sábado, 22 de dezembro de 2018

Do Keltico ao Galaico-Português, A Língua dos Brasileiros.

"Conservando nossa língua, ecoamos as vozes de nossos ancestrais."


A língua portuguesa merecia melhor tratamento e maior glória do que lhe é conferida na atualidade.  Diferente do castelhano e do "alemão", que são línguas artificiais, inventadas, o português é uma língua histórica, de constituição orgânica que carrega em sua formação marcas "genéticas" de sua origem. Ao mesmo tempo que se trata de uma das línguas mais antigas faladas em todo o mundo. A guisa de comparação, o islandês, tido como a mais conservadora dentre todas as línguas escandinavas e mesmo da família germânica, não vai além de 1540. O português tal como o conhecemos retrocede a 1175 (havendo referencias ainda mais antigas de 1108)!

O francês antigo, bem como o provençal antigo, comparados com o francês, e o provençal falado hoje, são outras línguas. Isso não ocorre com o português arcaico. Este representa uma fase envelhecida do idioma, sem contudo ser outro.

Velho nalgumas formas, arcaico no emprego de muitas palavras, obsoleto na preferência de certas expressões (e diverso na pronúncia, provavelmente), o português dos primeiros tempos é sempre inteligível, porque a gramática é a mesma.  

A língua portuguesa, que melhor seria chamar de: Galaico-portuguesa, nasce no noroeste peninsular. Foi essa a língua falada durante a Guerra de Reconquista contra os infiéis muçulmanos, e fator de distinção entre galaicos e sarracenos, que somado aos seus respectivos credos, os vinculavam a sua nação. Os galaicos, de fé cristã e língua galaica dos infiéis sarracenos, hereges e de língua árabe.

Inscrição Lusitana de Cabeço das Fráguas. Talhada quando da
transição da antiga língua celta para o latim:
OILAM TREBOPALA/INDO PORCOM LAEBO/COMAIA
ICCONA LOIMINNA/ OILAM USSEAM / TREBARUNE INDI
TAVROM/ IFADEM REVE
Em 61 A.C. o latim já era língua corrente no sul da península. Estrabão, historiador e geografo grego, radicado em Roma, observou que os turdetanos, na Bética (atual oeste da Andaluzia), haviam esquecido a sua língua materna (céltica), e se expressavam em latim. Nesse interregno até o séc. V, ocorre o processo de transição da antiga língua céltica para o latim a medida que a romanização avança para o norte. No séc. X, na cordilheira Cantábrica, ainda se registra vestígios da antiga língua.
 
O latim se espraiou por toda península com a invasão romana, e no Séc. V, com as invasões bárbaras (suevos, visigodos, alanos, vândalos), se intensificou a corrupção da linguagem. Com a invasão árabe, no Séc. VIII, a decadência do latim se acentuou, o latim reduziu-se a uns falares vernáculos, e quase despareceu das Espanhas, como havia de suceder no norte da África. 'Aljamia' chegou a chamar-se o linguajar latino, e era como se dissesse 'o bárbaro', o estrangeiro, em oposição à 'aravia', a língua árabe.

Mas no fim do séc. XI (1097) criou-se o condado portucalense, logo depois elevado a reino por Afonso Henriques. Os sucessos estimularam às oposições religiosas, e os portugueses não quiseram mais falar em árabe. Não podendo volver ao esquecido latim aceitaram a fala barbarizada da gente mais humilde.

No que pese, indubitavelmente, ser uma língua "latina", com forte contribuição do romance, que a torna aparentada as demais línguas neolatinas. O galaico-português manteve substratos de sua origem céltica. De modo que alguns filólogos a classificam como uma língua celto-latina.

Dentre esses substratos, estaria o uso do verbo ser ao invés de ter, em frases possessivas, ex: "a chave é minha". A marcante presença de ditongos decrescentes. São exemplos, e não só, dentre outros, de características presentes nas línguas célticas.

O galaico-português desde então, se conservará, quase que por um milagre, sem maiores transformações.

É esse o idioma que se traslada para o Brasil. No que pese haver à época, oque se designou como: português quinhentista, um português mais padronizado e gramaticado. O português que aqui se estabelece, nos primeiros séculos de colonização, é o português nortenho, falado por aldeões e aristocratas rurais, em geral gente iletrada. Somente a camada letrada da sociedade, que basicamente se restringia, aos burocratas do Estado e padres, tinham acesso ao português gramaticado (quinhentista). Embora, com o perpassar do tempo, é ele que se estabelece nos dias atuais. Na população humilde o português arcaico resiste.

O emprego do infinito variável, ainda hoje usado com freqüência na língua popular, atesta sua proximidade com o português arcaico. Se não tivesse empregado o infinito variável , Camões teria escrito uma frase ambígua naquele célebre passo: "Ó Netuno, lhe disse, não te espantes de Baco no teus reinos receberes" (Lusíadas, VI, 15).

Repare como o segundo infinito variável, torna a frase mais leve, e o pensamento mais evidente na seguinte passagem de Alencar: "Nem por isso os outros deixam de continuar o seu giro, e as estações de seguirem o seu curso regular".

O uso do infinito variável, foi muito mais extenso no português antigo, e é mesmo mais notável na língua popular do que no português literário moderno. É um maravilhoso recurso de clareza, ou de ênfase, a que é lícito recorrer mesmo quando a gramática postula o contrário.

Em 1980, o filólogo Ataliba Castillo conta que quando se passou a debruçar sobre as diferenças entre o português falado no Brasil do de Portugal, ao contrário, do que inicialmente se pensava.... que o português no Brasil se distanciava do de Portugal. A verdade, era que o português de Portugal é que se afastara do português do séc. XV, e que se manteve no Brasil. 

Existem depoimentos de gramáticos do Séc. XVI, dentre os quais: Fernão de Oliveira, que ao tentar descrever o modo de falar dos portugueses, dizia que: "os portugueses falam como pessoas de muito ciso, falam lentamente".  Oque destoa do modo atual dos portugueses falarem, que se notabilizam pela contração de palavras, "engolindo" sílabas. 

Esse distanciamento do português de Portugal, teria se processado no séc. XVIII, por influência francesa. Daí não só a tendencia de engolir sílabas no meio das palavras, como o de omitir sílabas finais. Bem como, o abandono, pelos portugueses atuais, do gerúndio, tão empregado no português-arcaico e ainda usual no português do Brasil.

A língua que se fala no Brasil, ainda que transpareçam diferenças da de Portugal, é, em essência, a mesma, pois que se compendia na mesma gramática. Essas diferenças são classificadas como "linguajar" que se alteram mesmo entre estrados sociais de uma mesma localidade, e que de modo algum, distingue como outra língua.

O português dos colonos da alta camada social manteve-se, por isso, com um caráter muito conservador: em 1618, o autor dos diálogos das grandezas dizia que o Brasil era Academia onde se sabia falar bem e que os jovens de Lisboa e doutras partes do reino aí vinham para aprender as boas falas [....] O número de brasileiros que iam formar-se na Universidade de Coimbra aumentava de século: 13 no século XVII e 1752 no século XVIII.

De modo, que, se pode afirmar, que o português do Brasil é mais arcaico e melhor conservado do que o falado em Portugal. E que urge uma melhor preservação do nosso idioma, a exemplo do islandês, que vige uma política linguística formulada desde o século XVIII que proíbe a entrada de palavras estrangeiras, e que no lugar de adotar estrangeirismos, cria neologismos a partir de palavras próprias; além disso, reativa palavras antigas e cria outras baseadas em raízes bem conservadas na tradição linguística nacional.





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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

A Infiltração Religiosa, A Fórmula Imperialista para Desfragmentar e Dominar Nações.

“Creio que a assimilação dos países latino-americanos aos EUA será longo e difícil enquanto esses países continuarem sendo católicos.” – Theodore Roosevelt.


Em 19 de outubro de 1596, o navio espanhol San Felipe foi destruído em Urado na ilha japonesa de Shikoku em rota de Manila para Acapulco. O daimiô (equivalente a senhor feudal) local Chōsokabe Motochika apreendeu a carga do galeão espanhol, e o incidente chegou até os ouvidos de Toyotomi Hideyoshi, o Taikō do Japão.

Segundo os japoneses quando o governador enviado por Hideyoshi (imperador japonês) a tussa interrogou alguns membros da tripulação da nau São Felipe, um dos testemunhos foi o do piloto do navio, um tal de Francisco da Finlândia, este supostamente quis impressionar a Masuda mostrando-lhe em um mapa, a grande quantidade de territórios sobre os quais governava seu Rei Felipe II. Ao perguntar-lhe, Masuda, como havia feito Castela para poder conquistar tantos e tão extensos territórios, o piloto lhe disse que primeiro se mandava para essa nova terra os padres e frades, que se encarregavam de converter uma parte da população e suas elites, afim de dividi-los e mais facilmente conquistá-los, quando pouco depois chegassem os exércitos castelhanos, e que desta forma tinham feito no Peru.

Essa conversa foi reportada a Hideyoshi, que reagiu com fúria, pois, confirmou suas suspeitas sobre o real intento da presença de cristãos no Japão. Ordenou então, que todos os missionários no Japão fossem reunidos. Ishida Mitsunari, primeiro entre os Go-Bugyō, esclareceu que a ordem de Hideyoshi era direcionada aos franciscanos que violavam abertamente seu decreto de 1587 - os jesuítas, que eram discretos em sua pregação, foram excluídos. No final, 26 missionários foram crucificados.

Essa foi a primeira perseguição letal de cristãos no Japão. O episódio ficou conhecido como os 26 Mártires do Japão.

A consciência do imperador japonês, de enxergar na infiltração de uma religião estrangeira, um ardil imperialista, livrou o Japão de virar uma colônia, como vieram a ser, quase todos os países asiáticos, incluso a antiguíssima China, e dessa forma, sobreveio um saudável auto-isolamento do Japão.  Por mais de dois séculos e meio, a única presença europeia no Japão, foi um pequeno entreposto em uma ilhota da ilha de Nagasaki, concedido aos holandeses, só permitido despachar um único navio por ano!

Dejima, ilhota, na ilha de Nagasaki. Único posto de contato por
séculos do Japão com o ocidente. 
Essa tem sido a fórmula de fracionar e dominar nações desde tempos idos, não é fenômeno recente. A própria reforma protestante foi financiada por seitas ocultas, para fracionar e dividir países, lhes afastando da influência católica. Tal como sucedeu com a antiga Liga Hanseática, atual norte da Alemanha, em que surge a Reforma Protestante. Mesmo na época, esses reformadores, eram minoritários, ainda hoje, todo sul e oeste da Alemanha era e ainda são católicos.  E por via de subornos, vantagens comerciais e o financiamento de exércitos mercenários, conseguiram se estabelecer nos principados do norte. Igual ardil foi usado em Flandres, originando a Holanda, ainda na época, de minoria protestante. E mais tarde a Inglaterra, igualmente por uma minoria protestante subvencionada por seitas ocultistas. Igual intento tentaram na França, alí, fracassaram, e a França conservou sua unidade.

Passados séculos, a tática não mudou e continua eficiente. Para extinguir as possessões coloniais portuguesas, na África, a CIA introduziu califados mulçumanos na África Austral. E mais recentemente, um dos objetivos da imigração de árabes para Europa é o fortalecimento de comunidades mulçumanas no seio de países Europeus, vivendo uma vida apartada do corpo nacional.

Na Ibero-América esse processo já advém desde a II Guerra, quando os Rockfellers financiaram missionários e o estabelecimento de igrejas Batistas por todo Brasil, concomitante a Lojas Maçônicas,  esse processo ganha força com o neopetencostalismo, e o resultado vemos hoje.

Os elementos advindos dessas seitas, como regra, se desbrasileirizam, se dissociam do Brasil, da identidade brasileira. Embora se digam brasileiros, por uma questão formal, não se identificam com o corpo nacional. E daí passam a se identificar com os EUA, que no seu imaginário, incorpora os valores e o modo de vida que contemplam como ideal. Passam a ser corpos estranhos que infeccionam a alma nacional e que se não forem detidos, levarão a morte do Brasil.

Nossa unidade religiosa foi fator determinante na expulsão dos franceses, que se dividiram, na época, entre huguenotes e católicos, e que embora melhor estabelecidos se enfraqueceram em guerras internas, para melhor proveito dos portugueses firmemente unidos. De igual modo, foi a fé católica que deu a unidade necessária aos brasileiros contra os hereges holandeses. Cumpre a todo nacionalista sincero, se apegar a religião ancestral de sua nação, e rejeitar com veemência toda religião estrangeira como se lhe oferecessem veneno. Pois tomar, significa, além de trair e quebrar o elo com seus ancestrais, cometer o suicídio da nacionalidade.


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terça-feira, 20 de novembro de 2018

Bandeira do Brasil, Retrospectiva Histórica e uma Nova Proposta

“Sobre a imensa nação brasileira, nos momentos de festa ou de dor, paira sempre sagrada bandeira, pavilhão da justiça e do amor”.

A atual bandeira do Brasil, foi oficializada em 19 de novembro de 1889, concebida por  por Raimundo Teixeira Mendes, com colaboração de Miguel Lemos, Manuel Pereira Reis e Décio Villares, em substituição a vergonhosa proposta de Rui Barbosa, que copiava a bandeira estadunidense. 

idealizada por Rui Barbosa,
dirá Miguel Lemos:
"cópia servil do pavilhão da 
república norte-americana"
Produto de seu momento histórico, a bandeira do Brasil, herda as cores imperial, verde e amarelo, bem como mantem a configuração retangular embutido um losangolo redimensionado. Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, foi muito feliz ao idealizar a esfera armilar, com estrelas, distribuídas em constelações, representando os Estados federados (21 na época, e que se acresce sempre quando da criação de um novo Estado), que giram em torno da estrela "polaris australis" que simboliza o Distrito Federal. As constelações são as presentes no céu do dia da proclamação da República. Resultando, sem dúvida, em um dos mais belos pendões dentre todas as outras nações do planeta.

Bandeira do Brasil
Flâmula Nacional apresentada por Ramundo Teixeira Mendes e  Miguel Lemos
 em substituição a vergonhosa proposta de Rui Barbosa

No que pese os elogios, desde sua criação, a bandeira foi também objeto de críticas, e houveram projetos de leis com propostas para sua modificação.

O deputado Francisco Coelho Duarte Badaró (MG), em dezembro de 1890, na oportunidade da aprovação da constituição da república, questionou o lema positivista presente na bandeira. 

Floriano Peixoto, chegou a sugerir o brasão da república em substituição ao brasão central da monarquia. 

O Barão do Rio Branco idealizou, sem contudo, oficializar sua proposta, a mudança das cores para vermelho, branco e preto, representando as três raças formadoras, com um sol nascente em substituição a coroa sobre o escudo do império.

O deputado Oliveira Valadão, em setembro de 1892, apresentou o primeiro projeto jurídico de modificação. Sugerindo retirar a esfera celeste a substituindo pelas Armas da República num círculo central, de cor azul marinho.



Em junho de 1908, o deputado Wesceslau Escobar, apresentou um projeto para retirar a faixa central com o lema "Ordem e  Progresso".




Em 1933, com a abertura da nova Assembleia Constituinte, que resultaria na Constituição de 34. O deputado Eurico de Góis, que já houvera proposto em 1908, a modificação da bandeira, substituindo a esfera armilar por uma estrela de cor branca, propôs um novo projeto, apondo a cruz da ordem de cristo tendo em seu centro um timbre circular com a representação do cruzeiro do sul, circundado por estrelas. O projeto foi rejeitado pela comissão constituinte.

Esse episódio é interessante, porque com a Revolução de 30, era um momento oportuno para mudança de bandeira e dos símbolos do Estado, e Getúlio, ao que parece, não quis alteração. Oque denota sua adesão ideológica, representadas nos símbolos nacionais, esboçadas pelos que proclamaram a  República. 


Cronologia Histórica da Bandeira do Brasil.

O Brasil teve como bandeira em sua fase colonial, as bandeiras do Reino de Portugal. 

A primeira bandeira especialmente designada para o Brasil, foi a instituída por Maurício de Nassau para o Brasil holandês (Nieuw Holland). E não a da famigerada e torpe Companhia das Índias Ocidentais (Geoctroyerde Westindiche Compagnie – GWC).


Ao designar armas próprias para o Brasil, bem como outras medidas autonomistas (Nassau quebrou o monopólio da Companhia das Índias Ocidentais, mantendo somente o comércio do açúcar e a extração do pau-brasil, liberando todo o mais) se depreende, que Nassau almejava constituir o Brasil como um Vice-reinado das Províncias Unidas, se constituindo ele próprio Vice-rei. 

Com o fim da União Ibérica, posteriormente, em 1692, D João IV conferiu a seu filho Teodósio o título de "Príncipe do Brasil", instituindo uma bandeira branca ostentando uma esfera armilar. A versão que atribui essa bandeira exclusiva para o Brasil é contestada, pelo fato dessa bandeira ser de uso dos navios mercantes portugueses, os navios de guerra portugueses não a usavam. Se explica que como o Brasil era o principal destino dos navios mercantes, tendeu a se atribuir essa bandeira ao Brasil. 


moeda cunhada no
Brasil em 1695
A esfera armilar advém do pavilhão pessoal de D. Manuel I, que chegou a ser usada com certa freqüência nos navios  durante a éra da expansão marítima que se deu sob seu reinado. De influência cabalista, inspirada no selo de hermes-toth, por influência do astrólogo sefardita Abraão Ben Samuel Zacuto, consultor de D. Manuel I.

A cruz da Ordem de Cristo, igualmente, foi adotada no período manuelino, também de influência cabalista, advinda da Ordem dos Templários, sem qualquer elo com a nacionalidade portuguesa. Foram os templários que trouxeram para o ocidente as heresias ocultistas, do que viria a ser a maçonaria (só fundada formalmente em 1717). A Ordem dos Templários, foi dissolvida, e em Portugal renomeada para Ordem de Cristo, porem subsistiu nela alguns elementos cabalistas, ainda que bem mais "cristianizados", do que era na Ordem dos Templários. D. Manuel sonhava reconquistar Jerusalém, destruir a cidade de Meca e converter todos os mulçumanos e judeus ao cristianismo.

Quando da instituição do principado do Brasil, as primeiras moedas cunhadas pela coroa portuguesa no Brasil, apresentavam a Esfera Armilar (brasão do Brasil ou dos territórios ultramarinos?) entrecortada pela Cruz da Ordem de Cristo (adotada pelo Estado Português), que viria a constar na bandeira imperial.

Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarve (1816)
Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. A Lei Carta de 1816 estabeleceu a insígnia do novo reino, especificando que o brasão de armas do Reino do Brasil deveria ser composto por uma esfera armilar de ouro em um campo azul.

Em 1940, o historiador português Augusto de Lima, trouxe a tona um projeto de bandeira de 1820 (anterior a independência), achada nos arquivos pessoais de D. João VI, encomendada a Debret, muito similar à bandeira do que viria a ser a do império. De fundo retangular verde, com losangolo amarelo, tendo ao centro a cruz da ordem de cristo sobreposta a esfera armilar, emoldurada por ramos de cana e café, tendo em sua base um dragão verde.

Essa descoberta corrobora o receio de D. João VI, com o processo de independência que se alastrava pelas Américas.  E o concelho que deixou a seu filho, D. Pedro I: “Se o Brasil for se separar de Portugal, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros”.

Aliado da Inglaterra, Portugal na pessoa de D. João VI, sabia bem que as lojas maçônicas eram extensões do poderio inglês, e que era através delas que se fomentava as falsas independências das colônias espanholas, fazendo-as cair sob julgo inglês. Ante esse cenário D. João VI pelo alvará de 3 de maio de 1818, proibiu o funcionamento de lojas maçônicas no Brasil, sob pena de morte. No que pese a Inglaterra não ter apoiado os esforços dos maçons no Brasil, posto já ter o Brasil, como mercado cativo através de Portugal. Enquanto nas colonias espanholas, o comércio com a Inglaterra era vedado, embora ocorresse amplamente de forma clandestina.

Projeto de Debret de 1820
A situação muda quando a Revolução do Porto, demanda a revogação de livre-comércio do Brasil, e sua perda do status de reino. Oque duplamente, tanto atingia a dignidade real de D. Pedro I, como feria os interesses ingleses, já estabelecidos diretamente no Brasil, sem a intermediação de atravessadores portugueses. Ante-vendo esse cenário, de uma independência feita por maçons, tendo a Inglaterra diretamente como aliada, o perigo de sucesso tornou-se real. Oque certamente influiu na decisão de D. Pedro I, se coroar Rei/Imperador do Brasil, seguindo o concelho de seu pai.

Esse projeto de bandeira de 1820, também joga alguma luz quanto a ideologia que moldou a estética da bandeira imperial. Na heráldica armorial, o escudo feminino é sempre representado por um losangolo, esse também figurava na bandeira dos Habsburgos, casa da qual provinha D. Leopoldina, já então casada com D. Pedro I. O casamento entre D. Pedro I e D. Leopoldina, não foi por acaso, visava buscar alianças com um Estado forte, a fazer contra-peso a sufocante influência inglesa. 

Don Pedro I, usava como insignia pessoal um dragão verde, que figura no projeto de Debret. Provavelmente, também de onde deriva a cor verde do campo da bandeira. Ao contrário do que se propala, ao afirmarem que "a cor verde adviria da casa dos Braganças", na verdade suas cores eram vermelho, azul e branco.

Portanto, esses indícios parecem mais próximos e portanto mais fortes, do que atribuições, que comumente se faz a analogias de estandartes da revolução francesa de cariz maçônico. 

Resultado de imagem para bandeira Garde Nationale

Embora seja, sempre uma possibilidade, que Debret tenha se utilizado de uma estética ambígua, afim de melhor atrair a simpatia de maçons pró-monárquicos.

Em fim, temos a bandeira imperial, oficializada por José Bonifácio pelo decreto de 18 de setembro de 1822. Diferente do projeto original, a esfera armilar sobreposta a cruz da ordem de cristo é circundada por um círculo estrelado de campo azul, aposto em um escudo de estilo inglês, ornado por um ramo de café e fumo, unidos por um laço vermelho, e tendo como timbre a coroa imperial de D. Pedro I. 

O brasão de armas criado após a consolidação da independencia, e que posteriormente fez constar na bandeira brasileira, diferentemente da concepção original de Debret, pode ser atribuido a José Bonifácio de par com D. Pedro I, como sacramentalização do ideário monárquico em contraposição a corrente republicana na época.

José Bonifácio foi um dos elaboradores da
bandeira brasileira junto com o pintor  francês
Jean Baptiste Debret e oficializada por decreto
seu em 18 de setembro de 1822, 11 dias após
o brado da independência.
Uma Nova Proposta.

Voltando a querela de propostas de alteração da bandeira brasileira, esse que vos escreve julga conveniente algumas observações.

O nome "Brasil", é celta, e significa vermelho, soa embaraçoso não ter nenhum vestígio de vermelho na bandeira que o representa. Assim, cremos que uma bandeira brasileira deveria ter predominantemente a cor vermelha.

A esfera armilar, desde a outorga do título de Principado do Brasil, tem sido seu brasão, contudo, não chega a ser um símbolo nacional, além de sua origem cabalista, também foi usado por outras colonias portuguesas, e desde sua instituição representou uma época negra, quando o Brasil foi entregue a companhias, que passaram a extorquir os brasileiros, essas mesmas companhias que faziam uso da esfera armilar. Julgamos mais conveniente e legítimo o primeiro, e portanto mais antigo, brasão de armas do Brasil.
Armas do Estado do Brasil
Primeiro brasão de armas 
do Brasil.

Esse brasão de Armas é oque em heráldica chama-se: "escudo falante", por representar literalmente a denominação do pertencente.  Sua representação, também, não chega a ser original, é uma reprodução do escudo de Sobrarbe, adotado por associar o nome Brasil, creditado a arvore de pau-brasil, ao nome oficial: Terra de Santa Cruz. No caso a arvore figura sobre um campo prata (branco).

O dragão como parte da heraldica luso-brasileira. O dragão esta presente desde tempos imemoriais na Lusitânia antiga, designada pelos gregos de "Ofiuza" (terra das serpentes). O mito grego atribuía haver nos confins do mundo, a oeste, um jardim paradisíaco em que se abrigava uma macieira com pomos de ouro, capaz de dar sabedoria, resguardada por um dragão de 100 cabeças.

A figura do dragão também esta presente nas lendas célticas, sempre como guardião de algo valioso, alegoricamente: um tesouro, uma princesa....

O dragão verde também foi brasão de armas do Reino Suevo, o primeiro da Europa, posteriormente aditado a um leão vermelho, ante a união do Reino dos suevos com os alanos. Bem como, também presente no projeto da bandeira imperial.

bandeira suevo-galaica
Concebemos dessa maneira, que a junção desse escudo de armas com o dragão verde, sintetiza de forma perfeita o mito hespério, de transferência e formação de uma nova civilização no extremo oeste do mundo atribuído ao Brasil por padre Anchieta.

A compleição da bandeira seria a mesma da primeira bandeira do Reino de Portugal, com uma cruz central, também em alusão ao nome oficial do Brasil: Terra de Santa Cruz, mudando naturalmente as cores, campo vermelho e cruz branca.


“[....] mando aos meus sucessores, que tragam por divisa e insígnia, cinco escudos partidos em cruz, por amor da Cruz e das cinco Chagas de Jesus Cristo, e em cada um trinta dinheiros de prata, e em cima a serpente de Moisés, por ser figura de Cristo. E esta será a divisa da nossa nobreza em toda nossa geração.”

Afonso Henriques, Rei fundador de Portugal


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domingo, 16 de setembro de 2018

A V Geração Castilhista

"Uma plêiade de jovens idealistas radicalizados, Castilhistas, anti-liberais, anti-monarquistas, favoráveis a um Estado forte e autoritário, desfavoráveis ao Poder Legislativo (que nunca prosperou com o castilhismo), modernizadores burgueses, politizados e, apesar de militarizados, sempre, radicalmente civilistas. Entretanto, o traço fundamental, não só em sua doutrina, mas sobretudo da administração concreta dos militantes do PRR, foi seu marcado caráter anti-oligárquico e anti-patrimonialista dos seus governos de quase quatro décadas.."

Quando as sombras das trevas envolvem a pátria, quando seu povo vagueia sem rumo na escuridão, tomados pela fome, acometidos pelas chagas, saqueados por estrangeiros, e quando tudo parece perdido... os  heróis ressurgem, como astros a guiar o passo conduzindo em salvo pela jornada do destino, pois se lhes fora facultado nascerem em outras épocas.... mais amenas, renegariam! Pois é na noite mais escura que fulguram com maior brilho! E de nada valeria suas vidas se não quando mais a pátria deles necessita e com um sorriso nos lábios, ansiosamente, derramar o sangue por sua terra, e com seu sacrifício fertilizar os campos para que brotem gerações vindouras ainda mais potentes.

Volvendo os olhos para o passado, repousa o berço da nacionalidade, fonte perene de inspiração, em resgate dos valores perdidos, que uma vez renascidos, forjará uma geração capaz de realizar milagres. O renascimento do homine brasiliensis, tal como idealizou Maquiavel na sua busca do homem de "virtú" para salvar a Itália, ou o "ürbermensh" de Nietzsche. Todas tentativas de resgate do homem clássico ante a decadência da época. O brasileiro, que surge no Séc. XVI, ao contrário dessas transfigurações imaginárias é real. O brasileiro quinhentista é a materialização do homem renascentista.

É um anacronismo julgar tanto o português como o brasileiro quinhentista a luz do que se observou no restante da Europa. Portugal, como toda Ibéria, nunca experimentou o negror da idade-média, tendo sido àquele tempo a região mais próspera e culta da Europa. Disso decorreu o arcabouço tecnológico que propiciou as grandes navegações.

Para compreender aqueles homens tal qual eram e oque vieram a ser, é preciso mergulhar a luz do catolicismo, determinante na formação da mentalidade daquela gente. A Gallaecia cristã, aonde nasceu Portugal, que primeiro se bateu pela expulsão moura e cedo os repeliu, não sofreu o influxo do cristianismo romano. O norte, menos romanizado, conservou seu substrato celta sob uma aparência cristã. E assim, nunca caiu na decadência mórbida do cristianismo oficial.

São esses portugueses nortenhos, os mais numerosos, que virão a aportar no Brasil, em sua maioria aldeões, que conservaram sua ortopráxis religiosa de substrato celta, e por desiderato seu ethos. Nada sabiam dos costumes  bíblicos, e pouco compreendiam oque lhes falava nas missas rezadas em latim. Sua religiosidade se materializava nos ritos, peregrinações, rezas e agouros de suas crenças imemoriais, conservadas, pelo isolamento, nas populações aqui plantadas.

Os que se entregavam as letras, tinham por tutores os jesuítas, de formação humanista por excelência, e que será um traço característico na formação dos homens letrados do Brasil, e que exercerão sua influência ao longo dos dois primeiros séculos de nossa formação, findo o qual o Brasil já estava feito.

Temos assim, grosseiramente, a guisa de exemplo, dois seguimentos "intelectuais" em sentido lato, na formação do Brasil, um composto pela população rural iletrada, que conserva uma religiosidade com forte substrato pré-cristã e uma elite intelectual de formação humanista. Então, quando do contato entre esses portugueses, de natural espírito renascentista, e tupis, surge o brasileiro, que nasce livre da noção de pecado, ultra equinocialis non pecare, de hábitos arcaicos, verificável ainda hodiernamente, tanto em sua língua quanto em sua religiosidade, melhor conservada do que no outro lado do atlântico, o gosto pela fidalguia e suas inter-relações mais baseadas no sangue do que em convenções sociais. Isso tanto  pelo lado dos tupis quanto dos portugueses, ambas sociedades orgânicas, em que somente as relações de sangue firmava uma real aliança entre as partes. O "cunhandismo" foi um fenômeno natural na formação brasileira, conseqüente do encontro de duas sociedades com características tribais. Disso decorrendo sua estruturação social em clãs, como também se observa nas populações nortenhas de Portugal.

A expulsão dos jesuítas, concomitante ao parasitismo da metrópole já decaída pelo espírito mercantil, foi um golpe que retirou do Brasil esse corpo pensante, relegando a população ao abandono e a ignorância. Quadro agravado, com o não reconhecimento do Vaticano da dinastia dos Braganças ao fim da União Ibérica, e que fez cessar as nomeações de padres para o Brasil. Assim a ação eclesiástica em terras brasileiras teve um longo hiáto, no que pese ter corroborado para a preservação dessa religiosidade medieval pelos brasileiros.

O heroísmo que atirara a nação portuguesa ao mar se degrada em ambição grosseira de lucro, subverte a classe dirigente, que passam a viver do parasitismo mercantil das índias, as atividades produtivas do Reino são marginalizadas, decaem, e com ela a própria decência. As índias funcionaram como filtro que poupou o Brasil de espíritos rapaces, os que buscavam lucros imediatos, a colher riquezas feitas, se dirigiam para as índias, para o Brasil se foram os que buscavam fortuna estável, se fixando a terra. Os primeiros colonos, foram a melhor gente que Portugal pode nos legar, advindos da baixa aristocracia rural nortenha, com o intuito explícito de fundar uma nova pátria.

Perdida as índias, Portugal se volta para o Brasil como "sua vaca leiteira". Ainda ligado umbilicalmente a Portugal, não repele em definitivo oque se converte em explorador.

Foram as leis de Licurgo, profetizadas pela sacerdotisa de Delfos, que asseguraram a prosperidade de Esparta. Júlio de Castilhos, assim como Licurgo, é para nós brasileiros, o instituidor das leis que nos fará sair do paul em que nos encontramos. A ereção de um Estado forte, democrático e sobretudo soberano, garantidor da unidade e da prosperidade nacional.

A difusão de idéias de pluralidade religiosa, de Estados "multiculturais", visam a fragmentação da unidade nacional, promovida por seitas interessadas no enfraquecimento do Estado-Nação, em reação ao surgimento e fortalecimento dos Estados-Nacionais que despontam com os ideais renascentistas. O "iluminismo", embora comumente tido como um desdobramento do Renascimento, na verdade foi uma espécie de "contra-reforma".  Há dois elementos iluministas que deformam completamente os ideais renascentistas, o individualismo e o universalismo.

As sociedades clássicas, eram formações profundamente coletivistas, e anti-universalistas, marcadas pelo preponderância do interesse público sobre o privado. O interesse coletivo se sobrepunha a todo o mais e se fazia prevalecer por intermédio de suas instituições de caráter democrático. Ao mesmo tempo que os helênos, em especial, espartanos era reputados como povos "xenofobos", a conotação só toma contornos negativos, justamente com o iluminismo. Contudo não é particularidade dos gregos, mas de todos os outros povos de estrutura orgânica. Os visigodos, a guisa de exemplo, mesmo em contato permanente com romanos e outros povos em suas estadia nos balcãs, e posteriormente na Espanha, constava no Código Visigótico, a proibição de contrair matrimonio com outras gentes, se não somente entre eles.

As instituições políticas helênicas, celtas e mesmo germânicas, se caracterizavam por ter um caráter democrático. A guisa de exemplo, mesmo Esparta, tida como um modelo "aristocrático" guardava em seu bojo eleições para certas instituições bem como consultas diretas aos seus cidadãos, instituto caracterizador da democracia. As sociedades celtas e germânicas, embora tendo Reis, hereditários, ainda sim, passíveis de destituição, ou eleitos, cumpriam mais uma função de chefe militar, as questões de maior relevo eram submetidas em assembléia, se subordinando o Rei as suas decisões. Havia ainda um "senado"(de: senos/antigos), um conselho de anciões que deliberavam entre si, submetendo em seguida a apreciação popular.

A instituição democrática, pela sua própria natureza, é anti-pluralista, esmagando as minorias e fazendo prevalecer o interesse da maioria sobre a minoria. Que com o tempo acaba por homogenizar o corpo social.

É preciso frisar que "multiculturalismo" é a manutenção de diversidades étnicas dentro de uma mesma área geográfica. O processo natural, que ocorria ao longo de toda antiguidade, era que grupos minoritários que transmigravam, e que se assentassem em uma área já povoada, fossem naturalmente absorvidos. Se isso não ocorria, fica claramente caracterizado uma invasão, e mais das vezes, a instituição de uma oligarquia (governo de poucos) subjulgando a maioria. Exemplo disso, foram as invasões anglo-saxônicas nas ilhas britânicas, antes, um assentamento celta de tempos imemoriais.

Portanto, o multiculturalismo é incompatível com uma ideologia nacionalista. O multiculturalismo é essencialmente uma tática imperialista, de divisão e desfragmentação, para quebrar a unidade de um povo, de longa data empregada por impérios, indiferentes, e mesmo hostis a unidade de povos submetidos. Como são exemplos o império pérsa, egípcio e romano, dentre outros.  Contudo, a sua própria tática de dominação, leva ao seu enfraquecimento, quando confrontado por outros povos com maior unidade, tal como sucedeu aos persas diante dos gregos. Será a atual China, os antigos gregos, diante dos EUA no papel do antigo império persa? O tempo dirá....

Observe que guardadas as devidas complexidades do Estado moderno, esse é o modelo simplificado do Estado Castilhista, o chefe do executivo, auxiliado por um corpo técnico que delibera, ao passo que o executivo julgando conveniente ou não as proposituras do concelho, submete a apreciação popular.

Ver-se o acentuado caráter orgânico desse modelo institucional, e que caracteriza o Estado Castilhista, ao contrário dos Estados Liberais, em que os governados se vê-em excluídos das decisões políticas. E é esse modelo orgânico, e por desiderato democrático, que possibilita que as decisões políticas se subordinem ao interesse coletivo, a vontade popular ipso facto, impossibilitando o favorecimento de uma minoria sobre uma maioria.

A instituição de Estados pluralistas, universalistas e descentralizados é a receita da ruína. O exemplo da guerra do peloponeso deveria ser sempre uma imagem fresca na memória daqueles que propugnam por um modelo descentralizado de Estado. Igual exemplo vemos entre os celtas, sua grande fraqueza, residiu em estarem pulverizados, para maior facilidade da dominação romana. Pois não só impossibilita a reunião dos meios que poderia fortalece-los, como abre margem a intromissão de uma potência externa. Essa foi a tática romana, se aliando a tribos mais fracas para golpear outras mais fortes, dividi-los e por fim, sem oposição, instituir seu domínio sem contestação.

Os exemplos se repetem na história, nas Américas temos os Maias, que embora mais antigos e tecnologicamente mais avançados do que seus rivais, enfraquecidos pelas guerras civis, desaparecem soterrados pela ascensão Asteca de instituição política mais centralizada.

É repetido como mantra, que o Brasil seria um "país multicultural", não há mentira maior. O Brasil sempre se caracterizou como uma sólida unidade étnico-cultural, muito mais do que países europeus menores, e do que qualquer outro com suas dimensões. Todos os brasileiros tem uma ascendência comum, uma mesma língua, sem dialetos,  e sobretudo, uma forte unidade religiosa, do qual todos os brasileiros são descendentes de progenitores que professavam um mesmo credo, a Santa Fé Católica.

A perda da unidade étnico-cultural de um povo leva a sua fragmentação e o fim de sua existência. O nacionalismo surge como defesa ideológica da nacionalidade, de seus elementos caracterizadores e dos meios materiais que o sustentam. Cumpre inexoravelmente a um nacionalista protegê-los e preservá-los, ainda mais nesses tempos em que a nacionalidade é atacada, por inimigos internos e externos.
  1. A I Geração Castilhista, com Júlio de Castilhos, nos deu as bases institucionais sob o qual devemos fundar o Estado Nacional Brasileiro; 
  2. a II se deu com as teses de tecnificação do Estado; 
  3. a III se dar com sua instituição no plano nacional, com o Estado Novo, rejeitando mais claramente as teses universalistas. Simbolicamente isso é ilustrado na Constituição de 37 com a declaração do catolicismo como religião oficial do Estado, antes omitido na constituição de 34; 
  4. A IV é caracterizada pelo período pós-Getúlio, incluindo Pasqualini, Goulart e Brizola nesse período, marcado por uma adaptação do Castilhismo, ao Estado Liberal, por intermédio do Trabalhismo. Hodiernamente; 
  5. somos a V Geração Castilhista, legatários dos ideais de Júlio de Castilhos, Vargas, Pasqualini, Goulart e Brizola. Porque posteriores a eles, e ante um novo contexto político que nos apresenta, de ataques a existência dos brasileiros como entidade nacional, de separatismos, de destruição do próprio Estado-Nacional manietado por corporações privadas, e a subjulgação do Brasil a potências externas. Somos  legatários de todo um corpo de tradições e em memória daqueles que se bateram pelo Brasil, em plena afirmação de nacionalidade!
Somos o reflexo de nossos antepassados, ligados pela cadeia imemorial do veio antigo e comum, inquebrantável, que nos une. E que perdidos nas brumas do tempo, reclamam que nos juntemos a eles. Além do gelo, ao norte, na Hiperbórea? Na idílica Arcárdia? Não.... nós somos hespérios, o extremo ocidente! Somos a transferência de uma civilização, que transpondo o abismo oceânico, seguindo o por-do-sol atlântico alcantilado, coloreado a cada dia e a cada ano pela vermelha ilha do solícito brilhante sol poente, rumo à paradisíaca rubra ilha Hy-Brasil, nos exilamos nas terras ocidentais do mundo, na realização profética de criação de uma nova raça de homens, predestinada pelos Deuses, a conquistar o mundo! A grei de Breogan!

As vozes ancestrais ecoam, em súplica, para que nos levantemos e os heróis tomem seus postos, alçando ao alto o estandarte legado, conclamando a defesa da pátria!

Artigos correlatos:

01. O Castilhismo como Materialização do Período dos "Cinco Bons Imperadores".
02. 1139 - O Surgimento do Estado Nacional!
17. Uma Grécia nas Ribeiras do Atlântico Sul.









terça-feira, 12 de junho de 2018

Nenhum Outro Governo Combateu Tanto O Capital Estrangeiro Quanto O De Getúlio

Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano.”  – Getúlio Vargas.


Quando Getúlio assumiu o governo em 1951, se deparou com o estrago que o governo Dutra havia feito com as finanças do Brasil. E a predação que caucava na economia nacional, denunciando a majoração de dívidas aumentadas pela “mágica” dos juros, nos onerando artificialmente pelo que não devíamos:

“O excedente de mais de 16 e meio bilhões entre o capital estrangeiro aplicado no país [....] e o que foi efetivamente registrado como tal [....] significa nada mais na menos de que uma dívida contraída pelo Brasil no estrangeiro e que terá que ser paga [....] dentro de certo prazo. E vamos restituir oquê? [....] Pagar oque não devemos; restituir o que não recebemos; o que foi majorado por simples magias de cifras, a fim de supervalorizar o capital estrangeiro, em detrimento dos valores do trabalho brasileiro e da população brasileira”.  

Em 1953 Vargas denunciava as remessas de lucros feitas pelas empresas estrangeiras dizendo:

“ [....] estou sendo sabotado por interesses contrários de empresas privadas que já ganharam muito mais no Brasil; que têm em cruzeiros duzentas vezes mais capital que empregaram em dólares para emigrá-los ao estrangeiro a título de dividendos: em vez de os dólares produzirem cruzeiros, os cruzeiros é que estão produzindo dólares e emigrando”

Nestes termos, é rico em significado o discurso proferido por Getúlio em 31 de janeiro de 1954 no qual faz novos ataques ao capital estrangeiro e à evasão de divisas para o exterior, ao mesmo tempo que faz uma análise da situação financeira do país:

“Agora vou dizer-vos como se sangrava as energias do povo brasileiro [....] mandei cotejar as declarações feitas pelos exportadores do Departamento de comércio dos Estados Unidos, com as declarações feitas aos nossos consulados [....] Foi registrado um aumento de valores nas faturas de 150 milhões de dólares [....] Se considerarmos que o sistema era generalizado [....] tivemos um mínimo de desvios cambiais de 250 milhões de dólares em dezoito meses.
 Reduzindo assim o valor da moeda, apresentava-se como um reflexo natural a elevação dos preços, conseqüência e não causa de um fenômeno que escapava ao nosso controle [....]
Outra sangria se determinava no registro de capitais estrangeiros e na remessas de lucros [....]. Mandei efetuar o levantamento legal [....] Em 1948 estavam registrados capitais estrangeiros no valor de Cr$ 6.232.000.000,00.
Em 1949 o valor subia a Cr$ 9.633.000.000,00 pedindo registro”

O problema levantado referia-se aos registros de lucros acima de 8% permitidos, isto nos mostra que Vargas tentou enfrentar o fenômeno imperialista.

A fim de alterar a Legislação sobre remessa de lucros o governo lançou em 3 de janeiro de 1952 o decreto 30.363 fixando que:

"o capital estrangeiro com direito a retorno era apenas o capital original que efetivamente houvesse ingressado no país e que contasse no Registro de Carteira de Câmbio do Banco do Brasil".

O decreto teve repercussão nacional e internacional, revelando à opinião pública uma postura destacadamente antimperialista por parte do Governo de Getúlio e sobretudo seu comprometimento com o desenvolvimento lastreado no capital nacional sem o qual não há que se falar em um verdadeiro desenvolvimento autônomo e por assim dizer soberano. Incompatível portanto com governos posteriores como, a guisa de comparação, notadamente, o de JK, que alguns insistem, ardilosamente, comparar a Getúlio, taxando ambos como "nacional-desenvolvimentistas"..... como se água e óleo se misturassem.