segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

A Imigração Italiana para o Brasil


Américo Vespucci, foi o primeiro italiano a ter estado no Brasil, quando a serviço da coroa portuguesa, se dar conta se tratar de um novo-continente, que levará seu nome. Foi na sua expedição que se fundou o primeiro forte no Brasil com 24 marinheiros (dos quais 12 italianos) em Cabo Frio-RJ. 

Posteriormente, com a fundação da Nova Lusitânia (Pernambuco), Duarte Coelho trouxe consigo, a convite, o nobre florentino Felipe Cavalcanti, que da sua união com uma filha de Jorge de Albuquerque com a índia Maria do Arco-Verde dará surgimento a família Cavalcanti d'Albuquerque. Segue no empreendimento, os Accioly que se entrelaçarão com os Cavalcantis, constituindo um Clã Italiano no Brasil nos primórdios de sua colonização.

Com a União Ibérica, quando o Reino de Nápoles e o Ducado de Milão, passam a serem integrantes do Império Luso-Espanhol, além da República de Gênova, essa na qualidade de Estado Associado, vários comerciantes desse reino afluem para o Brasil, especialmente marinheiros e comerciantes da República de Gênova, caso dos: BerardiCampoliAdornoManele/Spinelle etc.

Thomé de Souza encontrou quando de sua chegada na Bahia, o genovês Paulo Adorno, tronco da família Adorno,  e que veio a ser seu homem de confiança no seu governo. Os Dorias também de origem genovesa, na Bahia, com descendência em Clemencia Doria, chegada no Brasil em começos de 1555.

Alguns linguístas e acadêmicos (como Matteo Sanfilippo) afirmam que o sotaque brasileiro é idêntico ao sotaque genovês, como conseqüência desses primeiros contatos.

Nesse período, Fernando I de Médici intentou criar uma colônia italiana no Brasil. Para esse fim, o Grão-Duque organizou em 1608 uma expedição ao norte do Brasil, sob o comando do capitão inglês Thornton.
"O primeiro ano de Seicento Ferdinando I na Toscana valoriza a possibilidade de uma colônia brasileira (nos primeiros anos do século XVII, Fernando I de Médici considerou a possibilidade de fazer uma colônia no Brasil.)"
Giovanni Vincenzo San Felice
Conde di Bagnuoli
No entanto, Thornton, ao retornar da viagem preparatória em 1609 (quando foi para a Amazônia), encontrou Fernando I morto e todos os projetos foram cancelados pelo sucessor Cosimo II.

Em 1631, diante da invasão holandesa no Brasil, chega de Nápoles, o Conde de Bagnuolo, já veterano na defesa de Salvador em 1624, sob o comando de um terço de 400 napolitanos (Terço de Nápoles) para combater as tropas holandesas. Muitos desses italianos acabam se estabelecendo em definitivo no Brasil. O próprio Conde de Bagnuolo senta praça em São Salvador, aonde vive até o fim de seus dias (1640).

O conselheiro holandês Van Goch, reporta ainda em 1649, a participação de italianos na II Batalha dos Guararapes:

"[....] as tropas do inimigo são ligeiras e ágeis de natureza para correrem para diante ou se afastarem, e por causa de sua crueldade inata são também temíveis. Compõem-se de brasilianos (tupis), tapuias, negros, mulatos, mamelucos, nações todas do país, e também de portugueses e italianos que têm muita analogia com os naturais da terra quanto à sua constituição,  de modo que atravessam e cruzam os matos e brejos, sobem morros tão numerosos aqui e descem tudo isso com uma rapidez e agilidade verdadeiramente notáveis. Nós, pelo contrário, combatemos em batalhões formados como se usa na mãe-pátria e nossos homens são indolentes e fracos, nada afeitos à constituição do país. [.....] "


A Imigração Italiana em Massa no Séc. XX

Em fins do século XIX, começou a "imigração em massa" de italianos para o Brasil independente.

Quando essas primeiras levas começaram a aportar no Brasil na década de 1870, a Itália havia tardiamente se constituído como País em 1861. Razão pela qual, muitos imigrados não nutriam um sentimento de pertencimento nacional.  
"O que você entende por uma nação, senhor ministro? É a massa dos infelizes? Plantamos e colecionamos trigo, mas nunca provamos pão branco. Cultivamos videira, mas nunca bebemos vinho. Criamos animais, mas não comemos carne Apesar de tudo, você nos aconselha a não abandonar nossa pátria? Mas é a pátria a terra onde você não pode viver do seu próprio trabalho? "
Frase anônima de um imigrante italiano no final do século XIX para o Ministro de Estado italiano que pediu para não deixar sua terra natal.
Apenas com a ascensão fascista na década de 20, e o ainda sob um forte influxo imigratório da Itália nesse período para o Brasil, se forjou uma identidade "italiana" entre os imigrados. 

O início da imigração italiana esta diretamente vinculada a abolição da escravidão, como substitutos de mão de obra nos cafezais e a expansão das plantações de café. Embora, no mesmo período, os portugueses continuassem a chegar em massa, esses preferiam os centros urbanos onde se tornavam pequenos comerciantes. 

Encorajados pelo governo brasileiro, panfletos e faixas foram espalhados por toda a Itália, tentando, assim, atrair imigrantes. Rapidamente, milhares de italianos começaram a comprar passagens para o Brasil, em busca de dinheiro e melhores condições de vida.

No início, o governo brasileiro direcionou esses imigrantes para as áreas rurais do sul do Brasil, onde os italianos se tornaram pequenos agricultores e proprietários de terras. Foi o caso dos italianos que imigraram para o estado do Rio Grande do Sul. Mais tarde, as fazendas de café no sudeste se tornaram o destino da maioria.

A preferencia pela mão-de-obra proveniente da Itália, se deu não só pelo seu caráter agrícola, de camponeses, como também pela rápida assimilação que ocorria entre os imigrados e os brasileiros. Os italianos eram católicos, falavam diversos dialetos neolatinos afins com o português e tinham costumes semelhantes com as raízes luso-brasileiras. E assim, não houve problemas até o fascismo italiano fomentar a "italianidade" dos imigrados no Brasil.

A imigração italiana na Idade Contemporânea no Brasil foi intensa, tendo seu pico entre os anos de 1870 e 1920 . A maior parte estava concentrada na região do atual estado de São Paulo .
Imigração italiana para o Brasil por períodos
Período1884-18931894-19031904-19131914-19231924-19331934-19441945-19491950-19541955-1959Total
Quantidade510.533537.784196.52186.32070.177N/D15.31259.78531.263
1.507.695

A Imigração Italiana ao sul do Brasil

Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil em 1875, como no caso da colônia italiana em Santa Teresa (no Espírito Santo ).

Os italianos primeiro tenderam a se estabelecer na região sul, onde colônias de imigrantes alemães foram instaladas. Essas colônias foram fundadas em áreas rurais do país, seguindo o mesmo projeto das colonias alemãs. As primeiras colonias italianas foram instaladas nas encostas da serra Geral, pois as terras baixas já eram colonizadas por imigrantes alemães. nas atuais cidades de Garibaldi (Dona Isabel) e Bento Gonçalves (Conde d´Eu). Após 5 anos, o grande número de imigrantes obrigou o governo a criar uma nova colônia italiana em Caxias do Sul.

Nessas terras, os italianos começaram a cultivar uvas e a produzir vinho. Atualmente, essas áreas de colonização italiana produzem os melhores vinhos do Brasil. Também em 1875, as primeiras colônias italianas foram fundadas em Santa Catarina, como Criciúma e Urussanga, além de outras no Paraná.


A Imigração Italiana como força de trabalho nos cafezais:

Embora a região sul tenha sido pioneira na imigração italiana, foi a região sudeste que recebeu o maior número de imigrantes. Isso se deve ao processo de expansão do trabalho cafeeiro em São Paulo. Com o fim do comércio de escravos e os eventos da colonização italiana no sul, o governo paulista também começou a incentivar a imigração italiana para as plantações de café. A imigração subsidiada de italianos começou na década de 1880. Os próprios proprietários de fazendas de café tentaram atrair imigrantes italianos para suas propriedades. O governo brasileiro pagou a viagem e o imigrante teve que sair para trabalhar nas fazendas para devolver o valor da passagem.

Os imigrantes italianos, em sua maioria, emigraram para o Brasil em famílias, chamados colonos . Os proprietários de terras, acostumados a trabalhar com escravos africanos, começaram a lidar com trabalhadores europeus livres e assalariados. Até muitos italianos nas fazendas de café foram submetidos a dias úteis semelhantes aos dos escravos. Essa situação gerou vários conflitos entre imigrantes italianos e proprietários brasileiros, causando rebeliões. As notícias do trabalho semi-escravo chegaram à Itália e o governo italiano começou a impedir a imigração para o Brasil.

O sucesso inicial da imigração subsidiada levou o Brasil a quase 1 milhão de italianos até o final do século XIX, e outros 500.000 durante o século XX. O Brasil se tornou o destino preferido da imigração italiana.

Após a abolição da escravidão em 1888, a imigração italiana tornou-se uma grande fonte de trabalho no Brasil. Os italianos começaram a se expandir por Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A maioria absoluta teve como destino inicial o trabalho de campo e agrícola. Muitos imigrantes italianos, depois de alguns anos trabalhando na coleta de café, conseguiram dinheiro suficiente para comprar suas próprias terras e se tornar proprietários de terras. Outros partiram para os grandes centros urbanos brasileiros, como São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte.


Regiões de Origem:

A imigração italiana no Brasil foi marcada principalmente pelo norte da Itália, que na antiguidade era uma zona celta, principalmente de Veneto, seguido pelas regiões Centro-Sul. A preferência do governo brasileiro pelos italianos do norte é explicada pelo fato de os imigrantes italianos trazerem ao Brasil técnicas avançadas de industrialização e novas idéias para a modernização do Brasil. Costuma-se dizer que, em algumas áreas do norte da Itália, praticamente toda a população tinha um parente ou conhecido que imigrou para o Brasil.



As Variantes Linguísticas dos Imigrantes Itálicos 

Mesmo os imigrantes provindos do norte sendo majoritários, isso não implicou em nenhuma uniformidade linguística entre esses imigrados. Apenas na região norte, se registra 3 troncos linguísticos diferentes: neolatina, germânica e eslava. Do tronco neolatino, temos 9 línguas distintas, que por sua vez se subdividem em diversos dialetos . Do trônco germânico, tem-se o tedesco, com 5 variantes dialetais. E do tronco eslavo, fala-se o esloveno no extremo nordeste da Itália.

Do tronco neolatino, o vêneto, teve especial difusão nas colonias procedentes da região de Veneto, sendo a língua mais difundida no Brasil entre os imigrados. O vêneto ou talian, não é um dialeto do italiano, mas sim uma língua distinta, que se subdivide em dois dialetos: o vêneto oriental (veneziano) e o vêneto norte-ocidental (trentino).


O atual idioma padrão da Itália é o dialeto toscano, que foi disseminado na década de 20 pelo fascismo italiano, quando o instituiu obrigatoriamente nas escolas de toda a Itália. É curioso que alguns apátridas, que se dizem descendentes de italianos, bradem contra Getúlio por ter instituido a obrigatoriedade do português nas escolas brasileiras, estando nós em nossa própria pátria! Ao mesmo tempo, que morrem de amores por Mussolini.

Descendentes de italianos por estados brasileiros

Dos cerca de 1,5 milhão de italianos que imigraram para o Brasil entre os anos de 1875 e 1935, 1,2 milhão deles foram para São Paulo, 100 mil para o Rio Grande do Sul, 60 mil para Minas Gerais, 25 mil para o Espírito Santo, 25 mil para Santa Catarina e 20 mil para o Paraná.

A maioria dos descendentes de italianos está concentrada nos estados do Espírito Santo (onde são 23% da população), Santa Catarina (29%), São Paulo (23%), Paraná (29%) e Rio Grande do Sul (29%). A região metropolitana de São Paulo, com 19 milhões, possui cerca de 22% (4 milhões) de sua população composta por descendentes de italianos, tornando-a a região metropolitana fora da Itália com o maior número de descendentes de italianos à frente da área metropolitana de Buenos Aires. Aires, que tem 3,5 milhões de descendentes de italianos e à frente de Nova York, onde soma 1,8 milhão

Os ítalo-brasileiros são cerca de 24% da população branca do Brasil. Até a única cidade com 100% de brancos no Brasil, Montauri, no estado do Rio Grande do Sul, foi fundada por emigrantes italianos em 1904 e ainda tem uma maioria que fala talian.
Espírito Santo

Foi em 1875, que começou oficialmente a imigração italiana no Brasil, com a vinda de 150 famílias das regiões de Trento, Veneto e Lombardia para Santa Leopoldina-ES. Dessas, sessenta foram encaminhadas para Timbuí, aonde foi fundada a primeira colônia italiana no Brasil: Santa Teresa. Depois, cerca de oito mil italianos imigraram para o Espírito Santo entre os anos de 1875 e 1900 para ocupar terrenos cedidos pelo Governo nas áreas dos rios Itapemirim e Benevente.

Porém a situação de penúria vivida por muitos colonos fez com que, em 1895, o governo italiano proibisse a imigração de seus cidadãos para o Espírito Santo.

Após 1900, a imigração proveniente da península itálica praticamente cessa, adentrando após esse período somente 121 indivíduos.

Cerca de 93% dos imigrantes italianos provinham de regiões do Norte da Itália. Cerca de 40% eram da região do Vêneto, 20% da Lombardia, 14% do Trentino-Alto Ádige, 10% da Emília-Romanha, 5% do Piemonte, 4% do Friul-Veneza Júlia, 2% das Marcas e 2% de Abruzos, 1% da Toscana e 1% de Campânia e outro porcento de outras regiões.

Algumas fontes falam em 60% de descendentes de italianos entre a população do Espírito Santo. Oque em tese, seria a maior dentre todos os Estados. No entanto, a historiadora Maria Cristina Dadalto contesta, segundo ela, é um "mito". Não existe nenhuma pesquisa que comprove esses dados.


São Paulo

São Paulo recebeu até 1920, cerca de 70% dos imigrantes italianos que vieram para o Brasil, representando 9% da sua população total.  Tendo até 1920, adentrado no estado 1.078.437 italianos.

São Paulo recebeu imigrantes de diversas regiões da Itália. Nos registros paroquiais de São Carlos, cidade produtora de café no interior de São Paulo, para o período compreendido entre 1880 e 1914, foi-se registrado que, dentre os italianos que ali se casaram, 29% dos homens e 31% das mulheres eram oriundos do Norte da Itália, sendo o Vêneto a região mais bem representada, com 20% dos homens e 22% das mulheres, seguido da Lombardia com 5% dos homens e 6% das mulheres. Os italianos do Sul também eram bastante numerosos, correspondendo a 20% dos homens e 15% das mulheres de nacionalidade italiana. Calábria, com 7% dos homens e 5% das mulheres e Campânia, com 6% dos homens e 5% das mulheres eram as regiões sulistas que mais mandaram imigrantes para São Carlos.

Em São Paulo, assim como no resto do Brasil, havia a tendência dos imigrantes do Norte da Itália rumarem para a zona rural, enquanto os do Sul preferiam se dedicar às ocupações urbanas. Oque explica, na cidade de São Paulo, os meridionais terem dominado bairros inteiros, como foi o caso do Bixiga, do Brás e da Mooca, habitados especialmente por imigrantes oriundos da Calábria e de Campânia.


Santa Catarina

95% dos italianos que chegaram ao estado de Santa Catarina eram do norte da Itália, os atuais estados do Vêneto, Lombardia, Friul-Veneza Júlia e Trentino-Alto Ádige. Porém, anteriormente, houve uma incipiente imigração de sardenhos, em 1836, oriundos da Sardenha, que fundaram a colônia de Nova Itália (atual São João Batista). Esses pioneiros eram poucos, sem maior impacto demográfico. Foi mais tarde, a partir de 1875, que passou a se assentar no estado um número maior de imigrantes italianos. Foram criadas, assim, as primeiras colônias italianas do estado: Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna, todas estas no entorno da colônia alemã de Blumenau, servindo assim, os italianos, como a ponta de lança deste núcleo germânico. Neste mesmo ano, imigrantes do Trento fundaram Nova Trento, e em 1876 foi fundado Porto Franco (hoje Botuverá). Os italianos instalados nestas primeiras colônias provinham majoritariamente da Lombardia e do Trentino, o qual pertencia na época ao Império Austro-Húngaro.

Diversas outras colônias foram criadas nos anos seguintes, sendo o sul de Santa Catarina o principal foco de colonização italiana do estado. Nesta região foram fundadas Azambuja em 1877, Urussanga em 1878, Criciúma em 1880, a colônia mista de Grão-Pará em 1882, o núcleo Presidente Rocha (hoje Treze de Maio) em 1887, os núcleos de Nova Veneza, Nova Belluno (hoje Siderópolis) e Nova Treviso (hoje Treviso) em 1891, e Acioli de Vasconcelos (hoje Cocal do Sul) em 1892. No sul do estado os imigrantes provinham principalmente do Vêneto, e, em menor número, da Lombardia e de Friul-Veneza Júlia. Os imigrantes se dedicaram principalmente ao desenvolvimento da agricultura e à mineração do carvão, sendo eles imprescindíveis na formação desta região.

A chegada de italianos ao estado terminou em 1895, quando um número já reduzido de colonos chegaram para colonizar a comunidade de Rio Jordão, no sul do estado. Principalmente pela guerra civil que estourou no país com a Revolução Federalista e pelo contrato da república que deixava a imigração subsidiada a cargo dos estados, os italianos pararam de adentrar aos portos catarinenses.

A partir de 1910, milhares de gaúchos migraram para Santa Catarina, entre eles, milhares de descendentes de italianos. Esses colonos ítalo-brasileiros colonizaram grande parte do Oeste catarinense. Muito da cultura ainda é preservada nos antigos focos de colonização, principalmente na culinária, e na linguagem.


Rio Grande do Sul

A primeira leva de imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, se deu em 1875, com o fim de substituírem os colonos alemães que, a cada ano, chegavam em menor quantidade. Os colonos italianos foram atraídos para a região para trabalharem como pequenos agricultores e lhes foram reservadas terras agrestes, na encosta da Serra Geral.

Na região foram criadas as primeiras três colônias italianas: Conde D’Eu, Dona Isabel e Campo dos Bugres, atualmente as cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul, respectivamente. Com o tempo, os italianos passaram a subir as serras e a colonizá-las. Com o esgotamento de terras na região, esses colonos passaram a migrar para várias regiões do Rio Grande. A base da economia na região italiana do Rio Grande foi, e continua a ser, a vinicultura.

No centro do estado foi criada a Quarta Colônia de Imigração Italiana, o primeiro reduto de italianos fora da Serra Gaúcha e que originou municípios como Silveira Martins, Ivorá, Nova Palma, Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine. Nesse último, está a localidade de Vale Vêneto, nome dado para fazer homenagem a tal região italiana.

Outras colônias italianas foram criadas e deram origens a cidades como Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves, Garibaldi, Flores da Cunha, Antônio Prado, Veranópolis, Nova Prata, Encantado, Nova Bréscia, Coqueiro Baixo, Guaporé, Lagoa Vermelha, Soledade, Sananduva, Cruz Alta, Jaguari, Santiago, São Sepé, Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul. Essas são as principais colônias italianas do estado.

Estima-se que imigraram para o Rio Grande 100 mil italianos, entre 1875 e 1910. Em 1900, já viviam no estado 300 mil italianos e descendentes.

Quanto a procedência desses contingentes, o percentual aproximado seria de: 54% de vênetos; 33% lombardos; 7% trentinos; 4,5% friulanos. Os demais - piemonteses, toscanos, emiliano-romanheses e lígures - representam 1,5% do total.

Zonas de colonização italiana e italo-germânicas.

Paraná

Os primeiros italianos a imigrar para o Paraná foram os vênetos, a partir de 1875, alocados em colônias próximas à Paranaguá, nas regiões de Morretes e Antonina. A Colônia Alexandra e posteriormente a Colônia Nova Itália tiveram vários problemas, sendo que seus moradores foram posteriormente remanejados para regiões mais próximas da capital.

Em 1900, viviam no estado do Paraná mais de trinta mil italianos, espalhados por catorze colônias etnicamente italianas e outras vinte mistas. No início, a maior parte dos imigrantes trabalhou como colonos autônomos porém, com o desenvolvimento do café, passaram a compor a mão de obra da região. As maiores colônias prosperaram na Região Metropolitana de Curitiba, sendo o município de Colombo (localizado na Grande Curitiba) a maior colônia italiana do Paraná. A Colônia Alfredo Chaves (que posteriormente se tornaria a cidade de Colombo) foi uma das quatro onde se concentraram os primeiros italianos que chegaram ao estado. As outras são a Senador Dantas (que deu origem ao bairro curitibano Água Verde), a Santa Felicidade (atual pólo gastronômico da capital paranaense) e a Colônia de Santa Maria do Tirol, localizada no município de Piraquara (na Grande Curitiba). A influência italiana se faz presente em todas as regiões do estado (como no norte do estado, com o vocábulo terra roxa, oriundo da confusão da língua italiana para a cor vermelha - "terra rossa").

Em Curitiba chegaram a partir de 1872, estabelecendo-se como agricultores em vários núcleos coloniais da região, que posteriormente deram origem aos atuais bairros de Pilarzinho, Água Verde, Umbará e Santa Felicidade (tradicional bairro de cultura e gastronomia italiana da capital paranaense), por exemplo. Com o passar do tempo adotaram outras atividades, incluindo industriais e comerciais.

Outras cidades receberam imigrantes italianos: além de municípios da Microrregião de Paranaguá (na Serra do Mar e litoral) e a capital, cidades da Grande Curitiba (como São José dos Pinhais, Araucária, Campo Largo, Piraquara, Cerro Azul e Colombo), assim como do interior receberam significativo número de imigrantes.


Minas Gerais

Em números absolutos Minas Gerais recebeu o terceiro maior contingente de imigrantes italianos, atrás somente de São Paulo e Rio Grande do Sul, cerca de 60 mil.

De forma bem semelhante ao Estado de São Paulo, os italianos também foram atraídos para Minas Gerais com o objetivo de aumentar a força de trabalho nas lavouras de café. Mas os resultados da política de imigração em Minas foram bem menos significativos, uma vez que o estado obrigava os imigrantes e os próprios fazendeiros a pagarem parte da passagem de navio, enquanto o Estado de São Paulo cobria todos os gastos. Por fim, em 1898, uma grave crise financeira atingiu o Estado, que suspendeu a imigração subsidiada.

Minas passou a incentivar a vinda de italianos sobretudo a partir do ano de 1887. Todavia, foi só a partir de 1894 que o Estado fez contratos que aumentaram o fluxo de imigrantes.

Os imigrantes em Minas, provinham de várias regiões da Itália, embora se destaque um número significativo, em relação a outros Estados, de imigrantes da Sardenha, também com algum relevo advieram imigrantes da região de Emília-Romanha. Na zona da mata mineira, em Leopoldina, a guisa de exemplo, constatou-se 14 regiões de procedencia da Itália entre os imigrantes: Lombardia, Friul-Veneza Júlia, Vêneto, Piemonte, Emília-Romanha, Toscana, Úmbria, Marcas, Abruzos, Campânia, Basilicata, Calábria, Sicília e Sardenha.

Registros em São João del Rey em 1888, mostram que praticamente todos eram do Norte da Itália, especialmente: Bolonha, Ferrara e Verona. Após essa data (1888), passa-se a registrar ainda em São João del Rey, um expressivo número de imigrantes de Emília-Romanha, 65% (415) de um total de 639 imigrados. O resto provinha sobretudo da região do Vêneto e alguns poucos da Lombardia e da Calábria. Devido a prenseça majoritária de emilianos, mais tarde o núcleo colonial passou a ser conhecido como "colônia Bolonha - Ferrara".

A imigração italiana em Minas Gerais se concentrou, essencialmente, na zona da mata mineira, sul do Estado e Belo Horizonte.
Entrada de italianos em Minas Gerais 
18941895189618971898189919001901
4 4106 42218 99917 3032 1116502141

Proposta de bandeira aos Italo-brasileiros:


bandeira do Círculo Castilhista Comando SE







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domingo, 2 de fevereiro de 2020

O Pensamento de Julius Evola - O Precursor da Direita Olavista.


Giulio Cesare Andrea Evola (19 de maio de 1898 - 11 de junho de 1974), mais conhecido como Julius Evola, foi um filósofo, pintor e esoterista italiano. Evola considerava suas perspectivas e valores espirituais como aristocráticos, masculinos, tradicionalistas, heróicos e reacionários.

Evola acreditava que a humanidade está vivendo no Kali Yuga, uma Idade das Trevas com apetites materialistas desencadeados, esquecimento espiritual e dissolução. Para combater isso e convocar um renascimento primordial, Evola apresentou seu mundo de tradição. A trilogia principal das obras de Evola é geralmente considerada Revolta contra o mundo moderno, Homens entre as ruínas e Cavalgada do tigre. Segundo um estudioso, "o pensamento de Evola pode ser considerado um dos sistemas mais radicais e consistentemente anti-legalitário, anti-democrático e antipopular do século XX". Muitas de suas teorias e escritos, estão centradas no próprio espiritismo e misticismo idiossincrático de Evola - a vida interior. A filosofia abordava temas como o hermetismo, a metafísica da guerra e do sexo, tantra, budismo, taoísmo, montanhismo, o Santo Graal, a essência e a história das civilizações, a decadência e várias tradições filosóficas e religiosas que lidam com os clássicos e os Orientais.

Evola foi um notável crítico do fascismo e do nazismo e sua filosofia sociopolítica dita: "tradicionalista" é mais de direita do que o fascismo. No entanto, o trabalho de Evola influenciou fascistas e neofascistas, embora ele nunca tenha sido membro do Partido Fascista Nacional Italiano ou da República Social Italiana e ter se declarado antifascista. Ele considerava sua posição como a de um intelectual simpático de direita, via potencial no movimento e desejava reformar seus erros, para uma posição alinhada às suas próprias opiniões. Um de seus sucessos foi em relação às leis raciais; sua defesa de uma consideração espiritual da raça venceu no debate na Itália, em vez de um conceito exclusivamente biológico adotado pela a Alemanha. Desde a Segunda Guerra Mundial, muitos grupos radicais "tradicionalistas", da nova direita, "conservadores revolucionários", fascistas e que se auto-proclamam de "terceira posição" se inspiraram nele, além de vários ocultistas apolíticos.

Por volta de 1920, os interesses de Giulio Cesare Andrea Evola o levaram a estudos espirituais, transcendentais e "supra-racionais". Ele começou a ler vários textos esotéricos e gradualmente se aprofundou nos estudos sobre ocultismo, alquimia, magia e oriental, particularmente no lamaismo tibetano e no yoga tântrico vajrayanista. Também passou a fazer uso de drogas alucinogênicas para experimentar estados alterados de consciência, depois passou a criticar essas drogas em Ride the Tiger, pois não considerava a estimulação um meio de transcendência.

Em 1927, junto com outros esoteristas italianos, fundou o Gruppo di Ur (o Grupo Ur). O objetivo do grupo era fornecer uma "alma" ao crescente movimento fascista da época através do ressurgimento de um antigo paganismo romano, do qual, veio a se arrepender depois.

Evola se opois aos Acordos Lateranenses de Benito Mussolini com a Igreja Católica Romana e rejeitou o nacionalismo do partido fascista e seu foco na política no movimento de massas; esperando influenciar o regime em sua própria variação no bojo do movimento fascista.


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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Que É "A Lenda Negra"? O Imperialismo Ataca Nossa Identidade.


Pode-se dizer, sem medo de exagero, que a lenda negra consiste em um julgamento negativo e "inexorável", aceito sem investigar sua origem ou veracidade, segundo a qual a Espanha teria conquistado e governado a América por mais de três séculos, exibindo uma sangrenta crueldade e uma opressão sem medida, que não encontraria comparação na história ocidental moderna. A fábula anti-espanhola argumenta que a companhia do Descobrimento foi realizada por uma ganância insaciável, cujo objetivo não seria outro senão a sede de ouro que o império espanhol tinha; pelo qual ele não hesitou em perpetrar um “genocídio” nas populações indígenas, causando 50 milhões de mortes.

O absurdo que acabei de mencionar encontra sua origem na figura do padre Fray Bartolomé de Las Casas, um frade dominicano nascido em Sevilha em 1474. Este clérigo esteve pela primeira vez na América acompanhando Ovando, em 1502. Em 1522, Las Casas acentua uma campanha em favor de um melhor tratamento dos nativos pelos espanhóis, em quem pesava a missão de evangelizar e civilizar nas terras recém-descobertas. O trabalho de Las Casas vai da alegação e da pregação ao sermão escandaloso e panfletário. A esse teor pertence sua "Breve relação da destruição das Índias"; escrito em 1542. Este trabalho foi realizado; tirada do contexto e exagerada pelos inimigos da Hispanidad, que a usavam como meio de desacreditar o Império. Assim, os países protestantes opostos da Espanha agiram em combinação contra ele; principalmente Holanda e Inglaterra, embora a França e a Alemanha também tenham participado da infusão. Foi assim que a Espanha passou a ser mencionada como uma nação sombria e decadente, atribuindo as características acima mencionadas à identidade católica de seus monarcas e sua cultura. Os países mencionados acima disputavam o domínio marítimo e comercial com a Espanha, que era o poder da época (Sec. XVI e parte do XVII); e a propaganda e a guerra difamatória que eles enfrentaram serviram para ganhar terreno na Europa (e vários séculos depois em todo o mundo).

Retomando o tema do trabalho do frade dominicano; não resiste à menor análise historiográfica ou científica (a história é vaga e imprecisa; não diz quando ou onde os horrores de que fala, nem exige nomes ou lugares); e é útil lembrar (e aqui está uma das inúmeras contradições dos anti-hispânicos), que seu autor era espanhol, bispo católico e conselheiro da monarquia. Para ser equânime, é preciso reconhecer que o que Las Casas proclamava como justo era de fato. A conquista da América não poderia ser consumada negando de fato os preceitos que a Igreja considerava substanciais. Era necessário tomar extremo cuidado no tratamento com os nativos. Mas a desvantagem é que Las Casas não parou em nada e atacou tudo, sem reparar o ambiente que ele usava, e citando Romulo D. Carbia: “Os excessos [de Las Casas] se tornaram tantos que houve um tempo em que alguns homens sãos tinham dúvidas sobre a autenticidade dos escritos que circulavam como seus. A explicação para isso esta no fato de Las Casas, preso pelo seu ciúme irrestrito, não ter parado nem na seriedade do falso testemunho ”. De fato, como já foi dito, quando o dominicano começou a rolar seu livro, ele foi usado com desprezo pelos inimigos do trono e pela causa que ele e o próprio Las Casas representavam.

Atualmente, a lenda repetida permanece a mesma ou mais em vigor do que na época de sua criação. Os liberais e marxistas o usam como um meio de justificar o separatismo nas nações, com base em um etnocentrismo falacioso e ideologizado. Obviamente, o que ainda está sendo perseguido como objetivo é o ataque ao cristianismo; que, juntamente com os Estados-nação mencionados acima, constitui o último bastião de resistência contra as reivindicações hegemônicas da Nova Ordem Mundial.

Marxistas modernos; inteligentemente reciclados em gramascismo, procuram incitar o culto anticatólico e anti-hispânico confrontando dialeticamente essa cultura com os pré-colombianos, de onde surgiria uma nova consciência dos "povos oprimidos" dispostos a enfrentar a rebelião. Mas o mais irônico é que esses aprendizes de esquerda nem sequer lêem seus próprios intelectuais. Como prova disso, basta mencionar a opinião de Juan José Hernández Arregui sobre a conquista espanhola: “[...] O nascimento da nacionalidade não pode ser segregado do período hispânico. Desconectar esses povos de seu longo passado tem sido uma das sérias desfigurações históricas da oligarquia mitigadora que foi mantida no poder em 1853 […] O desprezo pela Espanha começa nos séculos XVII e XVIII como parte da política nacional de Inglaterra É um descrédito de origem estrangeira que começa com a tradução para o inglês, amplamente difundida na Europa na época, do livro de Bartolomé de las Casas, "Lágrimas dos índios; verdadeira e histórica relação dos cruéis assassinatos e assassinatos cometidos em vinte milhões de pessoas inocentes pelos espanhóis". O título diz tudo. Uma difamação Em relação a esta publicação, JC J. Metford, lembre-se de que, na dedicação, Cromwell é invocado . A lenda negra foi difundida pelos ingleses como arbitrária política, numa época em que os Habsburgos governavam a Europa e ameaçavam a Inglaterra, então um poder de segunda ordem. [...] Na verdade, o que estava em jogo era o próximo deslocamento do poder naval. […] A Espanha deixou de ser uma parte norteadora de um passado europeu glorioso e desceu ao prejuízo espiritual, ainda perdurando em muitos argentinos que receberam sobre a Espanha a idéia estrangeira de que a oligarquia da terra se formava - apesar de sua genealogia espanhola - ligando as suas exportações ao mercado britânico. Nesse sentido, esse sentimento anti-espanhol é a projeção remota no tempo daquela rivalidade inicial entre Espanha e Inglaterra. E a negação da Espanha, por parte da oligarquia, em sua essência, nada mais é do que o resíduo cultural moribundo de sua servidão material ao Império Britânico. Os povos, por outro lado, permaneceram hispânicos, afiliados ao passado, à cultura anterior. O que prova o poder dessa cultura espanhola que a oligarquia repudiou para viver emprestada. ” Seguindo as contradições dos apologistas do "indigenismo" e por meio da síntese da "força de idéias" para discutir com eles, pode-se dizer o seguinte:

- A Espanha não subjugou tribos americanas, nem lhes impôs uma cultura. Pelo contrário, com a descoberta e conquista da América, elas foram incorporadas à cultura universal; entre outras coisas, com a adoção da língua castelhana; o mesmo usado pelos agitadores vernaculares para punir a Espanha. No mesmo sentido, é importante enfatizar que os estados culturais dos aborígines eram extremamente variados. Havia culturas que estavam no começo da era dos metais, como no caso dos astecas e maias; e outros com um atraso notável, no estágio do neolítico e até do paleolítico, como eram os amazônicos e os fugitivos. Resulta do exposto que, após a chegada na América, os espanhóis não encontraram uma cultura uniforme, mas uma ampla gama de diferentes situações culturais. Essas distinções foram refletidas nas línguas diferentes de cada tribo, de modo que os conquistadores estudaram línguas vernaculares e compuseram gramáticas e dicionários para aprender línguas indígenas. Da mesma forma, a Igreja sustentava que a tarefa pastoral de evangelização deveria ser realizada nas línguas originais; portanto, o missionário foi obrigado, em seu duplo trabalho como sacerdote e professor, a conhecer o idioma do respectivo viés. Felipe II encomendou em 1580, para o qual ele estabeleceu nas universidades do México e em Lima cadeiras de Nahualt e Quichua. Todos esses fatos tornaram possível, em grande parte, que as línguas aborígines agora sejam conhecidas e faladas.

- Nunca houve genocídio perpetrado pela Espanha. Em primeiro lugar, de acordo com estudos sérios (veja a pesquisa de Angel Rosenblat, cuja base científica são os registros feitos durante o período hispânico, bem como a possibilidade de alimentação que a América oferecia de acordo com as técnicas de cultivo da época para abrigar habitantes), o A população total da América quando os espanhóis chegaram (do México à Terra do Fogo e com a exclusão do Brasil) era de aproximadamente 11 milhões e meio de pessoas. De maneira alguma poderia haver uma população de 70 ou 90 milhões, como afirmam os “indigenistas”, além disso, deveriam ser perguntados como Hernán Cortés teria feito para conquistar uma região com uma população tão grande com 500 homens; ou como seria possível para a América ter mais habitantes do que a Europa, considerando que possuía comida, moradia, condições sanitárias e um nível de civilização muito mais altos (no momento da descoberta, a população européia é estimada entre 60 e 80 milhões de habitantes) . Se o exposto acima não é suficiente para refutar a "história do genocídio", passarei a concluir com este tópico simples apreciações matemáticas. Tomando como verdade o assassinato em massa de aborígines, elevando o número de mortos para 50 milhões (como dizem "batendo o pedaço" dos seguidores da Lenda); de 1492 os espanhóis chegaram até 1810; isto é, 318 anos; obtém-se o valor insustentável de que era necessário matar 157.232 índios por ano; igual a 13.102,72 aborígines por mês; isto é, 430,77 nativos por dia; ou, finalmente, 17,94 índios por hora ... o que nos leva a determinar que um índio foi morto a cada três minutos. Tudo isso, sem dormir, comer, conquistar ou fundar cidades, ou construir estradas, universidades, etc. Eu acho que existem muitos comentários ... a matemática não mente.

- A conquista não foi uma ação imperialista destinada a subjugar e explorar os índios; apropriar suas terras e sua riqueza. Nesse sentido, é conveniente dizer que as críticas caem em contradição aberta, caso não venham de fontes cristãs, uma vez que não é possível negar a propriedade privada (como o marxismo) e reivindicá-la nas ações de outros. Também não é possível falar um pouco de subjugação e exploração pelos espanhóis, como se antes da submissão não houvesse submissão dos povos mais fracos e pacíficos sob o jugo dos mais poderosos e belicosos. Deve-se dizer que os povos pré-colombianos se estabeleceram na conquista guerreira e expansionista das cidades vizinhas que se tornaram tributárias sujeitas à vontade dos vencedores. O fato histórico é que, por exemplo, o império asteca foi construído sobre os restos das comunidades tolteca, chiquimeca e tecpaneca. Tanto é assim que os Tlaxcaltecas, que eram seus afluentes, se aliaram a Cortés, que os libertou. A estudiosa Soustelle Jacques afirmou que a história de Tenochtitlán poderia ser interpretada, entre os anos de 1325 e 1519, como a história de um estado imperialista que buscou sua expansão através da conquista. Por seu turno, o Império Inca foi construído com base na submissão dos aimara e Yunca. Seu método de dominação era erradicar as populações derrotadas para outras partes do Império, misturadas com grupos fiéis aos incas que os observavam. A situação na América era tão assustadora que muitos historiadores concordam que, antes da descoberta, o mundo americano era um enorme campo de batalha. Eles brigaram; Astecas contra toltecas, maias contra astecas e caribes; caribs contra dólares, panches contra caribes; diaguitas contra incas; charrúas contra pampas, etc. As lutas foram terrivelmente sangrentas e os derrotados foram mortos ou escravizados e a verdade histórica é que, antes da chegada dos espanhóis, a maioria dos índios estava sujeita à tirania de seus chefes, às perseguições rituais e ao expansionismo belicoso dos tribos mais fortes. Nada disso diz "amantes do indigenismo"; nem apontam que foi a Espanha quem proibiu por lei a escravidão dos índios. Não é muito sério, então, qualificar os espanhóis como imperialistas e ladrões, enquanto os saques e saques de astecas ou incas não são julgados da mesma maneira. Tampouco o mérito do Estado espanhol (o único exemplo na história da Europa) de ter sido interrogado pelos justos títulos que lhe deram o direito de realizar a Conquista e assim por diante ser negado; homens sábios, teólogos, juristas, humanistas, frades e advogados discutiram minuciosamente o problema, dando origem a Francisco de Vitória e à Escola de Salamanca no nascimento do direito internacional moderno.

- Quanto à história de "sede de ouro" e desejo de lucro se refere; Não há razão para negar a existência de celulares econômicos na conquista. No entanto, a Espanha não planejou uma política de pilhagem e esvaziamento da América; se ele concebesse, em vez disso, um relacionamento comercial que, em última análise, não a beneficiasse. Segundo a análise de Earl Hamilton, a religião católica motivou a expulsão de mouros e judeus do território espanhol, o que impediu a participação ativa na vida econômica do país das classes mais capazes. A saída de metais do "novo mundo" não serviu para enriquecer a Espanha, mas o circuito capitalista dirigido pela Inglaterra. É por isso que (além de muitas outras razões complexas) é que já no século XIX a acentuação da perfídia Albion e o declínio espanhol são acentuados. A conquista deixou sucessos e erros, como todo empreendimento humano; Foi uma ação de homens que, em busca de um ideal humano e religioso, vieram à América para evangelizar e elevar o povo aborígine.

- Finalmente, e finalmente, devemos destacar o esforço espanhol para realizar seu trabalho, que surge enobrecido em relação aos procedimentos, propósitos e atitudes de outros poderes que apenas estavam colonizando. A Inglaterra, por exemplo, foi estabelecida na América do Norte, na costa atlântica, e desinteressada em qualquer empreendimento missionário ou cultural em relação aos aborígenes. Por sua vez, os nativos não tinham permissão para viver ou se misturar com os brancos; não havia miscigenação, pois o índio era considerado um ser inferior. Qualquer atitude hostil da parte deles em relação aos conquistadores foi respondida com terríveis represálias, ou simplesmente, com a morte. As correntes populacionais não tentaram penetrar no continente, pois a posse da costa era suficiente para atingir fins econômico-comerciais. Compare então essa atitude com a da Espanha e será visto quem realmente executou um genocídio. Bem, para não duvidar, a Espanha criou cidades, civilizou, transmitiu cultura, misturou na miscigenação seu sangue com o das raças nativas, evangelizou e também libertou. Longe de tiranizar, os espanhóis libertaram aqueles que gemeram sob impérios despóticos e brutais, para eles, então, como para nós agora, o surgimento da Espanha na América significava sua pacificação e libertação.

* FEDERICO GASTON ADDISI, líder justicialista (historiador e escritor), diretor de Cultura da Fundação Rucci na CGT, membro do Instituto de Revisionismo Histórico JM de Rosas, membro do Instituto de Filosofia INFIP, diploma em Antropologia Cristã (FASTA) e diploma em Relações Internacionais (AIU).


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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Antônio Filipe Camarão (Poty)

"Não posso deixar de cumprir as promessas e deveres
contrahidos com meus avós, isso é, de vós guardar assim
como todos os da nossa raça".  - Antº Filipe Camarão (Poty)


Antônio Felipe Camarão (Poty)
Antônio Filipe Camarão, indígena da tribo potiguar, nascido no início do século XVII em Igapó, Natal, na então capitania do Rio Grande ou, de acordo com alguns historiadores, na capitania de Pernambuco. Tendo como nome de nascença Poti ou Potiguaçu, adotou Filipe Camarão ao ser batizado e convertido ao catolicismo (1614) em homenagem ao Rey D. Filipe II (1598-1621). No contexto das invasões holandesas do Brasil, auxiliou a resistência organizada por Matias de Albuquerque desde 1630, como voluntário para a reconquista de Olinda e do Recife. À frente dos guerreiros de sua tribo organizou ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos invasores. Mais tarde destacou-se nas batalhas de São Lourenço (1636), de Porto Calvo (1637) e de Mata Redonda (1638). Nesse último ano participou ainda da defesa de Salvador, atacada por Maurício de Nassau. Distinguiu-se na primeira Batalha dos Guararapes (1648), quando foi agraciado com a mercê de Dom, a Comenda da Ordem de Cristo e o título de Governador de todos os índios do Brasil. Faleceu no Arraial (novo) do Bom Jesus (Pernambuco), em maio de 1648, em conseqüência de ferimentos sofridos no mês anterior, durante a Batalha dos Guararapes.

Felipe Camarão (Poti), "Glorioso e puro “brasil”, foi o mais terrível, na estratégia de guerrilhas: devastou o que já era feitoria e uso do holandês; incendiou-lhe açúcares e pau-brasil, saqueou-lhe os estabelecimentos, raptou-lhe embarcações; castigou as tribos suas aliadas, executou quantos trânsfugas veio a pegar; venceu o inimigo todas as vezes que pôde alcançar, sem se deixar bater nunca, em refregas várias, e verdadeiras batalhas; Artichojsky, sobretudo, com todo o seu valor militar, foi vítima da astúcia e bravura do índio; e quando já nenhum brasileiro podia estar em Pemambuco sem ser do holandês, Camarão abriu o caminho para as Alagoas, Sergipe, até as margens do Rio Real, levando consigo os restos de população emigrante. E lá ficou, ameaça permanente, para ser o primeiro a vir bater definitivamente o holandês; voltou, com a lnsurreíção, numa investida só, até o Rio Grande, libertando a terra contra as forças de Rhineberg, que dispunha, só de europeus, de 1.000 soldados, e mais um corpo de índios: Poti bateu-o, matando-lhe 150 brancos, tomando-lhe todo o trem de guerra.".

Dele, nos dar testemunho o Frei Rafael Jesus:

"Nasceu índio, porém entre os índios o mais nobre. O nascimento lhe deu o nome de Poty: [que na lingua do gentio é o mesmo, que Camarão.], O Batismo lhe deu o de Antônio. No tempo de Mathias de Albuquerque, era já respeitado entre os seus por maioral de muitos; e com muitos auxiliares o veio socorrer, e servir á nação, quando o nosso poder se alojava no Arraial velho, chamado de Pernan-morim. Ilustre prova de fidelidade e amor, com que servia á nação, e ao Príncipe, oferecer-lhe a espada, quando os perseguia a fortuna. A mesma adversidade, de que o mais Gentio fez causa para a rebeldia, fez Camarão motivo para a aliança. Em servir á Igreja, e á Coroa ganhou luzido crédito de soldado, e de Religioso; e tão observante de suas obrigações, que nunca o viu distraído, que sempre o venerou soldado. Todos os dias ouvia Missa, e rezava o ofício de Nossa Senhora, modesto, e devoto. 

Gastava muitas horas na oração, a que se aplicava, ainda que entre os maiores estrondos da guerra: e para entrar nas batalhas, primeiro se fortalecia com os Sacramentos, que com as armas: Nas ocasiões mais arriscadas recorria ao favor divino, pedindo auxilio a duas Imagens do Senhor, e de Nossa Senhora, que entre as roupas trazia sobre o peito. Enquanto soldado, não ouve Capitão mais amado, nem mais obedecido, porque não ouve Capitão, que acha-se  mais império na afabilidade, que no domínio, do que este valeroso Capitão. 

As empresas o esperavam sempre com as vitórias; e ganhou tantas vitórias, quantas foram as ocasiões em que pelejou. Para seu genio, era o ócio martírio, e o trabalho descanso: Avaliava a penalidade por deleite, e as ocasiões por dita. Seu nome, como memorial de suas proesas, se ouvia entre os nobres com respeito, e entre os inimigos com espanto; e dilatou-o de forte a fama, que chegou aos ouvidos de seu Rei tão distante, quanto o apartavam os dilatados mares, que dividem a America da Europa: Sem petição o despachou seu merecimento, Deu-lhe el Rey Phelipe o Quarto hábito de Christo, o título de Dom, e o posto de Governador, e Capitão Geral de todos os índios da América.

Zelou o decoro, que se devia ao posto, que ocupava, com toda circunspecção, que lhe ensinava seu claro juízo. Com as pessoas grandes, estranhas, e de respeito falava sempre por interprete (ainda que sabia a língua Portuguesa, porque entendia ser a impropriedade, e inculto das vozes, fiscal do Ânimo, e discredito da pessoa: Na arte da milícia, foi insigne, na do governo, claro. Com os seus, era fácil no trato; com os superiores, grave na conversação, com os estranhos, afável no agasalho; mas tão medido com todos, que obrigava a amor, e reverência. Em todo o tempo, e lugar o achou o serviço de Deus pronto, e o culto dos Santos. Viveu discreto, porque soube viver para Deus, e para os homens: Morreu como Cristão porque se soube aproveitar de todos os remédios, que ajudam a salvação: Na vida, adquiriu glorioso nome; na morte, mostrou, que passara á eterna vida."



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segunda-feira, 21 de outubro de 2019

A Composição Genética dos Brasileiros - Menos Miscigenados, mais Europeus do Que se Cria.

A idílica imagem, do Brasileiro miscigenado está longe da realidade, e a genética a desmente. 

Antes, levantamentos demográficos já indicavam uma forte tendência dos brasileiros se casarem dentro de seus respectivos grupos étnicos e socioeconômicos ao longo de sua formação. Um recente mapeamento genético, o mais amplo sobre a ancestralidade brasileira já realizada, reforça esta visão, e revela um nível de miscigenação bem menor do que se cria.

Eduardo Tarazona Santos, professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, através da EPIGEN-Brasil (projeto de investigação de predisposição da população brasileira em desenvolver doenças complexas tendo em vista do seu nível relativamente alto de miscigenação, o maior do tipo na América Latina), identificaram o quanto do genoma de 6.497 brasileiros, seriam de origem europeia, africana ou ameríndia.


Africana
Européia
Ameríndia
Salvador - BA
50,8%
42,9%
6,4%
Bambuí - MG
14,7%
78,5%
6,7%
Pelotas - RS
15,9%
76,1%
8%

Os resultados corroboram os estudos demográficos e históricos sobre a população brasileira. A estrutura social brasileira em seus dois primeiros séculos de formação se estruturou em torno de clãs consanguíneos (Ver: Clãs Brasilaicos), se processando os casamentos no seio do próprio clã parental, a miscigenação ocorreu de forma abundante, porém, essa se processou de forma extra-conjungal, gerando inúmeros bastardos, de modo que esses mestiços sempre ocuparam a camada baixa da população. Casos emblemático de entrelaçamentos interraciais se registra ao longo da história, mas são exceções e não regra. O percentual de genes europeus entre a população parda do Brasil revela bem essa faceta. 

Um recente trabalho do geneticista Sérgio Danilo Pena, da UFMG, mostra que a população que se auto-declara parda apresenta forte contribuição européia em seu DNA. Foram analisados o DNA de 934 brasileiros em quatro Estados: Pará, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Apresentando um percentual de genes europeus entre a população parda de 44% à 68,6%.


A contribuição genetica africana, é surpreendentemente menor do que a europeia mesmo entre os que se declaram negros, variando entre 27,5% à 45,9%; entre pardos 10,6% à 44,4%; e entre brancos: 7,7% à 24,4%. 

É de se observar que com exceção do Rio Grande do Sul, os outros três Estados, são especialmente bastante miscigenados, oque não ocorre no restante do país, oque se deduz que essa contribuição europeia seja ainda maior, como se comprova pelo estudo conduzido por Eduardo Tarazona, posterior a esse do Sérgio Pena. 

Esses levantamentos, são recentes. Décadas passadas, esse status quo deveria ser ainda mais definido, posto que, nos último anos, conforme dados do IBGE, tanto a população negra e parda tem aumentado em detrimento da branca, como tem-se registrado também o aumento de casamentos interraciais. 





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