terça-feira, 1 de março de 2022

O Governo do Presidente Arthur Bernardes (1922-26)

"Não estará ainda na memória de todos o que fora a penúltima
campanha presidencial? Nela se afirmava que o candidato não
seria eleito; eleito não seria reconhecido, não tomaria posse, não
transporia os umbrais do Palácio do Catete!" - Arthur Bernardes.

O período do governo Arthur Bernardes, quando não é negligenciado pela historiografia oficial é prontamente difamado, como "coincidentemente" sucede a todos os governos de caráter nacionalista havidos no Brasil. E esse abafamento, não é por acaso, nele vemos a eclosão dos ovos de todas as serpentes que figurarão, nos períodos posteriores, como traidores da Pátria, contra Vargas e Goulart, e com o mesmo modus operandi. Bernardes ousou afrontar quando Presidente (governador) de Minas Gerais o mega-empresário estadunidense Percival Farquhar, quando esse intentava implantar a Itabira Iron Ore Company. Sua candidatura a Presidência, fez com que Farquhar mobiliza-se a maçonaria para impedir sua eleição. Nilo Peçanha, proeminente maçom, encabeçou um dos pleitos mais sujos já havidos no Brasil, tal como se repetirá contra Vargas (1950), e Goulart (1962-64), isso de par com outros maçons: Rui Barbosa, Eduardo Gomes, Juarez Tavora, Ernesto Geisel, Miguel Costa, Luis Carlos Prestes, etc... os nomes são meramente ilustrativos, ante tantos outros. Quase todos os líderes que tomaram parte no movimento tenentista, eram maçons. O movimento Tenentista era heterogêneo, porém, unido pelos laços da maçonaria, mobilizada contra Arthur Bernardes. É o mesmo fenômeno que sucederá contra Vargas e Goulart, e doravante, e mesmo outrora, contra todos que se puserem pela defesa do Brasil. Na Revolução de 30, muitos que participaram, eram ex-tenentes, e são os mesmos que se levantam contra Getúlio em 32. Vitoriosa a Revolução de 30, a ála maçônica das forças armadas, pensavam ter chegado ao poder, não contavam com Getúlio, que não permite a implantação de um Estado Liberal, um dos motivos do afastamento de Osvaldo Aranha (maçom e um dos articuladores da Revolução de 30) que desde a derrota de Rui Barbosa para Hermes da Fonseca intentam chegar ao poder, objetivo que lograrão em 64. Hermes da Fonseca, diga-se de passagem, também era maçom, e próximo, também de Farquhar, a Guerra do Contestado, foi muito em razão da defesa dos interesses de Farquhar, oque o aproximou de Hermes da Fonseca. O Governo de Arthur Bernardes se notabilizou por várias medidas nacionalistas e de fortalecimento do Estado. Bernardes foi em sua juventude florianista, e foi profundamente influenciado pela Escola Positivista Mineira, nos governos de Afonso Penna (1906-09), e de João Pinheiro (1906-08), e como Afonso Penna, era Bernardes, extremamente católico, ambos, filhos de imigrantes portugueses. Recebendo Bernardes, apoio de Jackson Figueiredo, contra Nilo Peçanha, a quem considerava, corretamente, representante da maçonaria. Tendo sido, Bernardes, o pioneiro na adoção de uma legislação Previdenciária, na criação do Conselho Nacional do Trabalho, no esforço de implantação de uma indústria siderúrgica, sabotada pelos partidários de Nilo Peçanha, e posteriormente, como Senador, na defesa intransigente da Amazônia Brasileira, pondo fim ao ardil da criação de um comitê internacional que teria ingerência sobre toda região. Em fim, esse introito já vai longe, se debrucem sobre o período Arthur Bernardes, e tirarão valiosas lições de como operam as forças estrangeiras contra o Brasil. 
Editorial.

Trajetória Política de Artur da Silva Bernardes:

Presidente Arthur Bernardes 
Estudou humanidades no colégio do Caraça (1887-89) e direito na faculdade Livre de Ouro Preto (1894-96), completando o curso superior na Faculdade de São Paulo (1900). Ainda quando era acadêmico de Direito, em 1897, Arthur Bernardes, que era florianista, alistou-se como voluntário no Batalhão Patriótico Bias Fortes.

Ligado pelo casamento com a família Vaz de Melo, de grande influência eleitoral, tornou-se o herdeiro político do sogro, iniciando a vida pública como presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo de Viçosa, para desempenhar em seguida os mandados de deputado estadual (1907) e federal (1909), vindo a ocupar o primeiro posto executivo de relevo como secretário de Finanças de seu Estado (1910-14). Voltou depois à Câmara Federal (1915); foi eleito presidente de Minas (1918-22) e presidente da República (1922-26).

Presidente de Minas Gerais (1918-22):

A administração de Bernardes privilegiou a Zona da Mata. Promoveu a garantia de preços — a valorização — do café e, na reforma tributária que realizou no estado, reduziu o imposto de exportação — não apenas sobre o café, mas também os cereais e o gado, a fim de estimular sua produção. Na mensagem de 1920 ao Congresso estadual, Bernardes propôs a criação de uma Escola de Agricultura e Medicina Veterinária em Viçosa. A escola (hoje universidade) só seria inaugurada em agosto de 1926, pouco antes do término de seu quadriênio na presidência da República.

Também em 1920, Bernardes promoveu uma reforma da Constituição estadual, cujos principais itens foram: o aumento dos mandatos dos vereadores em um ano, a proibição da criação de empregos vitalícios, a concessão de aposentadorias ou pensões, e a limitação, com exceção dos professores, da consignação orçamentária de subsídios, percentagens e vencimentos de pessoal em montante não superior a 25% da renda ordinária.

No terreno do ensino primário e secundário, construiu 13 grupos escolares e criou 421 escolas isoladas. Quanto ao ensino superior, concorreu para a fundação do Instituto de Química Industrial e para a ampliação das clínicas da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. No campo da saúde pública, construiu o Instituto de Rádio, para o combate ao câncer, e iniciou a construção do atual Hospital Neuropsiquiátrico Raul Soares, concluído em 1924. Abriu ainda cerca de 1.500km de estradas de rodagem, e construiu seis prédios de foros e cinco cadeias regionais.

Quando Presidente de Minas Gerais (cargo equivalente atualmente ao de Governador), Arthur Bernardes se opôs, e conseguiu impedir os intentos do empresário norte-americano Percival Farquhar, mediante a qual fundou a legenda de sua postura nacionalista, reiterada nas décadas de 1940 e 1950. Farquhar, que fora alvo de enérgica campanha nacionalista em 1912, ano em que, por outro lado, seu grupo econômico entrou em falência, voltou às atividades empresariais no Brasil em 1919, tentando implantar em Minas a Itabira Iron Ore Company, empresa de um grupo britânico para a qual trabalhava como advogado e que passaria ao seu controle. Apesar de ter obtido um contrato vantajoso do presidente Epitácio Pessoa, Farquhar teve seu projeto de exploração de minério de ferro obstaculizado por Bernardes, que desejava como contrapartida a implantação da siderurgia no estado — prevista no contrato, mas na verdade fora dos planos de Farquhar. Facilitado posteriormente, durante o governo de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (1926-1930), o contrato da Itabira Iron Ore Company teria sua execução impedida definitivamente após a Revolução de 1930, durante o governo do presidente Getúlio Vargas.

A Eleição de Arthur Bernardes:

A candidatura do presidente de Minas se opois o Rio Grande do Sul, Pernambuco e Rio de Janeiro, além de grupos oposicionistas de São Paulo e Bahia, sob liderança de Nilo Peçanha. quando na Convenção situacionista, em 08 jun. de 1921. Nilo, tentou fazer com que Bernardes desistisse em favor de Rui Barbosa ou Vencelau Brás, não coseguindo, acabou por lançar sua própria candidatura. Organizando, em seguida, oque se denominou por "Reação Republicana", que oficializou a chapa Nilo Peçanha-Jose Joaquim Seabra para as eleições de 1922. 

Uma facção do exército, ligada pelos laços da maçonaria a Nilo Peçanha, passaram a conspirar contra a candidatura de Arthur Bernardes. Visando dividir o meio militar, passaram a animar o nome de Hermes da Fonseca, ex-presidente, e com histórico de combate as oligarquias regionais. E foi nesse intuito, que iniciaram a campanha difamatória contra Arthur Bernardes, com as chamadas "cartas falsas", atribuídas a Arthur Bernardes, contra os militares.

Forjadas por Oldemar Lacerda e Jacinto Guimarães, as cartas estavam em oferta desde o início do segundo semestre de 1921, e os falsificadores já haviam tentado vendê-las ao próprio Bernardes, tendo sido repelidos. No dia 9 de out. de 1921, o Correio da Manhã publicou um fac-simile de uma delas, datada de 3 de junho e supostamente dirigida por Bernardes a Raul Soares. 

Indignado, Bernardes negou veementemente a autoria. O Clube Militar se reuniu e declarou falsa a primeira carta, que dizia respeito à corporação. O próprio Hermes da Fonseca manifestou essa opinião. Mas o mote já estava dado, e a insubordinação instalou-se nos quartéis. Oficiais, principalmente jovens, chamados de “tenentes", pregavam abertamente a conspiração, caso Bernardes fosse eleito, e ameaças de golpe pairavam no ar em todos os estados.

As primeiras repercussões das “cartas falsas” junto ao público gerou um incidente grave: no dia 15 de outubro, quando chegou ao Rio de Janeiro para iniciar sua campanha, agitadores do Nilo Peçanha, organizaram contra Bernardes uma vaia ruidosa na avenida Rio Branco. Nenhum candidato foi tão maltratado e ridicularizado quanto Bernardes, o “seu Mé” das canções nilistas. Esse é o modus operandi da imprensa maçônica, difamar e caluniar, como se repetirá contra Getúlio (1951) e Goulart (1964). 

Nesse clima sórdido encabeçado por Nilo Peçanha, as eleições se realizaram em março de 1922, a contagem de votos só se encerraria em 7 de junho do mesmo ano, e em seu curso, já assinalava uma ampla vitória de Arthur Bernardes. Em abril, antes do término da apuração, Nilo Peçanha, passou a acusar fraude, e a requerer a verificação dos votos por um tribunal de honra, obtendo a adesão explícita do Clube Militar. 

Ainda em abril, a agitação cresceu com a deposição do presidente do Maranhão, Raul Machado, realizada pela polícia militar, por ordem do presidente do Congresso estadual — e com a conivência das autoridades militares da região. No dia 28 do mesmo mês desencadeou-se com tumultos em Niterói um movimento rebelde na Marinha. No dia 19 de maio, o presidente Epitácio reuniu no palácio do Catete vários ministros e líderes políticos para sugerir que Bernardes desistisse de tomar posse — “não se aguentará 24 horas no Catete” — e entrasse em acordo com os oposicionistas. Bernardes rejeitou, dizendo ter sido eleito “no mais disputado e livre dos pleitos presidenciais”, no que foi imediatamente secundado por Washington Luís.

No dia 7 de maio, com a morte repentina do vice-presidente eleito com Bernardes, o maranhense Urbano Santos, provocou nova ofensiva de Nilo Peçanha e da Reação Republicana, que reivindicaram junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) o reconhecimento de J. J. Seabra para ocupar o posto. Com o STF, ordenando ao Congresso que se convocassem novas eleições para vice, que só se realizariam em agosto, com a vitória a Estácio Coimbra, de Pernambuco.

Em fins de maio, quando da sucessão estadual em Pernambuco, eclodiu um grave conflito entre bernardistas de Estácio Coimbra e nilistas de Francisco de Assis da Rosa e Silva. As ruas de Recife são tomadas por violentos enfrentamentos entre as duas facções, e o líder sindical Joaquim Pimenta articulou uma greve geral em apoio aos nilistas. A situação agravou-se quando Hermes da Fonseca, em descarado apoio aos agitadores nilistas, telegrafou ao comandante da guarnição militar de Recife afirmando que o Exército não deveria intervir, para não ser “algoz do povo pernambucano”. Epitácio mandou prender o marechal Hermes por algumas horas, baseado numa lei que proibia “associações nocivas à sociedade”, fechando também o Clube Militar por seis meses.

E em  7 de junho, a apuração foi encerrada com a vitória de Bernardes, que recebeu pouco mais de 1,5 milhão de votos, contra cerca de 700 mil dados a Nilo Peçanha.  Pouco depois das eleições, Oldemar Lacerda e Jacinto Guimarães confessaram a autoria das “cartas falsas”, mas o problema já não era esse, e sim o da deposição do governo, almejada pela oposição civil-militar derrotada nas urnas.

A Revolta dos 18 do Forte:

A resposta militar, pela prisão de Hermes da Fonseca e o fechamento do Clube Militar, veio dias depois, sobretudo dos jovens oficiais, os "tenentes". Na madrugada do dia 5 de julho de 1922, eclodiu a rebelião, com a adesão da guarnição sediada em Campo Grande, no estado de Mato Grosso, e de guarnições de Niterói e do Rio de Janeiro, especialmente, nesta última, no forte de Copacabana, que caiu na manhã do dia 6, episódio que ficou conhecido como os 18 do Forte. Liderados pelo filho de Hermes, Euclides da Fonseca, cerca de 18 rebelados, 10 entre militares e um civil, deixam o forte de Copacabana no Rio de Janeiro numa marcha na avenida Atlântica contra as tropas do Governo. Apenas dois rebeldes sobrevivem: Siqueira Campos e Eduardo Gomes.

O ainda Presidente, Epitácio, pediu imediatamente o estado de sítio, aprovado pelo Congresso no próprio dia 5 de julho por 30 dias e, findo este prazo, prorrogado até 31 de dezembro. 

Marcha dos nove rebelados e de um civil na Av. Atlântica - RJ.

O Governo do Presidente Arthur Bernardes (1922-26):

Arthur Bernardes tomou posse como Presidente do Brasil, em novembro de 1922.

Já em sua gestão, o Parlamento, recomeçou a discussão da Lei de Imprensa proposta pelo senador Adolfo Gordo, que viria a ser aprovada já no governo de Bernardes, em 1923.

Bernardes constituiu o seu Ministério com políticos dos Estados que o haviam apoiado como candidato. Desde sua candidatura Bernardes enfrentou uma hostil oposição, que marcará seu governo, 1923 (Rio Grande do Sul) e 1924 (São Paulo), culminando na ocupação da cidade de São Paulo pelos rebeldes, e continuou pelo interior com o movimento da coluna Miguel Costa-Prestes  (1924-26). Tendo estado o país, todo o quadriênio, praticamente sob estado de sítio. 


O Esmagamento da Coluna Miguel-Costa:

Os militares implicados nos eventos de 1922: Joaquim Távora, Juarez Távora, Eduardo Gomes, Miguel Couto e Isidoro Dias (todos maçons), insatisfeitos com as remoções para serviço em regiões distantes, sublevam várias unidades militares. Eclodem batalhas em São Paulo 1924.

Em junho de 1925 escreveu a um amigo: 
“Vim para o governo da República com o propósito inabalável de servir à nação e de assegurar-lhe a paz e promover-lhe o progresso, dentro da ordem e da lei; mas os políticos ambiciosos e os maus cidadãos não me têm deixado tempo para trabalhar, obrigando-me a consumi-lo quase todo em fazer política.” - Arthur Bernardes.
Quando a turba do Nilo Peçanha iniciou a campanha difamatória contra Arthur Bernardes, não sabiam com quem estavam lidando..... ao contrário de Getúlio, que perdoou todos seus detratores e nunca os perseguiu. Arthur Bernardes, tal como era do feitio de Floriano Peixoto, empreendeu uma verdadeira caça a fim de punir cada um deles. A repressão foi sistemática e abrangente. O governo não se voltou apenas para a destruição da Coluna. Em São Paulo, após o levante de 1924, cerca de dez mil pessoas foram presas. Nos Estados, todos os que colaboraram com os “tenentes” foram submetidos a processos. Clevelândia, uma prisão penal para aonde eram enviados os presos no Amapá, aterrorizava os implicados, as epidemias de tifo e as condições insalubres era quase sinônimo de morte certa, centenas foram enviados para lá. Célebre e temida também foi a ilha de Trindade, para onde foram enviados muitos “tenentes”. 





Arthur Bernardes e a criação do Estado Providência a nível Nacional:

Em fevereiro de 1923, Bernardes promulgou um decreto do Congresso, que ficou conhecido como Lei Elói Chaves, determinando a instituição de caixas de pensões e aposentadorias — com contribuições dos empregados e, em menor proporção, das empresas — em cada uma das ferrovias existentes no país, estendendo-se a medida, em 1926, a outras espécies de empresas. Em abril de 1923, decretou a criação do Conselho Nacional do Trabalho, órgão consultivo chamado a ocupar-se de questões como a jornada de trabalho, os sistemas de remuneração, contratos coletivos e acidentes de trabalho. A Lei Elói Chaves e o Conselho Nacional do Trabalho constituíram o embrião do atual sistema de previdência social.

Foi igualmente em seu governo que se aprovou o regulamento de assistência e proteção aos menores delinquentes e abandonados (esboço do Código de Menores que seria sancionado em 1927), e se tomaram medidas para proibir o trabalho de menores de 12 anos. Em janeiro de 1925, o Congresso criou o posto de curador especial de acidentes do trabalho, medida que foi o primeiro passo para a prestação de assistência médica gratuita às vítimas de acidentes do trabalho. No fim do mesmo ano, Bernardes sancionou a lei que obrigava os estabelecimentos comerciais, industriais e bancários a conceder a seus empregados, anualmente, 15 dias de férias pagas. 


Política Externa:

No plano internacional, o fato mais importante foi o rompimento do Brasil com a Sociedade das Nações, de cujo conselho participava como membro não permanente. A inclusão da Alemanha, apoiada pelas grandes potências, ameaçava a pretenção brasileira de tornar efetiva a interinidade. Ficou o Brasil isolado, perdendo inclusive o apoio das demais nações ibero-americanas, que preferiram solicitar da assembléia o rodízio de três lugares não permantes, a garantir apenas um de caráter efetivo. Seguindo instruções de Bernardes, que colocara "a aspiração do Brasil como uma questão de dignidade nacional", o embaixador Afrânio de Melo Franco não apenas repeliu o aide memore de Sir Austen Chamberlain, líder da política de reconciliação, como vetou a inclusão da Aleamanha, retirando-se espetacularmente da Sociedade das Nações a 10 de junho de 1926. Depois disso, a Sociedades das Nações implodiu.

Em matéria de política internacional, o governo de Bernardes solucionou vários problemas de fixação de fronteiras com a então Guiana Inglesa (atual Guiana), com a Bolívia e com a Colômbia. Opôs-se, por outro lado, à proposta de desarmamento formulada na V Conferência Pan-Americana, realizada no Chile em 1923. 

No Plano Interno, estabelecida a pacificação da política riograndense, com o Pacto de Pedras Altas (14 de dez. de 1923), tratou o governo de promover a reforma constitucional, completada em 1926, visando fortalecer a autoridade do poder executivo e comprimir a despesa pública, com a supressão da chamada "cauda orçamentária". Pouco se fez, entretanto, no plano administrativo, deixando o presidente de realizar a pate mais importante do seu programa: a implantação da grande indústria siderurgica do País.


Os esforços de Bernardes para a implatação de uma indústria siderúrgica:

Nos esforços para instaurar uma indústria siderúrgica no Brasil com capital nacional, Arthur Bernardes, editou o decreto nº 4.801, de 09 de jan. de 1924. De caráter nacionalista, o decreto autorizava o Poder Executivo a amparar a indústria siderúrgica e carbonífera existentes e as que fossem formadas, concedendo crédito e prorrogando até o final de 1926 os prazos dos decretos nº 12.943 e 12.944, de 30 de março de 1918. Autorizava também a promoção, por concorrência pública, da construção das três usinas previstas no relatório da Comissão. Essa Comissão havia sido formada previamente ao decreto, formada por Miguel Calmon e pelos senadores Lauro Muller, Paulo de Frontin, Sampaio Correa, e pelos deputados Augusto de Lima e Prado Lopes, que ao seu final, previa a construção de três usinas de 50 mil toneladas no vale do Rio Doce - MG, na bacia carbonífera de Santa Catarina, e uma outra no vale do Paraopeba. Previa ainda que o contratante fosse brasileiro e possuísse uma mina de ferro ou de carvão na região designada, e que as usinas e minas ficassem hipotecadas ao governo. Em contrapartida, o poder público se compromete a consumir preferencialmente os produtos das minas, a promover a isenção de impostos, a reduzir as tarifas, a incrementar investimentos em ferrovias e Portos, e a regularizar a navegação.

Nilo Peçanha e seus agitadores, desde o início imperram no congresso as medidas previstas no decreto e acusam Bernardes de favorecer seu Estado natal. Clodomiro de Oliveira, ardoroso propagandista da implementação siderúrgica na bacia do Rio Doce, onde acredita residir o futuro siderúrgico do Brasil, é uma das poucas vozes no congresso a favor do Presidente Arthur Bernardes. E ao final, no que pese todo o empenho de Bernardes, o decreto não vai adiante, principalmente em função da efervescência política na ocasião e, assim, nenhuma usina será construída.

Arthur Bernardes Senador:

Eleito para o Senado Federal (1929), Bernardes prestigiou o movimento de 1930, mas não obteve nenhuma posição no governo provisório. Descontente, tendeu apoio ao movimento de 1932. Preso e exilado, não participou da Assembléia Nacional Constituinte de 1933, só regressando a Pátria com a anistia. Elegeu-se então Deputado Federal (1935) e retomou a linha nacionalista, ao bater-se na Câmara contra a revisão do contrato da Itabira Iron Company, celebrado no governo de Epitácio Pessoa e por ele impugnado como Presidente de Minas. 

Perdendo o mandato de deputado federal em razão da instauração do Estado Novo (1937), retornaria à atividade política em 1945, inicialmente com a União Democrática Nacional, que logo se desligou para formar o Partido Republicano (PR) que presidiu até a morte, na defesa de suas idéias, apoiando na Câmara dos Deputados o projeto da Petrobrás (1954) e opondo-se ao acordo internacional sobre a Hiléia Amazônica (1954).
 
A proposta de criação da Petrobrás, encaminhada por Getúlio, havia sido formulada por Arthur Bernardes, “muito bem elaboradas”, salvo quanto à previsão de que o setor não requeria grandes esforços financeiros. 


Concomitante a luta pelo monopólio estatal do petróleo que ocorria no Brasil, os Estados Unidos da América, a caminho de se tornarem a maior potência planetária, queriam a ferro e fogo o domínio sobre as riquezas da Amazônia. A primeira grande investidura norte-americana sobre a cobiçada região teve em George Humphrey, Secretário do Tesouro, o seu instrumento estratégico. Coube a ele convencer o entreguista Paulo de Berredo Carneiro, funcionário da recém criada ONU, quanto às sutis intenções do projeto denominado Instituto Internacional da Hileia Amazônica.

Arthur Bernardes, Defensor Perpétuo do Brasil e da Amazônia Brasileira!

A UNESCO realizou reuniões no Pará e avalizou a malfadada Convenção de Iquitos que criou o Instituto em 10 de maio de 1948, com o apoio do México, da França, do Peru e vários outros países ditos amazônicos. O processo de internacionalização estava quase consolidado, devidamente autorizado pelo Ministério das Relações Exteriores. Faltava apenas o envio de mensagem do então presidente da República Eurico Gaspar Dutra ao Congresso Nacional. Era só o Congresso votar para tudo ficar consumado.

A Convenção de Iquitos assim resumia suas finalidades e funções: 
Os Estados Contratados, por meio da presente Convenção, criam o Instituto Internacional da Hileia Amazônica, com o objetivo de promover, conduzir, coordenar e divulgar os estudos sobre a mencionada zona geográfica em que possuem território a Bolívia, o Brasil, a Colômbia, o Equador, a França, a Grã-Bretânha, os Países Baixos, o Peru e a Venezuela”. 
A Convenção, na verdade, mirava o petróleo amazônico, a cassiterita, a bauxita, o carvão de pedra, a linhita, o sal-gema, o manganês e outros preciosos minerais existentes no subsolo da riquíssima região.

A batalha patriótica

Quando a mensagem de Gaspar Dutra chegou ao Congresso Nacional, a Convenção recebeu imediato parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, mas encontrou, na figura do deputado mineiro Artur Bernardes, ex-presidente da República (1922-26), uma inesperada e implacável resistência. Tomando para si a matéria na Comissão de Segurança, o parlamentar exigiu que fosse ouvido o Estado Maior das Forças Armadas.

Em 24 de janeiro de 1950, Bernardes ocupou a tribuna da Câmara para discursar pela primeira vez contra o intento norte-americano. Bernardes, abraçou com fervor a causa de defesa da Amazônia e denunciou o projeto absurdo: 
“A Convenção de Iquitos é inconstitucional, o Instituto da Hileia quer adquirir terras, retalhá-las a pretexto de situar operários e colonizar, trazendo e estabelecendo ali refugiados de guerra. Poderá atrair para seu serviço todos os amazônicos, que ficarão também excluídos da jurisdição brasileira e desnacionalizados”.
Bernardes finalizou dessa forma o seu contundente e histórico pronunciamento: 
“Estabelecido o condomínio de nações, surgirão entre elas conflitos de interesses e divergências próprias a todo o condomínio, para cuja solução terão elas de celebrar entre si outros convênios. Acabarão, então, loteando a Amazônia em zonas coloniais para cada uma delas, com a submissão das respectivas populações ao regime obsoleto e degradante das capitulações. A lei brasileira não imperará mais sobre toda aquela gente, e sim a lei daqueles países. É para esta situação que marcharemos se a Câmara aprovar a Convenção”.
O discurso de Artur Bernardes não somente mexeu com os brios e abiu os olhos do Congresso, como invadiu as redações dos jornais e agitou a opinião pública nacional. E, mais importante, acabou influenciando o parecer emitido por uma comissão de autoridades militares, ligada ao Instituto Brasileiro de Geopolítica, sobre a Convenção do Instituto da Hileia Amazônica.

O parecer condenou a “pílula dourada” norte-americana” e pregou a organização de um Instituto Nacional da Hileia Amazônica, como parte integrante do Plano de Valorização do Amazonas que incluía a construção das rodovias Cuiabá-Porto Velho, Aragarças-Manaus, Fortaleza-Belém, Macapá-Clevelândia-Guaporé e Manaus-Caracaraí-Boa Vista.

Após vários outros discursos firmes rechaçando a investidura estrangeira, Bernardes marcou especial presença na tribuna da Câmara em 24 de fevereiro de 1950, intimidando as forças que apoiavam o Instituto da Hileia e encorajando a classe política que, àquela altura, já se mostrava propensa a rejeitar a matéria, seguindo o exemplo do Estado Maior das Forças Armadas (EMFA) e de outros órgãos da sociedade que condenaram a Convenção de Iquitos. Os discursos de Bernardes levantaram outras vozes na Câmara, solidárias ao movimento de resistência nacionalista como Coelho Rodrigues, Eusébio Rocha, Campos Vergal e Paulo Bentes.

A pá de cal

A eloqüência e o destemor de Bernardes contagiaram o Senado, onde sucessivas manifestações passaram a ocorrer denunciando e repudiando o projeto imperialista dos EUA. A ponto de já serem poucos os defensores do projeto no Congresso quando o deputado Artur Bernardes, em 27 de junho de 1951, promoveu histórica conferência no Clube Militar, conseguindo sacramentar a derrocada das intenções estadunidenses em relação à Amazônia. A conferência foi a pá de cal sobre o Instituto da Hileia.

Eis o trecho do discurso de Bernardes que convenceu os militares a mandar definitivamente às favas o famigerado projeto: 
“Como haja desconhecimento, desejo esclarecer que Hileia Amazônica é o conjunto das florestas tropicais que cobrem as bacias do Rio Amazonas e de seus 14 afluentes, desde os Andes até o Oceano Atlântico. Para os efeitos da Convenção, a Amazônia não abrange apenas os Estados do Amazonas e do Pará, mas também parte dos do Maranhão, Mato Grosso e Goiás, por terem, no dizer dos técnicos da UNESCO, a mesma constituição, mas, em nossa opinião, por serem também petrolíferos estes últimos territórios”.
No Clube Militar, Bernardes aludiu ao entreguista Paulo de Berredo Carneiro, que operava na ONU a serviço do Itamarati e que serviu de emissário dos EUA junto ao Governo do Brasil acerca do projeto odiento, frisando que este ignorara, para sua própria vergonha, célebre conselho de George Washington a seus compatriotas: 
“Deveis ter sempre em vista que é loucura esperar de uma nação favores desinteressados de outra, e que tudo quanto uma nação recebe como favor terá de pagar mais tarde com uma parte da sua independência. Não pode haver maior erro do que esperar favores reais de uma nação a outra”. - George Washington.
A manifestação do Clube Militar foi decisiva para decretar a morte definitiva do Instituto da Hileia, com a força do vendaval nacionalista do deputado Artur da Silva Bernardes, o qual, após exercer a Presidência da República na década de 20 e ser tachado de reacionário pelas forças esquerdistas da época, transformou-se nos anos 40 em um dos mais importantes políticos engajados na luta pela emancipação econômica do País. Sua conferência no Clube Miltar, em 1951, liquidou o projeto do Instituto da Hileia, que jamais foi à votação no Congresso Nacional.

Em 23 de março de 1955, Bernardes faleceu em sua residência, no Rio de Janeiro, antes, havia prefaciado o livro “Desnacionalização da Amazônia”, de autoria do desembargador e um dos maiores especialistas em direito ambiental, Osny Duarte Pereira, fazendo este comentário: 
“Nessa altura dos acontecimentos, procurei conhecer o que era o petróleo. Já me dedicara profundamente à questão do minério de ferro, pretendido pela Itabira Iron, e havia também estudado a questão do Instituto Internacional da Hileia Amazônica, que outra coisa não era senão o desmembramento do território nacional”.


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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

O Identitarismo nas Histórias em Quadrinhos


Dia 14 desse mês de janeiro, a "Mulher Maravilha" (Wonder Woman), versão identitária indígena, "Yara Flor" , não resistiu a 7 edições, e a série em história de quadrinhos - HQ foi cancelada pela D.C., após ter estreiado em 5 de janeiro de 2020 em Future State: Wonder Woman. Em fevereiro de 2021, já havia sido cancelado um projeto de série audio-visual que se quer estreiou, e agora finda a versão em quadrinhos. A personagem, deve ainda aparecer em Trial of the Amazons: Wonder Girl #1 e #2.

A personagem é uma índia criada nos EUA.... O enredo, escrito por Joelle Jones, conta que Yara Flor era preferida pelo pai, oque provocou o ciúme dos dois irmãos, que resolvem matá-la, e ela então os mata. O Pai se volta contra ela, e ela também acaba por matar o próprio pai. Então um belo dia.... visitando as Cataratas do Iguaçu (índio moderno faz turismo!), cai no rio, e se depara com uma Yara que lhe dar super poderes! (Uau!) Passado alguns entreveros, com lutas bem toscas, a autora plageia o mito de Orfeu e Eurídice, fazendo um arremedo lésbico entre Yara Flor (sendo Orfeu) que desce ao submundo atrás de sua "irmã" (de velcro) Potyra (no papel de Eurídice).... (risos incontidos). E como no mito grego, pero non mucho, a anta, digo nossa heroína, soca a parede da caverna e provoca um desmoronamento, desabando sobre sua cumpanhera, que fica soterrada em metade do corpo.... e a nossa heroína (que algumas publicações disseram ser a a mais forte das Mulheres Maravilhas), não consegue tirar Potyra, ficando como Eurídice, presa para sempre no submundo, que nem é tão longe assim, posto que repentinamente há mais um desmoronamento e aparece há uns poucos metros acima, uns índios que puxam ela para cima, e deixam a pobre Potyra no buraco. Nossa heroína, chora desconsolada! (snif, snif, snif!).

A história é tosca, medíocre, e criminosa, promovendo descaradamente misandria (ódio aos homens), como o homossexualismo. Esse tipo de enredo, tem sido comum em quase todos meios cinematográficos e de literatura escrita lançada e promovida pela imprensa hegemônica. Ver "críticos", mais de um, (e tive a curiosidade de buscar artigos da época, e não vi uma única crítica negativa) que logo no lançamento dessa porcaria, elogiavam, dizendo ser uma "obra prima"! Escancara o jabá que rola solto entre esses "influenciadores digitais". 

E eis aí a realidade, que sempre fala mais alto.... ! O cancelamento pela D.C. evidencia o desagrado e o desinteresse do público pela narrativa identitária, que ainda se alastra com toda força na indústria cultural. Outras publicações, como a do "filho do Superman", gay, também foi cancelado após dispencarem as vendas. Essas "rachaduras", sinalizam claramente que a imposição dessa agenda, não é bem aceita pelo público. 

Ya'Wara
Essa agenda identitária não apenas se limita a promover o homossexualismo no público infanto-juvenil, como também o regionalismo, e identidades locais. Antes da D.C. criar a "Yara Flor", ela já havia criado em 2011, a personagem Ya'Wara, estreiando na revista: "Aquaman, Os Outros" Vol. 7. Ya'Wara, embora não seja índia, é criada por uma tribo indígena após um acidente de avião que cai na Amazônia quando ainda era bebê, sendo salva pela "mãe da floresta", que a adota de poderes para proteger a floresta (contra os brasileiros....). A publicação ainda induz o assassinato de brasileiros, com Ya'Wara matando caçadores que haviam morto sua oncinha de estimação. 😭

A MARVEL, por sua vez, em 18 setembro de 2019, na revista House of X #5, dos X-Men, aborda um enredo em que o Brasil se tornou inimigo dos X-Men, e que esta "caçando e matando mutantes".... por "mutantes", leia-se, "indíos". Ainda mais interessante, é que nessa história, os mutantes fundam um País: Krakoa... (qualquer semelhança com reservas indígenas e posterior requisição de independência ou autonomia, é mera coincidência....). Em determinada cena, a mutante Tempestade vem ao Brasil, resgatar umas crianças mutantes caçadas pelo exército brasileiro, com um soldado sendo morto por um raio da mutante. Nessa história, de set. de 2019, ainda é mais capcioso, a previsão pandêmica de seus autores. Os mutantes desenvolvem um remédio, que tentam barganhar em um acordo comercial com outros países, em troca de portais dimensionais nos respectivos países. Dois aspectos saltam aos olhos, primeiro, que em set. de 2019, não havia ainda, um quadro caracterizado de pandemia, e não havia uma única "vacina" comercialmente desenvolvida e comercializada, e segundo, que os tais portais no enredo, claramente, alude aos "passaportes vacinais" que só vem sendo impostos, e efetivamente implementados em 2021. Ou seja, os autores de GIBI, estão mais certeiros que a Mãe Diná em futurologia.... ! Outra curiosidade no enredo, é que o fictício país africano do Pantera Negra, rejeita o medicamente, e esta tudo bem.... e há uma lista de países que não fazem o acordo, tais como: Coreia do Norte, Rússia, Irã, Venezuela, Brasil..... declarados como inimigos! 😲

No cenário nacional, o ramo de HQ, sem suporte de uma grande editora, e com as sucessivas críses econômicas vivenciadas no Brasil, nunca alcançou a magnitude que poderia ter, com seletas exceções, como é o caso do Maurício de Sousa com sua Turma da Mônica, ainda sim, circunscrito a um nicho e tendo a Editora Abril (dos Civitas) como suporte. De modo que, apenas em alguns nichos houve e ainda há uma pequena produção de HQs Nacionais, limitadas a esforços individuais. E o ponto que queremos chegar, é que as parcas produções recentes de HQs Nacional, curiosamente, também tem enfatizado personagens indígenas, ambientados na Amazônia e com temáticas de defesa da floresta (contra quem cara-pálida? Brasileiros?!). Ou seja, estão de forma consciente ou inconsciente seguindo a agenda globalista, contra o Brasil. É de supor, que, ou já estão lobotizados ou estão recebendo incentivos ($$$) de alguma generosa ONG usando alguma editora como laranja. 

É de se assinalar que algumas publicações tiveram a participação de desenhistas brasileiros que trabalham para a MARVEL. Um caso ainda mais escancarado, é o de uma publicação intitulada: "Titãs da Amazônia"(Titans of Amazon).... vejam, como a história é bisonha! Um menino-véi de 11 anos e seu pai, que se identificam sob o pseudônimo: Brandon Lee Amazon e Brandon Kirby Simon.... (índio quer ser ingres, indio quer apito!): diz que viu umas araras no terreiro e teve a idéia de criar uma HQ na Amazônia.... a publicação é da sua editora: Amazon Comics que dentre outros trabalhos tem: “Super-heróis Amazônicos e Agressores Ambientais”, “Black Panther BR Marielle Franco”..... ! Esta última, “Black Panther BR Marielle Franco”, como parte do “Universo Heroínas Brasileiras da Amazônia”; "projeto feminino que contará com a modelo Gisele Bündchen, a atriz Isis Valverde e a Miss Amazonas, Mayra Dias.". Faz lembrar a caboca que pegaram na periferia de Belém, e levaram para ONU, fantasiada de índia mexicana, usando um poncho mexicano, e cocá de índio americano do old west ao lado do ator Leonardo Di Caprio, ex-marido (corno) da Gisele Bündchen, cotada para o projeto da humilde gráfica de Parintins..... (fico pensando, será que a Gigi viria dos States participar do meu projeto social?) 😀

Esse tipo de publicação tem como finalidade fomentar identidades locais, com fins de sessionar a pátria brasileira, ao mesmo tempo que cria empatia na comunidade local pelos seus mecenas, engajando influenciadores que passam a atuar no interesse dos EUA contra o Brasil. Não é muito diferente da ação nos anos 40 da política da boa vizinhança dos EUA com a ibero-américa no curso da II Guerra, com a criação do "Zé-Carioca", àquela época, ao menos se visava um alinhamento e cooperação, enquanto na atualidade, as intenções são muito piores, subreptícias, e sórdidas!



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domingo, 12 de dezembro de 2021

O Natal, de São Nicolau ao Vovô Índio, e uma Nova Proposta

 

Durante centenas de anos, cerca 1200 a 1500, São Nicolau foi o incontestável distribuidor de presentes nas celebrações que se fazia no seu dia, 6 de dezembro. O santo guardava algumas similaridades com as primeiras divindades indo-européias, o Saturno romano ou o nórdico Ódin, que aparecia como um homem de barba branca que tinha poderes mágicos, como, por exemplo, conseguir voar. Ele também se certificava se as crianças andavam na linha, recitavam suas orações e se comportavam bem. Até que no Séc. XIX surge a figura atual do papai noel, que mais tarde será difundido para o resto do mundo pela Coca-Cola. 

O Natal só passou a ser celebrado no século IV, pela mão do Papa Júlio I, que fixou a data de nascimento de Jesus Cristo a 25 de dezembro, quando então se começou efetivamente a festejar esta data, que coincide com a Saturnália dos romanos e o Solstício de Inverno dos germânicos e celtas. Assim esses festejos pagãos foram cristianizados. Alguns países, no entanto, optaram por celebrar o Natal em seis de janeiro, data que depois foi sendo associada à chegada dos três Reis Magos.

A figura do "Papai Noel" vem de São Nicolau, santo grego, nascido 280 anos depois de Cristo e que foi bispo de Myra, uma cidade romana da Turquia. Nicolas não era nem gordo, nem alegre, mas criou reputação de ser explosivo, um rijo defensor da doutrina da Santa Igreja Católica durante a “Grande Perseguição”, quando as bíblias eram queimadas e os padres forçados a renunciar ao cristianismo sob pena de morte. Nicolau desafiou estes editais e passou anos na prisão antes de Constantino ter trazido o cristianismo para um lugar de destaque no seu império. A fama de Nicolau sobreviveu muito tempo depois da sua morte (a 6 de dezembro de algum ano desconhecido em meio do século IV) porque ele esteve associado a muitos milagres e a reverência à sua figura continua até hoje, mesmo para além da sua ligação ao "Papai Noel".

Nicolau ficou conhecido entre os santos porque ele era o padroeiro de muitos grupos, desde marinheiros até nações inteiras. Por volta de 1200, se tornou conhecido como padroeiro das crianças e distribuidor de presentes mágicos por causa de duas fantásticas histórias da sua vida. No conto mais conhecido, três jovens garotas foram salvas de uma vida de prostituição quando o jovem bispo Nicolau entrega em segredo, três sacos de ouro ao pai das moças, que estava endividado, para serem utilizados como dote. A outra história muito difundida na idade média, conta que: Nicolau entrou numa estalagem na qual o estalajadeiro havia morto três rapazes e feito picles com os seus corpos desmembrados, que guardava em barris no porão. O bispo não só descobriu o crime como também ressuscitou as vítimas. E assim se tornou padroeiro das crianças. 

Em locais em que ocorreram a reforma protestante como Inglaterra, Holanda e alguns reinos no que hoje é a Alemanha, santos como Nicolau deixaram de ser adorados. Na Inglaterra protestante a comemoração do Natal, chegou a ser proibida. De modo que a data foi alterada para a do dia de Natal em vez do dia 6 de dezembro. 

O Sinterklaas holandês:

Sinterklaas com seus ajudantes Zwarte Piet.
Os identitários acusam o papai noel holandes
de ser "racista".

Na Holanda, crianças e famílias simplesmente se recusaram a abdicar de São Nicolau como distribuidor de presentes. E levaram para a América, em Nova Amsterdam, atual Nova Iorque, o “Sinterklaas" (Santa Claus), onde a tradição perdurou. Mas nos primórdios da América, o Natal nada tinha haver com o feriado moderno. O feriado foi evitado na Nova Inglaterra, e noutros locais tornou-se um pouco como o advento pagão chamado Saturn Ália que outrora ocupou o seu lugar no calendário. O Sinterklaas holandês é representado vergando uma longa capa vermelha ou casula sobre um bispo branco tradicional alva e, um cajado de pastor. Ele tradicionalmente monta um cavalo branco, e carrega um grande livro vermelho em que registra se cada criança foi boazinha ou travessa no último ano. Sinterklaas tem como ajudante o Zwarte Piet ("Pete Negro"), um ajudante vestido em trajes mouros e com rosto negro. Zwarte Piet apareceu pela primeira vez na imprensa como o servo sem nome de São Nicolau em Sint-Nikolaas en zijn knecht ("São Nicolau e Seu Servo"), publicado em 1850 pelo professor Jan Schenkman em Amsterdam, em que apresentava imagens de Sinterklaas entregando presentes pela chaminé, cavalgando sobre telhados de casas em um cavalo cinza e chegando da Espanha em um barco a vapor, que na época era uma excitante invenção moderna. Talvez com base no fato de que São Nicolau historicamente é o santo padroeiro dos marinheiros (muitas igrejas dedicadas a ele foram construídas perto dos portos), Schenkman poderia ter se inspirado nos costumes espanhóis e nas ideias sobre o santo quando o retratou chegando via água em seu livro. Schenkman introduziu a canção Zie ginds komt de stoomboot ("Olhe ali, o barco a vapor está chegando"), ainda popular na Holanda. No entanto, a tradição parece remontar pelo menos ao início do século XIX. O vestido colorido de Zwarte Piet é baseado em trajes nobres do século XVI, quando a Holanda se encontrava sob domínio espanhol. Ele é tipicamente retratado carregando uma sacola que contém doces para as crianças, que ele joga ao redor, uma tradição supostamente originada na história de São Nicolau que salvou três meninas da prostituição jogando moedas de ouro pela janela à noite para pagar seus dotes. 

Diz-se que Sinterklaas veio da Espanha, possivelmente porque, em 1087, metade das relíquias de São Nicolau foram transportadas para a cidade italiana de Bari , que mais tarde passou a fazer parte do reino espanhol de Nápoles. Outros sugerem que a laranja tangerina, tradicionalmente presentes associados a São Nicolau, levou ao equívoco de que ele deveria ser da Espanha. Esta teoria é apoiada por um poema holandês documentado em 1810 em Nova York e fornecido com uma tradução em inglês. É a primeira fonte mencionando a Espanha em conexão com Sinterklaas . Pintard queria que São Nicolau se tornasse o santo padroeiro de Nova York e esperava estabelecer uma tradição Sinterklaas. Aparentemente, ele obteve ajuda da comunidade holandesa em Nova York, que lhe forneceu o poema original em holandês Sinterklaas. A rigor, o poema não afirma que Sinterklaas vem da Espanha, mas que precisa ir à Espanha colher as laranjas e as romãs. Assim, a ligação entre Sinterklaas e Espanha passa pelas laranjas, uma iguaria muito apreciada no século XIX. Mais tarde, a conexão com as laranjas se perdeu e a Espanha tornou-se sua casa.

Tradicionalmente, ele carregava também uma vara de bétula (holandês: ova ), uma vassoura de limpar chaminés feita de galhos de salgueiro, usada para bater em crianças travessas. Algumas das canções mais antigas dos Sinterklaas mencionam crianças travessas sendo colocadas na bolsa de Zwarte Piet e levadas de volta para a Espanha. Esta parte da lenda se refere aos tempos em que os mouros invadiram as costas europeias, e até a Islândia, para sequestrar a população local como escravos. Essa qualidade pode ser encontrada em outros companheiros de São Nicolau, como Krampus e Père Fouettard. Em versões modernas da festa Sinterklaas, no entanto, Zwarte Piet não carrega mais as ovase as crianças não são mais informadas de que serão levadas de volta para a Espanha na bolsa de Zwarte Piet se forem malcriadas. Tradicionalmente, o rosto de Zwarte Piet é considerado negro porque ele seria um mouro espanhol. Curiosamente no Brasil, pervive fragmentos, do "homem do saco" que levaria embora crianças danadas. Reminiscência da colonização holandesa? 

A Invenção do "Papai Noel":

Nas primeiras décadas do século XIX, uma série de poetas e escritores se empenharam em transformar o Natal numa celebração da família, ao recontar a história e fazer renascer São Nicolau.

O livro de 1809 de Washington Irving, Knickerbocker's History of New York, foi o primeiro a retratar Nicolau como um fumador de cachimbo, elevado em cima dos telhados num trenó voador, a distribuir presentes as crianças que se portaram bem e ramos aos que se portavam mal. Em 1821, um poema anónimo, ilustrado, intitulado “The Children's Friend" (O amigo das crianças) contribuiu mais ainda para a construção do Papai Noel moderno e o associou ao Natal. Aqui temos finalmente a aparência de um Papai Noel, pegaram a parte mágica da distribuição de presentes da história de São Nicolau, retiraram-lhe todas as caraterísticas religiosas e o vestiram com as peles dos distribuidores de presentes alemães desgrenhados. Essa figura trouxe presentes às crianças que se portaram bem, mas também trazia uma vara de bétula, referia o poema, que “orientava a mão dos pais para o uso quando o caminho da virtude for recusado pelos seus filhos.” O pequeno trenó do Papai Noel era puxado apenas por uma única rena. Em 1822, Clement Clarke Moore, professor de literatura grega em Nova York, escreveu "A Visit From St. Nicholas"(“Uma visita de São Nicolau”), também conhecido como “The night Before Christmas"(“A noite de Natal”) para os seus seis filhos, sem nenhuma intenção de contribuir para o novo fenómeno do Papai Noel. Tendo sido publicado, de forma anónima, no ano seguinte, e é esse até hoje, o Papai Noel com as características que conhecemos: amável e alegre que conduz um trenó, puxado, agora, por oito renas. É dele também a versão do bom velhinho entrar pela chaminé, inspirado nos antigos lapões, na Finlandia, que viviam em pequenas tendas, semelhantes a iglus, cobertos com pele de rena, sendo a entrada para essa “casa” um buraco no teto.

Depois de se estabelecer de forma consistente, o Papai Noel americano sofreu uma espécie de migração reversa para a Europa, substituindo os assustadores distribuidores de presentes e adotando nomes locais como Père Noël (França), Father Christmas (Grã Bretanha), Papá Noel (Argentina, Colômbia, Espanha, Paraguai , Peru e Uruguai),  Nikolaus ou Weihnachtsmann (Alemanha), Santa Claus (Estados Unidos e Canadá), Kerstman (Países Baixos), Babba Natale (Itália), Pai Natal (Portugal) e no Brasil "Papai Noel".

O "Véi da Coca" e sua difusão:

É amplamente divulgado que a Coca-Cola teria criado o atual visual do Papai Noel (roupa vermelha com detalhes em branco e cinto preto), mas é historicamente comprovado que o responsável por sua roupa vermelha foi o cartunista alemão Thomas Nast, em 1886 na revista Harper’s Weeklys. Até então, a figura do Papai Noel era representado com roupas de inverno, porém na cor verde ou marrom (com detalhes prateados ou brancos), tipico de lenhadores . O que ocorre é que em 1931 a Coca-Cola realizou uma grande campanha publicitária vestindo Papai Noel ao modo de Nast, com as cores vermelha e branca, o que foi bastante conveniente,  já que são as cores de seu rótulo. Tal campanha, destinada a promover o consumo de Coca-Cola no inverno (período em que as vendas da bebida eram baixas na época), fez um enorme sucesso  e a nova imagem de Papai Noel espalhou-se rapidamente pelo mundo. Portanto, a Coca-Cola contribuiu para difundir e padronizar a imagem atual, mas não é responsável por tê-la criado.

A Politização do Papai Noel pelo Mundo:

O Papai Noel mantém-se como uma figura politizada por todo o mundo. As tropas americanas espalharam pelo mundo, a sua versão do homem alegre, imediatamente nos anos que se seguiram à Segunda Grande Guerra, e foi bem recebido de forma geral, como um símbolo da generosidade americana na reconstrução das localidades assoladas pela guerra.

Na Rússia, Stalin não gostava do Papai Noel. Antes da revolução russa, o Avô Gelado (Ded Moroz) era uma figura privilegiada do Natal que adotou as características dos proto-pais-natais, como o Sinterklaas holandês. Quando da formação da União Soviética, os comunistas aboliram a celebração do Natal e dos distribuidores de presentes. Mais tarde, nos anos 30, quando Stalin precisou de apoio, ele permitiu a reaparição do Avô Gelado, não como distribuidor de prendas do Natal, mas sim do ano novo. As tentativas russas de deslocar o Natal foram malsucedidas, tal como as tentativas soviéticas de espalhar a versão secular do Avô Gelado, de casaco azul, como forma de evitar confusões na europa com a versão do Papai Noel.

Ded Moroz (Avô Gelado) o "papai noel" russo.
Os soviéticos tentaram substituir os distribuidores de prendas locais em todos os locais onde foram depois da Segunda Guerra Mundial, por exemplo na Polónia ou na Bulgária, mas as populações locais conservaram até ao colapso da União Soviética, em 1989 e depois disso voltaram às suas antigas tradições.

Na atualidade pessoas de diferentes nações têm o Papai Noel como uma figura controversa, quer seja porque a figura representa a comercialização do Natal em detrimento da figura de Cristo ou como uma invasão em suas próprias tradições nacionais. Em países como a República Checa, a Holanda, a Áustria e a América Latina houve fortes tradições de movimentos anti-Papai-Noel, na tentativa de proteger suas tradições do norte americano.

O Vovô Índio.

No Brasil essa resistência ao "papai noel" estadunidense, se deu nos anos 30, na figura do "Vovô Índio", contando com apoio oficial do Presidente Getúlio Vargas, quando em dezembro de 1932, no estádio de São Januário, prestigia o lançamento do Vovô Índio como a versão brasileira do "papai noel". 

A ideia do Vovô índio nasceu de uma campanha idealizada pelo escritor Cristovam de Carvalho, em 1932, com a publicação do "Fabulário do Vovô Índio", e não como alguns difundem do integralismo. Gustavo Barroso, inclusive, era contra, pois via no movimento indigenista, uma manobra maçônica para des-lusitanizar o Brasil, dividindo-o, o apartando de suas raízes. Oque em verdade, nós castilhistas, concordamos com Gustavo Barroso. Muito do anti-lusitanismo que marcou a independência do Brasil, bem como a proclamação da República foi estimulado pelas Lojas Maçônicas, em que seus membros promoviam o indigenismo, e o africanismo, como meios de atacar as bases da identidade brasileira, como até hoje fazem.  Contudo, no que pese esse cavalo de troia malicioso por trás do indigenismo, a imensa maioria dos escritores, ignoravam essa maledicência, alçando a figura do índio como a de verdadeiro símbolo da nacionalidade brasileira. A lembrar que o próprio Plínio Salgado, em antagonismo ao Gustavo Barroso, se filiava como um indigenista, foi ele que introduziu a "saudação": "Anauê!", e que certamente, foi o mentor do integralismo ter abraçado a figura do Vovô Índio. E ao menos nesse contexto histórico, é que insere a figura do Vovô Índio, a de um símbolo de resistência brasileira a importação estrangeira. 

O lançamento do Vovô Índio, provocou um debate no meio intelectual, com uns se posicionando a favor outros contra. Houve um concurso para a escolha da imagem do Vovô Índio, vencida por Euclides da Fonseca. E mesmo com oposições e críticas, o Vovô Índio resistiu por algumas décadas, até meados da década de 50, ele permeou o imaginário natalino das crianças brasileiras. O seu declínio vem com o fim da segunda guerra, e uma maior invasão de multinacionais e propagandas estrangeiras, em especial estadunidense, na imprensa brasileira. O papai noel estadunidense, tinha e tem até hoje um padrinho forte, a Coca-Cola, e toda máquina cultural dos EUA o alçando a símbolo do consumismo. E assim ele se impôs não só no Brasil, como se tornou prevalente em todo o planeta

O Papai Natal Brasileiro, Um Nova Proposta:

Pandigueiro galaico
arte: Luis d'Avila
As críticas ao Vovô Índio, no geral pesavam sobre sua suposta "artificialidade". Concordamos em parte com as críticas. A verdade é que quase todas as atuais figuras "distribuidoras de presentes" são resultado de criações literárias do séc. XIX. O Vovô Índio, não foge a regra, é uma criação literária, como seus congêneres, peca por ser tardio.... seus críticos parecem esquecer esse pequeno "detalhe". Vê-se, claramente, que desconheciam as origens do "bom velhinho".

E mais das vezes, essas criações literárias, apresentam variações locais, como é o caso de Sinterklaas na Holanda, Ded Moroz na Rússia, o próprio Santa Claus estadunidense, que foi o genérico difundido para o resto do mundo. Porque negar a variação nacional brasileira? 

A crítica desse que vos escreve em relação ao Vovô Índio, se centra na falta de lastro dele com a tradição natalina portuguesa. Na Espanha, a figura do Papai Noel estadunidense, só recentemente, tem sido difundido, havendo longínguas variações locais, com as crianças escrevendo cartas aos três Reis Magos, e não a algum "papai noel". Na Espanha a figura do "papai noel" esta relacionada ao folclore local. Na Euskadi, tem-se a figura do Olentzero, na Catalunia: Tío de Nadal, na Cantábria: Esteru, e na Galiza, que mais nos interessa, por ser a zona que também abrange todo norte português, de onde sairam majoritariamente os colonizadores brasileiros, a figura do Pandigueiro ou Apalpador

Pandigueiro ou Apalpador, segundo a tradição do Natal galaico, é um carvoeiro que mora nas montanhas e que desce, nas noites de 25 ou 31 de Dezembro para tocar a barriga dos meninos para ver se comeram bem durante o ano, deixando-lhes um montezinho de castanhas, eventualmente algum presente e desejando-lhes que tenham um ano vindouro cheio de felicidade e fartura. A figura claramente se relaciona a antiga divindade galaico-lusitana Reue, que habita as montanhas, com seu equivalente na mitologia irlandesa Dagda, retratado como um homem ruivo, de porte avantajado, generoso, e que carrega um caldeirão, como simbolo de abundancia. 

A figura do Pandigueiro, havia sido extinta há algumas décadas, e foi retomada recentemente, em 2006 na Galiza. Penso que esse antecedente é o lastro no qual deve se basear uma versão brasileira do "papai noel". 

Papai Natal, o papai noel brasileiro
Assim concebemos, que o "papai noel" brasileiro, seja um montanhês vestido a maneira dos antigos tropeiros das montanhas de Minas, São Paulo e Serra Geral, redutos das populações montanhesas brasileiras: poncho vermelho, calça e camisa verde, chapeu verde ou vermelho, retratando as cores das vestes de São Nicolau, botas, e luvas. Mantendo a tradicional aparência do Pandigueiro Galaico: ruivo de olhos azuis, e corpo avantajado. Eventualmente com cachimbo. O cachimbo, na tradição galaica, certamente é uma importação, um elemento exógeno, posto que é uma difusão brasileira. E sendo o cachimbo uma criação brasileira, acaba abrasileirando mais o personagem, no que pese a posição contrária no que toca a questão do fumo como má influência para crianças. Por hora, nos interessa mais a concepção original, questões alhures ficam para depois. Junto a ele a inseparável figura do jumento, carregado de presentes. O jumento, tão injuriado, é uma dos principais símbolos da natividade, foi ele quem carregou Nossa Senhora, presente também no nascimento de Cristo, e dos animais de maior préstimo aos homens em toda história, como no Brasil, presente em todos os seus rincões. 

Assim, temos um tropeiro montanhês, que desce das montanhas nas noites de Natal, para distribuir presentes para as crianças brasileiras. Chamamos a essa figura de "Papai Natal", substituindo o "Noël" francês pelo seu equivalente em português "Natal", tal como já ocorre em Portugal a que chamam o bom velhinho de "Pai Natal", aqui "Papai Natal". 

A Manutenção da Tradição dos Presépios:

Toda essa tratativa sobre "papai noel" seria estéril, se nos esquecermos, como vem ocorrêndo, que o  principal foco e razão da celebração natalina é o nascimento de Cristo. Em nenhuma hipótese a celebração de Cristo pode ser secundarizada. E os presépios são, especialmente, um símbolo dessa celebração, e que não por acaso, vem se perdendo com a comercialização do Natal e a centralização do "papai noel" como simbolo do consumismo. 

A tradição do presépio surge com São Francisco de Assis, e é uma das mais longínguas tradições no Brasil, desde 1552, quando Padre Anchieta faz o primeiro Presépio no Brasil que se tem registro. E desde então a tradição dos presépios tem sido uma das principais manifestações natalinas no Brasil, e que aos poucos, vem se perdendo. Quando diante do ataque aos mais básicos conceitos de família e de integridade da pessoa humana, perpetrados pelo identitarismo, a representação da Sagrada Família nos presépios é um símbolo de resistência e proteção da nossa família, da nossa fé, da nossa brasilidade.

Presépio de Natal

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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Gilberto Gil na Academia Brasileira de Letras, Mais Um Escárnio Contra a Literatura Nacional

Gilberto Gil a esq, com
sua farda de gala da ABL(?)
O anuncio de "Gilberto Gil" para a Academia "Brasileira" de "Letras"(?) - ABL, não causa surpresa para quem já conhece, de longa data, no que se transformou a instituição. Mas, mais uma vez, traz a tona a triste realidade em que se encontra, nossa combalida, língua portuguesa.... jogada ao aleo!

A indicação de Gilberto Gil se insere como parte da política identitária implementada pelos globalistas. Longe de nós menosprezar o talento musical de Gil, mais de uma vez, merecidamente, premiado no campo musical. Contudo, a ABL é uma seara voltada para as letras, não da música. E se fossemos julgar Gilberto Gil, apenas como "letrista", ficaria ainda mais diminuto em sua obra, como seria, e é, um deturpamento a que se destina a Academia. Mas, sua indicação, não se trata de reles e grosseira deturpação dos fins da ABL, antes fosse. A Academia Brasileira de Letras desde o fim da Éra Vargas se degradou a tal ponto, que é difícil falar dela, sem tapar o nariz, tamanha podridão que exala de seu interior. De instituição para a defesa da nossa língua e prestígio de seus cultores, passou a palanque de seus detratores!

Sob a escusa de representatividade, renega-se figuras mais qualificadas para postos em que deveriam figurar os melhores representantes da nacionalidade. É a negação da meritocracia, um dos pilares da civilização ocidental, e mais ainda do Castilhismo, para os favorecimentos pessoais por mera indicação, tão ao gosto dos liberais, oque dar márgem ao tráfico de influência, nepotismo, corrupção. Mas como já dito, a canalhice não se encerra nisso, oque já não é pouco, vai além.... ! A ABL se converteu em um covil de cobras, que mais do que desqualificados a usurpar postos daqueles que defenderiam nossa língua, se presta a fazer voto de silêncio quando a língua portuguesa é atacada, quando não é a própria que a ataca frontalmente.

Na ABL se encontram hoje figuras como Merval Pereira, Fernando Henrique Cardoso, Jô Soares, outrora Roberto Marinho, dentre outras figuras que se quer merecem menção, já basta as citadas, a que nos vemos forçados para terem ciência do estado putrefato em que se encontra.

Atacar Getúlio Vargas parece ser uma das senhas para ascender a ABL. Getúlio.... que foi um dos seus membros, um dos imortais. À época, quando convidado, recusou durante um longo período, não se julgando merecedor de tal comenda. Acabou aceitando por fim, por insistencia, de ninguém menos do que Gustavo Barroso, outro imortal, já quase exorcisado da ABL, e que era um dos seus principais quadros se não o principal. Gustavo Barroso ia para a ABL paramentado com a farda integralista, e intentou torná-la padrão na ABL. Monteiro Lobato se insurgiu contra a indicação de Getúlio. Getúlio no que pese não ser tão qualificado como escritor a ponto de ocupar um posto na Academia, ao menos foi um ferrenho defensor da língua portuguesa no Brasil, em um dos momentos históricos decisivos para nossa nacionalidade. Para décadas mais tarde, um desqualificado como o "Jô Soares" adentrar na ABL com um livreto, de quinta categoria, que tem como principal foco difamar Getúlio. Outros já haviam feito, apenas citamos tal figura para ilustrar o nível a que esta jogado a ABL. E oque diria Monteiro Lobato da indicação de Gilberto Gil? 

Ainda mais irônico é a entrada de um Gilberto Gil, ao passo que Lima Barreto nunca ter sido convidado para adentrar na Acadêmia. Monteiro Lobato quando, rejeitado por duas vezes, foi por fim convidado a integrar a ABL, renegou dizendo que não tinha tempo para pensar nisso.... o mesmo Monteiro Lobato, "cancelado" por esses identitários, esfregava na cara da ABL que Lima Barreto não era convidado porque era mulato. Temos severas críticas aos ataques de Lima Barreto ao Floriano Peixoto, porém é inegável a qualidade de Lima Barreto como escritor, é de se perguntar.... será, que um Gilberto Gil da vida, ao menos se aproxima do talento de Lima Barreto? 

É nesse diapasão que se servem os identitários para justificar a presença de Gilberto Gil, da reparação histórica.... hora! A ABL não é casa de caridade, não é parlamento corporativo de representação de determinados fenotipos, além de não ser minimamente crível, por uma pessoa com um mínimo de inteligência que o Gilberto Gil foi convidado por essa razão, mas sim pelo "lobby" identitário. 

Gerardo de Mello Mourão, já falecido, indubitavelmente, o maior poeta do século no Brasil, quiça do mundo! Por duas vezes se candidatou a vaga e nas duas foi preterido.... talvez por causa do seu passado integralista, mas, por certo Gilberto Gil é maior! Outros gigantes da nossa literatura foram igualmente desprezados pela ABL, tais como: Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Vinicius de Moraes, Erico Verissimo, Luis Fernando Verissimo. 

É sempre bom lembrar que a Academia Brasileira de Letras é uma instituição privada, e que ante sua degeneração, nada representa nossa língua, posto que se desviou dos seus fins. Quando a Dilma Rousseff retirou a obrigatoriedade da literatura nos vestibulares das universidades federais. NENHUMA nota de repúdio! Agora ainda mais recente, com a retirada da matéria de literatura do currículo escolar, pelo Bolsonaro, igualmente, o mais tumbular silêncio! Estamos diante de um claro processo de desnacionalização, e as instituições que deveriam ser baluartes da defesa de nossa nacionalidade, se encontram infiltradas por nossos inimigos, inimigos do Brasil, inimigos dos brasileiros!