a Bahia, 98% eram da Galiza – a maioria de Pontevedra. Monopolizavam o comércio de mercearias, padarias e restaurantes e também de casas de penhores;  
Mato Grosso: 150 em Campo Grande e 110 em Corumbá;  
Amazonas: quase mil; 
Espírito Santo: quase 500; 
Rio de Janeiro: 40 mil espanhóis, 70% galegos, 30% de outras regiões, com predomínio de homens (70%), possuindo as mesmas características comerciais de outros lugares;
Segundo o censo de 1906, havia um total de 210.515 de imigrantes no Río, sendo 133.000 deste total portugueses, 25.557 italianos e algo mais de 20.000 espanhóis. No censo de 1920 os espanhóis continuaram representando o terceiro grupo máis numeroso de imigrantes nesta cidade. Os imigrantes destes anos foron atraídos para o Brasil devido ao crescimento econômico que o país passava, sendo Rio de Janeiro uma das cidades mais desenvolvidas do sudeste e sul, regiões que se concentrava 93,4% da população brasileira (Sarmiento, 2006). Outro dato importante é que, dentro da comunidade espanhola do Rio de Janeiro, os imigrantes de origem galega também são os mais numerosos.
Érica Sarmiento destaca que: [...] antes do inicio da imigração massiva para o Brasil (1890), já havia galegos que não só estavam estabelecidos na capital, com seus negócios, senon que tamen davam Trabalho aos compatriotas da mesma aldeia ou município. Podemos dizer que apesar de não serem majoritários antes de 1890, foram os pioneiros e sentaram as bases do que seria a futura imigração galega ao Rio: espontânea, baseada en lazos de parentesco e adicada principalmente ao setor do comercio e Hotelaría. (Sarmiento, 2006, p. 42)
Os galegos que chegaram ao Rio de Janeiro na sua maioria emigraram de forma espontânea e se instalaram no meio urbano. Dedicaram-se ao setor terciário, que lhes oferecia mais oportunidades de trabalho e permitia uma ascensão social mais rápida que o meio rural, ainda que a maioria fosse originaria do meio agrário na Galiza. Muitas vezes tinham alguma propriedade no seu lugar de origem que poderia ser vendida ou alugada para que ajuda-se nos gastos da viagem. 
Paraná: 500 espanhóis em Curitiba; 
Santa Catarina: menos de 400;
 
Rio Grande do Sul: existência de vários núcleos: Porto Alegre, Pelotas, Uruguaiana, Bagé, Santana do Livramento, com cerca de 10 mil residentes; os restantes no Estado não possui importância quantitativa (MARTINEZ, 1999, P. 246).
“Quem são os imigrantes espanhóis? Seguindo a tendência apontada por Martinez nesse período, a grande maioria era de galegos, que se fixaram principalmente em centros urbanos brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. Para o Rio Grande do Sul, os dados são ainda mais dispersos. Seriam em torno de 10.000, segundo o consulado Espanhol, nos núcleos de Porto alegre, Pelotas, Uruguaiana, Bagé, Santana do Livramento, etc. [....]” (p.47) 
Minas Gerais: De 1884 à 1896, 3.002 espanhóis.


A Imigração Galega:


Os imigrantes galegos, além de mais numerosos entre os espanhóis, eram um contingente distinto, com cultura, língua e historia própria. E por que é mais difícil identifica-los? Érica Sarmiento crer que tal questão tem relação com a figura do imigrante português na sociedade carioca: Assim, os verdadeiros galegos, quando não aparecem ocasionalmente em obras sobre a imigração, espanhola em geral, apresentam-se camuflados sob a figura dos portugueses.

Não só eram chamados "galegos" os naturais da Galiza, como também os portugueses. A palavra era empregada duma forma pejorativa para alcunhar os portugueses quando se queria insulta-los. Posteriormente, o termo galego acabou estendendo-se a todo estrangeiros, e n´algumas regiões brasileiras, a palavra define as pessoas de pele muito clara e cabelos louros.
"A imigração portuguesa ocultou a comunidade galega impedindo que as miradas acadêmicas identificassem os galegos como um grupo numericamente importante, ativo na sociedade carioca e com características próprias. [...] Portugueses e italianos tiveram importância na sociedade carioca como os maiores grupos de imigrantes [...], mas os portugueses sem dúvida tiveram representação em um setor que trabalha diretamente com as classes mais populares: o do comercio. Eram maioria como donos de bares, pensões, restaurantes, padarias e tendas de ultramarinos. Curiosamente os galegos destacaram-se no mesmo setor profissional, em bares, hotéis e restaurantes, como se tivessem seguido o exemplo dos portugueses, que dominavam esse setor antes da chegada dos competidores. [...]"
Ademais de ocupar a mesma área profissional compartilhavam a proximidade entre os dois idiomas, a afinidade de costumes, a mesma zona geográfica da que procediam - os portugueses que estavam no Rio eram majoritariamente do Norte de Portugal - e o feito de que já existira - previamente a imigração transoceánica - um fluxo migratório de Galiza para este país. (Sarmiento, 2006, p. 44-47)

Oque Érica comenta sobre os brasileiros fazerem uso do termo galego fazendo alusão aos imigrantes portugueses também foi mencionado por José González Márquez na súa entrevista: "Sabes que alla no dicen" galego ", ¿no? Galego llaman a los portugueses. Alla, los gallegos de Galiza son españoles. Alli me llaman de español, asi como aquí me llaman brasileiro muchos. "



Famílias Hispânicas no Brasil Colonial:

1. Agostinho Guterres (Valencia, Espanha, c. 1685 - Viamão, Rio Grande do Sul, c. 1763) casado com Maria de Brito Peixoto.
2. André Martins Bonilha (Espanha, ? - Brasil, c. 1616) casado com Justa Maciel.
3. Antonia Gonçalves (Sevilla, Andalusia, Espanha, ? - São Vicente, São Paulo, c. 1616) casada com Antonio Preto, o Patriarca da Família Preto no Brasil.
4. Antonia Gonçalves (Sevilla, Andalucía, Espanha, c. 1560 - Brasil, c. 1616) casada com Francisco Martins Bonilha.
5. Antonia Pinto (Salamanca, Castile and León, Spain, c.1707 - Rio Grande, Rio Grande do Sul, 12 de junho de 1738) casada com João Antunes da Porciúncula.
6. Balthazar de Godoy (Castela, c.1561 -- ?, ?) nobre castelhano, que veio a S. Paulo na segunda parte do século XVI em tempo do domínio de Castela no Brasil. Aqui casou com Paula Moreira filha do capitão-mor governador Jorge Moreira.
7. Bartolomeu Bueno de Ribeira, o Sevilhano (Sevilha, Andalusia, Espanha, c. 1555 - São Paulo, c. 1629) casado com Maria Pires.
8. Bernardo de Quadros (Sevilla, Andalusia, Espanha, ? - Brasil, c. 1642) casado com Cecília Ribeiro.
9. Concépcion Martinez Martins (Conceição Martinez Sugrañez (Barcelona, Espanha, 8 de outubro de 1894 - 2 de outubro de 1980) casada com João Baptista Gomes Martins.
10. Concepción Montserrate Josefa Sugrañes Daudi (Barcelona, Espanha, 7 de dezembro de 1869 - Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 1945) casada com Miguel Mariano Martínez Marmol.
11. Diogo de Lara (Zamora, Castile and León, Spain, ? - São Paulo, 22 de outubro de 1665] casado com Madalena Fernandes de Morais.
12. Diogo Trilha (Antequera, Málaga, Andalusia, Espanha, ? - Brasil, ?) casado com Suzana do Rosário.
13. Domingos de Amores (Castela, Espanha, ? - Brasil, ?) casado com Antônia de Siqueira de Mendonça.
14. Francisco José De Leivas (Sevilha, Espanha, c. 1727 - Brasil, ?) casado com Maria Joaquina De Aguirre De Abreu.
15. Francisco Martins Bonilha (Castile and León, Espanha, c. 1560 - Brasil, ?) casado com Antonia Gonçalves.
16. Francisco de Saavedra (Madri, Espanha, ? - Brasil, ?) casado com Maria Moreira.
17. Geraldo Mirambell Olivé (Barcelona, Espanha, c. 1825 - Pelotas, Rio Grande do Sul, 8 de dezembro de 1906) casado com Maria José Bernardina da Silva.
18. João de Azpilcueta Navarro (País Basco, c.1522 -- Bahia, 1557) padre da Companhia de Jesus, um dos primeiros a serem catequistas no Brasil, no século XVI. Era primo da mãe de São Francisco Xavier. (Curiosidade: empresta seu sobrenome para dar nome à Rua Aspicuelta, Vila Madalena, São Paulo.)
19. João Gonçalves Salgado (Santa Maria do Rio do Caldo, Lobios, Ornise, Galicia, Espanha, ? - Triunfo, Rio Grande do Sul, 22 de abril de 1779) casado com Ana Maria Leite de Oliveira.
João Matheus Rendon de Quebedo (Cáceres, Extremadura, Espanha, c. 1600 - Brasil, ?) casado com Maria Bueno de Ribeira.
20. João Piza (Balearic Islands, Spain, ? Brasil, ?) casado com Josefa Leite.
21. José Antonio Garrastazu (Espanha,? - Brasil, ?) casado com Dominique Barbiére Ibarburu, do qual descende o ex-Presidente da República Emílio Garrastazu Médici]
22. José Ortiz de Camargo, o Pai (Burgos, Castrojeriz, Burgos, Castille and Leon, Spain, ? - São Paulo, c. 1630) casado com Leonor Domingues.
23. Miguel Garcia Carrasco (São Lucas de Cana Verde, Espanha, ? - Brasil, ? ) casado com Margarida Fernandes e Izabel João.
24. Pedro Legaspe (Espanha, ? - Brasil, ? ) casado com Amélia Andrade.
25. Raimundo Mulet (Barcelona, Catalunha, Espanha,? - Brasil, ?) casado com Lauriana do Nascimento Martins.

Fontes:
¹KLEIN, H. A Imigração Espanhola no Brasil. São Paulo: Idesp, Sumaré, Fafpesp. 1994, p.31, tabela 1.1.
MARTINEZ, Elda E. Gonzalez.. O Brasil como país de destino para os imigrantes espanhóis. In Fazer a América, Org. Boris Fausto, São Paulo: EDUSP, 1999. 
“Ainda para Martinez 238.739 espanhóis saíram de portos espanhóis com destino ao Brasil, entre 1882 e 1929. [....]” (p.47)
“Martinez registra a presença de 567.176 imigrantes espanhóis no Brasil. Oque chama de segunda etapa com início em 1950, entraram 94.693, em 1960 já cai para 28.397. [....]”
“Para Klein, entre 1952 e 1970, o Brasil recebeu 111.100 imigrantes europeus, sendo 24.459 espanhóis, 22% de todos os europeus vindos para o Brasil [...]”
“Ao final da Segunda Guerra Mundial, ocorreu o último surto da imigração espanhola, até os anos 60.”
Entre 1884-1893 imigraram para o Brasil 113.116 espanhóis, dos quais 90.400 eram galegos. Até o final do século XIX, houve um grande fluxo de galegos, que se fixaram principalmente em centros urbanos: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém.
Segundo Klein, H. de 1880 à 1892, imigram para o Brasil 74.751 espanhóis. 
De 1880 à 1900: 199.193. (Klein, H. A Imigração Espanhola no Brasil. São Paulo: Idesp, Sumaré, Fafpesp. 1994, p.31, tabela 1.1)
" [....] teriam sido introduzidos no ano anterior (1895) 6.631 imigrantes, dos quais 6.376 por conta do estado (ibidem, p.30). Prosseguindo-se os trabalhos no ano de 1896, foram introduzidos 22.496 imigrantes, dos quais 18.999 eram italianos e 3.002 espanhóis. No ano de 1898, o relatório do presidente do estado informa que teriam sido introduzidos no estado, no ano anterior (1897), 17.558 imigrantes, elevando a 61.259 o total de imigrantes vindos para o estado desde o final do ano de 1894
De 1900 até 1970, chegam ao País cerca de 750 mil espanhóis. Os espanhóis estavam entre os primeiros e maiores grupos de imigrantes a chegar aos cafezais paulistas, ultrapassando inclusive os italianos. Nos registros da Hospedaria dos imigrantes, em São Paulo, entre 1910 e 1915, dos 102.800 espanhóis que por aí passaram, apenas 15% pagavam suas passagens (KLEIN, 1994, p. 36).
“Conforme os números da Fundação de Economia e Estatística, em 1890, contabilizava em Porto Alegre dados referentes ao ano de 1872: 43.998 habitantes, entre livres e escravos. Pelo critério de sexo, a população é de 26.409 homens e 26.012 mulheres, totalizando 52.421 habitantes. No Rio Grande do Sul, como um todo, pelo critério da nacionalidade há em 1900, 1.013.986 brasileiros, 129.329, estrangeiros e 57.551 ignorados.”. (p.55)





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domingo, 5 de maio de 2019

"O Sangue dos Deuses" Entre os Brasileiros - e sua Influência sobre a Saúde e a Personalidade

O Brasil esta entre os países do mundo com maior incidência de pessoas com fator Rh- (Rhessus negativo), entre 16 à 18%. É um percentual maior do que a média europeia que não excede 7 à 8%, atingindo seu pico na Euskadia (país Basco) com 40%. Alguns teóricos, sustentam que o Rh- seria "O Sangue dos Deuses", atribuindo sua origem a uma suposta origem extra-terrestre. Pois, nenhum outro animal, exceto o ser humano, apresenta o fator Rh negativo no planeta.

A Orígem do Rh-, ainda é uma incógnita, contudo, pondo as teses "telúricas", de suposta origem extra-terrena de lado, a tese de adaptabilidade evolutiva tende a ser mais plausível. Pessoas de Rh- negativo são imunes a determinados vírus e bactérias, oque teria propiciado sua propagação. Contudo, em que agrupamento humano teria se originado?

A incidência do fator Rh- esta muito bem caracterizado, na Europa, em especial na banda ocidental, atingindo seu pico entre a atual população basca. Outros agrupamentos humanos, especialmente canários (habitantes das ilhas canárias) e berberes, isolados nas montanhas de Marrocos, também apresentam fator Rh- acima da média. Os estudos, linguísticos e genéticos dessas populações (bascos, canários e berberes) tem apontado, cada vez mais, a evidencia de uma origem comum, que adviria do homem de cromagnon.

Análises genéticas realizadas de dentes de populações de caçadores-coletores (cromagnos) registram serem portadores de sangue "O-". As populações bascas, canárias e berberes são essencialmente originárias dessas população de caçadores-coletores com uma posterior invasão neolítica e que permaneceram isoladas através dos milênios.  Daí melhor conservando o fator Rh-.

A alta incidência de fator Rh- no Brasil é mais difícil de explicar, e não existem maiores estudos a respeito. A média do fator de Rh- entre os portugueses (4,2%) é menor do que a dos brasileiros (18%), então ao menos, esse excedente, presente nos brasileiros, não pode ser atribuído aos portugueses. Parte dessa alta incidência de Rh- entre os brasileiros, pode ser atribuível a sua descendência holandesa e normanda (franceses) na éra colonial, posto que essas regiões apresentam índices de Rh- de 15% entre sua população. Estudos genéticos recentes, realizados nos países de colonização espanhola, apontam uma maior contribuição genética basca em suas formação do que até então se supunha. Talvez, algo semelhante, tenha se passado no Brasil no período da União Ibérica, com um maior afluxo de bascos para o Brasil (UchoaGarro, Ortiz, Sarabia, Urrea, Aguirre, Mendonça, etc....). Embora, mesmo, esses países hispânicos, de maior contribuição basca em sua formação, não apresentam fator Rh- elevado. Então mesmo que tenha havia um influxo maior de bascos para o Brasil, não explicaria essa elevada incidência do fator Rh- no Brasil, embora corrobore. Uma outra hipótese seria, que por acaso, contingentes portugueses ou bascos, específicos, portadores de fator Rh-, tenham se estabelecido no Brasil e pela pequenez populacional,  e isolamento, com o tempo, se expandiram endogamicamente, como foi comum entre as famílias brasileiras. E uma última hipótese, seria que os indivíduos portadores de Rh-, estariam melhor protegidos de doenças tropicais, dando-lhes maior capacidade adaptativa e sua consequente propagação. Talvez.... o conjunto de todos esses fatores, tenham contribuído, e explicaria essa alta incidência do fator Rh- entre os brasileiros. 

Os Grupos Sanguíneos 

Em 1901, o médico austríaco Karl Landsteiner reconheceu três grupos de sangue ABO. A descoberta do fator Rh em 1940 permitiu que os médicos compreendessem completamente os problemas de compatibilidade entre doadores de sangue e destinatários.

As células vermelhas do sangue (eritrócitos) tem um tipo de antígeno na superfície. Composto de moléculas de açúcar, esses antígenos são chamados aglutigenos. Existem dois tipos de aglutinogenos: tipo A e tipo B. O tipo de antígeno na superfície de suas células vermelhas do sangue determina o seu tipo de sangue.

Existem quatro tipos de sangue, feita a partir de combinações de tipo A e tipo B antígenos:
Tipo A: Os glóbulos vermelhos têm o tipo de A aglutinogeno.
Tipo B: células vermelhas Do sangue têm o tipo B aglutinogeno.
Tipo AB: Os glóbulos vermelhos têm tanto de tipo A e tipo B aglutinogenos.
Tipo O: Os glóbulos vermelhos não têm qualquer aglutinogenos.
Há uma outra proteína (fator Rh) que, às vezes, é encontrada nas células vermelhas do sangue. Se uma pessoa tem o fator Rh, o seu tipo de sangue é chamado de "Rh positivo." Um indivíduo sem esta proteína é chamado de "Rh negativo". Combinado com a ABO, tipos descritos acima, uma pessoa pode ser A+, A-, B+, B-, AB+, AB-, O+ ou O-.

O sangue dos tipos A e B são co-dominantes, por isso, se o pai tem sangue tipo AA e a mãe tem sangue tipo o BB, a criança vai ter um tipo de sangue AB.

Sangue Tipo O é recessivo, de modo que uma criança só tem esse tipo de sangue se ele recebe dois O tipo de sangue de genes de seus pais. Se ambos os pais são o sangue do tipo O, todas as crianças na família têm o mesmo tipo de sangue. Outra forma de isso acontecer é se os pais são heterozigotos para o alelo: significa a mãe pode ser o tipo de sangue A, mas o seu genótipo (os genes que ela carrega) estão realmente AO. Nesse caso, ela expressa o sangue antigeno, mas ela também tem um gene para o tipo de sangue. Se ela se casa com outro heterozigoto AO portador, há uma chance de que um dos seus filhos herdariam O que são genes e, em seguida, ter o o tipo de sangue. A chance de essa família ter um filho com o tipo de sangue é de 25% - há 50% de chance de que iria ter um filho com o AO genótipo (que teriam tipo A) e 25% de chance de que iria ter um filho com o genótipo AA (tipo A de sangue).


A Origem dos Tipos Sanguíneos:

Os diferentes grupos sanguíneos (A, B, AB, O), parecem esta ligados a metabolização dos alimentos nas distintas fases da evolução humana e sua conseqüente adaptação. Pois diferentes alimentos são metabolizados de forma única por cada grupo, provavelmente, resultou em que um grupo sanguíneo alcançar um certo nível de susceptibilidade (bom ou ruim) para quadros endêmicos de, bactérias, vírus e parasitas de dada área. Isso, provavelmente mais do que qualquer outro fator, foi o que influenciou a moderna distribuição de nossos grupo sanguíneo. É fascinante notar que praticamente todas as principais doenças infecciosas que ocorreram de forma tão desenfreada em todo o nosso período pré-antibiótico, se correlaciona a uma preferência a um tipo sanguíneo.

O caso da Peste Negra, que acometeu a Europa durante o Séc. XIII e XIV, é especialmente interessante. A Yersinia é uma bactéria que acometeu especialmente indivíduos do tipo O. A praga foi quase sempre fatal para aqueles que a contraíram nos primeiros anos do surto. Pelo do século XV, no entanto, o número de mortes eram raras, apesar de muitas pessoas continuarem a contrair a infecção. Em apenas duas gerações, os traços foram desenvolvidos nos sobreviventes, que os protegiam de infecções fatais. Desde estes traços foram necessárias para a sobrevivência, eles eram repassados e mantido como uma forma de memória genética.

As populações europeias, em sua fase de pré-urbanização, de caçadores coletores, teriam vantagem de sobrevivência com sangue do tipo Ó, por ser mais resistente aos vermes que rotineiramente parasitavam esses primeiros seres humanos. A fase de urbanização e de assentamentos agrícolas, privilegiou indivíduos do tipo A e posteriormente de grupos advindos da Ásia do tipo B.

O alelo "B" não é encontrado entre os caçadores coletores, e nem entre a população neolítica (majoritariamente de tipo A). Tendo sido introduzido na Europa com a população vindo das estepes. Na Euskadia (País Basco) o grupo B é quase inexistente, oque comprova o isolamento dessa população. 

Quanto ao fator Rh. Estudos genéticos mostram que o fator Rh- (Rhesus negativo), era inexistente entre a população neolítica (agricultores), porém comum entre os Proto-Indo-Europeus - PIE e caçadores-coletores (cromagnon).

O tipo sanguíneo A é bem característico da Europa e da Anatólia (Turquia a grosso modo), Tendo Portugal uma elevada cifra de tipos sanguíneos A (48%), o Brasil reflete esse quadro com 42% de sua população sendo do tipo A, evidenciando sua forte ascendência europeia, corrobora para esse quadro ainda, um elevado contingente de Rh- entre os brasileiros.



A Influência do Sangue na Saúde:

A 'hemolítica perinatal' ocorre quando da incompatibilidade do sangue da mãe com a do bebê durante a gestação. A mulher humana, é a única fêmea em todo o reino animal que pode apresentar incompatibilidade com sua própria cria. Isso devido ao fator Rh negativo, oque sugere uma origem racial distinta.

Quando uma mulher é Rh negativo e fica grávida com um bebê Rh positivo. Se for sua primeira gravidez, a gestação ocorre bem porque o sangue da mãe, não se mistura com o do bebê durante o período gestacional. Às vezes, no entanto, o sangue do bebê e a da mãe se mistura durante o parto. Daí o sistema imunológico da mãe, começa a montar uma defesa contra as proteínas do sangue Rh positivo.

Quando a mãe engravida pela segunda vez com um bebê de Rh positivo, os riscos são muito maiores. Neste caso, o sistema imunológico da mãe, pode reagir contra a proteína Rh invasora do bebê. Quando isso acontece, o sistema imunitário da mãe ataca as células vermelhas do sangue do bebê, causando a sua ruptura. O bebê se desenvolve de uma forma de anemia hemolítica, o que pode ser fatal.

Para evitar danos ao bebê, a mãe deve tomar injeções de Rh imuno-globulinas. O Rh imunoglobulina é um anticorpo para o fator Rh: e, se algum de sangue do bebé fez o seu caminho para a mãe do sistema, o Rh imunológico-globulina que se liga ao bebê células do sangue. Estes "emprestado" anticorpos irá impedir que a mãe do sistema imunológico a produzir sua própria.

Se uma mãe demonstra altos níveis de anticorpos Rh em seu sistema sanguíneo, o bebê é cuidadosamente monitorado. Se o recém-nascido mostra sinais de desconforto, um procedimento conhecido como transfusão de troca, às vezes, é realizada para encher a criança de fornecimento de sangue.

No que toca aos grupos sanguíneos, em 2001, o cirurgião vascular Francisco José Osse, brasileiro, atual diretor do Centro Endovascular de São Paulo, foi para a Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, estudar a trombose venosa, em que um coágulo entope uma veia, causando inchaço, feridas e dificuldades de movimentação nas pernas. Um dia, no ambulatório da faculdade em que realizava o estudo, o brasileiro se deparou com seis pacientes acometidos pelo problema. “Por curiosidade, perguntei ao primeiro qual seu tipo de sangue. Ele disse A+. Eu me encaminhei ao segundo e a resposta foi igual. Quando o terceiro falou a mesma coisa, desconfiei que aquilo não era apenas coincidência”.

Desde então Francisco José Osse, aprofundou os estudos e os dados indicam que o tipo de sangue A+ esta relacionado a um maior numero de quadros severos de trombose venosa. O motivo é que: “Portadores do A+ tendem a possuir índices elevados de fator VIII, uma molécula coagulante”. Esse tipo de coágulo também poderia bloquear uma artéria que irriga o coração. “Por isso acredito que detentores de A+ também sofrem com uma maior suscetibilidade de se tornarem vítimas de um infarto”.

Outros estudos, correlacionados, desde a década de 50, como por exemplo o do epidemiologista sueco Gustav Edgren, do Instituto Karolinska, na Suécia, após investigar 1 milhão de doadores, sugere que o tipo sanguíneo A esta relacionado no aparecimento de cânceres gástricos.

A bióloga Lilian Castilho acrescenta: “Existe um vínculo entre o H. pylori e o surgimento de úlceras que propiciam tumores gastrointestinais. E há evidências de que o tipo O está mais sujeito a infecções por essa bactéria”.

Lilian ainda explica que o sangue tipo 'A', 'B' e o 'AB' possuem moléculas específicas na superfície de suas células. “E determinados parasitas se ligam a essas estruturas. É o caso do protozoário deflagrador da malária“, daí os indivíduos de sangue tipo 'O', que não possui esses ancoradouros, ofereceria maior proteção contra a malária. Contudo, por alguma razão, o tipo 'O' é vulnerável à invasão do micro-organismo que causa cólera e à do norovírus, incitador de gastroenterites.

Uma pesquisa recente realizada por pesquisadores da Universidade de Sheffiel, na Ingaterra, e publicada no Boletim de Pesquisas Cerebrais, revelou que o tipo sanguíneo pode influenciar no desenvolvimento de doenças cognitivas, como o Mal de Alzheimer. A pesquisa aponta uma relação entre a quantidade de massa cinzenta (um tecido que forma parte do cérebro) e o tipo sanguíneo. Pessoas do tipo O têm mais matéria cinzenta do que qualquer um dos outros três tipos (A, B e AB). Segundo os pesquisadores, quanto maior o volume de massa cinzenta, maior é a proteção do corpo contra doenças como o Alzheimer. As pessoas com sangue tipo A, B e AB têm menos matéria cinzenta na parte posterior do cerebelo do que aquelas com sangue tipo O. “Os resultados parecem indicar que pessoas que têm sangue tipo O estão mais protegidas contra doenças em que a redução volumétrica é vista em regiões temporal e mediotemporal do cérebro, como o Alzheimer”, segundo o pesquisador Matteo DeMarco. O volume da matéria cinzenta diminui com o envelhecimento. Algumas das primeiras partes do cérebro que são danificadas pelo Alzheimer são as “temporais e límbicas”. Essas são áreas atrás do cérebro. A pesquisa constatou que elas são menores em pessoas com tipos sanguíneos A, B e AB.¹


A Influência do Sangue na Alimentação:

O tipo 'O' deve ter uma alimentação mais rico em proteínas.
É carnívoro
Tem aparelho digestivo forte
Sistema imunológico super ativo
Intolerância a adaptações dietéticas e ambientais
Reage melhor ao stress com intensa atividade física
Requer um metabolismo eficiente para permanecer magro e vigoroso.
Neste grupo, mais que em qualquer outro, devem ser evitados todos os cereais, as leguminosas e os produtos lácteos.
Este grupo necessita de proteínas. Devem ser preferidos a vaca, carneiro ou borrego,  todos os peixes e mariscos.
A carne de porco e charcutarias são interditos.
De entre os cereais o trigo deve ser completamente eliminado, mas podem ser aceites, com uso reduzido, o centeio, o sarraceno, o arroz., a quinoa.
Recomenda-se o uso de azeite, que é excelente. Não são aceites o óleo de milho nem de amendoin.
Recomenda-se o uso de legumes e frutos, mas são de evitar os frutos muito acidificantes.
Favorecem o ganho de peso: trigo, milho, feijão e couves.

Os de tipo 'A' em vegetais, devendo evitar produtos lácteos e excesso de proteínas.

A dieta para o Tipo A
As pessoas de sangue Tipo A se dão bem com dietas vegetarianas, herança de seus ancestrais agricultores. O Tipo A, deve achar que é uma mudança muito grande passar de sua alimentação à base de carne e batata para proteínas de soja, cereais e hortaliças. Do mesmo modo, deve achar difícil eliminar alimentos exces­sivamente processados e refinados, uma vez que nossas dietas civilizadas são cada vez mais compostas de toxinas acondicionadas em belas embalagens. Contudo, é muito importante que as pessoas de Tipo A consumam seus alimentos em estado o mais natural possível: frescos, puros e orgânicos.
Nunca é demais enfatizar como esse cuidado é importante para o sensível sistema imunológico dos organismos de Tipo A. As pessoas de Tipo A são biologicamente predispostas para diabetes, câncer e do­enças do coração. Em outras palavras, esses são seus fatores de risco. Não preci­sam, porém, ser seu destino. Se você seguir essa dieta, fortalecerá seu sistema imunológico e poderá interromper o desenvolvimento de doenças mortais. Um aspecto positivo de sua herança genética é sua habilidade para utilizar o melhor que a natureza tem para oferecer. Seu desafio será reaprender o que seu sangue já sabe. 
O fator de perda de peso
Você vai emagrecer naturalmente com a Dieta Tipo A. Se você está acostuma­do a comer carne, perderá peso ainda mais rapidamente no começo quando elimi­nar os alimentos tóxicos de sua dieta.
De muitas formas, o Tipo A é exatamente o oposto do Tipo O no que se refere ao metabolismo. Enquanto no Tipo O os alimentos de origem animal aceleram o ritmo do metabolismo e o tornam mais eficiente, no Tipo A eles produzem um efeito muito diferente. Talvez você já tenha notado que, quando come carne ver­melha, sente-se indolente e menos energizado que quando come proteínas vege­tais. Algumas pessoas do Tipo A sofrem retenção de líquido quando seu aparelho digestivo processa lentamente alimentos pesados. As de Tipo O consomem sua carne como combustível; as de Tipo A no final armazenam sua carne como gordu­ra. A razão para a diferença está no ácido estomacal. Enquanto os organismos de Tipo O têm alto nível de acidez no estômago, o que facilita a digestão da carne, os de Tipo A têm baixo nível de acidez estomacal – uma adaptação de seus ancestrais que sobreviveram com uma dieta vegetariana.
Os laticínios são também de difícil digestão para os de Tipo A e provocam reações insulínicas – outro fator dc diminuição do ritmo metabólico. Alem disso, os laticínios são ricos em gorduras saturadas, o tipo que compromete o coração e leva à obesidade e ao diabetes.
O trigo é um fator misto na Dieta Tipo A. Embora os de Tipo A possam comer trigo, devem tomar cuidado para não comê-lo em demasia, do contrário seu tecido muscular vai tornar-se excessivamente ácido. À diferença das pessoas de Tipo O, que se dão bem com um tecido ligeiramente ácido, as de Tipo A não podem utili­zar a energia tão rapidamente e o metabolismo das calorias é inibido. Essa reação
alimentar em particular é um bom exemplo de como diferentes alimentos reagem de diferentes modos de acordo com seu tipo sangüíneo. O trigo é alcalino nos organismos de Tipo O e ácido nos de Tipo A.
Além de comer uma ampla variedade de cereais e hortaliças saudáveis, po­bres em gordura e balanceados, as pessoas de Tipo A devem dar preferência a certos alimentos por seus efeitos benéficos e medicinais.

O tipo AB:


Tipo B: Nômade. Descendentes dos primeiros nômades são os únicos a tolerar bem os laticínios.
É equilibrado
Sistema imunológico forte
Sistema digestivo tolerante
Opções dietéticas mais flexíveis
Consumidor de lacticínios
Reage melhor ao stress com criatividade
Requer um equilíbrio entre a atividade física e mental para permanecer magro e forte
Algumas pessoas deste grupo podem tolerar bem o trigo, mas será com vantagem substituído por arroz e espelta. Pode comer aveia mas deve evitar o centeio e o sarraceno.
São alimentos muito benéficos para este tipo sanguíneo o cordeiro, carneiro, coelho, quase todos os peixes, leite de cabra, arroz, azeite, e chá verde.
Devem evitar o tomate, milho, abacate e alcachofras.


A Personalidade segundo os grupos sanguíneos:

Em 1972, um japonês professor de psicologia, Furukawa Takeji, notou diferenças no temperamento dos alunos. Foi a partir daí que os japoneses começaram a dar maior importância aos grupos sanguíneos.

No Japão o tipo sanguíneo é questionado em entrevistas de emprego. Há, inclusive, empresas japonesas que investem quantias significativas para criar um determinado produto, desde refrigerantes a calendários, tendo em conta as características sanguíneas e as preferências dos potenciais clientes.

A personalidade, segundo o especialista em gestão comportamental Sergio Ricardo aponta que: “O grupo B é resiliente. O AB, carismático. Já o O tende a ser dominante, enquanto o A é sensível”.

Tipo A: pessoas tranquilas, sérias e com bom temperamento. Têm caráter forte, são de confiança e chegam a ser teimosas. Também são tímidas, introvertidas e falsas, mas, ao mesmo tempo, são leais aos amigos. Tentam esconder as emoções para se mostrarem mais fortes, enquanto, interiormente, são frágeis e um pouco nervosas. Possuem um dom artístico e quando colocadas numa posição de poder tornam-se arrogantes e rebeldes.

Tipo B: curiosas, atenciosas e fazem de tudo para proteger os interesses das pessoas que as rodeiam. Animam-se facilmente, mas perdem o interesse com rapidez. Identificam claramente as próprias prioridades e, muitas vezes, tornam-se egocêntricas. Têm espírito independente e personalidade forte. São apaixonadas, curiosas, sensíveis e imprevisíveis.

Tipo AB: imprevisíveis e distantes. Com uma combinação de dois tipos de sangue, muitas vezes, têm dupla personalidade: uma para aqueles que são mais próximos e outra para os que não o são. Têm muitos amigos, mas, às vezes, afastam-se para estarem sozinhas e refletirem. São criativas, racionais e atenciosas. Mas também são temperamentais, se ofendem facilmente. Podem ser muito extrovertidos e tímidos ao mesmo tempo.

Tipo O: seriam expressivos, criativos e confiantes. Capazes de liderar e motivar. São generosos, contribuindo para o bem-estar dos outros. Atletas naturais, procuram obsessivamente a vitória. São sociáveis, persistentes e confiáveis, mas não aceitam os próprios erros. São populares e gostam de ser o centro das atenções. Às vezes, revelam-se ingênuos, frios, rancorosos e imprevisíveis.


O Sangue dos Brasileiros

As estatísticas apontam uma variação entre 36% à 42% de brasileiros do tipo sanguíneo A; entre 9 à 10% do tipo B; 3,5% à 4% de AB; e 40 à 52% do Tipo O.

Tendo portanto os brasileiros majoritariamente sangue do tipo A+ (36%) e do tipo O+ (37%).

Expressivo também é quantidade de Rh negativo, que varia entre 16 à 18%. Dos quais, dentro da margem de 16%: 7% é O-, 1% AB-, 2% B-, 6% A-.Uma das maiores do mundo.

No CNDS - Cadastro Nacional de Doadores de Sangue, a freqüência dos tipos sanguíneos presentes em seu banco são:

Rh-
Rh+
O-
11,39%
0+
39,68%
A-
4,9%
A+
28,73%
B-
1,6%
B+
9,68%
AB-
0,72%
AB+
3,20%
18,61%
81,39%
  Fonte: CNDS - Cadastro Nacional de Doadores de Sangue, 2019.
Esses dados demonstram uma contribuição europeia majoritária entre os brasileiros, pois o sangue do tipo A como o fator Rh negativo são quase exclusivamente de origem europeia.





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