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terça-feira, 12 de maio de 2020

CASTILHISMO, Uma Filosofia Estóica.

A influência do estoicismo sobre a tradição ocidental é enorme, incluso na constituição do próprio cristianismo. Pode-se afirmar sem engano que dentre todas as escolas filosóficas ocidentais, foi a que mais tempo vigeu e que mais gozou de popularidade. Ressurgindo com vigor no Renascimento, sendo determinante na nossa formação nacional, sobre a qual cuidaremos em artigo próprio oportunamente. Por hora, nos focaremos na influência do estoicismo sobre o positivismo, que de todas correntes filosóficas modernas é a com qual mais guarda correlação.
Editorial


O Positivismo enquanto filosofia é um desdobramento natural do Estoicismo. Ambos se enquadram na Filosofia Natural. Os estóicos apresentavam uma visão una do cosmos, consistindo de uma lógica formal, uma física monísta e uma ética naturalista. Os estóicos negam qualquer realidade que seja puramente espiritual, de modo que a capacidade de agir e de padecer, pertence somente ao que é corpóreo e material. O ser é entendido como corpóreo e material. Assim como Aristoteles, o estoicismo é radicalmente empirista, acreditando que a existência (einai) se compõe apenas de corpos que interagem das mais diversas maneiras. Tudo que existe é corpo: eis a afirmação básica do materialismo estóico. Assim o cosmos é um sistema uno, contínuo, belo e racional, diferente da concepção platonista, para quem a matéria é indigna de integrar o corpo de Deus. Oque leva, a um paradigma: ou o mundo é uma criação imperfeita de Deuses intermediários, tese dos neoplatônicos, ou seria resultado de um "Deus malévolo" como afirmam o gnósticos. Ambas deduções, rejeitadas pelos estóicos.

Dessa concepção da physios implicava uma visão determinista das coisas, posto que o cosmos segue uma ordem. Não existem acasos na natureza, tudo caminha para um fim. E como o universo caminha para um fim, também a existência humana tem uma finalidade, um teleíos, um objetivo final. E qual seria esse objetivo final? Segundo os estóicos, o objetivo do homem era viver em conformidade com a natureza, transpor para dentro de si mesmo essa ordem manifesta externamente. O Positivismo igualmente é empirista e determinista, e claramente, parece ter se baseado nessa concepção estóica, de que as leis naturais, em seu sentido amplo, regem as relações humanas. Difere do estoicismo, no método para inteligir qual seria essa ordem natural, os estóicos se baseiam na razão, único recurso conhecido à época, já o positivistas se valem da metodologia científica. 

Uma vez que tudo se encontra ordenado pelo Lógos, e sendo o homem parte desse Lógos, fragmento e um momento do Lógos. Compete-lhe então agir sempre em obediência à lei universal, buscando viver em harmonia com a natureza. Portanto, a physis característica do homem é o Lógos, a razão, e como o fim de todo ser é atuar a própria physis, assim o objetivo e fim do homem será atuar a razão; e, por conseqüência, dos modos e das maneiras nas quais a razão atua perfeitamente devem-se deduzir todas as normas da conduta moral. Dessa concepção, decorre toda a ética estóica. 

Para fundamentar isso, encontrar uma base em que se assentasse toda sua concepção ética, assumiram uma atitude que cada um de nós pode assumir, consideradas quatro virtudes capitais, que seriam a base de toda a existência:
1. Apatheia (apatia); o homem deve dominar a si.
2. Autarkia (autarquia); o homem deve buscar a auto-suficiência, a ausência de necessidade.
3. Obediência; uma vez que tudo se encontra ordenado pelo logo universal, compete ao homem agir sempre em obediencia a lei universal.
4. Dever; o homem ao se relacionar através do logos, implica necessariamente em deveres. 
A primeira apathéia, "apatia", não deve ser mal compreendida com o sentido que se dar ao termo na atualidade. A apatia a que se referiam os estóicos não era uma atitude passiva diante da vida, muito pelo contrário. O que pretendiam era que o homem empreendesse uma luta contínua e constante para dominar o seu ser, para mantê-lo sob as rédeas da razão. E nessa luta o objetivo a ser atingido era não deixar-se dominar por fatores externos, não ser o homem influenciado pela dor e pelo sofrimento, nem pelo prazer. Isso não significa tornar-se insensível à dor ou ao prazer, como às vezes se afirma; mas sim tornar-se imperturbável perante esses elementos, que têm ambos caráter essencialmente transitório. O sofrimento é sentido, o prazer é usufruído, mas o primeiro não deve abater o homem, nem deve o segundo enleá-lo. Para se chegar a esse nível de consciência, para agir de acordo com essa norma, é preciso muita ascese, muito exercício, necessidade de prática constante.

A segunda virtude capital era a autarquia, isto é, a carência de necessidade. É a auto-suficiência do sábio, para quem a felicidade não consiste em outra coisa a não ser a vida virtuosa. Nesse sentido podemos citar a Epícteto, quando dizia: "deseja só aquilo que de ti depende". Trata-se aqui da excessiva importância que costuma-se atribuir a certas coisas, considerando-as às vezes, erroneamente, indispensáveis para o nosso bem-estar. E isso fica bem patente nos dias de hoje, em que vivemos sob o domínio de uma imensa "religião", que é o consumismo, cuja "liturgia" é a propaganda. É um "bombardeio" constante de informações acerca do perfume que se deve usar, das roupas que se deve vestir, etc. Passando o homem a considerar, como se fossem importantes e necessárias, oque são em verdade perfeitamente dispensáveis ou de importância apenas secundária. Se analisarmos bem, perceberemos que existe muito pouca coisa de que realmente necessitamos.

A terceira virtude, é a obediência. Uma vez que tudo se encontra ordenado pelo Logos universal, e sendo o homem partícipe desse Logos, compete-lhe então agir sempre em obediência à lei universal, buscando viver em harmonia com a natureza. E neste caso não se deve entender a natureza apenas em seu aspecto físico, como costumam conceber os "ecologistas" da atualidade, mas sim num sentido mais amplo, abarcando praticamente todas as atividades do homem: as interações entre os diversos segmentos sociais, as formulações de índole política, o florescimento, mediante a educação, das potencialidades individuais inerentes ao ser humano. Em todos esses casos existem ordenamentos, leis, ditames naturais, cujo não cumprimento traz ao homem conseqüências às vezes desastrosas. "Se quisermos sujeitar a natureza, cumpre obedecê-la primeiro." - Francis Bacon.

Finalmente, a consciência do dever; quarta virtude do ideário estóico. Através do Logos o homem se relaciona com todos os outros homens, e essa relação implica, necessariamente, em deveres. Mesmo sem recorrer a grandes especulações, intuímos e somos impelidos ao sentimento de ajuda mútua, ao sentimento pedagógico, pois que a cada homem, em cada instante, se apresenta uma oportunidade de ensinar ou aprender alguma coisa. Enfim, sentimo-nos com a obrigação de colaborar de alguma forma, com a obra que é de todos os homens, sentimo-nos compromissados com a finalidade última da humanidade.

Essa consciência do dever, aspecto essencial dentro da fílosofía estóica, era também uma característica da civilização romana. Temos um dever perante a família, a pátria, a humanidade, perante a história. Daí o lema positivista: "Família, Pátria e Humanidade". É bom ter isso em mente quando confrontamos a nossa extrema preocupação pelos direitos do homem; não podemos esquecer a complementariedade desses dois elementos: nossos direitos só se justificam na medida em que assumimos e cumprimos com os nossos.

Sobre essas quatro virtudes básicas assentavam os estóicos a sua idéia de liberdade. Qualquer coisa que se relacione com disciplina, obediência, auto-esforço, etc., costuma ser considerado contrário à idéia de liberdade. No entanto, segundo o Estoicismo, a liberdade é personificada na figura do sábio, que cultiva as quatro virtudes já referidas: é livre de afetos e paixões e se basta plenamente a si mesmo; age em conformidade com a harmonia universal e tem consciência de seu dever - para consigo mesmo e para com a sociedade.

A grande força dos estóicos consistiu precisamente na capacidade que demonstraram de não apenas falar, não só estudar os princípios nos quais devemos basear nossa existência, mas pô-los em prática, já que de nada adianta o conhecimento sem vivência, a ciência sem virtude. Se a meta do homem é a conquista da felicidade, os estóicos entendiam essa felicidade exatamente como a vivência prática da virtude. Por isso ao homem é possível ser livre e autosuficiente: porque, para praticar a virtude, não dependemos de mais ninguém a não ser de nós mesmos.




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sexta-feira, 24 de abril de 2020

O Anti-Fascismo de Julius Evola

"ataquei repetidamente a teoria da "socialização" que, como se sabe,
foi a santa senha do fascismo de Salò, ao qual não aderi quanto doutrina. (...)
a socialização vejo um marxismo escondido, uma tendência demagógica...".
Julius Evola

Durante o período fascista, Evola não representou um ponto de referência cultural e político para o fascismo. Foi um de tantos, que passou sua trajetória de estudioso, sem desmerecer nem louvar.

Evola não aderiu à República Social Italiana, momento em que a doutrina fascista se mostra conclusa, em sua forma mais autêntica e sincera. Evola não compartilhou, preferindo deixar para outros sobre o espírito legionário de que tanto gosta de falar em anos posteriores.

Em seu retorno à Itália, em 1948, Evola começa a escrever para o "Meridiano de Itália", dirigido por Franco Maria Servello que, já em 1945, escrevia em jornais antifascistas contra o fascismo.

Do mesmo modo, o fundador de "Meridiano de Itália", Franco De Azagio, foi preso pelos fascistas republicanos, em agosto de 45, por colaborar com a força de ocupação aliada, tendo tido permissão, dos aliados, para publicar seu jornal. 

Quando Julius Evola foi preso em 1951, constituiu como seu advogado de defesa o antifascista Francesco Carnelutti, que jactará perante os juízes de ser um "não-fascista" não querendo ainda ser apresentado, cortesia dele, como "antifascista nem como vítima do fascismo".

Afirmando posteriormente que ele defende "idéias fascistas" mas não são "fascistas" na medida em que retoma uma tradição superior e anterior ao fascismo, que seriam pertencentes ao legado da concepção hierárquica, aristocrática e tradicional do Estado, concepção possuidora de um caráter universal e que teria se mantido até a Revolução Francesa.

Em outras palavras, Evola deixa claro que ele, não tem idéias fascistas, defende idéias preexistentes ao fascismo, e não é sua culpa se ele as tiver reatualizado. Segundo como o próprio se explica:
"Na realidade, as posições que tenho defendido e que defendo, como homem independente... não são as denominadas "fascistas", mas as tradicionais e contrarrevolucionarias". - Julius Evola. 
Em resumo, através de uma linguagem ambígua, mas igualmente compreensível, Julius Evola se proclama não fascista, a-fascista, anti-fascista.

É assim que reivindica o juízo emitido sobre a sua pessoa pelo suíço A. Moer que, afirma, "faz-me a honra de chegar junto de Pareto e me considerar o principal representante italiano da chamada "revolução conservadora".

O fascismo foi tudo menos uma "revolução conservadora".

O fascismo não considerou jamais a Revolução Francesa, tão odiada por Evola, como um fato negativo, mas a considerava como um marco significativo para a afirmação de um novo mundo, assim como a revolução bolchevique.

O fascismo não condenava as duas revoluções anteriores, se colocava de fato a si mesmo como a terceira e definitiva revolução, aquela que possui a capacidade de estabelecer a síntese entre as classes sociais para criar um novo mundo no qual o capital e o trabalho tivessem igual dignidade e nenhuma classe pudesse prevalecer sobre a outra.

Idéias que, na verdade, um conservador burguês como Julius Evola não podia nem aceitar nem partilhar.

De fato, Evola sublinha o fato de ter "atacado repetidamente a teoria da "socialização" que, como se sabe, foi o santa senha do fascismo de Salò, ao qual não aderi quanto doutrina. (...) a socialização vejo um marxismo escondido, uma tendência demagógica...". A Toda uma afirmação de antifascismo tal qual!

Assim, Evola desenvolve dentro do MSI - Movimento Social Italiano uma ação de direita, ao ponto de alcançar a marginalização dos elementos de "esquerda" que, ainda nos anos 50 estavam presentes neste jogo.

Não é uma hipótese. Diz o próprio Evola: 
"A verdadeira ação que eu pretendia exercer sobre os jovens do grupo "Imperium" e as outras correntes da juventude era no sentido de uma contraposição às tendências materialistas e de esquerda presentes dentro do MSI". - Julius Evola
Portanto, Evola se situa perante os incautos jovens missinos da época, como um aristocrata que condena a revolução burguesa de 1789, a França de 1848, e em fim a fascista de 1919, proclamando sua fidelidade ao mundo anterior a elas, condenando a violência proveniente de baixo, das massas, das multidões, do povo cujos chefes não tinham nas veias o sangue dos príncipes e imperadores, mas de operários, camponeses, artesãos.

No mundo fantástico de Julius Evola, são os "senhores" que dirigem seus servos, pela vontade e graça de um Deus que não se sabe muito bem quem é.

Sobre o plano político, que é o que nos interessa, a ação de Julius Evola, incide, de forma determinante, na formação disso que, ainda hoje, define-se impropriamente como "neofascismo". Se o "mestre" desprezava o fascismo quanto doutrina, admirando nele apenas a capacidade de ter despertado em muitos italianos, a vontade e o potencial para combater o bando destinado à derrota, os alunos não podiam ser piores do que ele.

Fiéis ao Estado, como fonte de autoridade, os Rauti e companhia, acabarão todos, com pouquíssimas exceções, tornando-se confiáveis aos serviços de segurança e policiais, com o objetivo de combater a "subversão vermelha".

Pena que Evola e seus asseclas não tenham explicado qual era a fonte divina de que o "Estado italiano democrático e antifascista" extraiu sua autoridade.

Talvez, na ânsia de destruir o fascismo subversivo, se esqueceram que a autoridade desse Estado vem do V Exército americano e do VIII Exército britânico que conquistaram a península entre 1943 e 1945.

Teria que deduzir que o poder do Estado atual deriva para Evola, e seus alunos de "forças divinas" das alturas onde, efetivamente, voavam os B-29 americanos e os Lancaster da grã-bretanha, que bombardeavam a Itália.

São estas as "instituições divinas" que criaram este poder a que Julius Evola, Pino Rauti e companhia foram submetido para combater o bolchevismo, e liquidar para sempre o que restava do fascismo do que não é necessário evocar outra coisa que o "espírito legionário", do qual, de resto, nem o professor, nem os discípulos nunca deram provas, não porque as faltam, mas a maldade é inerente a essa plebe, que pretende transformar-se na aristocracia e só chega a humilhar-se perante os mestres de plantão.

A plebe evoliana que condena o "Estado ético" de Giovanni Gentile, que apura o patrimônio ideal do fascismo como "comunistizante", que rejeita a revolução fascista e, arteramente, das que a precederam e que aquela foi nutrido, não renunciou ainda a apresentar-se como "fascista", ou "neofascista", como costuma dizer-se.

Talvez tenha chegado o momento de expor a esta massa plebeia que o seu mestre, Julius Evola, tinha pelo menos o valor de definir-se como representante da "revolução conservadora" que nada tem a ver com o fascismo.

Em consequência, não é por acaso que continue com a farsa de apresentar o MSI e os grupos a ele vinculados como "neofascismo" no lugar deles, evolianos, serem um bloco reacionário e conservador que sempre lutou para defender os privilégios da classe abastada e o poder de um Estado surgido após o fascismo e contra o fascismo.

A leitura e a compreensão da história italiana do pós-guerra seria certamente mais fácil se se reconhecesse que nunca existiu um "neofascismo", que os evolianos e seus asseclas não tiveram jamais qualquer relação com o fascismo, entendido como ideologia e que, vice-versa, têm desempenhado um papel instrumental para o antifascismo de cunho conservador e reacionário.

Libertar-se para sempre destes cadafalsos de covardes, mentirosos, dissimulados, estupradores e apologistas de estupradores, é tarefa meritória para quem, como nós, o fascismo não vê o "mal absoluto", mas uma página da história italiana e universal que ainda, no que diz respeito à sua doutrina social, permanece atual. Eles são, sempre foram e continuarão sendo para as gerações futuras, os filhos da Republica italiana, nascida em 25 de abril de 1945. E, com tal Mãe, não podiam agir de modo diferente do que alguma vez foram.


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domingo, 2 de fevereiro de 2020

O Pensamento de Julius Evola - O Precursor da Direita Olavista.


Giulio Cesare Andrea Evola (19 de maio de 1898 - 11 de junho de 1974), mais conhecido como Julius Evola, foi um filósofo, pintor e esoterista italiano. Evola considerava suas perspectivas e valores espirituais como aristocráticos, masculinos, tradicionalistas, heróicos e reacionários.

Evola acreditava que a humanidade está vivendo no Kali Yuga, uma Idade das Trevas com apetites materialistas desencadeados, esquecimento espiritual e dissolução. Para combater isso e convocar um renascimento primordial, Evola apresentou seu mundo de tradição. A trilogia principal das obras de Evola é geralmente considerada Revolta contra o mundo moderno, Homens entre as ruínas e Cavalgada do tigre. Segundo um estudioso, "o pensamento de Evola pode ser considerado um dos sistemas mais radicais e consistentemente anti-legalitário, anti-democrático e antipopular do século XX". Muitas de suas teorias e escritos, estão centradas no próprio espiritismo e misticismo idiossincrático de Evola - a vida interior. A filosofia abordava temas como o hermetismo, a metafísica da guerra e do sexo, tantra, budismo, taoísmo, montanhismo, o Santo Graal, a essência e a história das civilizações, a decadência e várias tradições filosóficas e religiosas que lidam com os clássicos e os Orientais.

Evola foi um notável crítico do fascismo e do nazismo e sua filosofia sociopolítica dita: "tradicionalista" é mais de direita do que o fascismo. No entanto, o trabalho de Evola influenciou fascistas e neofascistas, embora ele nunca tenha sido membro do Partido Fascista Nacional Italiano ou da República Social Italiana e ter se declarado antifascista. Ele considerava sua posição como a de um intelectual simpático de direita, via potencial no movimento e desejava reformar seus erros, para uma posição alinhada às suas próprias opiniões. Um de seus sucessos foi em relação às leis raciais; sua defesa de uma consideração espiritual da raça venceu no debate na Itália, em vez de um conceito exclusivamente biológico adotado pela a Alemanha. Desde a Segunda Guerra Mundial, muitos grupos radicais "tradicionalistas", da nova direita, "conservadores revolucionários", fascistas e que se auto-proclamam de "terceira posição" se inspiraram nele, além de vários ocultistas apolíticos.

Por volta de 1920, os interesses de Giulio Cesare Andrea Evola o levaram a estudos espirituais, transcendentais e "supra-racionais". Ele começou a ler vários textos esotéricos e gradualmente se aprofundou nos estudos sobre ocultismo, alquimia, magia e oriental, particularmente no lamaismo tibetano e no yoga tântrico vajrayanista. Também passou a fazer uso de drogas alucinogênicas para experimentar estados alterados de consciência, depois passou a criticar essas drogas em Ride the Tiger, pois não considerava a estimulação um meio de transcendência.

Em 1927, junto com outros esoteristas italianos, fundou o Gruppo di Ur (o Grupo Ur). O objetivo do grupo era fornecer uma "alma" ao crescente movimento fascista da época através do ressurgimento de um antigo paganismo romano, do qual, veio a se arrepender depois.

Evola se opois aos Acordos Lateranenses de Benito Mussolini com a Igreja Católica Romana e rejeitou o nacionalismo do partido fascista e seu foco na política no movimento de massas; esperando influenciar o regime em sua própria variação no bojo do movimento fascista.


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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Que É "A Lenda Negra"? O Imperialismo Ataca Nossa Identidade.


Pode-se dizer, sem medo de exagero, que a lenda negra consiste em um julgamento negativo e "inexorável", aceito sem investigar sua origem ou veracidade, segundo a qual a Espanha teria conquistado e governado a América por mais de três séculos, exibindo uma sangrenta crueldade e uma opressão sem medida, que não encontraria comparação na história ocidental moderna. A fábula anti-espanhola argumenta que a companhia do Descobrimento foi realizada por uma ganância insaciável, cujo objetivo não seria outro senão a sede de ouro que o império espanhol tinha; pelo qual ele não hesitou em perpetrar um “genocídio” nas populações indígenas, causando 50 milhões de mortes.

O absurdo que acabei de mencionar encontra sua origem na figura do padre Fray Bartolomé de Las Casas, um frade dominicano nascido em Sevilha em 1474. Este clérigo esteve pela primeira vez na América acompanhando Ovando, em 1502. Em 1522, Las Casas acentua uma campanha em favor de um melhor tratamento dos nativos pelos espanhóis, em quem pesava a missão de evangelizar e civilizar nas terras recém-descobertas. O trabalho de Las Casas vai da alegação e da pregação ao sermão escandaloso e panfletário. A esse teor pertence sua "Breve relação da destruição das Índias"; escrito em 1542. Este trabalho foi realizado; tirada do contexto e exagerada pelos inimigos da Hispanidad, que a usavam como meio de desacreditar o Império. Assim, os países protestantes opostos da Espanha agiram em combinação contra ele; principalmente Holanda e Inglaterra, embora a França e a Alemanha também tenham participado da infusão. Foi assim que a Espanha passou a ser mencionada como uma nação sombria e decadente, atribuindo as características acima mencionadas à identidade católica de seus monarcas e sua cultura. Os países mencionados acima disputavam o domínio marítimo e comercial com a Espanha, que era o poder da época (Sec. XVI e parte do XVII); e a propaganda e a guerra difamatória que eles enfrentaram serviram para ganhar terreno na Europa (e vários séculos depois em todo o mundo).

Retomando o tema do trabalho do frade dominicano; não resiste à menor análise historiográfica ou científica (a história é vaga e imprecisa; não diz quando ou onde os horrores de que fala, nem exige nomes ou lugares); e é útil lembrar (e aqui está uma das inúmeras contradições dos anti-hispânicos), que seu autor era espanhol, bispo católico e conselheiro da monarquia. Para ser equânime, é preciso reconhecer que o que Las Casas proclamava como justo era de fato. A conquista da América não poderia ser consumada negando de fato os preceitos que a Igreja considerava substanciais. Era necessário tomar extremo cuidado no tratamento com os nativos. Mas a desvantagem é que Las Casas não parou em nada e atacou tudo, sem reparar o ambiente que ele usava, e citando Romulo D. Carbia: “Os excessos [de Las Casas] se tornaram tantos que houve um tempo em que alguns homens sãos tinham dúvidas sobre a autenticidade dos escritos que circulavam como seus. A explicação para isso esta no fato de Las Casas, preso pelo seu ciúme irrestrito, não ter parado nem na seriedade do falso testemunho ”. De fato, como já foi dito, quando o dominicano começou a rolar seu livro, ele foi usado com desprezo pelos inimigos do trono e pela causa que ele e o próprio Las Casas representavam.

Atualmente, a lenda repetida permanece a mesma ou mais em vigor do que na época de sua criação. Os liberais e marxistas o usam como um meio de justificar o separatismo nas nações, com base em um etnocentrismo falacioso e ideologizado. Obviamente, o que ainda está sendo perseguido como objetivo é o ataque ao cristianismo; que, juntamente com os Estados-nação mencionados acima, constitui o último bastião de resistência contra as reivindicações hegemônicas da Nova Ordem Mundial.

Marxistas modernos; inteligentemente reciclados em gramascismo, procuram incitar o culto anticatólico e anti-hispânico confrontando dialeticamente essa cultura com os pré-colombianos, de onde surgiria uma nova consciência dos "povos oprimidos" dispostos a enfrentar a rebelião. Mas o mais irônico é que esses aprendizes de esquerda nem sequer lêem seus próprios intelectuais. Como prova disso, basta mencionar a opinião de Juan José Hernández Arregui sobre a conquista espanhola: “[...] O nascimento da nacionalidade não pode ser segregado do período hispânico. Desconectar esses povos de seu longo passado tem sido uma das sérias desfigurações históricas da oligarquia mitigadora que foi mantida no poder em 1853 […] O desprezo pela Espanha começa nos séculos XVII e XVIII como parte da política nacional de Inglaterra É um descrédito de origem estrangeira que começa com a tradução para o inglês, amplamente difundida na Europa na época, do livro de Bartolomé de las Casas, "Lágrimas dos índios; verdadeira e histórica relação dos cruéis assassinatos e assassinatos cometidos em vinte milhões de pessoas inocentes pelos espanhóis". O título diz tudo. Uma difamação Em relação a esta publicação, JC J. Metford, lembre-se de que, na dedicação, Cromwell é invocado . A lenda negra foi difundida pelos ingleses como arbitrária política, numa época em que os Habsburgos governavam a Europa e ameaçavam a Inglaterra, então um poder de segunda ordem. [...] Na verdade, o que estava em jogo era o próximo deslocamento do poder naval. […] A Espanha deixou de ser uma parte norteadora de um passado europeu glorioso e desceu ao prejuízo espiritual, ainda perdurando em muitos argentinos que receberam sobre a Espanha a idéia estrangeira de que a oligarquia da terra se formava - apesar de sua genealogia espanhola - ligando as suas exportações ao mercado britânico. Nesse sentido, esse sentimento anti-espanhol é a projeção remota no tempo daquela rivalidade inicial entre Espanha e Inglaterra. E a negação da Espanha, por parte da oligarquia, em sua essência, nada mais é do que o resíduo cultural moribundo de sua servidão material ao Império Britânico. Os povos, por outro lado, permaneceram hispânicos, afiliados ao passado, à cultura anterior. O que prova o poder dessa cultura espanhola que a oligarquia repudiou para viver emprestada. ” Seguindo as contradições dos apologistas do "indigenismo" e por meio da síntese da "força de idéias" para discutir com eles, pode-se dizer o seguinte:

- A Espanha não subjugou tribos americanas, nem lhes impôs uma cultura. Pelo contrário, com a descoberta e conquista da América, elas foram incorporadas à cultura universal; entre outras coisas, com a adoção da língua castelhana; o mesmo usado pelos agitadores vernaculares para punir a Espanha. No mesmo sentido, é importante enfatizar que os estados culturais dos aborígines eram extremamente variados. Havia culturas que estavam no começo da era dos metais, como no caso dos astecas e maias; e outros com um atraso notável, no estágio do neolítico e até do paleolítico, como eram os amazônicos e os fugitivos. Resulta do exposto que, após a chegada na América, os espanhóis não encontraram uma cultura uniforme, mas uma ampla gama de diferentes situações culturais. Essas distinções foram refletidas nas línguas diferentes de cada tribo, de modo que os conquistadores estudaram línguas vernaculares e compuseram gramáticas e dicionários para aprender línguas indígenas. Da mesma forma, a Igreja sustentava que a tarefa pastoral de evangelização deveria ser realizada nas línguas originais; portanto, o missionário foi obrigado, em seu duplo trabalho como sacerdote e professor, a conhecer o idioma do respectivo viés. Felipe II encomendou em 1580, para o qual ele estabeleceu nas universidades do México e em Lima cadeiras de Nahualt e Quichua. Todos esses fatos tornaram possível, em grande parte, que as línguas aborígines agora sejam conhecidas e faladas.

- Nunca houve genocídio perpetrado pela Espanha. Em primeiro lugar, de acordo com estudos sérios (veja a pesquisa de Angel Rosenblat, cuja base científica são os registros feitos durante o período hispânico, bem como a possibilidade de alimentação que a América oferecia de acordo com as técnicas de cultivo da época para abrigar habitantes), o A população total da América quando os espanhóis chegaram (do México à Terra do Fogo e com a exclusão do Brasil) era de aproximadamente 11 milhões e meio de pessoas. De maneira alguma poderia haver uma população de 70 ou 90 milhões, como afirmam os “indigenistas”, além disso, deveriam ser perguntados como Hernán Cortés teria feito para conquistar uma região com uma população tão grande com 500 homens; ou como seria possível para a América ter mais habitantes do que a Europa, considerando que possuía comida, moradia, condições sanitárias e um nível de civilização muito mais altos (no momento da descoberta, a população européia é estimada entre 60 e 80 milhões de habitantes) . Se o exposto acima não é suficiente para refutar a "história do genocídio", passarei a concluir com este tópico simples apreciações matemáticas. Tomando como verdade o assassinato em massa de aborígines, elevando o número de mortos para 50 milhões (como dizem "batendo o pedaço" dos seguidores da Lenda); de 1492 os espanhóis chegaram até 1810; isto é, 318 anos; obtém-se o valor insustentável de que era necessário matar 157.232 índios por ano; igual a 13.102,72 aborígines por mês; isto é, 430,77 nativos por dia; ou, finalmente, 17,94 índios por hora ... o que nos leva a determinar que um índio foi morto a cada três minutos. Tudo isso, sem dormir, comer, conquistar ou fundar cidades, ou construir estradas, universidades, etc. Eu acho que existem muitos comentários ... a matemática não mente.

- A conquista não foi uma ação imperialista destinada a subjugar e explorar os índios; apropriar suas terras e sua riqueza. Nesse sentido, é conveniente dizer que as críticas caem em contradição aberta, caso não venham de fontes cristãs, uma vez que não é possível negar a propriedade privada (como o marxismo) e reivindicá-la nas ações de outros. Também não é possível falar um pouco de subjugação e exploração pelos espanhóis, como se antes da submissão não houvesse submissão dos povos mais fracos e pacíficos sob o jugo dos mais poderosos e belicosos. Deve-se dizer que os povos pré-colombianos se estabeleceram na conquista guerreira e expansionista das cidades vizinhas que se tornaram tributárias sujeitas à vontade dos vencedores. O fato histórico é que, por exemplo, o império asteca foi construído sobre os restos das comunidades tolteca, chiquimeca e tecpaneca. Tanto é assim que os Tlaxcaltecas, que eram seus afluentes, se aliaram a Cortés, que os libertou. A estudiosa Soustelle Jacques afirmou que a história de Tenochtitlán poderia ser interpretada, entre os anos de 1325 e 1519, como a história de um estado imperialista que buscou sua expansão através da conquista. Por seu turno, o Império Inca foi construído com base na submissão dos aimara e Yunca. Seu método de dominação era erradicar as populações derrotadas para outras partes do Império, misturadas com grupos fiéis aos incas que os observavam. A situação na América era tão assustadora que muitos historiadores concordam que, antes da descoberta, o mundo americano era um enorme campo de batalha. Eles brigaram; Astecas contra toltecas, maias contra astecas e caribes; caribs contra dólares, panches contra caribes; diaguitas contra incas; charrúas contra pampas, etc. As lutas foram terrivelmente sangrentas e os derrotados foram mortos ou escravizados e a verdade histórica é que, antes da chegada dos espanhóis, a maioria dos índios estava sujeita à tirania de seus chefes, às perseguições rituais e ao expansionismo belicoso dos tribos mais fortes. Nada disso diz "amantes do indigenismo"; nem apontam que foi a Espanha quem proibiu por lei a escravidão dos índios. Não é muito sério, então, qualificar os espanhóis como imperialistas e ladrões, enquanto os saques e saques de astecas ou incas não são julgados da mesma maneira. Tampouco o mérito do Estado espanhol (o único exemplo na história da Europa) de ter sido interrogado pelos justos títulos que lhe deram o direito de realizar a Conquista e assim por diante ser negado; homens sábios, teólogos, juristas, humanistas, frades e advogados discutiram minuciosamente o problema, dando origem a Francisco de Vitória e à Escola de Salamanca no nascimento do direito internacional moderno.

- Quanto à história de "sede de ouro" e desejo de lucro se refere; Não há razão para negar a existência de celulares econômicos na conquista. No entanto, a Espanha não planejou uma política de pilhagem e esvaziamento da América; se ele concebesse, em vez disso, um relacionamento comercial que, em última análise, não a beneficiasse. Segundo a análise de Earl Hamilton, a religião católica motivou a expulsão de mouros e judeus do território espanhol, o que impediu a participação ativa na vida econômica do país das classes mais capazes. A saída de metais do "novo mundo" não serviu para enriquecer a Espanha, mas o circuito capitalista dirigido pela Inglaterra. É por isso que (além de muitas outras razões complexas) é que já no século XIX a acentuação da perfídia Albion e o declínio espanhol são acentuados. A conquista deixou sucessos e erros, como todo empreendimento humano; Foi uma ação de homens que, em busca de um ideal humano e religioso, vieram à América para evangelizar e elevar o povo aborígine.

- Finalmente, e finalmente, devemos destacar o esforço espanhol para realizar seu trabalho, que surge enobrecido em relação aos procedimentos, propósitos e atitudes de outros poderes que apenas estavam colonizando. A Inglaterra, por exemplo, foi estabelecida na América do Norte, na costa atlântica, e desinteressada em qualquer empreendimento missionário ou cultural em relação aos aborígenes. Por sua vez, os nativos não tinham permissão para viver ou se misturar com os brancos; não havia miscigenação, pois o índio era considerado um ser inferior. Qualquer atitude hostil da parte deles em relação aos conquistadores foi respondida com terríveis represálias, ou simplesmente, com a morte. As correntes populacionais não tentaram penetrar no continente, pois a posse da costa era suficiente para atingir fins econômico-comerciais. Compare então essa atitude com a da Espanha e será visto quem realmente executou um genocídio. Bem, para não duvidar, a Espanha criou cidades, civilizou, transmitiu cultura, misturou na miscigenação seu sangue com o das raças nativas, evangelizou e também libertou. Longe de tiranizar, os espanhóis libertaram aqueles que gemeram sob impérios despóticos e brutais, para eles, então, como para nós agora, o surgimento da Espanha na América significava sua pacificação e libertação.

* FEDERICO GASTON ADDISI, líder justicialista (historiador e escritor), diretor de Cultura da Fundação Rucci na CGT, membro do Instituto de Revisionismo Histórico JM de Rosas, membro do Instituto de Filosofia INFIP, diploma em Antropologia Cristã (FASTA) e diploma em Relações Internacionais (AIU).


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segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Comunismo - A Linha Auxiliar do Imperialismo.

Segue uma seqüência de textos em que exporemos de maneira irrefutável, como o comunismo serviu de linha auxiliar ao imperialismo, especialmente estadunidense pós Segunda Guerra em toda ibero-américa. Começaremos pela Argentina, que pelo Peronismo ter se prolongado mais no tempo, até meados da década de 70', melhor pode se observar a atuação dos comunistas macomunados com os liberais.
Editorial 

Até antes de 1945, data do advento do Justicialismo/Peronismo na Argentina, o comunismo tinha grande penetração no país, especialmente nos setores universitários e operários.

Nas eleições de 1946, os comunistas formaram a "União Democrática", concentração de partidos de oposição ao Peronismo, em que, se misturaram radicais, comunistas, conservadores, democratas progressistas, etc., Em outras palavras, todos os partidos que viriam a apoiar o golpe que levou a instauração da ditadura na Argentina em 55. Nas eleições de 46, em que foi eleito, pela primeira vez, o General Perón, os comunistas tiveram em torno de 170.000 votos no total.

A política social de Peron, mudou esse quadro, provocando o esvaziamento nos sindicatos e movimentos estudantis das idéias comunistas. Vindo os comunistas, a serem os mais purulentos inimigos do peronismo, porque viram diminuir aceleradamente sua influência nas massas que, melhor atendidas em suas reivindicações e incorporadas à Nação através dos "Direitos do Trabalhador", logo se apressaram em dar as costas. É assim que, nas eleições realizadas em 1954, todos os votos comunistas, não atingiram 80.000.

É claro, então, que, entre os elementos que, nesse momento, preparavam uma revolução contra o Governo Constitucional, os comunistas constituíam um setor de agitações. É assim que os "generais argetinos que viriam futuramente depor Peron" já utilizavam os serviços comunistas antes, durante e depois do golpe de 1955.

Na Argentina, como em quase todas as partes, os comunistas revolucionários, que formaram o elenco da atual ditadura militar, se interessaram especialmente pelas universidades e sindicatos de trabalhadores, entidades que cooptaram através de colaterais comunistas organizadas tanto nas Universidades (Federação Universitária de Buenos Aires, FUBA.), como as organizações sindicais dos trabalhadores (Organização Mundial de Trabalhadores de Praga, Confederação latino-Americana de Trabalhadores de Lombardo Toledano e Sindicatos Livres dominados pelo partido Comunista). Não é preciso dizer que, nessa ação, os comunistas não estava, mas dirigentes, desde que se tratava de uma organização de "muitos gerais e poucos soldados".

Ao sobrevir o golpe de 55,  a ditadura entregou a direção da Federação Universitária de Buenos Aires, F. U. B. A. aos comunistas.

Os sindicatos aconteceu algo semelhante: as organizações operárias argentinas eram, em sua totalidade justicialistas e os dirigentes comunistas haviam sido literalmente varrido dos sindicatos. No entanto, os comunistas, consistentes em seu hábito de copa organizações, mantinham em disponibilidade seus quadros de dirigentes, que eram pagos pelo Partido, esperando o momento em que pudesse apresentar-se através do que se planejava contra o Governo Constitucional.

Produzida a revolução dos "gorilas", em 1955, uma de suas primeiras medidas foi a ação da Confederação Geral do Trabalho (CGT.) ocupando-a com marinheiros e colocando na sua intervenção a um marinheiro que dissolveu praticamente a todos os grêmios, utilizando para isso os elementos comunistas dirigentes e usando o fácil processo de fazer invadir os locais por indivíduos armados, policiais e marinheiros, vestidos com roupas civis, que uma vez despejados os verdadeiros líderes (peronistas), entregavam aos dirigentes comunistas. Tratar-se-ia depois de ir ganhando os trabalhadores por diversos sistemas, ligar depois das eleições e assim reconstruir as organizações sindicais, com elementos comunistas como líderes.

No entanto, tanto os "gorilas" como os comunistas não contaram que os justicialistas iam a defender criando organizações clandestinas, a partir das quais se iniciaram as ações de resistência.

A ditadura viu aparecer aqui várias organizações extrajudiciais que foram as efetivamente dirigidas aos trabalhadores . Nelas continha o que se chamou "a C. G. T." Negra "de C. G. T." única e intransigente, o "Comando Revolucionário dos Trabalhadores", etc., que não eram senão novas organizações ilegais criadas para manter a coesão dos trabalhadores justicialistas e defender as verdadeiras organizações sindicais contra a destruição que visavam a ditadura e os comunistas.

Quando a ditadura acreditou que havia preparado suficientemente o ambiente, através da desativação de todos os nossos dirigentes, que foram declarados fora da lei, dispôs as listas dos que deveriam votar para a eleição de dirigentes, que estavam excluídos, naturalmente, os peronistas e decidiram chamar eleições, sem se dar conta de que a massa continuava a ser cada dia mais peronista, graças à mesma conduta que a ditadura havia seguido com os trabalhadores e suas organizações. Para isso, constituiu uma entidade que chamou de "Intersindical", na qual, segundo seus desejos, deviam entrar os sindicatos que decidirem pelo disposto pela ditadura através de seu interventor. Mas esqueceram-se de que, se bem que contavam com os dirigentes comunistas, a massa ainda estava repudiando suas manobras. É assim que a referida "Intersindical", apesar das pressões e limitações, não os escolheu como eram os seus desejos, porque os sindicalistas infiltrados tendência justicialista, lhes malograram a fraude preparado nas eleições. Descobriu-se, assim, uma conjuntura peronista, apesar de ter votado apenas cinco ou dez por cento dos sindicatos, minuciosamente escolhidos pelos dirigentes comunistas.

Frente a esta experiência a ditadura não teve mais remédio que manter a intervenção e lidar com a agitação generalizada no interior sindical, que teve o governo de ditadura ligado permanentemente a graves conflitos de trabalho, em que as greves, o trabalho de desgano, a paralisação de grandes setores, a sabotagem e a resistência passiva e ativa, são alternadas com verdadeiras ações de insurreição.

Na década de setenta e um sindicatos que compõem a "Intersindical", apenas dezoito conseguiram enquadrar com dirigentes comunistas, em ambos os cinqüenta e três restantes, apesar realizado pela ditadura, foram copados por peronistas.

Há que ter em conta que se trata de uma minoria, pois os sindicatos argentinos passam de 2.500. Quer dizer que o resto está agrupado nas organizações peronistas clandestinas mencionadas antes.
Na atualidade, tanto na universidade, como nas organizações operárias, a aliança dos "gorilas" com o comunismo deu um resultado contraproducente para ambos, porque as arbitrariedades, massacres e perseguições que a ditadura fez com os trabalhadores, são elementais não só os militares que exercem o governo, mas também, os dirigentes comunistas que apoiam, estes campos, a ação dessa tirania. Os justicialistas, neste conceito, temos colhido ainda não temos semeado.
O cenário atual é muito favorável porque a Conjuntura criada pela ditadura para romper a frente peronista, foi bem localizado por nós, bem, nós temos não só nossas organizações na ilegalidade, mas também no que a ditadura considera como legal. Pouco a pouco se vai varrendo o comunismo, o endereço de alguns sindicatos e, finalmente, todas as organizações operárias serão justicialistas, qualquer que seja a manobra que a ditadura cria poder fazer para impedi-lo.

Algumas verificações comunistas na Argentina

Na última eleição realizada sob o Governo Constitucional, em 1954, para escolher o vice-presidente da Nação, votaram 89.624 comunistas em toda a República. Nas eleições realizadas em 28 de julho de 1957, para constituintes, ou seja, depois de dois anos de ditadura, os votos dos comunistas chegaram a 228.451, ou seja, que aumentaram quase duas vezes e meia a sua vazão. Isso explica muito claramente oque enumeramos na alínea anterior.

No entanto, isso não é tudo. Os marxistas, que em 1951 tiraram apenas 54.920 votos obtidos nas eleições previstas de 1957, o número de 525.565 votos, ou seja, mais de dez vezes o seu anterior caudal eleitoral. Isso mostra que entre comunistas e comunoides somam 754.016 votos que, em 1954, não passavam de 140.000, é dizer que o comunismo foi multiplicado na Argentina pós golpe.

Até meados de 1957, os moderados do Exército e da Marinha haviam preparado uma razzia de comunistas, que realizada de forma intensa, foi a causa de que se clausuraran todos os locais e seus líderes fossem confinados em uma das inúmeras prisões flutuantes que a tirania mantém em diversos barco no Rio da Prata. Mais de 500 dirigentes comunistas foram aprisionados, entre os quais caiu Pablo Neruda que, aproveitando a jauja que era a Argentina, para os comunistas, teve a má idéia de passar uma temporada no país.

O Sr. Aramburu (mais conhecido por "A Vaca"), que não é senão um fantoche das forças que se movem "para trás do trono", se mantendo firme, ordenou que os comunistas fossem exterminados porque queria agradar os americanos, que ficaram irritados com o "recrudescimento do comunismo". Assim fez prometer a seu embaixador em Washington, que o comunismo seria declarado fora da lei e que se iniciaria imediatamente a sua perseguição, apesar de ser necessário fuzilar metade deles.

O que "A Vaca", não havia "rumiado" era se realmente poderia cumprir com o que prometeu aos americanos do norte; se os comunistas, já colocados em postos-chave do governo e da administração, lhe permitiria realizar seus desígnios ou se faria um papel de jornal mais dos tantos a que estamos acostumados (total, o que lhe faz ao tigre uma mancha mais). Efetivamente, aproveitando o 1° de maio, os comunistas promoveram, de acordo com os "gorilas", uma grande agitação dos detidos comunistas: Pablo Neruda foi posto em liberdade imediatamente, ajudado por suas musas e os quinhentos restantes planejaram o problema que o governo teve que ceder pressionado mais uma vez os "gorilas" que lhe exigiram, não só a libertação dos quinhentos comunistas, mas a abertura de todos os seus locais, e a declaração de que o comunismo era legal e que poderia concorrer à eleição, da mesma forma que os outros partidos democráticos. Se a Argentina votara um maior número de comunistas, essa ajuda não tardaria em chegar. Esse tipo de incongruências está pavimentado o caminho que conduz ao desastre em todos os fatos da história.

Enquanto foram postos em liberdade quinhentos comunistas, milhares de dirigentes peronistas e trabalhadores eram mantidos presos em todo o país.

Quando  criamos a doutrina justicialista e pusemos em execução os seus postulados, desde o Governo Constitucional, aumentando ainda mais o Povo, e assegurando a seus homens o acesso à propriedade privada, em pouco tempo, quase acabamos com os comunistas. Quando usando o plano de habitação, a cada trabalhador, conseguiu comprar sua casa. Quando, através da reforma universal, cada cidadão garantiu seu futuro contra o infortúnio. Quando os operários mediante o pagamento de salários justos e humanos e o controle dos preços ajustados ao real, puderam fazer economias e chegaram a possuir economias. O comunismo não tinha razão de ser e a gente do Povo chegou a rir, como nos ríamos nós, de sua pregação.

Nós, com o Justicialismo nós oferecemos uma experiência e a realidade foi muito mais além do que nós mesmos havíamos imaginado. Por isso, a nossa espada popular foi tão grande, não só em nosso país mas no mundo inteiro. É que os povos anseiam obter justiça, mas o egoísmo torna impossível tão justa demanda. 


O Comunismo na América Latina

Desde os fenícios até nossos dias, o imperialismo, foi tecido a imensa tela em que ficaram aprisionados os homens de todas as raças, em todos os tempos. O mundo não muda, mudam os imperialismos, que muitas vezes se escondem atrás de palavras. Por isso, o homem tem sido insectificado pelos sistemas, liberal ou comunista, que como os extremos se tocam. O comunismo, em nome da comunidade e a socialização integral, mantém a propriedade estatal. O homem trabalha para o Estado, o que lhe entrega a dez por cento de sua produção, para a sua subsistência em retribuição. O liberalismo, em nome da livre empresa e da democracia, respeita a propriedade, cada um trabalha o que era seu, mas, no fim do ano, o Estado, em nome dos superiores interesses de "sobrevivência democrática" ele tira de noventa por cento do que o produzido, para ser empregado na defesa da comunidade democrática. Para o homem do povo que trabalha, enquadrado na célula de seu papel humano, em uma insectificación semelhante resultante do Taylorismo ou do Stajanovismo, que diferença pode haver entre um e outro sistema?

Isso é o que, frequentemente, se pergunta o homem do Povo, que é, na verdade, quem sofre as conseqüências, mas, que será também que, em última análise, terá de decidir. 

Essa é a razão de ser do justicialismo, que, na Argentina, resolveu o problema e que a reação, representada pela ignorância e o medo de um bando de irresponsáveis, não foi feito se não verificar e consolidar por meio de dois anos de crimes e erros.

A sorte da oligarquia Argentina e dos representantes do capitalismo e colonialismo estrangeiro foi selada por a evolução e os fatos produzidos. É só uma questão de tempo: ou os colgamos antes ou suspensão dos comunistas em seguida. O que se pode assegurar é que seu destino está sempre em uma árvore.

Vimos no "caso argentino" antes descrito, como se deu ali um lugar para que o comunismo representa o seu mais alto expoente representativo, graças às facilidades que a ditadura colocou ao seu alcance, permitindo que você participar de um dos mais cobiçados dos setores para sua ação: a Universidade e os sindicatos de trabalhadores. Isso foi possível somente porque a ditadura que preferiu entregar ao comunismo esses setores, a fim de "desperoniza-las". E o que o comunismo tem feito no mundo não se deve à sua própria ação, se não, mais as valiosas que os seus inimigos lhe têm dado. O mesmo ocorre na política interna onde os partidos comunistas, desenvolve-se pela ação de outros partidos que cometem a ingenuidade de pensar que eles podem servir do comunismo.


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domingo, 11 de agosto de 2019

Greta Thunberg e Izabella Nilsson Jarvand



Nessa foto figuram duas meninas suecas; a da esquerda chama-se Greta Thunberg, tem 16 anos e sofre de "Síndrome de Asperger", uma perturbação do espectro autista com implicações ao nível do desenvolvimento. Esta menina tornou-se, entretanto, famosa porque tem vindo a ser utilizada de forma abusiva pela ONU e nomeadamente pelo seu secretário-geral - António Guterres - para divulgar e promover a agenda globalista. 

Já a menina da direita chama-se Izabella Nilsson Jarvand, tem 15 anos e é uma jovem ativista que vem se manifestando publicamente e de megafone em punho, junto a edifícios públicos suecos, em apoio às políticas de defesa da família e protestando precisamente contra o "Globalismo", contra a imigração ilegal e descontrolada, contra a "Ideologia de Género" e a doutrinação LGBT e contra as correntes políticas e ideológicas que estão destruindo o seu país e a civilização ocidental. 

Ou seja: ambas as adolescentes são suecas, as duas defendem publicamente as suas convicções, mas apenas a da esquerda - a Greta - é apoiada, acarinhada e mundialmente conhecida, ao passo que a da direita - a Izabella - permanece praticamente desconhecida, é completamente ignorada pelos meios de comunicação social e nunca foi chamada aos grandes palcos políticos para dizer sua posição! 

Resumindo e concluindo: Greta serve a agenda liberal, apoiada pelo "establishment" e Izabella representa a oposição a esses mesmos propósitos, é a nossa voz, a voz do povo cerceada . 

Eu descobri a Izabella e vim aqui dizer-lhes que ela existe, que ela é corajosa, lutadora e determinada e que por tudo isso merece nossa atenção, o nosso carinho e o nosso apoio. Assim sendo, vão lá ao buscador (recomendamos o duckduckgo), cliquem e compartilhem sua mensagem, nossa voz!


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sexta-feira, 5 de julho de 2019

Brizola e o Trabalhismo Australiano


Quando regressou do exílio em 79, Brizola voltou falando da Austrália, do Trabalhismo Australiano (Australian Labor Party). Sua estadia nos EUA, e posteriormente em Portugal, o fez tomar contato com as outras vertentes trabalhistas no mundo, e enxergou no Trabalhismo Australiano, uma maior similaridade com o Trabalhismo Brasileiro, ante ao mais propalado Trabalhismo Britânico. Oque o motivou a ingressar na Internacional Socialista. 
" [.....] a Austrália é talvez o melhor exemplo que nós podemos invocar para o Brasil. É um país jovem, economia baseada na agricultura, na produção de grãos e nos produtos pecuários e na exportação de minérios, e até tem uma indústria que não chega aos pés da nossa, é um país perdido, distante do mercado, lá nos confins do Oceano Pacífico. A população é menor, mas se nós tirarmos o deserto, verificamos que os 17 milhões que tem a Austrália correspondem a uma densidade demográfica mais ou menos igual à nossa. E como é que aquele povo tem aquele altíssimo padrão de vida, com altos salários a nível europeu? Uma camareira de hotel ganha US$ 950 por mês, uma menina começa a trabalhar numa loja com US$ 800 por mês, o peão rural ganha US$ 800, todos ganham por semana US$ 200, até os militares, até o primeiro-ministro. Como é isto? O padrão de vida lá é mais alto? É, mas não é 30, 40 vezes como é a diferença de salário! É duas, três, quatro, cinco vezes, embora o aluguel lá, por exemplo, seja mais barato que aqui. Uma cidade como Sidney não tem uma rua sem pavimentação, sem cabos telefônicos, sem energia, sem água e sem esgoto! Não há um barraco, não há urna favela! Quer dizer, como é isto? Os mais altos executivos ganham oito vezes, nove salários mínimos. Ganham pouco? Não, o salário mínimo é que é alto! E como chegaram a isso? Esse Fisher, a primeira lei que ele propôs foi chamada de New Protection. E dizia que a proteção alfandegária que se devia dar às empresas não devia ser igual, horizontal, universal; devia ser especifica. Quanto mais altos fossem os salários e os benefícios aos seus operários, maior a proteção. Aí começou tudo." - Brizola. 
Andrew Fisher
Andrew Fisher, a quem se reporta Brizola, era escocês, trabalhava em uma mina de carvão e imigrou para Austrália em 1885. Foi primeiro ministro da Austrália em três mandatos consecutivos pelo Partido Trabalhista Australiano (Australian Labor Party) : 1908-09, 1910-13 e 1914-15. E líder do Partido Trabalhista de 1907 à 1915. 

O governo trabalhista de Fisher de 1910 à 1913 instituiu um vasto programa legislativo que o converteria, junto com o protecionista Alfred Deakin, no fundador da estrutura estatutária da nova nação que se fundava. 

O governo de Fisher representou em 1910 vários marcos: foi a primeira maioria absoluta de um governo federal na Austrália, a primeira maioria no Senado e a primeira vez no mundo que um partido trabalhista tinha a maioria de governo em nível nacional. Ao mesmo tempo, representou o auge da participação dos trabalhistas na política. Com a aprovação de cento e treze leis, o governo de 1910 à 1913 foi um período de reformas sem igual na Commonwealth até a década de 1940. Tendo exercido o poder durante um total de quatro anos e dez meses, Fisher é o segundo primeiro-ministro trabalhista australiano de mandato mais duradouro.

Fischer instituiu um imposto territorial contra os latifúndios que crassavam na Austrália, afim de dar maior alcance para a agricultura de pequena escala. Instituiu ainda uma ampla legislação trabalhista e de seguridade social como a redução da pensão na velhice de 65 para 60 anos. Fez aprovar a maternidade subsidiada, que permitiu o acompanhamento médico as gestantes, reduzindo as taxas de mortalidade infantil. Tornou obrigatório a preferência para sindicalistas em cargos federais, foi também introduzida, para os Marinheiros a Lei de Compensação de 1911 e o Ato de Navegação de 1912, adotados para melhorar as condições para os que trabalham no mar, juntamente com mecanismos compensatórios para os marinheiros e os parentes mais próximos. A Elegibilidade para pensões também foi ampliado. A partir de dezembro de 1912 em diante, naturalizados residentes já não teve que esperar três anos para ser elegível para receber uma pensão. Nesse mesmo ano, o valor de um pensionista do lar foi excluído de consideração ao avaliar o valor de sua propriedade.

Fischer ainda tentou implementar um corpo legislativo para nacionalizar monopólios privados. Sendo derrotado no parlamento por 51% dos votos.

Tudo isso, note, ante da Revolução Russa de 1917.... e ninguém taxava a Austrália de "comunista", ou de ser uma "República sindicalista" como alcunharam posteriormente Vargas e Peron. 

Foi ainda com Fischer, que a industria automobilística australiana floresceu, com a proibição da importação de automóveis ao fim da primeira guerra, liberando apenas o chassi, após a II Guerra, em 1945 o governo australiano proibiu a importação total: nem mais chassi podia importar, foi quando a Austrália, produziu seu primeiro carro nacional, o Holden FJ-215.
Holden FJ-215

Depois da II Guerra, a economia australiana deixou de ser predominantemente rural. Foram descobertas uma quantidade e variedade de recursos minerais que transformou o país, em poucos anos, no principal exportador de matérias primas e combustíveis de origem mineral para o Japão.

A indústria tomou um forte impulso com a injeção de capitais nas empresas já existentes e com a criação de novas unidades produtivas, particularmente refinarias de petróleo, fábricas de veículos motorizados e siderúrgicas. 

O número de fábricas existentes em 1946, que era de aproximadamente 30 mil, mais que dobrou no pós-guerra, e passou a ocupar , apenas na indústria manufatureira, a quinta parte da força de trabalho disponível . 

A indústria automobilística, empregava diretamente 5% da mão de obra industrial, e era responsável pelo funcionamento de grande número  de empresas com atividades afins.  
" [....] eles (australianos) construíram, através do tempo, mecanismos, instituições de defesas da economia nacional, por isso eles se capitalizaram. Eles ficaram, depois da guerra, sob as asas do Commonwealth britânico, e não tiveram, não se submeteram a esse tipo de política econômica em que toda a América Latina e as Filipinas caíram. As elites desses países, depois da guerra, se viram fascinadas pelas fórmulas do sistema americano. Eu até, às vezes, eu até reconheço que, finalmente, era de se fascinar, porque aquela economia enorme que deu certo, um país vitorioso, oferecia para a casta dominante da economia brasileira muitas facilidades: “Não, nós vamos aí com o capital estrangeiro, vocês tem que abrir. Nós levamos tecnologia, levamos tudo. Nós levamos nossos técnicos, levamos as nossas máquinas e o máximo que vocês têm que fazer é ler os nossos catálogos, os nossos livros de instruções, nossos manuais e pronto, vocês ficam manejando essas máquinas. Não se preocupem porque essas máquinas funcionam, nós levamos tudo para vocês. Nem precisam mandar os seus filhos estudarem tecnologia, ficam só de herdeiros, nossos sócios, então, ficam com grandes cartórios.... e deu no que deu. O modelo econômico que assimilaram ali, deu no que deu, foi ao fracasso e os australianos não embarcaram nisso. Logo criaram o mercado interno, criaram os sindicatos, fortaleceram os sindicatos, distribuíram a renda, chegaram àquele enorme mercado interno para sua economia, se auto-sustentaram e estão lá como estão. E nós nesse buraco, na crise, no desastre." - Brizola. 
Lula reporta sua conversa com Brizola, logo após o fim do primeiro turno em 89, quando ele foi ao seu apartamento na avenida Atlântica, pedir seu apoio para o segundo turno. Brizola lhe falou expressamente: "Você sabe, Lula, que estou lembrando de uma coisa? A Austrália teve um primeiro-ministro sindicalista que foi o cara responsável pelo desenvolvimento do país!", continua Lula: "Aí ele levanta, pega minha mão, e vai até a janela". 

Brizola apoia Lula para o 2º Turno em 89
Isso não foi por acaso, Brizola conhecia o antecedente histórico australiano:
" [....] estudei a fundo os antecedentes do Partido Trabalhista australiano porque, lá, alguns sindicalistas ascenderam da militância sindical diretamente para a função de primeiro ministro, à do gabinete. O que é a situação concreta do Lula. Aí por volta de 1910, a Austrália era o próprio capitalismo selvagem, com lutas sindicais, problemas de distribuição de renda, tudo numa situação talvez muito parecida com a situação brasileira de hoje. Houve o confronto e com a vitória do Partido Trabalhista começou a mudança na Austrália. E sabe quem ascendeu a primeiro-ministro, à chefia do governo, ou seja, quem foi o presidente, em termos brasileiros – porque lá o regime é parlamentarista? Pois foi um sindicalista de nome Andrew Fisher, operário das minas de carvão. Este homem foi por três vezes primeiro-ministro. E a partir daí veio toda a legislação social australiana, que foi entrando pelos anos 20, anos 30 e anos 40. Depois,em 1945, foi eleito um maquinista de trem, um maquinista de estrada de ferro que governou de 45 a 49 e antes tinha sido eleito o líder do Sindicato dos Cortadores de Lenha; e antes tinha sido eleito um gráfico e também um secretário do Sindicato de Estivadores. Quer dizer, dos oito primeiros-ministros iniciais do Partido Trabalhista cinco eram lideres sindicais." - Brizola.
Foram sob os governos Trabalhistas, que a Austrália fundou sua base de desenvolvimento, e quando o país mais prosperou.  O subdesenvolvimento que acometia a Austrália em fins do Séc. XIX início do XX, tornam o cenário australiano similar ao brasileiro. A criação pelos Trabalhistas de uma ampla legislação de seguridade social e trabalhista, junto a medidas nacionalistas, viabilizaram ser a Austrália um dos países com melhor padrão de vida, com o segundo melhor IDH do mundo!  

Brizola pretendeu fazer de Lula, o "Andrew Fischer" brasileiro, dotando-o de uma base política trabalhista, que lhe desse suporte (PDT-PT). Lula não teve a mesma grandeza do Brizola, preferiu se enveredar por arranjos fisiológicos ao invés de formar uma base política ideológica de cunho trabalhista. E nada como o tempo....  ao dar as costas para o Brizola, se voltou para as mesmas aves de rapina que atualmente lhe comem as viceras.
"Se é para copiar tudo dos trabalhadores estrangeiros, por que não copiar os salários? É o que interessa ao maior número de pessoas. É o que fazem os países que tem uma soberania relativa como é o caso da Austrália. Eu estive lá e vi com os meus olhos. Vi um peão rural que não só tem as garantias que têm aqui os trabalhadores brasileiros, como ainda ganha duzentos dólares por semana. Um peão rural. Imaginem o que ganha quem trabalha na indústria, nos escritórios, na parte mais avançada da economia."
"Uma vez perguntei a um grande dirigente, a um homem que foi alto dirigente norte-americano, um tipo amável para conversar: por que tratavam a Austrália com juros tão fáceis, emprestavam aos australianos o que eles queriam. Por que lá pagavam tão bem aos trabalhadores e os organismos internacionais não se metiam com o salário mínimo deles? Ele parou, me olhou e disse em inglês, traduzido por um brasileiro: Senhor Brizola, é que eles falam inglês." - Brizola.